O ESPAÇO DO COTIDIANO | Grupo 32

ENTREGA 1

A discussão partiu da análise do cotidiano da cidade de São Paulo. Enchentes, manifestações, trânsito, muitas pessoas em situação de rua, prostituição… No entanto o tema “cotidiano”, a nosso ver, pede uma escala mais próxima, mais íntima, capaz de perceber as miudezas desse dia-a-dia. Como conciliar essas duas escalas do cotidiano?

Pensamos no ônibus. Ele é um objeto que pode ser analisado através de sua dinâmica interna, mas também pode ser analisado como um objeto que se insere na dinâmica urbana. A ideia é de cruzar essas duas análises, tentando entender como uma interfere na outra.trajeto

Para a última etapa, a partir dessa série sistemática de análises, seria proposta uma intervenção que pode ser desde o redesenho de um assento de ônibus, ou uma nova configuração do layout interno do ônibus, ou mesmo pode ser que julgamos coerente propor um novo ponto de ônibus para aquela linha e a intervenção seja o desenho de um ponto de ônibus. O caráter da intervenção vai depender do que as análises apontarem.

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ENTREGA 2

Dando seguimento à proposta de análise das relações internas e externas dos ônibus da linha 669A-10, fizemos algumas vezes o trajeto de ida e volta de um terminal a outro. Durante o percurso, cada integrante do grupo estava responsável por recolher algum dos seguintes dados:

– Número de passageiros que entram e saem em cada ponto de ônibus.

-Tempo decorrido de um ponto de ônibus a outro

-O que os passageiros fazem durante sua viagem

-Quase são os tipos de ponto de ônibus existentes no trajeto

 

A partir de nossa observação e levantamento de dados, criamos alguns gráficos que nos ajudaram a elaborar algumas conclusões e pensar sobre certas questões, assim como um produto que chamamos de “Mapa Gráfico”.

 

O que é o Mapa Gráfico?

Movidos pelo desejo de representar graficamente as informações coletadas, de modo a fazer um produto visualmente interessante e de leitura fácil e quase lúdica, o grupo selecionou 15 pontos de parada do ônibus estudado e a partir deles elaborou 15 “módulos” que representam trechos do trajeto da linha 669A-10.

 

Os pontos foram selecionados a partir de dois critérios.

  • Situações interessantes que o grupo presenciou durante o percurso pela linha.
  • Pontos que o grupo julgou que representavam ”situações tipo” do trajeto.

Cada módulo contém a situação do entorno do ponto selecionado, o ônibus com o número exato de passageiros em cada situação, o horário no qual o ônibus passou pelo ponto e um mapa mostrando o trecho do trajeto que o módulo representa.

 

Além de dados triviais como identificar que o ônibus fica mais cheio nos dois primeiros pontos da Av. Santo Amaro e que o maior fluxo de pessoas acontece no último ponto da Av. Brigadeiro Luís Antônio, o que realmente nos chamou atenção foi: a inércia das atividades dos passageiros. Ou seja, a grande maioria dos passageiros permanece na mesma atividade durante todo o seu percurso, seja ouvir musica, falar no whatsapp, conversar com alguém, dormir ou ler. Isso acaba acontecendo, pois, o tempo de uma viagem de ônibus não é grande o suficiente para que a pessoa queira mudar o que está fazendo.

 

Começamos a tentar identificar o que movia o olhar dos passageiros dentro do ônibus, de início imaginávamos que paisagens interessantes fariam as pessoas olharem mais pela janela. Contudo, isso não acontecia, e acabamos percebendo que a única coisa capaz de tirar o passageiro de sua inércia de atividade era um estimulo sonoro externo.

 

Os únicos momentos que as pessoas levantaram o olhar do telefone, pararam de ler ou abriram os olhos foram os seguintes:

 

– Ao ouvirem a música dos artistas de rua da Paulista.

-Ao ouvirem música e sons de pessoas rindo vindos do restaurante Hooters.

-Quando entrou um palhaço no ônibus e começou a fazer um show.

-Quando o ônibus passou por uma manifestação.

 

Essa primeira etapa consistiu na coleta e análise de dados, pois acreditamos que a partir desse estudo minucioso poderemos desenvolver um projeto mais consciente que envolva a linha estudada, podendo ser focado tanto nas questões internas quanto externas do ônibus.

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ENTREGA 3

Terminada nossa primeira proposta de análise da linha de ônibus 669A-10 com a elaboração de uma cartografia de trechos do percurso dessa linha, começamos a pensar como usar esse produto no desenvolvimento de um projeto que melhorasse a viagem dos passageiros.

Sabemos que o uso de dispositivos tecnológicos é cada vez maior em nossa sociedade e, inicialmente, essa era uma questão que nos incomodava, pois muitas vezes a tecnologia cria ambientes extremamente anti-sociais. No entanto, decidimos tentar usá-la a nosso favor, ou seja, começamos a pensar na tecnologia como uma aliada para as melhoras que desejamos promover.
Como usar a tecnologia para circular informações importantes sem saturar nossa sociedade que já vive sob constante bombardeio tecnológico e informacional?

Tendo em mente essa questão como guia, debatemos longamente sobre que tipo de informação gostariamos de transmitir e como fazê-lo através de um projeto arquitetônico.

