G28_Carandiru / Parque da Juventude

  1. Carandiru/ Parque da Juventude

     Com a intenção de procurar espaços que marcaram a história da cidade e são de grande relevância para sua compreensão, o grupo encontrou no Carandiru um lugar de pesquisa e questionamento. Procurando fugir dos elementos principais que compõem os estereótipos da capital Paulista, esse espaço chamou atenção pelas grandes alterações durante o curso do tempo mas a permanência da importância tanto do símbolo quanto do espaço em si, que nunca deixou de ser significativo. A antiga penitenciária inaugurada em 1920 já foi referência e o maior presídio na América Latina, seguido de uma história de superlotação, crises e rebeliões, massacre e desativação. Hoje, grande parte da construção foi implodida, e o local abriga equipamentos culturais como a Biblioteca de São Paulo, Parque da Juventude e escolas técnicas estaduais. Um espaço que já foi considerado um dos cartões postais da cidade de São Paulo hoje, ressignificado, é uma memória de conflitos e mutação. É de interesse do grupo pesquisar como que as mudanças e momentos históricos relacionados a esse espaço afetam os arredores, de modo a influenciar diretamente a memória, os usos e valorização da região.

Fonte: http://www.conexaojornalismo.com.br/audiencia_na_tv/massacre-do-carandiru-julgamento-comeca-com-duas-decadas-de-atraso-86-8504

2. Aeroporto de Congonhas 

     Ainda que inicialmente implantado na periferia da cidade de São Paulo, o aeroporto de Congonhas passou para um outro contexto à medida que fora gradativamente envolvido pela crescente metrópole, tornando-se de fato um aeroporto urbano. Como qualquer grande infraestrutura localizada em meio à cidade, possui grande influência sobre seu entorno em diversas escalas, desde o ruído, fluxos, a até mesmo o próprio desenho da cidade ao determinar limites de gabarito de edificações localizadas dentro do chamado cone de aproximação, criando verdadeiras ‘frestas’ na paisagem. Essas questões relacionam-se á pesquisa intencional do grupo, que é de entender essa infraestrutura que fora pensada para se implantar em uma região periférica da cidade e que posteriormente após sua implantação gerou um avanço em relação ao desenvolvimento do entorno criando uma nova centralidade e trazendo o meio urbano para seu espaço.

Fonte: http://airway.uol.com.br/aeroporto-de-congonhas-assume-nome-do-ex-deputado-freitas-nobre/

3. Represa Guarapiranga: Praia do Sol e Yatch Club

     Em uma tentativa de explorar São Paulo com uma abordagem diversa, foi de interesse do grupo olhar para áreas muito significativas mas que não são diretamente ligadas ao cenário clássico da cidade, questionando então os estereótipos e realizando análises especulativas. Assim, a represa da Guarapiranga, que abastece 4 milhões de pessoas no Estado, pareceu uma oportunidade de investigar a relação da cidade com a represa, e as questões que envolvem um reservatório tão grande cercado de cidade, como as questões da ocupação do território e loteamentos irregulares, as relações políticas e históricas com a situação atual e a relação entre público e privado, especialmente considerando que existem 7 parques nas margens da represa. Pretende-se então questionar de maneira crítica essas relações atuais, fazendo um recorte de dois pontos, a praia do sol, popularmente conhecida como a “prainha de São Paulo”, que representa um uso público ligado à represa, e o Yatch clube, que representa os inúmeros clubes privados de esportes aquáticos que também caracterizam a região. Esses dois pontos estão localizados à margem da Av. Atlântica, e são relativamente próximos.

Fonte: http://www.revistaturismo.com.br/passeios/guarapiranga.htm

André Baptista, João Marujo, Stephanie Lima, Vinicius Andrade

 

 

 

_ETAPA 03

 

Nesta etapa, fora elaborada uma pesquisa com enfoque em uma bibliografia relacionada à questão da memória e, mais especificamente, sítios de memória difícil.

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QUESTIONAMENTOS PROPOSTOS

_COMO REFAZER A HISTÓRIA ATRAVÉS DO ESPAÇO?

_COMO A MEMÓRIA DE UM MASSACRE PERSISTE VIVA EM UM ESPAÇO FÍSICO APAGADO NA CIDADE?

_EXISTE PROPOSTAS MAIS EFICAZES PARA RESSIGNIFICAR UM ESPAÇO DE IMPORTÂNCIA HOSTÓRICA E SIMBÓLICA NA CIDADE?

_QUAIS OUTROS PROJETOS DE MEMÓRIA DIFÍCIL PODEM SER ENCONTRADOS EM SÃO PAULO?

_COMO O PROJETO DO PARQUE DA JUVENTUDE TRATA A MEMÓRIA DO MASSACRE E DA PENITENCIÁRIA?

_PARA QUE(M) MOBILIZAR A MEMÓRIA?

