EV2017S02_G39 – Casa Amarela

Primeira Entrega

CASA AMARELA – OCUPAÇÃO DE ESPAÇOS ABANDONADOS NA CIDADE

Ao andar pela cidade de São Paulo percebe-se uma grande diversidade de arquiteturas, alturas, tipos de prédios, bairros mais residenciais, outros mais comerciais ou repletos de prédios que trazem muita movimentação durante o dia pelos trabalhadores e deixa quase vazio durante a noite.

Dentro dessa percepção de tipos arquitetônicos, que é bem comum em uma metrópole como São Paulo, nota-se também uma grande quantidade de edificios abandonados. Esses lugares abandonados geralmente são edificações antigas, que não estão reguladas para a venda e o mercado imobiliario não consegue intervir para a compra ou são imóveis tombados.

O centro de São Paulo é repleto de exemplos como esse e assim, e atualmente sendo um grande território de disputa, é comum percebermos a ocupação destes espaços vazios.

O mais conhecido tipo de ocupação destes espaços é através dos grupos auto organizados de moradia popular, mas existem também outros tipos de ocupação, como acontece na Casa Amarela.

A casa Amarela é um edifício da década de 20, que pertencia ao INSS e há 3 anos foi ocupado por um grupo de artistas e ativistas culturais. O movimento de ocupação de espaços ociosos ocupou o prédio que estava abandonado há alguns anos e eles limparam e reformaram para que pudesse ser utilizado novamente, agora com uma nova moradia, a arte.

Com esse tema pretendemos estudar sobre as praticas colaborativas desses artistas e arquiteto na ocupação de espaços na cidade para (re)significar e trazer a cultura mais próxima de outras classes sociais.

A ESCALA DO PEDESTRE – PONTO DE ONIBUS SUBTERRANEO ANHANGABAU

O processo de crescimento e estruturação da malha urbana e das relações estabelecidas no espaço da rua na cidade de São Paulo se iniciam com um dos primeiros planos de organização da metrópole. O plano de avenidas de Prestes Maia defendia uma configuração radial perimetral concêntrica de avenidas que viriam a descongestionar o centro e orientar a expansão da cidade.

Em relação aos limites da cidade, Prestes Maia defendia com o plano de avenidas que não seria necessário a imposição de uma limitante ao crescimento, como um cinturão verde, mas sim a organização desse crescimento.

O plano foi apresentado a prefeitura na mesma época que a empresa canadense light company apresentava seu plano de implantação de um transporte de massas (metro) e outros melhoramentos urbanos. Prestes maia defendia que seu plano era mais econômico e que o metro deveria ser implementado após a estruturação das vias propostas no plano.

A decisão de afastar a moradia para borda da cidade visava constituir o sonho da vida suburbana estadunidense, que visava acolher a classe média recém motorizada.

O resultado é a consolidação de uma cidade desenvolvida para ser “experenciada” por meio da janela do automóvel, as grandes avenidas constituem-se em grandes valas projetadas somente ao fluxo de maquinas, a 23 de maio, a ligação leste-oeste e as marginais apresentam níveis de poluição sonora que ultrapassam a recomendação da NBR 10151 para áreas industrias, sendo que estas vias que se inserem nas áreas centrais da cidade. As condições de passeio por essas vias são nulas, suas calçadas, quando existentes, apresentam muitos danos ou se estreitam “prensando” o pedestre entre maquinas se deslocando a velocidades expressas e a muros de contenção.

A implementação se formam a partir de rasgos descompromissados com a situação de cidade no qual se inserem, sem se preocupar com a iluminação da região, como o minhocão, ou gerando grandes espaços residuais a partir do entroncamento das vias como na junção das marginais

Essas vias se apresentam ao transeunte como grandes barreiras urbanas, o deslocamento para a transposição dessas barreiras mais uma vez é pensado ao ritmo do motor, a porosidade para o pedestre é nula, obrigando-o a fazer grandes desvios em seu trajeto para muitas vezes conseguir apenas atravessar a avenida, como nas marginais, onde a distancia entre as pontes de conexão possui escala kilometrica.

Essas avenidas se estruturaram como as principais ligações entre os bairros residenciais e o local de trabalho e para os usuários de ônibus as condições de embarque e desembarque demonstram grande precariedade, os pontos de ônibus geralmente se situam debaixo de pontes, que coincidentemente é o espaço que concentra picos de decibéis, além dos vazamentos e goteiras decorrente de uma manutenção negligenciada desses viadutos e geralmente possuem uma iluminação precária, o que demonstra que esses espaços nunca foram pensados a escala do pedestre, ele o abstem da cidade e o obriga a entrar em um estado de alienação ao seu entorno.

