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1ª Etapa

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2ª Etapa

 

Considerando a situação atual da educação nas escolas públicas brasileiras, resolvemos abraçar o tema como foco da nossa discussão sobre intervenção na pré-existência.  O Brasil é o 58o colocado, entre 64 países participantes no PISA 20121.  60% das escolas públicas estão abaixo das metas do IDEB2 2014 nos anos finais do ensino fundamental e as escolas públicas estaduais tem um índice muito abaixo das escolas privadas. No estado de São Paulo, por exemplo, o IDEB das escolas públicas na faixa de estudantes de 8a e 9a série é 4,4 contra 6,3 das escolas privadas.

Frente a essa realidade, percebemos que há muito o que subtrair e somar. Compartilhamos da crença de Rubem Alves “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas gaiolas prendem e escolas gaiolas ensinam a voar”. Nos propusemos então a transformar uma dessas gaiolas, que infelizmente, são a maioria das escolas públicas estaduais. Escolhemos a escola José Barreto, que se encontra em Cotia, no meio da reserva florestal do Morro Grande3 e é vizinha de uma antiga vila operária da SABESP, para fazer nossa intervenção. Na primeira etapa de projeto, estudamos o território, aprendemos sobre diferentes propostas pedagógicas, e nos aproximamos da escola e da Associação Vivo Morro Grande, formada por pais, professores da escola e moradores da região.

Na leitura do lugar, constatamos que apesar da escola estar dentro da reserva florestal, ela não tira nenhum proveito dessa relação direta com a natureza,  que a escola parece mais uma prisão do que uma gaiola, e que as 8 casas da vila operária que fazem limite com a escola, apesar de não serem tombadas,  têm um valor patrimonial histórico, mas estão em situação de completo abandono e representam um risco para as crianças, pois são usadas para o consumo de drogas ilícitas.

Sobre a metodologia de ensino, descobrimos que há uma nova abordagem pedagógica que busca substituir o ensino pela aprendizagem. No lugar de professores que transmitem o conhecimento, surgem alunos que pesquisam para aprender. Salas de aulas com mesas enfileiradas dão lugar a grandes galpões. Os alunos forma grupos de estudo, apoiados por tutores e têm uma série de atividades dentro e fora da escola. São as Comunidades de Aprendizagem. Essa nova proposta, que já tem mostrado excelente resultados no Brasil, através do Projeto Âncora4, tem a oportunidade de se aplicar, pela primeira vez, numa escola pública do estado de São Paulo.

Na nossa aproximação à escola, participamos de uma reunião da associação, conversamos com a coordenação da escola e conhecemos um pouco da realidade e sonhos das crianças que estudam na escola, através de dinâmicas que realizamos com cerca de 90 alunos, de 11, 15 e 18 anos. O resultado desse trabalho foi a definição dos novos programas: biblioteca, sala de informática, oficina de mosaico, atelier de artes, laboratório de ciência e tecnologia. Além disso, precisaríamos substituir as 6 salas de aulas por 3 salões de estudos, transformar a pequena quadra numa generosa quadra poliesportiva e dar acesso aos alunos à área verde.

Na segunda fase, definimos as premissas de projeto. 1) Aumentar os limites atuais da escola, incorporando as 8 casas abandonas da vila operária e a mata que faz limite com a escola. 2) Demolir a escola atual e construir uma nova com alta qualidade espacial, rápida implantação e bom custo. 3) Estabelecer uma relação direta entre escola, vila e mata através de uma rampa que começa na vila e se desdobra em diverso caminhos dentro da mata, e se torna o acesso principal da escola. 4) Estabelecer uma relação entre espaço público-privado que potencialize o uso dos espaços pela escola e comunidade, prevenindo também futuros problemas de falta de capacidade de gerenciamento da escola.

 

Nas próximas etapas, pretendemos aprofundar esse desenho para que a subtração das grades da escola, tanto concretas quanto abstratas, e a soma de novos programas e relações, permitam o crescimento de asas para os alunos da escola e os moradores da comunidade.

(1) Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, que avalia o desempenho em matemática, leitura e ciência, de estudantes que estão perto de concluir o ensino fundamental. Fonte: OCDE.

(2) Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, que avalia o desempenho dos alunos, baseado no aprendizado de português e matemática (Prova Brasil) e no fluxo escolar (taxa de aprovação, reprovação e abandono).

(3) A segunda maior floresta urbana tropical do mundo está integralmente na cidade de Cotia, formando um corredor ecológico até o Paraná através da Serra do Mar.

(4) O Projeto Âncora é uma Associação Civil de Assistência Social que completou 20 anos em 2015, que já beneficiou mais de seis mil crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Hoje, além da escola integral de ensino infantil, fundamental I e II, oferece oficina de artes, cultura e esporte e consultoria para escolas que querem adotar o sistema Comunidade de Aprendizagem.

