estadão_bar e lanches

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Reconhecer pressupõe um novo olhar mediado por outras significações. Um novo olhar considera as ambiguidades do tempo, reflete sobre o espaço e apresenta questionamentos em busca de uma nova narrativa, capaz de amparar e desvendar o reconhecimento.

Enquanto exercício reflexivo, nossa primeira tentativa de reconhecer São Paulo ancorou-se em refletir sobre a memória da cidade, reconhecendo e revisando seu patrimônio imaterial como algo a ser revelado. Uma definição apresentada pelo músico e professor José Miguel Wisnik revela a complexidade de se compreender São Paulo através de definições unívocas: “a melhor maneira de ser de São Paulo é não ser de São Paulo”

A pluralidade da cidade começa na sua diversidade, esta diversidade é marcada pela mistura, pela miscigenação, uma terra de todos, palco de tudo. Com isso, para grande parte da população hoje paulistana, a primeira relação construída com a cidade é através da memória, imagem construída sobre e por meio dela que esboça um horizonte de possibilidades e especulações sobre essa trama de conflitos e poesia.

Buscando situar essa diversidade, revelada por um objeto de leitura que dê conta de alguma dessas complexidades, transitamos sobre algumas temáticas, dentro do campo do imaginário, possíveis de serem trabalhadas: o samba – como expressão social – e os pratos feitos – como identidade urbana.

Na iminência de situar as discussões em um lugar endereçado, optamos por um dos bares mais tradicionais da capital, capaz de acolher de maneira significativa, a diversidade urbana da cidade: Estadão Bar e Lanches.

Fundado em 1968, o estabelecimento testemunhou décadas de transformações no centro da cidade. Marcado por uma vida noturna muito rica e importância econômica, sobretudo nas décadas de 50 e 60, o centro é uma das regiões de maior abundancia de espaços coletivos e oferta de programas culturais da capital.

Neste contexto, o estabelecimento nasce inicialmente cumprindo uma demanda proveniente do jornal O Estado de São Paulo, conhecido como Estadão, que estava sediado na rua ao lado – Major Quedinho –  e devido as publicações e impressões tardias demandava um itinerário noturno que ajudou a popularizar o bar como um bar que não fecha as portas.

O espaço físico do Estadão sugere imediatamente uma fluidez. Marcado por um balcão que percorre toda a extensão e tem papel protagonista na organização do espaço, nos permite observar a diversidade de seus frequentadores que não se resumem apenas aos que vão fazer uma refeição, mas também aos passantes que procuram por lanches rápidos, como o tradicional sanduiche de pernil.

Afim de revelar padrões e códigos de conduta, balizados pelo contexto analisado, e compreender como as dinâmicas daquele lugar se desenvolvem em determinados horários, espaços e tempos, fizemos uma série de leituras amparadas por metodologias da antropologia que nos permitiram construir e mapear gradativamente aspectos que antes se mostravam tímidos. Além disso, nos aproximamos de recursos gráficos como desenhos, plantas, croquis e diagramas que nos permitem estreitar os campos dos conhecimentos relacionados as pesquisas de espaço e comportamento.

Por fim produziu-se um folder, objeto que, enquanto mídia, é passível de circulação interna no bar, sendo assim um material que pode penetrar nesta dinâmica relatada. O folder nos permite adentrar não só materialmente, mas o conteúdo em si é um convite a decifrar as dinâmicas daquele espaço. Nos distanciamos ao produzir o produto final, de alguns materiais gráficos que diziam respeito a funcionalidade técnica do lugar, nos distanciamos da logística em busca de apreender a ambiência daquele espaço por meio de um desenho em perspectiva que revela seu funcionamento cotidiano tensionadas por algumas chamadas e relatos sobre as subjetividades do espaço:

 

 

“Telefone sem fio

Cada funcionário tem sua função e ponto de trabalho, mas todos estão atentos para atender a qualquer pedido dos clientes. Assim, se utilizam de um perfeito “telefone sem fio” para passar informações para que funcionários de outro ponto possam atender as demandas solicitadas.

Hora de pico

No estadão toda hora é hora de gente. Movimentado, o bar está sempre recebendo seus clientes a qualquer hora do dia e da noite. A noite principalmente.Os horários de pico do bar são geralmente das 2h-4h da manhã atendendo no mesmo balcão que chega da balada ou vai trabalhar.

Furo do dia

O ponto de encontro no balcão é um lugar conhecido dos jornalistas da capital paulistana. O nome do bar vem daí. Até meados dos anos 90 o jornal O Estado de São Paulo, vulgo estadão, situava na rua de traz do estabelecimento, o que fez das conversas cruzadas do bar um boletim ao vivo.”

 

 

A diversidade se mostra por meio da pluralidade, do dia a dia que revela os conflitos e encontra nos espaços a resolução destes; do balcão que media as dinâmicas e incorpora se incorpora a elas; do bar, que marca a rotina.

 

 

 

 

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Nesse momento do trabalho o grupo se propõe a apresentar uma visão espacial mais minuciosa do Estadão. Agora, com os espaços da cozinha e do subsolo levantados, é possível entender melhor as dinâmicas internas do estabelecimento e como é feita a manutenção do funcionamento do espaço.

Além de detalhar a planta, o grupo associou os espaços com desenhos e relatos feitos nos momentos das visitas que tornam possível a leitura mais subjetiva desse lugar: as sensações, a relação com os funcionários, a postura dos clientes.