Um deles em particular nos chamou a atenção por ser a caricatura desses problemas, o ponto de ônibus subterrâneo do vale do Anhangabaú é o auge da negligenciação do pedestre e de seu bem estar. Seu acesso é hostil e nada convidativo, sua infraestrutura constitui apenas um poste de sinalização, o ambiente que o pedestre deve se sujeitar para aguardar o ônibus é degradante, a umidade, a poluição atmosferica e a poluição sonora alcançam o seu ápice e sintetizam a cidade construída para as maquinas.

 

PARQUES NA MOOCA – PENSANDO MAIS AREAS VERDES EM SP

O crescimento de São Paulo foi, historicamente, inversamente proporcional à presença da natureza na malha urbana. Na sua origem havia intuito de desbravar a mata para habitação humana, desta relação viemos a controlar as formas dos rios e seus córregos, assim como assentamos morros e continuamos desmatando. Nos últimos anos é notável a influência que tivemos no nosso ecossistema; de várzeas inabitáveis por conta das retificações fluviais, à grandes porções da cidade cobertas de concreto com má qualidade de ar, é evidente que agora a necessidade que temos é de trazer de volta algumas das condições naturais que existiam na cidade ao seu nascer.

Em contrapartida, um estudo de 2013 elaborado pelo Observa Sampa indica que em São Paulo havia 14,07m² de cobertura vegetal pública por habitante, uma proporção que supera o mínimo de 12,00m² recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). E embora a impressão que temos é de que a cidade é em grande parte impermeabilizada pelo concreto e de que não há contato suficiente com a natureza, São Paulo tem muita área verde. Essa impressão ocorre primeiramente porque as áreas verdes não estão dispostas de maneira homogênea pelo município, concentram-se em alguns bairros melhor planejados e sobretudo em zonas de matas remanescentes nos extremos norte e sul do município.

Parques fluviais lineares, parques verticais e a reinvenção de parques latentes (aqueles abandonados, malcuidados e desusados) são só algumas ideias que surgiram como resposta nos últimos anos. A proposta deste tema seria criar uma base de analise histórica e contemporânea das áreas verdes e córregos na Mooca especificamente, pois um estudo recente mostra que a Mooca é o bairro com menor área verde por habitante; no que São Paulo tem 14,07m2, a Mooca tem menos de 3m2. Ainda mais, a Mooca tem terrenos cortados pela infraestrutura urbana que criaram lotes e canteiros subutilizados e descuidados. Entre eles, um lote de quase 100mil metros2 entre a Rua Dianópolis e a Rua Barão de Monte Santo (foto).

 

 

Segunda Entrega

Reconhecer a cidade é entender seus problemas, suas dinâmicas, seu passado e seu futuro.

A metrópole que abriga milhares de pessoas, também é a cidade que acolhe diversas culturas.

A cultura que chega de diversas partes do Brasil, buscando melhores oportunidades na cidade grande e a dos que nasceram na cidade e habitam seus museus, teatros e galerias de arte.

Com a finalidade de analisar a cultura de São Paulo, nosso trabalho propõe-se a estudar como as ocupações culturais colaboram e fortalecem uma parte importante e esquecida da cidade, a cultura da arte urbana, do pixo, da educação para quem não tem oportunidades, do acesso a arte para quem não pode pagar.

No ambito desse estudo, levantamos informações sobre algumas ocupações culturais da cidade e mapeamos a região e seu entorno, conhecido como Território de interrese da cultura e da paisagem (TCIP) – dentro do Plano diretor de São Paulo. Essa região, que contempla bairros como Consolação, Bela Vista, Santa Cecília, República, Sé, Luz, oferece centros de cultura conhecidos no roteiro turistico da cidade, como o MASP, CCSP, Pinacoteca, CCBB, entre outros, porém abriga também centros de cultura de resistência, que fazem um importante trabalho na cidade.

A casa amarela, objeto principal do estudo, é uma ocupação que desde 2014 resiste em um antigo casarão, abandonado há 30 anos que guarda uma memória arquitetônica importante para a cidade. O trabalho realizado na casa amarela é feito sem ajuda da prefeitura ou de qualquer empresa privada, de forma horizontal, auto-gerida, democrática e sem fins lucrativos. É exatamente nesse momento de escassez de verbas de cultura pelo governo municipal que buscamos entender a importância do trabalho para a cultura da cidade e como esse trabalho impacta nas diferentes classes sociais que habitam a região.