 

 

 

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3ª Etapa

Comunidade de Aprendizagem José Barreto

Morro Grande, Cotia

“Comecemos pelas escolas, se alguma coisa deve ser feita para ‘reformar os homens’, a primeira coisa é ‘formá-los.” Lina Bo Bardi.

Considerando a situação atual da educação nas escolas públicas brasileiras1, resolvemos abraçar o tema como foco da nossa discussão sobre intervenção na pré-existência. Escolhemos a escola estadual José Barreto, que se encontra em Cotia, no meio da reserva florestal do Morro Grande2 e é vizinha de uma antiga vila operária da SABESP, para fazer nossa intervenção. Nas duas primeiras etapas de projeto, percorremos um longo processo de aprendizado. Estudamos o território, aprendemos sobre diferentes propostas pedagógicas e suas relações com a arquitetura, nos aproximamos da escola José Barreto e da Associação Vivo Morro Grande, formada por pais, professores da escola e moradores da região, visitamos a Estação de Tratamento do Alto Cotia e consultamos o CONDEPHAAT.

Na leitura do lugar, constatamos que apesar da escola estar dentro da reserva florestal, ela não tira nenhum proveito dessa relação direta com a natureza, que a escola parece mais uma prisão do que um espaço educador, e que as 8 casas da vila operária que fazem limite com a escola, apesar de não serem tombadas, têm um valor patrimonial histórico, mas estão em situação de completo abandono e representam um risco para as crianças, pois são usadas para todo o tipo de ação ilícita.

Sobre a metodologia de ensino, descobrimos que há uma nova abordagem pedagógica, que já tem mostrado excelente resultados no Brasil, através do Projeto Âncora3. Temos a oportunidade de aplica-la, pela primeira vez, numa escola pública do estado de São Paulo. Conversamos também com os alunos da escola José Barreto para entender como seria a “escola dos seus sonhos”.

Esse processo de estudo resultou numa interessante ‘operação matemática’, de subtração e adição. O primeiro passo é eliminar o método tradicional de ensino e adicionar uma nova proposta pedagógica, que busca substituir o ensino pela aprendizagem. No lugar de professores que transmitem o conhecimento, surgem alunos que pesquisam para aprender. Salas de aulas com mesas enfileiradas dão lugar a grandes salões de estudo,

nos quais os alunos desenvolvem uma série de projetos orientados por seus tutores. A escola deixa de ser imposta pelo Estado e se transforma num sonho coletivo. Espaços monofuncionais e burocráticos, tornam-se ambientes flexíveis e lúdicos. Os muros da escola são destruídos e seu novo limite inclui a rua com os dois conjuntos de casas da vila operária e o terreno de mata contígua. A localização da escola não se limita mais a seu endereço, ela agora é o bairro, a cidade.

Essa operação definiu as quatro premissas de projeto:

1. Tirar o máximo proveito da pré-existência e construir o mínimo possível.

2. Criar espaços flexíveis e lúdicos.

3. Abraçar a participação coletiva.

4. Estender o espaço da escola para a comunidade.

Decidimos então demolir o edifício da escola, que oferecia pouca qualidade espacial e transformamos o conjunto de casas em 2 corpos com uma cobertura comum que acolhe os 3 grandes salões de estudo e a administração. No grande platô, onde se localiza a antiga escola, implantamos uma generosa quadra e pátio coberto, onde se encontra a cozinha-refeitório-espaço para vivências culinárias. Como os salões e o pátio estão separados por um talude de 6 m, construímos uma grande área de transposição, com escada, arquibancada e canteiros para a horta comunitária. Por fim, descobrimos que a SABESP tem nas proximidades da escola um excelente campo de futebol subutilizado e um Grêmio, salão de festas, auditório e piscinas, que acabou de ser fechado por falta de uso. Decidimos propor sua revitalização para uso das escolas da região. Com isso as crianças realizariam o sonho de ter um campo de futebol, piscinas, salas para aulas de dança e teatro.

(1) O Brasil é o 58o colocado, entre 64 países participantes no PISA 2012 (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, que avalia o desempenho em matemática, leitura e ciência, de estudantes que estão perto de concluir o ensino fundamental). 60% das escolas públicas estão abaixo das metas do IDEB 2014 (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), nos anos finais do ensino fundamental e as escolas públicas estaduais tem um índice muito abaixo das escolas privadas.

(2) A segunda maior floresta urbana tropical do mundo está integralmente na cidade de Cotia, formando um corredor ecológico até o Paraná através da Serra do Mar.

(3) O Projeto Âncora é uma Associação Civil de Assistência Social que completou 20 anos em 2015, que já beneficiou mais de seis mil crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Hoje, além da escola integral de ensino infantil, fundamental I e II, oferece oficina de artes, cultura e esporte e consultoria para escolas que querem adotar o sistema Comunidade de Aprendizagem.