Os desenhos, os relatos e os levantamentos espaciais quando somados proporcionam uma visão melhor da complexidade do estabelecimento. Levando isso em consideração, o grupo tem a intenção final de usar dessas linguagens e, em um formato de publicação, mostrar o significado que tem um estabelecimento como o Estadão em uma cidade como São Paulo e como essa cidade se reconhece nesse espaço.

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A segunda etapa deste processo indica um endereçamento mais objetivo sobre o assunto escolhido: Bar e Lanches Estadão.

Nesse momento, o trabalho assume um caráter essencialmente investigativo, somando esforços que se materializam no olhar como instrumento e método de pesquisa e coleta de dados, materializados através de textos e desenhos, que possam construir um mapeamento empírico do espaço analisado.

Não há, contudo, intenções propositivas nesse processo, apenas analíticas, o que nos situa em um contexto de pesquisa.

Afim de revelar padrões e códigos de conduta, balizados pelo contexto analisado, e compreender como as dinâmicas daquele lugar se desenvolvem em determinados horários, espaços e tempos, fizemos uma série de leituras amparadas por metodologias da antropologia – como observações participantes e entrevistas semiestruturadas – que nos permitiram construir e mapear gradativamente aspectos que antes se mostravam tímidos.

Além disso, nos aproximamos de recursos gráficos como desenhos, plantas, croquis e diagramas que nos permitem estreitar os campos dos conhecimentos relacionados as pesquisas de espaço e comportamento.

Por fim, pensa-se em uma mídia que possa abarcar todo material produzido, possivelmente uma pequena publicação em formato de livreto que possa circular e dialogar com o contexto analisado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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INTRODUÇÃO

 

Levando em conta aspectos que compõem a identidade de São Paulo iniciamos uma reflexão sobre o imaginário da cidade, considerando-a um lugar importante para a construção da memoria e entendimento sobre determinadas questões, fundamentais para a compreensão de dinâmicas inerentes ao território.

Essa inquietação nos levou a percorrer assuntos que se apresentam no cotidiano, materializam-se através de aspectos sutis, mas potentes ao olhar que busca identificar estas ações. Com isso, encontramos nos bares e lanchonetes no centro da cidade aspectos expressivos diretamente relacionados a esse assunto.

Além de uma estética e espacialidade muito próprias estes lugares mantém um elo comum entre si: os PF`s. A denominação popular atribuída aos “pratos feitos” percorre o vocabulário cotidiano dos moradores paulistanos e se insere no dia a dia da capital como uma demanda, inerente sua escala metropolitana. O cardápio se estende a toda cidade e a manutenção deste hábito se desenrola em espaços comuns que, em alguma medida, figuram aspectos de sua dinâmica.

Dentro disso, nosso objetivo foi mapear alguns desses territórios, levando em conta sua importância histórica e sua capacidade de sintetizar elementos urbanos ao mesmo tempo que dialoga com a construção da memória do município como um todo.

 

ESTADÃO

 

 

O Bar e Lanches Estadão é um dos lugares mais tradicionais no que se refere a restaurantes que propõe atender uma demanda significativa, através da composição do seu espaço físico que suporta muitas pessoas e, ao mesmo tempo, sugere fluidez.

O esquema de balcão nos permite observar a diversidade de seus frequentadores que não se resumem apenas aos que vão fazer uma refeição, mas também aos passantes que procuram por lanches rápidos, como o tradicional sanduiche de pernil.

O fluxo do restaurante reflete a dinâmica da cidade, potencializado pelo aspecto peculiar de funcionar 24h, é possível observar que o horário de pico do estabelecimento se concentra na madrugada, sobretudo, aos finais de semana.

Localizado entre a Av. 9 de julho e a Rua Major Quedinho, o restaurante fundado em 1968 percorreu décadas de transformação do centro da cidade, marcado por uma vida noturna muito rica, importante centro econômico, sobretudo nas décadas de 50 e 60, e com uma grande variedade de espaços coletivos e abundante oferta de programas culturais.  A demanda que resultou e consolidou o Estadão extrapolou os limites do estabelecimento, o lugar se tornou uma referencia na cidade, influenciando seu entorno. Hoje podemos encontrar a “Papelaria Estadão”, “Banca Estadão” e “Ponto de Táxi Estadão”.

Consideramos, portanto, um espaço fértil para a elaboração e desenvolvimento de uma pesquisa que leve em conta não só o impacto e contexto do território mas também as características que compõe o seu espaço, tanto físico como simbólico, entendendo suas complexidades e buscando reinterpreta-las com um olhar investigativo.

 

ITA

 

Marcado por traços da tradição portuguesa no centro da cidade, um dos mais antigos restaurantes da capital mantém até os dias de hoje uma estética e cardápio próximos aos seus tempos de origem. A configuração única do espaço, organizada através de um balcão central que desenha e determina as dinâmicas daquele lugar, garante traços únicos a esse restaurante. Além disso, a fachada principal é totalmente aberta para a Rua do Boticário, travessa entre o largo do Paissandu e a Avenida Ipiranga.

 

 

Restaurante Santa Isabel

Localizado na Vila Buarque, o restaurante mantém até os dias de hoje uma estética muito única e tradicional. Característico por sempre apresentar dois pratos do dia, algumas vezes diferentes do restante da cidade, o lugar atende um público variado e diverso, sobretudo as pessoas que trabalham e moram na região.

 

 

 

 

Equipe:

Cássio Endo

Flora Atilano

Pedro Feris