ETAPA 01
Em meio ao contexto urbano da cidade de São Paulo, no que tange sua imensa distribuição territorial e superpopulação de 12,1 milhões de habitantes, busca-se novos meios de lidar com os recursos e bens públicos disponíveis. Nesse sentido, a proposta aqui colocada em pauta procura explorar dois conceitos: IRRADIAÇÃO (pela cidade) – ao invés de concentração, e COMPARTILHAMENTO / USO COMUM – indo de encontro à ideia de propriedade privada.
Para tanto, inspirados por referências como “Les Folies Vives” de Bernard Tschumi, no Parque La Villette em Paris, no movimento anarquista Provos, em Amsterdam (1967) e nas bicicletas “Yellow” em São Paulo (2018), propomos uma série de equipamentos de uso coletivo e público, que se irradiem pela cidade em forma de rede e que, por meio de cores, assumam uma identidade forte e reconhecida como parte de um sistema.
Tal irradiação visa responder a demandas e carências recorrentes e espalhadas por toda a cidade, tais como: o tempo livre, a poluição sonora, a falta de horizontes, a falta de entendimento da água como um bem público.
ETAPA 02
Margens da represa Billings – vista a partir do Cantinho do Céu
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Dando continuidade à primeira etapa, foi definido um sítio para a implantação desse equipamento a ser compartilhado, com o intuito de responder mais diretamente a questões concretas e reais.
A escala da metrópole paulista e seu espraiamento pelo território sugerem regiões para além do centro expandido do município de São Paulo, a exemplo da extrema zona sul, onde se localiza a represa Billings. Abrangendo seis municípios – São Paulo, Diadema, Santo André, São Bernardo, Ribeirão Pies e Rio Grande da Serra, sua bacia hidrográfica de 47.456 ha abastece cerca de 1,6 milhões de pessoas.
Ao mesmo tempo que possui grande relevância para a sustentabilidade hídrica da RMSP, protegida por lei como área de proteção aos mananciais, é palco do conflito entre a pressão urbana e a sua preservação ambiental. Resultado da intensa urbanização desprovida de planejamento, ocupações precárias e irregulares se apropriaram de boa parte das margens da represa, sem infraestruturas mínimas como saneamento básico e, muitas vezes, em áreas de risco (encostas).
Somando-se ao processo de ocupação das margens, o bombeamento das águas dos rios Tietê e Pinheiros contribuiu de imediato para a poluição da represa. Ainda assim, o comprometimento da qualidade da água não inibiu por completo as diferentes relações que ali se estabelecem com a água; a cultura da pesca, o uso das margens como praia, a represa como piscina a espaço de aulas de vela.
Dentro desse contexto urbano-sociocultural, o projeto procura compreender a represa desde sua escala metropolitana à escala local. Assumindo a forma de uma estrutura flutuante que se desloca por diferentes pontos ao longo da bacia, passa a ser um elemento de conexão entre as diferentes comunidades lindeiras. Mais do que isso: pressupõe o ‘compartilhar’ tanto no sentido de usufruir do próprio equipamento, como no entendimento da represa – e da água consequentemente, como um bem comum.
A fim de reforçar essa relação já existente com a água, se propõe, sobre essa peça flutuante, uma rede tensionada por uma estrutura metálica, que estabeleça um contato íntimo com a água, quase como um dispositivo de recreação pedagógico. Ademais, na tentativa de tornar esse equipamento nômade uma referência na paisagem, é retomada a ideia de criação de uma identidade reconhecida à distância– explorada nos Les Folies Vives (La Villette) por meio da cor, a partir de uma cobertura de tecido de cor vibrante.
ETAPA 03
Mapa do itinerário das balsas
Já definido o sítio de implantação do equipamento a ser compartilhado, referente à segunda etapa, retomamos a ideia de um equipamento flutuante que supriria as funções de compartilhamento da represa e a conexão entre as diferentes margens da Billings, nos dirigimos para o desenvolvimento do mesmo, baseando-se em uma balsa já existente. Ela foi a opção escolhida visto que teria um caráter independente, à medida que abriga um sistema próprio de locomoção e permite experimentar dimensões industriais. Ademais, ela possui proporções particulares, nem de um prédio, nem de um objeto.