 

 

Entrega 3

A partir do estudo e levantamento inicial sobre a Casa Amarela e outras ocupações similares, notamos o potencial da casa no contexto e no local na qual ela se insere. Utilizando como base esse estudo, buscamos entender melhor qual seria esse contexto, ampliando a escala para o entorno da casa, mapeando as escolas, teatros e outros pontos de cultura nos seus arredores. Essa aproximação foi importante para a segunda etapa do trabalho que constituiu em entrevistas com moradores e artistas residentes da ocupação, para compreender se algum desses lugares do entorno se conectam com as pessoas que utilizam a casa e quais seriam esses lugares, resultando em diagramas de percursos e pontos de interesses da rotina dos entrevistados e desenhos dos personagens, juntamente com um estudo de fotomontagem com a finalidade de retratar como a casa se relaciona com o exterior e o interior, trazendo as impressões dos entrevistados e dos transeuntes que passam pela Rua da Consolação. A ideia do projeto é Reconhecer São Paulo ATRAVÉS do olhar dos produtores de cultura e artistas residentes da Casa Amarela, essas impressões resultantes de entrevistas e acompanhamento dos personagens serão condensadas em diagramas e mapeamentos, como os apresentados nesta etapa de consolidação.

Link para a apresentação: EV17S2_G39_E3

Entrega FINAL

São Paulo é um conjunto de diversidades. De pessoas, arquiteturas, bairros, ruas, avenidas… Cada pedaço da cidade é uma nova impressão, e a cada percurso, cada momento, temos novas descobertas. É evidente também, ao transitar pela cidade, a diversidade de edificações, essas que contam a história da urbanização e crescimento até a megalópole atual.

Com a especulação imobiliária e a expansão da cidade, bairros se formaram e outros foram deixados, como o centro da cidade… deixando também, muito imóveis abandonados. Esses lugares geralmente são edificações antigas, que não estão reguladas para a venda e o mercado imobiliário não consegue intervir para a compra ou são imóveis tombados.

Atualmente o centro de São Paulo vem sendo um grande território de disputa, entre a classe média/alta que tem o desejo de revitalizar o centro, e a população de baixa renda, que já ocupa esses espaços como luta pela moradia na cidade, longe das periferias.

O mais conhecido tipo de ocupação destes espaços é através dos grupos auto organizados de moradia popular. Existe também outros tipos de ocupação, a ocupação cultural, como acontece na Casa Amarela.

A Casa Amarela é um edifício da década de 20, localizado na Rua da Consolação, que pertencia ao INSS e há 4 anos foi ocupado por um grupo de artistas e ativistas culturais, e foi através dela que buscamos reconhecer São Paulo.

O trabalho realizado para o estúdio vertical consistiu em entender a importância desse movimento no território de interesse da cultura e da paisagem, que o plano diretor estabelece. Esse território tem o trajeto que vai desde a Avenida Paulista, passando pela Rua da Consolação, Rua Augusta até a Roosevelt e a Vila Buarque, e é uma região conhecida por extrema abundância de espaços culturais institucionalizados e antigos.

Através deste trabalho buscamos analisar a Casa e suas potencialidades, dentro do território. A primeira etapa de levantamento, consistiu no entendimento de como a casa funcionava e quais eram as diferenças entre uma ocupação de moradia e uma ocupação cultural, suas atividades, seu impacto para a cidade, para o entorno e para as pessoas.

Foram realizadas entrevistas com o representante de comunicação da Casa, com alguns moradores, com as escolas da região, na qual foi dito que era feito um trabalho conjunto, e buscamos também realizar alguns tipos de mapeamentos de percursos para entender como essas pessoas se relacionavam com a cidade.

Na etapa de consolidação, percebemos que as dificuldades em resistir, ocupar e transformar o espaço se misturam com as dificuldades da ocupação em si. O diálogo que é apresentado ao entrar na casa não funciona muito na pratica, pois as atividades propostas não acontecem com muita frequência e a casa em si, funciona como um espaço de troca para produtores de cultura da região, no sentido de que o espaço é utilizado por pessoas de fora para gravação de vídeos, trabalhos, fotos, etc, em troca de suprimentos para a vivencia dos moradores da casa, que produzem arte e cultura, mas não ficou muito evidente nas aproximações feitas.

Notamos que apesar do grande potencial, a casa funciona mais como um símbolo de resistência da periferia negra e indígena, do que como um polo cultural que transmite arte e cultura, apesar da grande potencialidade por estar presente em um lugar muito estratégico da cidade.

Reconhecemos então, que a casa tem um papel importante em meio a disputa atual no centro de São Paulo, e que, apesar das dificuldades em ocupar e ser um polo organizado que transmite arte, deve ser reconhecido pela sua cultura de resistência e ocupação, principalmente da população de baixa renda, negros e indígenas que fazem parte da cidade, pertecem a ela e devem continuar no centro de São Paulo.