 

PORQUE E COMO PRESERVAR – “SITES OF HURTFUL MEMORIES”
GABI DOLFF-BONEKAMPER

 

_POR QUE PRESERVAR LUGARES SE ELES OFENDEM OS SENTIMENTOS DE PESSOAS QUE NÃO QUEREM SER LEMBRADAS?

PROVA CONTRA NEGAÇÃO;
POSICIONAMENTO AMBIVALENTE POR PARTE DA OPINIÃO PÚBLICA (VÍTIMAS X AGENTES); INCERTEZA QUANTO À RESPONSABILIDADES COLETIVAS

 

_QUE TIPO DE INFORMAÇÃO ELES PASSAM QUE NÃO ESTÁ DISPONÍVEL DE OUTRAS FORMAS, COMO LIVROS, TESTEMUNHAS, FILMES OU DOCUMENTÁRIOS?

GENIUS LOCI – O ESPÍRITO DO SÍTIO;
COMPARTILHAMENTO DE EXPERIÊNCIAS PASSADAS, QUASE COMO UM ACESSO DIRETO À HISTÓRIA

 

_PORQUE ESSES LUGARES DEVERIAM SER LIDADOS COMO HERANÇA MATERIAL A SER CONSERVADA?

EVENTO HISTÓRICO ~ SUBSTÂNCIA MATERIAL;
INTERPRETAÇÃO PARTICULAR DO SÍTIO > PERGUNTAS;
DEMOLIR UM LUGAR = DESTRUIR EVIDÊNCIAS PARA QUESTIONAMENTOS FUTUROS

 

HISTÓRIA X MEMÓRIA, PIERRE NORA

“A HISTÓRIA PE A CONSTRUÇÃO SEMPRE PROBLEMÁTICA E INCOMPLETA DAQUILO QUE JÁ FOI. […] É UMA REPRESENTAÇÃO DO PASSADO. […] A MEMÓRIA É UM FENÔMENO SEMPRE ATUAL, UMA LIGAÇÃO VIVENCIADA COM UM PRESENTE ETERNIZADO”.

 

TRAUMAS

Freud – “Erinnern, Wiederholen, und Durcharbeiten”  – “recordar, repetir e resolver” – artigo em 1914

Paralelo entre entre terapia de trauma individual e trabalho coletivo em eventos traumáticos da história. — Uma vez que a sociedade encara um período horrível na historia (permitindo que a verdade seja exposta, abrindo arquivos para pesquisa, marcando lugares onde ocorreram os acontecimentos e incluindo memorias dolorosas em narrativas locais ou nacionais) a cura parece mais alcançável.

 

 

_ETAPA 04

Sitio Arqueológico Carandiru

A partir da dinâmica e do tema – Reconhecer São Paulo – decidimos nos aprofundar em uma análise acerca do Parque da Juventude que, anteriormente, abrigava o Complexo Penitenciário Carandiru.

A penitenciaria foi inaugurada em 1920 e foi avaliado como “instituto de regeneração”, aberto para visitação pública em 1940. Nesse mesmo ano começou a exceder a sua lotação máxima. Em anos seguintes, como em 1956 e 1978, o Carandiru passou por ampliações afim de amenizar sua superlotação.

Essa constante crescente no número de detentos, associada a um descalabro contexto penitenciário, resultou, em 1992, no massacre de 111 pessoas, para além dos inúmeros feridos, pela polícia militar de São Paulo.
Dez anos depois, comandado pelo Governo do Estado em ato público, deu-se início ao fechamento do Carandiru. Neste processo, mais de 7.000 presos foram realocados para novas unidades prisionais e, posteriormente, os pavilhões 6, 8 e 9 foram implodidos para dar lugar ao Parque da Juventude. Ironicamente, a proposta do parque – feita a partir de um concurso – partiu do próprio Estado e seus aparatos que comandaram o massacre. Ademais, a proposta foi alvo de críticas a respeito da memória do ocorrido, visto que teve como objetivo ressignificar o local, sem qualquer pretensão de resgatá-la.

Entendendo o espaço do parque como um local de um acontecimento de memória difícil, passamos a buscar outros lugares com características semelhantes de memória como parâmetro de análise. Dentre os exemplos, a Topografia do Terror, em Berlim, é uma instalação registro do regime nazista concebida a partir de uma escavação feita pelos próprios berlinenses durante o pós-guerra, que documenta e mostra os horrores praticados em antigas instalações da Gestapo, as quais, ao serem expostas ao ar livre, se configuram como uma cicatriz urbana.

A partir desse conceito, entendemos a importância de se preservar fragmentos do espaço físico do local dessa memória – sua materialidade original, a fim de proporcionar uma experiência mais potente do que se passou naquele sítio, que qualquer outro tipo de representação.

Embasados por tais conceitos, propusemos uma escavação arqueológica no local, ainda que respeitando a nova e própria dinâmica do parque, afim de revelar as antigas fundações de um dos pavilhões, de modo a expor a magnitude e materialidade daquela antiga construção e possibilitar um novo olhar sobre aquele espaço a partir de caminhos criados por entre a escavação.