Partimos então para a definição de como seria a irradiação da balsa. A partir de estudos das dimensões da represa, foram estabelecidas três diferentes balsas que fariam trajetos distintos. Cada trajeto possui em média cinco pontos de parada com um ponto de conexão entre os circuitos. Os trajetos estabeleceriam uma transição entre a escala micro (cada braço) e macro (represa como uma totalidade) da Billings.
Elevação Noturna _ Cinema
Elevação Lateral _ Plataforma Elevada
Foi desenvolvido então o caráter flexível da balsa, com distintos programas acoplados dentro da mesma estrutura. Uma característica que permite com que acolha os mesmos programas ao mesmo tempo nas várias balsas e margens.
As balsas possuem um núcleo compacto, no qual buscamos manter as dimensões da balsa existente, com espaços destinados a serviços, banheiros, duchas, armários, sala de máquinas e cozinha. O resultado foi um espaço livre e dinâmico, com um solo em declive que permite adaptar às funções e carências do local, com uma sala de aula, cinema e um solário. Foi criada uma rede respondendo ao objetivo inicial da estrutura: apropriação da Billings através da contemplação da água.
ETAPA 04
Perspectiva Balsa-Anfiteatro
Vista de uma das margens da Billings a partir da Balsa-Anfiteatro
Perspectiva Balsa-Tela
Vista da Balsa-tela a partir da margem
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Ocupar São Paulo não é uma tarefa fácil. Dado o seu crescimento exponencial e espraiamento pelo território, tal ação soa quase como intangível, uma vez que a mancha urbana não apresenta limites claros, extrapolando barreiras físicas muitas vezes.
Em um plano utópico, inicialmente, fora pensado um sistema de equipamentos públicos que, a partir de diretrizes como irradiação e compartilhamento, pudesse se espalhar pela cidade a fim de suprir certas demandas. Tais conceitos consideram tanto a escala das distâncias do translado na metrópole, quanto a sustentabilidade de recursos disponíveis para seus habitantes – isto é, promover maior eficiência em detrimento da obsolescência.
Abrangendo um total de seis municípios – São Paulo, Diadema, Santo André, São Bernardo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra –, a represa Billings, na extrema zona sul da capital, apresenta uma bacia hidrográfica de 47.456 ha que abastece cerca de 1,6 milhões de pessoas.
Ao mesmo tempo que possui grande relevância para a sustentabilidade hídrica da RMSP, protegida por lei como área de proteção aos mananciais, é palco do conflito entre a pressão urbana e a sua preservação ambiental. Resultado da intensa urbanização desprovida de planejamento, ocupações precárias e irregulares se apropriaram de boa parte das margens da represa, sem infraestruturas mínimas como saneamento básico e, muitas vezes, se encontram em áreas de risco (encostas).
Mesmo nesse contexto de carências quanto ao acesso a infraestruturas como transporte, serviços e espaços públicos de qualidade, somado ao comprometimento da qualidade da água pela poluição, não se inibiu por completo as diferentes relações que ali se estabelecem com a água; a cultura da pesca, o uso das margens como praia, a represa como espaço de recreação.
Como resposta a tais condições, alinhando-se ao sistema de equipamentos previamente estipulado, o projeto se constitui como uma rede integrada de balsas que procura compreender a represa da sua escala local à metropolitana. Ao se deslocar por diferentes pontos ao longo da bacia, cada balsa passa a ser um elemento de conexão entre as diferentes comunidades lindeiras. Mais do que isso: pressupõe o ‘compartilhar’ tanto no sentido de usufruir do próprio programa oferecido, como no entendimento da Billings – e da água consequentemente, como um bem comum.
A opção por programas como “balsa tela”, “balsa anfiteatro”, “balsa telescópio” e “balsa imersão”, enfatiza, nesse sentido, o uso coletivo do espaço, estabelecendo conexões físicas, visuais e emocionais entre os próprios habitantes ribeirinhos e a Billings.
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