O ESPAÇO DO COTIDIANO | EMENTA

O ESPAÇO DO COTIDIANO

Cesar Shundi
Francisco Fanucci

Como continuidade ou desdobramento do trabalho do semestre anterior, ligado à Ação sobre Preexistências, o EV tem como proposição temática a reflexão sobre os espaços diretamente ligados a nosso cotidiano – um olhar de aproximação aos lugares de convívio ou de privacidade, em alguma parte da cidade ou num edifício, na escala da relação direta com as ações individuais ou coletivas.

Comer, caminhar, dormir, estudar, trabalhar, encontrar, descansar, conviver são algumas atividades que compõem nosso dia-a-dia. A construção  do espaço do cotidiano – o espaço recipiente para o transcurso da vida – é papel primordial da arquitetura.

Devemos lembrar que praticamente toda atividade humana acontece na cidade em espaços habitáveis do dia-a-dia, construídos pelo próprio homem ( feitos especialmente ou adaptados) para que tal aconteça.

Pensar o espaço do cotidiano implica necessariamente em refletir para compreender como ocorrem, ou melhor, sobre como poderiam ocorrer desde os eventos mais banais até os mais complexos que formam o tecido da vida diária. Podemos dizer que, em suma, habitamos o mundo e que estamos sempre a transformá-lo pela nossa própria ação e por nossa própria responsabilidade – quiçá um dia para melhor habitá-lo?

A experiência de maior liberdade no exercício dos trabalhos no EV propiciada por temáticas amplas e abertas, aos poucos, vem nos revelando uma grande diversidade de possibilidades investigativas no campo das disciplinas de arquitetura e urbanismo. Por outro lado, essa experiência tem  nos sugerido a necessidade de maior aprofundamento no que poderíamos chamar de “redução conceitual” – emprestando aqui  o sentido do termo redução utilizado na linguagem da gastronomia: provocar a evaporação do excesso de liquido para aproximação da essência de alguma coisa, densificar, dar maior consistência e, em nosso caso, também mais especificidade na resposta aos temas propostos. A temática do espaço do cotidiano vem a propósito reivindicar esse sentido para a condução do trabalho neste semestre.

Reafirmamos o compromisso do EV como espaço de experimentação  multidisciplinar na Escola da Cidade que visa a construção da autonomia de pensamento dos estudantes a partir do trabalho coletivo. Assim como no semestre passado, serão adotados como parte do trabalho  os relatórios individuais e de auto avaliação, a organização do trabalho em quatro etapas e as entregas de mídias digitais – site, catálogo, exposição – lembrando que essas ferramentas devem ser cada vez melhor aproveitadas como parte do processo de trocas entre os grupos e como elementos de constituição de memória de nossas atividades.

Continuaremos a direcionar o papel do orientador como interlocutor dos estudantes, respeitando os objetos de interesse de cada grupo e suas diferentes abordagens, garantindo também a diversidade de pontos de vista dos professores a partir da rotatividade constante nas orientações, avaliações intermediárias e bancas.

Como parte do projeto pedagógico da Escola da Cidade, decidimos possibilitar a incorporação ao processo do EV de Trabalhos de Conclusão de Curso cujos temas sejam, de alguma forma, decorrências ou continuidades da experiência do semestre anterior (no caso, Ação  Sobre Preexistências) e, portanto,  compatíveis com a proposição temática adotada no atual semestre. Teremos cerca de 10 trabalhos de alunos do atual sexto ano nessa condição que optaram por essa possibilidade.

Acreditamos que a troca entre equipes em diferentes estágios possa alavancar o processo de trabalho do EV como um todo, seja pelas reflexões impulsionadas pelo trabalho das novas equipes formadas por sorteio entre alunos do segundo, terceiro e quarto anos, seja pelos parâmetros conceituais , metodológicos ou produtivos mais consolidados das equipes com trabalhos em andamento, vinculadas aos Trabalhos de Conclusão de Curso que contam com alunos do sexto ano.

Com isso, temos a expectativa de que além de valorizarmos o caráter coletivo do trabalho de nossa disciplina, ampliaremos a troca de experiências até o último semestre para estes alunos, já em transição entre os universos acadêmico e profissional.