– + | Grupo 29

1ª Etapa

Neste trabalho o grupo pretende trabalhar: desafios e oportunidades dos espaços sob a cidade, experimentações de difusão e/ou intensificação de uma suposta linha divisória entre níveis e a ressignificação das relações com o espaço público através de intervenções poéticas/ artísticas.

Durante nossa pesquisa levantamos os seguintes temas a serem abordados com relação ao SUBSOLO:

CAMADAS – o subsolo revela outros tempos de uma cidade, revela as fundações sobre as quais esta foi construída, revela as sobreposições de projetos e transformações urbanas que tornaram a cidade o que é hoje. Ele é arquivo histórico para a compreensão dos percursos que nos levaram a pisar onde pisamos hoje.

TRANSFORMAÇÃO/ ENTORNO/ RELAÇÃO – Vez no subsolo, outra no térreo, por conta da relação com o entorno, o significado de um mesmo objeto ou programa pode variar de sentido. O subsolo tem a capacidade de anular o entorno ou ressignificar sua presença.

CONTINUIDADE/ PERSPECTIVA – subsolo define variação de nível estando impreterivelmente um sobre outro, mas não necessariamente essa preposição implica a descontinuidade entre níveis, uma vez que a conexão entre estes pode transcender a materialidade de uma escada, por exemplo, estabelecendo-se pela continuidade do olhar, ou mesmo do programa proposto. 

SENTIDOS – a disposição física que caracteriza um subsolo cria oportunidades para se explorar os sentidos que nos fazer perceber um espaço: a incidência ou não da luz natural, a circulação de ar, sons, diferenças de perspectivas.

Elegemos a Avenida Paulista e suas 22 galerias subterrâneas abandonadas para continuar os estudos deste trabalho e propor intervenções especificas ao longo de um percurso de caráter lúdico que pretende revelar e acordar nossos sentidos com relação ao espaço.

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2ª Etapa

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3ª Etapa

Não nos passa desapercebido esta inquietação do pensar arquitetônico contemporâneo. Uma inquietação que vemos emergir em diferentes escritórios, arquitetos, alunos e professores, pouco a pouco ocupando um espaço cada vez maior nas discussões, nas aulas, nos projetos. Nós lemos este fenômeno como uma saturação do pensamento e das ferramentas com as quais vínhamos contando para nos ajudar a construir o espaço e a construir a cidade.

Se entendermos a cidade como um organismo vivo, que se faz e desfaz com o passar dos anos, que pulsa com vida e possui uma personalidade própria composta por todas as vidas que abriga, pela história da qual serviu de palco, pelas ambições e sonhos de seus moradores, pelos olhares atentos do mundo e infinitos outros fatores, entendemos também o motivo desta inquietação, o porquê desta sensação crescente de saturação e de insuficiência que nos pesa toda vez que nos debruçamos sobre o desafio do desenho urbano.

Esta inquietação reflete ao mesmo tempo as características mais ferozes do momento atual de nossa sociedade, como também reflete questões intrínsecas à arquitetura na sua condição mais primordial: entender o homem inserido no espaço; registrar, compreender e propor a sua relação com este espaço, seja este construído ou não. O dinamismo desta relação entre homem e espaço, entre sociedade e cidade, é a chave para melhor abordar a participação do arquiteto no desenho do futuro.

Por definição, a palavra DINÂMICO se refere à força, movimento, que se altera de modo contínuo; próprio das forças produzidas pelos corpos e tende a evoluir. Por que então abordamos o espaço de maneira tão estática quando buscamos levantamentos cartográficos que traduzam sua verdade? Plantas, cortes, levantamentos de usos, bases de “cheios e vazios”, curvas de nível, limite dos lotes, todas essas ferramentas estáticas e bidimensionais são a razão deste sentimento inquietante, elas revelam que por si só não nos bastam para visualizar a complexidade existencial da cidade, do espaço público do homem na sociedade. E quanto mais complexa essa sociedade se revela, mais difícil é de projetá-la e mais urgente é a busca por novas formas de compreendê-la.

Foi sobre este raciocínio que fundamentou-se nosso trabalho. Partimos do desejo de redescobrir os espaços esquecidos e abandonados que jazem sob um dos pontos mais importantes da cidade de São Paulo, a Av. Paulista, e suas várias galerias subterrâneas secretas. Esperávamos encontrar, escondido do resto no mundo, escondido no subsolo da cidade, um laboratório em potencial para explorarmos os sentidos do homem, explorarmos as camadas de história que ali se sobrepuseram, as possibilidades de transformação do entorno que mesmo uma caverna não traria e mudanças de perspectiva e direcionamento do olhar que poderiam ser instigadas dentro de uma galeria subterrânea.

Mas não contávamos que iriamos descobrir tudo isso sem precisarmos desenterrar nenhum espaço folclórico esquecido. Ali mesmo no térreo, no meio da multidão, dos carros e dos edifícios, descobrimos camadas de história, possibilidades de transformações e aguçamos todos os sentidos do homem: descobrimos uma cidade lúdica e sensível que existe escondida dentro daquela cidade que já conhecemos. Este trabalho é um relato da nossa viagem à essa cidade lúdica através de alguns mapeamentos voltados à questões sensoriais do espaço.

