O ESPAÇO DO COTIDIANO | Grupo 23

 


1a entrega

intenção;

As discussões feitas em grupo que pautaram o nosso trabalho, iniciaram com a busca dos significados das palavras “Cotidiano” e “Rotina”, e até mesmo suas diferenças.

Entendemos rotina sendo a sequência de procedimentos rotineiros, de ações habituais. Enquanto o cotidiano sendo parte de um tempo e espaço mais lento e extenso, a reunião dos atos habituais e permanentes, o conjunto de diversas ações.

Desse modo, seguimos discutindo as diferentes escalas de cotidiano, ações individuais que conformam a sua rotina e assim o seu “cotidiano individual”, e a soma dos cotidianos individuais que conformam o “cotidiano sociedade”. A possibilidade de poder entender o conjunto, mas também poder ter a noção do individual e suas características.

Quando pensamos em Cotidiano não podemos excluir a compreensão do espaço, já que são coexistentes. São necessários para se refletir como ocorrem, quais são as consequências causadas e como poderiam ocorrer. Assim surgiram as questões principais que baseiam a nossa análise inicial.

  • Como o espaço condiciona o cotidiano, tanto individual quanto coletivo?
  • Como os diversos cotidianos interferem no espaço?

Para conseguirmos responde-las o grupo elencou diversos locais com as mais diversas características para serem analisadas. Através da observação e conversa produziremos textos, fotos, filmes, desenhos que serão compiladas e mixadas em um pôster, imagem síntese, como produto final.

O pôster como produto final, nos dará a noção das diferentes escalas de análise do cotidiano. Sendo possível a identificação através do espaço, de como prosseguiremos sobre o tema; seja no sentido de projetual, de onde intervir, o motivo da escolha do local, a escala, como intervir…

 

referências;

concordamos que essa imagem consegue ser uma síntese do nosso primeiro pensamento a respeito do tema cotidiano. vemos na imagem a possibilidade de distinguir as diferentes escalas do cotidiano, desde uma leitura geral da imagem, vendo todo o universo que ela sugere, e a escala do individual, onde é possível identificar cada atividade individual da cena.

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as primeiras análises;

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Fim do dia. 18h54. Estação República. Pessoas Passam.

Muitas pessoas passam. Alguns olhares atentos, outros olhares perdidos. Alguns expressam o cansaço através de uma postura curvada, retraída, outros demonstram o oposto, com o corpo ereto e passadas largas, que se aceleram ao ritmo do movimento da estação.

Poucos grupos, muitos sozinhos. Os aglomerados que caminham juntos em direção a plataforma, trocam palavras que se misturam ao barulho da rua, onde carros buzinam, motos aceleram, mendigos discutem e a pipoca estoura, exalando aquele cheirinho inconfundível que acalma o caos urbano.

Muitos olhares curiosos pousam sobre mim, sentada no chão frio na entrada da estação. Mas nada perguntam, encaram, não param e só continuam sua passagem ali.

Somente um tem a coragem de me perguntar o que faço, recordo que aquele rosto não me é estranho, seu nome é Gabriel, recente morador de rua, que nessas andanças pela região já havia me pedido um trocado e após minha negação, sumiu. Dessa vez ele se sentou e começou a contar suas moedas, perguntando o motivo de minha escrita, percebendo que seria uma longa resposta, logo me interrompe e pede uma contribuição para seu jantar, não nego e logo se vai.

Após pouco tempo da saída de Gabriel, um senhor de 40 e poucos anos se acomoda ao meu lado, tira seu saxofone do estojo e começa a se preparar para se apresentar. Percebe a minha presença e deixa seu sax de lado, começando a conversa, perguntando se iria me apresentar também, quem me dera. Assim explico sobre o trabalho e meu interesse em saber mais sobre ele e sua relação com o lugar. Seu nome é Fernando, trabalha ali há anos, de freqüência considerável na região central (Sé, República e Luz), mas mesmo assim não consegue sobreviver só de música e por isso de manhã trabalha como “faz tudo”. Ele define que seu interesse é no público, e não no dinheiro, isso é conseqüência.

“Música é um trabalho que transmite o amor. Qual o melhor lugar pra transmitir o amor onde a movimentação é grande?”

Pausa. Começa a tocar, volto a escrever.

Logo em seguida ele percebe que o metrô não está muito movimentado e retoma a conversa.

“Prefiro o metrô, pois o local é a minha caixa acústica que reverbera melhor a minha música. O concreto é meu amigo, nesse eu confio.”

Ele volta a tocar e fazer seu show. Antes percebia os olhares curiosos em mim, agora esses olhares se multiplicam e se voltam à música de Fernando. Agora não mais só curiosos e sim apreciativos. Ele é o protagonista de seu show.

