ETAPA ANTERIOR: RECONHECER SP _ 2017
Panorama da Cidade é um trabalho iniciado no segundo semestre do Estúdio Vertical de 2017, em que o tema em questão é Reconhecer São Paulo, uma cidade produtora de desigualdade e excludente.
Dada a temática, buscamos um exemplo muito representativo da dinâmica sócio espacial da cidade para falar dela mesma: a relação entre o complexo Parque Cidade Jardim e sua vizinha favela Jardim Panorama. Mesmo bairro e divididas apenas por um muro, coexistem de forma antagônica e similar. O primeiro é constituído por um complexo residencial-comercial-empresarial: contém três torres de escritórios que compõem o Corporate Center e faz divisa imediata com a favela Jardim panorama; um shopping que concentra as principais lojas de grife do mundo com produtos expostos em suas vitrines e que chegam a custar 100 mil reais e um conjunto residencial formado por nove torres acima do shopping com apartamentos com uma áreas úteis que variam de 236 a 1800 m² e podem custar 40 milhões de reais. O caráter excludente deste complexo é a todo momento reforçado. O muro altíssimo que circunscreve todo o empreendimento, a entrada ao shopping que se dá quase que exclusivamente através da lógica do automóvel, o térreo das torres residenciais que está a uma altura de aproximadamente 35 metros do nível da marginal. Há cinco minutos dali está encontra-se a favela jardim panorama. Uma comunidade relativamente pequena, com aproximadamente 1500 famílias. Carente de infraestruturas, os espaços comuns desta localidade são, sobretudo, uma creche para crianças, um campo de futebol que não é utilizado de forma gratuita e uma associação de moradores que se encontra desativada. Entretanto, suas ruas são fortemente utilizadas. Há crianças brincando comumente e alguns comércios ao longo da rua principal que se chama Contos Azuis. É também circunscrita por um muro, numa tentativa de impedir sua expansão horizontal. Dois mundos opostos e murados. Dinâmicas similares e confluências sócio espaciais.
Nessa etapa anterior, com uma aproximação de caráter mais analítico, levantamos através de mapas e diagramas, a estruturação do entorno imediato e essas relações de conflitos, com ênfase na mobilidade, densidade, áreas muradas, usos, cheios e vazios e barreiras físicas. Todos esses aspectos foram abordados em 3 cadernos que representou nossa aproximação em diferentes escalas. No formato de vídeo apresentamos um teaser que correspondeu a nossa intenção de continuidade do trabalho, documentando as problemáticas sociais dos dois enclaves vizinhos.
ARQUITETURA É FORMA DE CONHECER _2018
ETAPA 01
Para esta etapa do processo procuramos nos reaproximar da localização que define a favela jardim panorama e o condomínio cidade jardim de uma forma que ampliasse e fortalecesse os levantamentos realizados no semestre passado.
Entendemos melhor como funcionam as peculiaridades dos processos legislativos que modificaram-se com a chegada do empreendimento Parque Cidade Jardim. Os processos de negociações internos e externos da favela foram o foco da nossa pesquisa. Como se deram as ações de conscientização dos moradores suas articulações por parte do USINA com a chegada do empreendimento Parque Cidade Jardim bem como as tentativas de apagamento desta comunidade e os rumores de desapropriação.
ETAPA 02
Iniciando o processo de um vídeo em questão, são realizadas entrevistas com diferentes agentes: Tiaraju e Isadora, integrantes da ação da Usina na Jardim Panorama; Márcia, moradora do Cidade Jardim; Elsa e Washington, moradores da Jardim Panorama;
São relizados diagramas e decopagens, na tentativa de estabelecer uma teia composta por eixos substanciais do nosso percurso de aproximação e principalmente do processo de estabelecimento do complexo na região.
ETAPA FINAL
Panorama da Cidade, por fim, se aproxima das articulações e interesses que constituíram a segregação sócio espacial na localidade do Empreendimento Parque Cidade Jardim e da favela Jardim Panorama.
Na etapa final, o grupo reúne entrevistas com agentes que trazem um panorama narrado, desde o contexto em que é consolidada a favela na região sudoeste de São Paulo, os desdobramentos do episódio em que ocorrem os rumores de remoção, a compra de barracos por parte de uma construtora, a atuação de entidades como ONG’S e a assessoria técnica Usina no procedimento, a ação de 2 advogados que entram com pedido de usucapião, até a inauguração do Empreendimento.
Dessa articulação desenvolve-se uma configuração de cidade em que os interesses privados da elite moradora da região retém o Estado cada vez mais como um executor das suas conveniências legais e a população pobre está subordinada às políticas públicas, não possuindo forças autônomas para defrontar a classe social dominante. Fatores que resultam na segregação sócio espacial como um fenômeno que ocorre fundamentalmente pelo resultado de lutas políticas.
Com uma sequência de fotos e relatos capturados durante o semestre, o produto final amarra a trama, além de apresentar uma conjuntura dos procedimentos que envolveram a Jardim Panorama e o Cidade Jardim, é essencialmente documentar o campo de conflito produzido nessa região derivado de um processo de valorização e o encadeamento resultante da construção de um Empreendimento nessas proporções em seu entorno imediato. Trazendo então o embate para questões estruturais em uma cidade espacialmente não democrática, produtora de desigualdade e contrastes urbanos. Propõe-se dar visibilidade para uma região que sofreu inúmeras transformações significativas nas últimas décadas, tencionando a improbabilidade da permanência da favela Jardim Panorama no local como consequência dessa problemática que se replica na metrópole.
Grupo:
Carolina Simão
Fernanda Liba
Marina Coccaro
Mateus Atalla
Rusdy Rabeh
Sérgio Oliveira
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