O ESPAÇO DO COTIDIANO | Grupo 18

RECORTE

Primeiramente se faz importante diferenciar os termos: sexo, gênero e orientação sexual e entender que essas são todas definições socialmente construídas e passíveis de mudança. Sexo, por exemplo, é uma definição biológica que hoje se refere a separação entre macho e fêmea baseada em cromossomos e no órgão sexual.  Porém até o século XVI o sexo feminino não existia como entidade biológica independentemente em si mesma, mas simplesmente como uma variável débil e interiorizada do sexo masculino.

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gênero é uma construção social que separa o masculino do feminino, enquanto a orientação sexual indica qual gênero uma pessoa se sente atraída. Homossexual é uma pessoa que se sente atraída pelo mesmo gênero do qual se identifica.

Tendo isso em vista, pode-se começar a entender o grupo denominado transgênero. O prefixo trans pode ser definido por “além de”, “através de”. O transgênero transpassa a construção social predominante em que uma pessoa se identifica com o gênero “condizente” com o sexo de nascença. Por exemplo, uma mulher trans é uma pessoa que nasceu com o sexo masculino mas se identifica com o gênero feminino. Uma mulher cisgênero é uma pessoa que nasceu com o sexo feminino e se identifica com o gênero feminino.

Dentro desse amplo grupo trans existem inúmeras particularidades. Por exemplo, um transgênero pode ou não almejar pela cirurgia de mudança de sexo e pode também ter diferentes orientações sexuais. Ou seja, a identidade de gênero não define a orientação sexual. Uma mulher trans pode se sentir atraída por homens, mulheres ou ambos.

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É importante entender que, do mesmo jeito que existem várias maneiras de ser cisgênero, também existem infinitas maneiras de ser trans. Enxergar a complexidade desse grupo é o primeiro passo para começar a respeitar essas pessoas que morrem diariamente no país.

No país a expectativa de vida de uma trans brasileira gira em torno dos 30 anos, e
nquanto da população média é de 74,6. A situação atual das trans no Brasil é alarmante, chamar de genocídio ou massacre o que acontece não é exagero.  Eles morrem principalmente por falta de visibilidade, valorização e oportunidade. O preconceito é o principal agente que mantém esse cenário.

A exclusão da sociedade que essas pessoas sofrem também faz com que 90% esteja no mesmo ramo profissional, o da prostituição. Não estamos propondo aqui uma discussão sobre a prostituição em si, mas assim o fato de que não é normal um índice tão alto dentro de um segmento social. Fica claro que a prostituição é estrutural e não voluntária, ou seja, esse grupo é jogado para a prostituição.

Um estudo realizado na Irlanda mostra que 78% dos transgêneros pensaram em se suicidar e 44% tentaram pelo menos uma vez. A exclusão social é, mais uma vez a causa de índices tão preocupantes. Não é só doença ou violência que matam essas pessoas.

Ao não olhar para esse grupo, não estudar e não projetar pensando e entendendo as questões específicas estamos reforçando essa cultura que extermina os transgêneros.

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APROXIMAÇÃO

Para começar a aproximação com o tema decidimos fazer algumas entrevistas que continuarão na próxima etapa de trabalho. As entrevistas tem sido uma importante ferramenta de pesquisa, visto a dificuldade de encontrar bibliografias sobre o tema.

1.Jaqueline Gomes de Jesus

  Em uma das palestras do Congresso Nacional e Internacional de Direito Homoafetivo, a assistente social, Jaqueline Gomes falou sobre o transfeminismo, uma nova linha de pensamento feminista, que é o tema do seu último livro. Falou sobre a questão de gênero e sexo, sobre a construção social aplicada sobre esses termos  e sobre a maneira como enxergamos o grupo trans como um grupo homogêneo.

Seu discurso sempre procurava dialogando com o feminismo negro. Desconstruindo inúmeras concepçõe a cada nova informação que nos era dada, Jaqueline nos fez entender que mais do que ser respeitado, esse grupo deve ser valorizado.

2.Leonardo Fuhrmann 

Leonardo nos contou mais sobre a situação trans e a prostituição em São Paulo.

Fato importante no processo prostituição na cidade foi criação e o fim da zona de confinamento de prostituição no Bom Retiro. Ela foi criada no começo do século passado, como parte de um conjunto de políticas higienistas e foi lá onde se tem o registro dos primeiro centro voltados para a cura e informação de DSTs. Leonardo conta que é clara a posição do Estado de apenas olhar para o grupo LGBT e de prostitutas quando se trata de ações higienistas.

Ele ainda nos informou sobre os centros de apoio a comunidade LGBT e como, em sua maioria, não conseguem atingir as pessoas que se prostituem pois a proposta desses lugares é baseada em criação de renda. O problema reside no fato de que dificilmente esses programas geram uma renda maior do que a renda gerada pela prostituição.

Leonardo apontou como a moradia é um grande problema para a prostitutas e trans, principalmente pela dificuldade de comprovar renda e ter uma conta no banco, já que trabalham informalmente, não recebem mensalmente, não tem documentação ou apoio familiar.

Discutimos quais são os programas que de fato fazem sentido serem exclusivos ou não para a comunidade trans e quais parecem mais pertinentes atualmente.


 

Nessa terceira etapa de trabalho começamos a desenhar o edifício que justifica a pesquisa feita até aqui. É a partir de conceitos fortes: visibilidade, valorização e oportunidade que pautamos a concepção do edifício trans.

A escolha da implantação já começa como ato significativo. Na esquina na Rua General Jardim com a Bento Freitas, duas grandes anfitriãs da prostituição trans, o edifício ocupa um terreno antes voltado para o estacionamento. Ele divide o cruzamento com dois bares e o IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil).

Os principais usos definidos para o edifício são: moradia, apoio psicológico, pequeno centro desportivo, palco e um grande banheiro. Esses usos estão organizados verticalmente no edifício segundo uma lógica de privacidade e visibilidade. Entendemos a circulação vertical como elemento significativo e não burocrático. Como uma oportunidade de descoberta e passeio para quem vivencia o espaço.

O jogo volumétrico cria um vazio dentro do edifício que se expande chegando ao se aproximar do chão, ele valoriza a esquina, tipicamente marcada pelo trabalho noturno e cria, precisamente nessa quina, um palco voltado tanto para o edifício quanto para a rua.

 


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APRESENTAÇÃO