Tudo é passageiro, efêmero e simples. O relógio é o personagem principal no cotidiano, até que digam o contrário, e pessoas como Fernando e Gabriel apareçam para quebrar a nossa rotina.

16, de agosto de 2016.

Débora Mayumi

 

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os croquis buscam questionam e buscam esclarecer as diferenças entre rotina e cotidiano. essas que foram parte principal no início de nossas discussões.

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2a entrega

 

proposta;

Após nossa última entrega mudamos o foco de estudo, direcionando nosso trabalho para o cotidiano existente na Praça Roosevelt. Conservando os aspectos iniciais de análise e as diferentes concepções de cotidiano, cotidiano individual e cotidiano sociedade, para melhor interpretação do local e para depois propormos possíveis intervenções.

Durante nossa primeira visita a praça, escolhemos uma área em que o comportamento cotidiano é mais evidente. E com isso a relação fachada/rua/praça conseguem criar uma dinâmica organizacional em que as pessoas se reúnem nas escadas, de costas para a praça e de frente para as fachadas, por fachada lê-se bares e comércio, sendo os bares um dos maiores atrativos e motivo para esse comportamento de permanência. Entretanto, no dia da visita grande parte dos bares estava fechada, mas mesmo assim o comportamento se manteve.

“comportamento cotidiano; cotidiano porque acontece como um hábito, onde o próprio comportamento, no sentido de viver e acontecer, é determinante.”

Novas questões vêm à tona:

  • Quais as causas para o comportamento existente?
  • O que faz essa permanência no lugar ser forte?
  • Quem frequenta a praça?
  • Relação com a cidade. Localização é um expoente construtivo?
  • Faltam equipamentos para qualificar o local e se tornar útil para as pessoas?
  • Se novos equipamentos fossem postos, seriam utilizados?

 

Seguindo os estudos feitos, nossa intenção é oficializar a permanência das pessoas na Praça; criar um ponto de referência. Oficializar o spot, através de uma linguagem. Percebemos um aspecto único da Praça, que deve permanecer e conceituar o projeto, a conformação de auditório ou teatro de fachada, produzindo um palco público em que atividades culturais podem ser postas ao ar livre, criando um ambiente ativo a qualquer momento por aqueles que a frequentam. Aumentando assim a interatividade dos moradores e frequentadores da região.

 

referências;

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| Praça Roosevelt |

noite | 06.09 | 19h03||

dia   | 13.09 | 11h39 ||

 

Noite. Terça-feira. Chegamos. Observamos.

Praça lotada em plena terça-feira, grupos reunidos que ocupavam toda a extensão das escadas. Eram skatistas, estudantes da escola de teatro ou só curiosos, como nós (menos o Martin, que estava estreando seu shape novo).

A quantidade de pessoas que estavam ali nos impressionou, porque todos os bares e comércio da Rua estavam fechados. Tudo o que poderia motivar a permanência das pessoas nas escadas não estavam mais funcionando. Concluímos que a praça funciona com o incentivo do comércio local, mas não funciona essencialmente por causa dele. A análise se estende então na necessidade de entendermos o contexto da área que influência na dinâmica do local. Dessa forma nossos mapas serão essenciais para essa análise, assim como os sketchs.

Para tentarmos perceber individualmente as características do local nós nos dividimos. Dessa forma Bingi foi tirar fotos, Martin fazia anotações e sketchs no intervalo das suas andanças, enquanto John fazia sketchs e eu escrevia. Até o momento que Charada interrompeu nossa concentração e pediu um cigarro, aí já era de se imaginar que a conversa seria prolongada. Suficiente para ele nos contar sua história de formação e sua rebeldia contra o sistema que o fez morar na rua, por fim escreveu uma mensagem no meu caderno (foto a seguir) e me dar uma pulseira de presente.

 

Dia. Terça-feira. Sol. Calor 32ºC.

Sim. Calor de 32ºC com Sol a pico. Deve ter sido um dos motivos para a praça estar vazia, e ser somente ocupada por alguns moradores de rua que dormiam nas sombras formadas pelas árvores antes do pergolado. Poucos alunos da escola de teatro sentavam na mureta que indicavam meu caminho frente à fachada comercial da rua, enquanto tirava algumas fotos

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04.croquis

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3a entrega

proposta;

 

Após diversas análises sobre a r. Praça Franklin Roosvelt identificou-se que na verdade ela já funcionava como nos gostaríamos e que nossas propostas poderiam alterar o espaço descaracterizando e perdendo o que de mais importante se encontrava lá.

