ENTREGA FINAL
O PONTO PARA RECONHECER SÃO PAULO
São Paulo é uma cidade caracterizada por um sistema de transporte complexo; sua extensão e rotina agitada exige o deslocamento de seus moradores, constantemente. Aí, escolher o ponto de ônibus para reconhecê-la é entrar em sua dinâmica.
O dia-dia corrido da maioria dos paulistanos depende da infraestrutura de 18.800 pontos de ônibus, de onde se dissipam 15.000 ônibus em 1.300 linhas de 29 terminais.
Eles são pontos de comunicação, encontros, transposição, trânsito, trocas.
O ponto de ônibus é um lugar da cidade. E, como lugar da cidade, passa a ser cidade.
Falar desse espaço em São Paulo traz experiências que, em outra cidade, seriam diferentes. Esse ponto têm influências que vão muito além do funcionamento das linhas que dele se desdobram; ele demonstra o cotidiano de São Paulo, a diversidade de pessoas que o utilizam, as histórias que esse povo vive. Mas, mais forte ainda, ele é o lugar de transição da cidade, que suga seu usuário, que o deixa vulnerável, que abriga um momento no qual a atmosfera é particular, é de tensão.
O PONTO PARA RECONHECER SÃO PAULO
São Paulo é uma cidade caracterizada por um sistema de transporte complexo; sua extensão e rotina agitada exige o deslocamento de seus moradores, constantemente. Aí, escolher o ponto de ônibus para reconhecê-la é entrar em sua dinâmica.
O dia-dia corrido da maioria dos paulistanos depende da infraestrutura de 18.800 pontos de ônibus, de onde se dissipam 15.000 ônibus em 1.300 linhas de 29 terminais.
Eles são pontos de comunicação, encontros, transposição, trânsito, trocas.
O ponto de ônibus é um lugar da cidade. E, como lugar da cidade, passa a ser cidade.
Falar desse espaço em São Paulo traz experiências que, em outra cidade, seriam diferentes. