O ESPAÇO DO COTIDIANO | Grupo 38

ESPAÇOS (IN)EXISTENTES

 

São Paulo. Do caos, da rotina, do movimento contínuo. Onde a densidade construtiva sufoca o respiro daqueles que a utilizam e fazem o cheio predominar sobre o vazio.

No grande centro urbano brasileiro avultam os problemas relacionados a ocupação do espaço. Perde-se de vista a dimensão da cidade como espaço de convivência, como espaço do indivíduo. A escala do homem está subordinada constantemente as calçadas e sufocada pelas grandes edificações de uso privado.

As grandes construções do centro de são Paulo, cuja destinação inicialmente prevista hoje vem sendo descaracterizada por novos usos, deixaram enormes vazios. Espaços (in)existentes que na maioria das vezes passam despercebidos ao olhar e configuram a paisagem ao longo do tempo.

O vazio é entendido como espaço do encontro, capaz de estimular a convivência. Um espaço flexível que se transforma de acordo com quem dele se apropria. Um espaço destinado ao uso coletivo e cotidiano. Um espaço que abriga os diferentes ritmos de cidade ao longo do dia e da noite.

Foi aproveitado o espaço livre existente que se propõe um espaço público vertical que dialoga diretamente com o Largo do Arouche situado logo a frente.

São propostos níveis que costuram os vazios presentes no espaço e concebem um respiro no meio da asfixia sufocadora do centro da cidade. Floresce nas coberturas dos edifícios existentes, pavimentos que se articulam e se complementam criando uma identidade visual. O espaço do indivíduo deixa de ser restrito ao nível do pedestre e passa a tomar conta de diferentes níveis que passeiam pela quadra. Níveis que elevam tanto aqueles que estão de passagem quanto os que permanecem no local proporcionando outra perspectiva de cidade. Outra relação com o entorno. Outra escala. Outra rotina. Outro cotidiano.

2 ENTREGA:

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3 ENTREGA:

 

Foi aproveitando o espaço livre existente que se propõe um espaço público vertical que dialoga diretamente com o Minhocão e o Largo do Arouche, dois espaços que se contradizem tanto em relação ao uso quanto à forma. O Largo do Arouche encontra-se abandonado e representa atualmente uma ilha, rodeada por automóveis e frequentada por moradores de rua. Caracteriza-se por ser uma área úmida, parada, de estar. Por outro lado, o Minhocão é um local árido, de movimento rápido e contínuo cujas descidas são somente as projetadas para automóveis.

A partir disso, são propostos níveis que fazem a transposição de duas cotas da cidade e concebem, alem de um respiro, um espaço de apoio, parada e lazer para os que passeiam pelo Minhocão. Floresce nas empenas dos edifícios existentes, três pavimentos que se articulam e se complementam criando uma identidade visual. Abrigam um bicicletário, uma quadra, uma empena de escalada, pequenos restaurantes e banheiros que dão apoio aos pedestres e sugerem novos programas. O espaço do indivíduo deixa de ser restrito ao nível do pedestre e passa a tomar conta de diferentes níveis. Nasce um elemento entre espaços que muda a relação do transeunte com o entorno, propondo uma nova rotina, um novo cotidiano.

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4°ENTREGA:

O centro de São Paulo é um local altamente adensado e, como uma quadra tradicional, seus espaços públicos e privados são claramente delimitados pelo traçado do sistema viário. Outra característica dessas quadras é a enorme desproporção entre as áreas construídas e as áreas livres, sendo o centro o local com o menor número de terrenos vagos. A arquitetura, por sua vez, é bidimensional e restrita a fachada e, portanto, os miolos de quadra são espaços residuais, repletos de empenas cegas ou apenas destinados à ventilação das habitações.

Nosso intuito é subverter essa lógica existente, repensando os espaços vazios da cidade e a permeabilidade dos espaços públicos e privados. A quadra escolhida é delimitada pela Rua Amaral Gurgel, Rego Freitas, Santa Isabel e pela Rua do Arouche, na frente do largo do Arouche e do Minhocão.

A partir da investigação do negativo desta quadra, em que os vazios se transformam em cheios, desencadearam-se reflexões sobre áreas livres e verticais, que poderiam trazer um respiro para o centro da cidade. Reforçando o questionamento que o Minhocão trouxe ao verticalizar um espaço público, nossa proposta é fazer uma conexão entre o Largo do Arouche e o Minhocão.

O minhocão, elevado oito metros do nível da rua, é um local árido, de passagem e cujas descidas foram projetadas especificamente para automóveis. Já o Largo do Arouche, apesar de, hoje em dia, ser uma ilha rodada por automóveis, é um local arborizado, de estar, de parada. Nossa intervenção tem o objetivo de articular estes dois momentos que se contradizem tanto em relação ao uso quanto à forma.

A estrutura foi pensada para atender diferentes cotidianos, aos domingos serviria com um apoio para o parque do minhocão, oferecendo mais uma descida do elevado, banheiros e bicicletário. Durante a semana, funcionaria independente do minhocão e o nível da quadra poliesportiva e dos restaurantes continuaria acessível. Além de reativar o Largo do Arouche, nossa intenção é afirmar o pedestre, que deixa de estar restrito ao nível da rua, atingindo, inclusive, novas perspectivas visuais da cidade.

Outra discussão importante para a elaboração deste projeto foi a conceituação de espaços públicos e privados, em relação ao uso e à propriedade. Baseada em análises, foi possível perceber que estes não são antagônicos, existindo espaços públicos com acesso restrito, como hospitais, e espaços privados de uso público, como comércios e térreos de edifícios. O projeto encontra-se nesse limite, uma vez que é de uso público, porém parasitando edifícios privados, no meio da quadra.

Por fim, é significativo ressaltar à ênfase dada a transparência. Desde o uso dos materiais, uma estrutura metálica leve, até a linguagem visual, que se mistura com o entorno. Isso porque, esse projeto visa potencializar duas áreas já existentes e qualificar seus usos, tornando-os mais acessíveis durante as diferentes temporalidades da semana.

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APRESENTAÇÃO