Nosso levantamento cartográfico nos mostrou a existência de cinco tipo diferentes de pontos em nossa linha. Como partido já não tinhamos a intenção de criar um novo ponto a fim de padronizar a linha – já que novos projetos são criados a cada ano, sem nenhuma melhoria concreta – e sim utilizar as estruturas pré-existentes como apoio do nosso projeto. Analisamos as carências de cada ponto e sua linguagem, em termos de design, e a partir disso desenvolvemos estruturas parasitas que, ao mesmo tempo, suprem as necessidades físicas do ponto, como assentos e cobertura, e as informacionais, listadas a seguir.

Selecionamos informações básicas e úteis, comuns para todos os pontos:

– tempo de chegada do ônibus
– trajeto da linha e posição do ônibus em tempo real
– aviso de que o ônibus esta perto do ponto

Também pensamos em algo mais interessante como disponibilizar imagens das câmeras que a CET espalha pela cidade nos pontos, de forma que tanto o transeunte como o passageiro possam saber se a Av. Santo Amaro tem trânsito, se tem manifestação na Paulista, evento no MASP ou mesmo se está chovendo em algum lugar da cidade, possibilitando uma conexão “ao vivo” entre as paradas da linha.

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ENTREGA 3 

A discussão partiu da análise do cotidiano da cidade de São Paulo, que, a nosso ver, pede tanto uma escala íntima, de cada cidadão, capaz de perceber as miudezas desse dia-a-dia, quanto a noção de que são esses milhões de cotidianos pessoais que formam a cidade. Como conciliar essas duas escalas?

Pensamos no ônibus. Ele é um objeto que pode ser analisado através de sua dinâmica interna, mas também pode ser analisado como um objeto que se insere na escala da metrópole. Por tanto, escolhemos a linha de ônibus 669A-10, uma linha que cruza a cidade de São Paulo, indo do centro da cidade, terminal Princesa Isabel, ao terminal Santo Amaro. São 18.8 km em 1:30h.
Fizemos diversas análises do trajeto dessa linha, com o intuito de fazer uma proposta a partir dos dados levantados.

Sabemos que o uso de dispositivos tecnológicos é cada vez maior em nossa sociedade e, inicialmente, essa era uma questão que nos incomodava, pois muitas vezes a tecnologia cria ambientes extremamente antissociais. No entanto, decidimos tentar usá-la a nosso favor, ou seja, começamos a pensar na tecnologia como uma aliada para as melhoras que desejávamos promover.

Nosso levantamento cartográfico nos mostrou a existência de cinco tipos diferentes de pontos em nossa linha. Desde o início, não tínhamos a intenção de criar um novo ponto a fim de padronizar a linha – já que novos projetos são criados a cada ano, sem nenhuma melhoria concreta – e sim utilizar as estruturas pré-existentes como apoio para o nosso projeto.

Assim, após toda a investigação e levantamento de dados, elaboramos 3 intervenções para a linha de ônibus.
1- Analisamos as carências de cada ponto e a partir disso desenvolvemos estruturas parasitas que, ao mesmo tempo, suprem as necessidades físicas do ponto, como assentos e cobertura, e as informacionais, comuns a todos os pontos: tempo de chegada do ônibus; trajeto da linha e posição do ônibus em tempo real; aviso de que o ônibus esta perto do ponto.

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2- Pensamos em disponibilizar imagens das câmeras que a CET espalha pela cidade nas telas dos pontos, de forma que tanto o transeunte como o passageiro possam saber se a Av. Santo Amaro tem trânsito, se tem manifestação na Paulista, evento no MASP ou mesmo se está chovendo em algum lugar da cidade, possibilitando uma conexão “ao vivo” entre as paradas da linha.

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3- Criamos um método novo de pesquisa e levantamento de dados acoplando uma placa de led em uma das laterais dos ônibus da linha onde teria escrito uma pergunta diferente, de resposta sim ou não, a cada três dias. A ideia é que os passageiros da linha possam responder essa pergunta apertando um dos botões (sim ou não) que estará localizado perto do cobrador. Dependendo das respostas das pessoas, uma segunda placa luminosa, essa localizada na parte superior do ônibus, emitirá uma luz colorida, que só poderá ser vista das janelas dos prédios ou helicópteros, mas não pelos pedestres. A cor varia na escala do amarelo (respostas sim) ao roxo (respostas não).

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Podemos perguntar coisas como “você é a favor da nova pec do governo? “, “você é a favor do impeachment? “, “você acredita que o transporte público de SP é eficiente?”Portanto, ao mesmo tempo que geramos interesse da população nas questões debatidas e assim incitamos as pessoas a irem atrás de informação para poderem responder a pergunta, criamos algo que quebra o trajeto de ônibus rotineiro e a inércia nele existente e um grande fluxo de informações nessa linha que, justamente por cruzar a cidade, é capaz de recolher opiniões muito diversas.

O interessante seria que ao chegarem em casa após o dia de trabalho, as pessoas poderiam ver imagens dos ônibus da linha e suas cores e no noticiário com manchetes como “X% da população aprova a nova lei sancionada na madrugada de ontem”.

Aplicando esse sistema em todos os ônibus da cidade, teríamos uma rede de dados gigante.

 

 

ENTREGA 4 APRESENTAÇÃO