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diagrama_mutualismo aprox praça ISO CLARA_final /Users/beatrizhoyos/Desktop/160516_sketch_isometricas.dwg1ª Etapa

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g02_entrega01_img02g02_entrega01_img03g02_entrega01_img04Da cidade moderna à cidade contemporânea: de uma utopia de cidade programatizada, setorizada em seus usos, íntimamente ligada ao avanço das máquinas, pensada para abrigar fluxos unidirecionais ligando um ponto à outro ponto, sem ruídos, com locais pré-determina- dos para receberam programas também pré-determinados para uma cidade que hoje se mostra permeável, na qual programas e usos se misturam e convivem juntos e onde os fluxos se entre- cruzam formando uma grande rede. Essa transformação, conceitualmente muito bem formulada, na prática ainda não se efetiva, muito em função de resquícios do que se entendia por cidade moderna. Isso é o que nos leva a tratar da ressignificação do uso do espaço existente da cidade contemporânea a partir das novas lógicas que as estruturam.

Entende-se que o espaço da cidade é estritamente dividido em público e privado. No entanto, em função de um forte processo de individualização na sociedade contemporânea, o espaço público tornou-se o vazio entre os espaços privados. Provocou-se assim o seu esvazia- mento, ou seja, sua sociabilidade foi deslocada para espaços privados: supermercados, shopping centers, condomínios, clubes, aeroportos cidades. Tais espaços, que hoje existem em grande número na cidade de São Paulo, foram concebidos em sua maioria ainda dentro do ideal moder- no. A consequência desse processo de individualização e do ideal de cidade moderna reduziu
a malha urbana à um grande arquipélago no qual os habitantes se locomovem de um espaço à outro, sem que haja qualquer tipo de intermédio entre espaço público e espaço privado. É esse intermédio que nós chamamos de   \ : o espaço no qual é possível abrigar as individualidades do espaço privado e ao mesmo tempo as pluralidades fragmentadas do espaço público, mantendo uma coerência do todo. Entende-se, portanto, que a cidade hoje não deve mais ser dividida somente entre o espaço público e o privado.

Com a internet, o espaço-tempo é diluído por completo. Os limites impostos pelo espaço físico perdem sentido, pois pode-se alcançar todas as partes do mundo a qualquer momento e instante. Faz-se então necessária a arquitetura da fluidez, da atemporalidade, do instante. Nesse sentido, o espaço desprogramado no qual os usos são sugeridos e não impostos torna-se neces- sário e essencial. Busca-se, por exemplo, um lugar no qual seja possível trabalhar e que não seja a própria casa ou escritório. Em uma sociedade fluida, o tempo tem mais importância que o pró- prios espaços, e por serem cada vez mais fluidos somente tendem a ser ocupados em determina- dos instantes. Em função disso, entende-se que os usos na cidade não podem mais se estabele- cer de maneira vertical e monofuncional, como por exemplo um edifício somente de escritórios. A cidade contemporânea exige que sua leitura não seja única mas a partir de camadas e cortes pois seus usos tendem cada vez mais a se cruzarem.

A partir desse embasamento, escolhe-se um recorte dentro da cidade de São Paulo que servirá de estudo de caso inicial para ser investigado e analisado, a fim de tratar a transformação da relação existente entre os usos que ali existem, potencializando o interstício coletivo. O trecho da rua Libero Badaró nos apresenta uma condição muito interessante de investigação: se localiza ao lado de um icônico espaço público que é o Vale do Anhangabaú, repleto de edificios de escri- tórios que estabelecem uma relação totalmente vertical de usos, ou seja, sem relação entre eles. Ali também com um trânsito grande de pessoas que se limita ao térreo e também com grande infraestrutura urbana.

Portanto, levanta-se a seguintes questões: O que é o espaço coletivo? Como pensar uma arquitetura que possa ser ativada pelo próprio usuário e não com um uso pré-estabelecido? Como ressignificar as pré-existências da cidade a partir de um espaço-tempo completamente diluído?

2ª Etapa

Ao continuar nossa investigação acerca do recorte escolhido – Vale do Anhangabaú, Rua Libero Badaró e Rua São Bento – buscamos agora entender as relações entre essas diferentes cotas existentes. Entendê-las de maneira a potencializar não só as relações diagonais, mas sim todas as relações multidirecionais, em contraponto à situação pré-existente que se configura de maneira únicamente vertical. Para isso se efetivar, é necessário que o térreo esteja costurado e compreendido, do ponto de vista da conformação dos edifícios ali presentes, dos vazios existen- tes e das permeabilidades.

Entende-se como objetivo principal criar relações entre as construções existentes, subver- tendo a lógica de circulação e também de organização dos usos. Provocar a polifuncionalidade programática e a desespecialização dos usos. Buscar expandir as transversalidades, trabalhando a partir da diversidade de planos. Criar um circuito paralelo no qual o interstício coletivo possa se inserir dentro das verticalidades. Entende-se que, quando falamos de espaço coletivo, a gran- de dificuldade é pensá-lo como uma sucessão de planos horizontais empilhados. O recorte nos apresenta a possibilidade de trabalhar a partir da topografia dos edifícios existentes, adicio- nando novos interstícios coletivos em lugares antes nunca imaginados. Compreendendo essa to- pografia, descobre-se novas visuais que também devem servir de premissa para as intervenções que se darão no espaço entre. Objetiva-se projetar uma arquitetura fluida e atemporal – que se efetive constantemente no diálogo entre o antigo, o novo, o permanente e o efêmero.

