EV2018S01_G46_ValedoAnhangabau

Vale do Anhangabaú
Iniciamos o trabalho classificando como insuficiente a analise sobre o olfato e a
audição para o compreendimento do vale do Anhangabaú. Sendo assim, buscamos referencias
teóricas que pudessem agregar novas ferramentas analíticas para o entendimento do vale.
Tendo em vista esse objetivo encontramos o texto de Christian Norberg-Schulz, O
fenômeno do lugar. O texto introduziu conceitos que ampliavam a percepção do grupo não
apenas sobre o vale, mas sobre qualquer lugar que venha a ser estudado. Isso porque o texto
aborda a fenomenologia, que é uma metodologia que propõe uma investigação sistemática da
experiência praticada pela consciência e seus objetos.
Christian Norberg-Schulz entende essa metodologia filosófica como um retorno ao
estudo das coisas existenciais, o oposto das abstrações necessárias para o desenvolvimento
cientifico. E observa que dentro da arquitetura a fenomenologia é o que capacita à construção
de um significado para um ambiente.
Para compreender a fenomenologia e preciso ter conhecimento sobre esses conceitos:
espaço, lugar e atmosfera. Espaço é uma extensão indefinida tridimensional que contém e
envolve todos os seres e objetos. Lugar, é um espaço delimitado por demarcações físicas ou simbólicas. Atmosfera é um clima ou ambiente que determina psicológica e espiritualmente uma pessoa, lugar, situação ou circunstância.
Portanto lugar é um espaço que passou por um processo de visualização,
simbolização e conseqüente reunião de pessoas. Tais processos estão relacionados ao ato de
fixar-se, ou seja, habitar.
A atmosfera é um conceito interdependente porem mais amplo do que o de espaço,
isso por que o espaço no qual ela está inserida também a qualifica, mas não apenas,
fenômenos como o clima e a luz também caracterizam a atmosfera de um lugar.
O projeto atual do Vale do Anhangabaú foi construído pelo Jorge Wilheim, a obra
iniciou em 1981 e foi finalizada na década de 90. A construção de uma praça elevada ao
intenso fluxo de carros da Av. 23 de Maio, resolve o problema dos atropelamentos muito
recorrentes para os que atravessavam o vale na década de 80 e reinstaura um espaço de
dimensões cívicas que fosse de uso exclusivo do pedestre na zona central da cidade.
O vale se apresenta como o espaço ideal para a concentração de muitas pessoas, sua amplitude e sua localização de importância histórica (entre o centro velho e o novo, próximo há diversos equipamentos públicos e edifícios de funções administrativas.) Fez com que ele fosse escolhido para ser o palco do aniversário da cidade no ano passado, além disso importantes manifestações ocorreram lá, como as diretas já. No entanto, o dia a dia do Vale não apresenta esse caráter cívico condizente com suas proporções, atualmente durante os dias da semana ele se torna meramente um local de passagem para a maioria da população que o utiliza.
Percebe-se que apenas algumas regiões do Vale criam atmosferas próprias para que um grupo de pessoas possa permanecer no local. Isso ocorre nos bares próximos ao metro São Bento, nos horários de saída do trabalho, nos comércios do quarteirão que não permite o ingresso de automóveis na Avenida São João e nos seus bancos pouco convencionais que reúnem principalmente grupos de skatistas.
Tendo isso em mente, o grupo decide estudar quais são os elementos que propiciam essa atmosfera de permanência e surge então uma metodologia investigativa para analisar e definir essas micro atmosferas.
Primeiro decidimos estudar questões formais do espaço construído e algumas efêmeras. Entre as concretas (formais) estão à textura de suas calçadas e edifícios, as massas arbóreas, o mapeamento das fronteiras e a analise da topografia com a altura dos edifícios ao seu redor. Já o critério de analise mais efêmero seria a maneira que os usuários do vale se apropriam dele nos seus diferentes horários de funcionamento. Para realizar esse levantamento pretendemos ir ao vale e registrar nossas observações em 5 diferentes horários do dia: 09:00, 12:00, 15:00, 18:00 e 21:00.

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