Seguindo isso decidimos trabalhar em um lote vazio no final da mesma rua – r. Praça Franklin Roosvelt -, vizinho do antigo teatro Cultura Artística, de Rino Levi, que foi fechado após pegar fogo. A escolha pareceu propícia pois estava sendo sub-utilizado e funcionando como um estacionamento irregular. Além disso o projeto podia dialogar com todas as características que foram identificadas como interessantes e toda a relação cotidiana e viva da r. Praça Franklin Roosvelt.

O projeto busca uma característica efêmera e de diversas possibilidades para que a apropriação possa ser a melhora para os que a usam. Escolhemos uma estrutura metálica que se apropria das empenas e busca uma tri-dimensionalidade quando propõe  “escalar” essas paredes. A facilidade encontra-se na modulação e em sua capacidade de ser montada e desmontada por uma pessoa, apenas com as mãos, sem nenhuma ferramenta.

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4a entrega – final

proposta;

Durante todo o processo de discussão do que pode ser entendido como objeto de análise e intenções que guiam a formação do trabalho, surgem partidos essenciais para a decisão projetual. Tais como a subtração enquanto crítica aos excessos da cidade. A ressignificação dos espaços através da apropriação, explorando os potenciais de uso. Dessa forma evidenciando a relação homem x cidade e suas consequências, assim denunciando pontos estratégicos que são esquecidos ou acolhidos pela sociedade.

As relações humanas com o meio é que conformam o uso social de uma cidade. Atualmente podem-se observar as consequências que essas relações nos trazem, em que cada vez mais se valoriza a ocupação desenfreada do espaço e se rejeita as construções já existentes. Sendo elas abandonadas e inutilizadas, ou seja, um espaço que possuí potencial de uso é desperdiçado pela população.

A ocupação desenfreada da cidade tem como principal consequência a segregação dos espaços, evidenciando o privado e negando o público. Negar o uso público é uma fragilidade da cidade, já que a cidade nasce do desejo dos homens de estarem juntos. E é no local público que é proporcionado o encontro entre pessoas. A partir disso propomos olhar e interagir com esses ambientes excluídos da cidade, possibilitar a criação e intervenção de diversos cotidianos.

Visto isso vimos como expoente de possibilidades, a praça Roosevelt. A diversidade tanto entre os frequentadores, quanto nos usos, a apropriação espontânea do espaço público, nas escadas de acesso à praça, os bares, teatros e escolas que conformam seu entorno e o tornam rico.

De modo que esse expoente rico contrastou com o terreno vizinho ao Cultura Artística, bem localizado de frente para a praça, ao lado de bares. O antigo terreno da boate Kilt, hoje é um mero espaço que abriga a rotatória de acesso ao estacionamento da Roosevelt. A partir desse contraste, buscamos requalificar o local. Trazendo elementos da história da região, a concentração de teatros e suas funções sociais. Já que a nossa intervenção vem como uma extensão do foyer do Teatro Cultura Artística, criando multiplicidade no uso para o público frequentador do teatro e também aumentando o seu caráter público.

A intervenção projetual se dá na conformação de uma arena experimental, em que é posicionada paralela as empenas cegas do edifício dos bares e a empena do Cultura Artística. A multifuncionalidade para abrigar várias possibilidades cênicas e variadas apropriações do público é clara, questionando a disposição dos espectadores e a relação entre atores e o público, em que a arena pode ser ocupada como um auditório e a rua e calçada se tornem o palco. Ou o contrário, a arena é o palco e a rua é a plateia. Além disso, embaixo da arena criamos um espaço que serve de auxílio às peças, em que pode ser usado como camarim e também para guardar o material criado.

Nos horários em que o teatro Cultura Artística está fechado, o uso é um apoio para os bares e para a praça, local oficializado como encontro de pessoas. Também propomos fechar a Rua Franklin Roosevelt no período da noite nas sextas-feiras, finais de semana e pré-feriados e feriados determinando o uso coletivo.

 

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a) A estrutura procura ser ambígua quando não define ao certo e da a possibilidade de hora ser plateia hora ser palco.

captura-de-tela-2016-12-04-as-22-19-13possibilidade de estrutura como plateia.

captura-de-tela-2016-12-04-as-22-19-39possibilidade de estrutura como palco.

 

b) desenho padrão da estrutura.

 

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isométrica explodida, módulo.captura-de-tela-2016-12-04-as-22-20-09

isométrica, leitura geral.

c) visão geral e tridimensionalidade do espaço

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vista geral mostrando a nova permeabilidade do lote e a estrutura.

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vista da apropriação da parede pela estrutura.

4a entrega

 

 

 

 

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