O vazio consolidado e o vazio aéreo – que denominamos de espaço entre – é ponto de partida para a nossa intervenção nos edifícios existentes. Abre-se o olhar para lugares antes não cogitados: as coberturas dos edifícios e seus subsolos. Qual a área total das coberturas existen- tes? Qual a relação entre essas áreas e a área das calçadas e calçadões do entorno? Qual a possi- bilidade de articular os subsolos?

O que se propõe aqui é um olhar para a cidade existente a fim de provocar uma reflexão sobre o que acreditamos ser o futuro das cidades contemporâneas: uma grande rede, que per- mitirá conexões espaciais nas diagonais e horizontais, multiplicando os espaços, que por vez se apropriarão das pré-existências. Diante de uma sociedade na qual o tempo tem mais importância que os próprios espaços e de uma cidade que exige cada vez mais compactação, é fundamental pensar a arquitetura a partir do usuário e em diálogo com a necessidade de adensamento.

3ª Etapa

Ao tratarmos de uma quadra inserida no coração da cidade de São Paulo – contornada pela Praça do Patriarca, pelo calçadão da rua São Bento, pela rua Libero Badaró e pela traves- sa Dr. Miguel Couto, lidamos com uma conformação de edificíos muito bem consolidados. Boa parte deles são monoprogramáticos e lidam com o público apenas em seus níveis térreos. Os programas se organizam, majoritariamente, de maneira totalmente vertical. Por consequência, as circulações existentes se desenvolvem de maneira contida, não ocorrendo nenhum tipo de liga- ção entre os edifícios, a não ser por questões normativas, como por exemplo, as rotas de emer- gência adaptadas nos últimos anos que interligam alguns prédios.

A partir dos princípios estabelecidos nas etapas anteriores do trabalho, a quadra escolhi- da foi intensamente analisada a fim de que fosse possível entender seus vazios existentes, seus vazios potenciais e suas permeabilidades. Ao ponderarmos sobre a importância arquitetônica de alguns edifícios e seus usos, decidimos manter boa parte deles, retirando somente aqueles cuja função não se mostrava adequada. Ao mesmo tempo, pensou-se em um programa que viesse não só a ocupar os vazios mas principalmente que pudesse adentrar os edifícios existentes, pro- movendo, definitivamente, a diversidade de usos. Para além disso, o programa escolhido deve- ria, necessariamente, articular uma série de circulações expandidas, criando diferentes possibili- dades de passeio dentro dessa quadra, potencializando as relações diagonais e horizontais entre os espaços. Se mostrava necessário também que esse programa tivesse caráter coletivo e que pudesse conceber os interstícios coletivos: espaços no quais é possível abrigar as individualida- des do espaço privado e ao mesmo tempo as pluralidades fragmentadas do espaço público. São espaços a serem potencializados e que se formam entre o privado e o público. Adquirem uma arquitetura fluida, atemporal e instantânea. Quanto aos usos, não existem restrições. Promovem relações que não se restringem à dicotomia público-privado.

Escolheu-se implantar na quadra uma escola de teatro com cursos de formação, dois auditórios – um de caráter mais intimista e reservado à grandes apresentações e outro aberto totalmente à rua – oficinas ligadas diretamente à produção de espetáculos, restaurante aberto ao público, salas de aula e de ensaio que podem ter seus usos alterados conforme a necessidade, espaços expositivos, comércio, etc.

O programa, que se desenvolve nas diferentes cotas existentes tanto do terreno quanto dos edifícios existentes, cria novas visuais antes nunca imaginadas dentro da quadra. Subverte-se a função de alguns edifícios e dá-se leveza à atual conformação, em busca de uma arquitetura fluida, que se efetiva no contante diálogo entre o antigo, o novo, o permanente e o efêmero. Além disso, entende-se que uma escola de teatro e todo seu complexo tem o potencial de pro- vocar alterações efetivas na quadra. Exemplo claro disso é a praça Roosevelt, reduto de várias companhias de teatro que solidificam uma vida no entorno.

Entende-se como uma necessidade evidenciar a nossa intervenção nos edifícios existen- tes. Em função disso, muitas delas se dão de forma radical, como por exemplo, uma série de passarelas que passam em frente as fachadas de edifícios na rua Libero Badaró. Em outros mo- mentos, abrimos grandes vazios em alguns andares dos difícios existentes – criando novas visuais em terraços extremamente amplos.

Busca-se com este projeto um novo olhar sobre como intervir em situações extremamente consolidadas, em um diálogo constante com o que se entende sobre a cidade contemporânea. Uma grande rede, que permite conexões espaciais nas diagonais e horizontais, com espaços mútltiplos, polifuncionais, que se apropriam das pré-existências e que focam principalmente na experiência do usuário diante da arquitetura.

4ª Etapa

Apresentação