O desafio de encontrar a melhor maneira de representar essas questões sensíveis à nossas percepções nos levou a explorar diferentes tipos de mídia: plantas, cortes, desenhos, vídeos e fotografias, pois cada uma dessas plataformas possibilita uma gama diferente de ferramentas de registro e mapeamento. Todos estes mapeamentos compuseram este registro sensorial do espaço que apresentamos neste trabalho.

Iniciamos a pesquisa imaginando as possibilidades exploráveis no subsolo (os sentidos do homem, as camadas de história que ali se sobrepuseram, as possibilidades de transformação do entorno e mudanças de perspectiva e direcionamento do olhar). Por falta de oportunidade de realmente descer às galerias subterrâneas da Av. Paulista decidimos conhece-la melhor pela área explorável: o térreo. Através de algumas pesquisas de campo entrevistamos transeuntes no local a respeito de onde estavam vindo e para onde estavam indo e relacionamos em planta essas trajetórias, que evidenciavam em menor escala o movimento pendular característico da cidade e a significância da avenida neste movimento, que se exalta neste recorte.

Tendo em vista que a cidade de São Paulo é caracterizada pela grande alternância de topografia e níveis, elegemos como principal foco de atuação o corte que percorre desde a Avenida Nove de julho e o Mirante Nove de Julho até a Avenida Jaú, passando pelo edifício do MASP, cruzando a avenida e o Parque Trianôn. Neste percurso fizemos a maior parte dos levantamentos e repercutimos alguns em outro corte de importância que liga o Shopping Center 3 e o edifício do Conjunto Nacional.

Ao longo destes levantamentos novas inquietações sobre o espaço e o homem foram surgindo. Mesmo sendo a Av. Paulista um dos locais mais importantes da cidade, sendo frequentemente foco de inovações urbanísticas, reformas no sistema viário, alvo de incentivos culturais, entre outros investimentos no espaço público, ela também nos revelou problemáticas importantes na relação da sociedade com a cidade como, por exemplo, a sintomática falta de permeabilidade das quadras para com os pedestres, mesmo num recorte entre as quadras MASP e Parque Trianôn, dois importantes equipamentos públicos.

Com todos estes levantamentos em mãos nós nos propusermos a imaginar intervenções e programas que, inseridos no espaço das ruas e calçadas (públicas por excelência), tencionariam estas questões. Compreendemos que tais questões refletem não somente sobre o uso que se faz do espaço público mas também sobre postura das pessoas (entenda-se indivíduos de uma sociedade) com relação a este espaço, como elas se comportam coletivamente nele.

Partimos então para experimentar na prática o que nossas intervenções poderiam provocar e à que novos pensamentos poderíamos chegar sobre Cidade.

 

4ª Etapa

CARTÕES POSTAIS

Sabemos da importância da Avenida Paulista para a cidade de São Paulo: ela concentra polos culturais, econômicos, políticos, educacionais, é palco de manifestações, de reviravoltas políticas e é recorrentemente referida como “cartão postal da cidade”. Não podíamos deixar de provocar, tanto este título quanto o imaginário já construído sobre a Avenida e seus significados. Ela também concentra uma gama de exemplos das estratégias danosas com as quais lidamos com o espaço público: soluções que agridem, afastam, oprimem e controlam o pedestre. Foram estas situações de abandono, desuso, gradeamento, muros opressores, entre outros, que elegemos como cartões postais provocativos e representativos de nossos questionamentos.

O HOMEM E A PEDRA

Há muitos casos ao redor do mundo e ao longo da história onde a construção e manutenção do espaço público reflete diretamente situações políticas e/ou econômicas da cidade, mas independentemente destas condicionantes, o espaço público é, e deve sempre ser, o lugar do enfrentamento. É nosso papel, como arquitetos, enfrentar as mais diversas questões urbanas tendo em mente que nosso ponto tanto de partida quando de chegada é a parceria entre sociedade e cidade, e é nossa responsabilidade compreender que existe uma gama infinitamente variada de situações e sensações que permitem essa parceria e essa ligação entre Homem e Pedra. Portanto quando falamos em enfrentamento devemos entender a palavra em seu sentido mais amplo: o de se ver defronte, frente a frente com o outro, estar e fazer fronteira com o mundo que te encara, pronto a receber e propor. Concluímos então que, talvez por medo do confronto, medo do diferente, medo do encontro, a cidade muitas vezes trabalhe de forma a tentar controlar e restringir o uso ao espaço público e que para retomar o espaço que é de todos por direito é necessário se voltar a ele com outro olhar, não com o pensamento que busca construir mas sim que busca desconstruir, o olhar que desvela e revela as inúmeras possibilidades e formas de interação do homem com seu entorno, do homem com a cidade.

 

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Apresentação