G24_Gal. Jardim – Entre usos e desusos

A cidade é um campo de disputa, fluido e antagonicamente perdurável. Suas marcas são história petrificada em concreto. Diversas vezes a demolição de um edifício fala mais que a construção de um novo. Inserida nesse jogo de lego há vida que se cria e reproduz nesse cenário em constante mudança. Por vezes também ao invés de se substituir uma construção antiga por uma nova e reluzente, mantém-se a pedra idosa como vestígio de um tempo já passado. Cidade como sobreposição de diversos tempos em um mesmo território. Esses edifícios que sobrevivem a prova do tempo e a especulação imobiliária são, por questões práticas, aqueles em cuja a vida teve mais tempo para ser vivida em seus interiores. Existem porém, casos singulares de edifícios que tiveram a sorte de abrigar dentro de si diferentes manifestações da vida na cidade, essa pluralidade compõe mais um fator riquíssimo da história do território. Infelizmente o apagamento de história divergentes tornaram-se praxe. Higienizando o passado das metrópoles, o resgate da história de cada edifício preenche lacunas deixadas em branco ao longo do tempo e fornece um filtro pelo qual se analizar eventos contemporâneos. Insite e contexto fundamentais. Informação não deve ser oculta.
Trazendo essa questão para um plano real e táctil, próximo aos alunos componentes desse grupo e, ressaltando a importância como arquitetos de entendermos e refletirmos sobre o contexto não só urbano mas também histórico-urbano dos lugares que frequentamos, estudamos e futuramente trabalharemos, optamos por nos aprofundar na produção de uma síntese histórica do edifício 65 da Rua General Jardim. Por meio de documentos, relatos e fotografias, esperamos sermos capazes de entender de modo mais tridimensional a trajetória sofrida por ele pelos que nele viveram. Questões surgem em função dessa reflexão: Como era a Escola da Cidade em sua inauguração? Antes de ocuparmos esse prédio, quem o ocupava? E antes disso? Qual impacto as diferentes ocupação sofreram causaram em seu entorno?

A investigação do estúdio vertical desse grupo inicia-se em função de um rumor. Teria sido o edifício atual da Escola da Cidade, ocupado na década anterior à sua abertura? Sabendo que baseávamos o tema de nossos estudos em afirmação incerta e tênue , fomos aconselhados por nossos orientadores Daniel Corsi, Alexandre Gil e André Ferreira ainda no início desse processo a abrir o máximo de frentes possíveis, caso o caminho eleito se mostrasse inviável, o que se revelou um conselho fundamental. Uma série de entrevistas foram conduzidas e analisadas pelo grupo que, eventualmente, teve que se convencer de que esse edifício, embora com uma história intrincada e diversa, não foi ocupado por pessoas sem teto, ou qualquer movimento articulado de reivindicação por moradia. Nesse ponto do trajeto tivemos de nos voltar para os alicerces originais de nossa idéia e, re-acessar nosso material coletado. Almejando encontrar dentre as possibilidades que havíamos aberto durante as semanas anteriores, qual poderia articular o trabalho já coletado, com uma possibilidade viável de expansão para os meses remanescentes de trabalho, embasados ambos, pelos objetivos e aspirações iniciais elencados pelo grupo. Assim, uma idéia não inédita, porém ‘renovada’ atingiu consenso entre os integrantes: estudaremos a ocupação dos prédios 65 e 51 da Gal. Jardim em seus diferentes contextos urbano-históricos. Entendendo as mudanças de uso desse prédio como espelho, mas também como criador, do entorno em que está inserido. Instituindo marcos temporais entendidos pelo grupo como rupturas, drásticas ou não, entre que havia antes, com o que viria a seguir.

Por meio dos depoimentos levantados, fotos encontradas e pesquisa, estamos sendo capazes de construir aos trancos e barrancos, um conjunto de esboços e análises representativos das mudanças realizadas nos edifícios, anexadas às mudanças do entorno. Com ênfase no uso da rua e como este se modificou ao longo dos anos nos diferentes usos do edifício em questão, com vertiginosa mudança com a chegada da Escola da Cidade e, potencial ainda maior com as mudanças propostas no futuro térreo da instituição.

 

O tema de ocupação em São Paulo levou nosso grupo do estúdio vertical a pesquisar, estudar e refletir sobre o nosso próprio ambiente de trabalho e vivência, o qual, alunos, professores e arquitetos ocupam e transformam todos os dias.

Por meio de entrevistas, com pessoas importantes na construção dessa instituição e da fundação da Escola da Cidade, plantas, mapas e levantamento histórico do entorno, encaminhamos o trabalho para uma análise e questionamento sobre o limite dos espaços públicos e privados e como as pessoas ocupam e utilizam o espaço da rua.  

Para concretizar esses estudos, elaboraremos para o final do trabalho, uma exposição com quatro maquetes e pranchas que representam diferentes momentos de uso do edifício em estudo e propõe questionamentos e reflexões sobre como o edifício se liga com o espaço externo e como acontecem as relações entre as pessoas de fora para dentro do prédio.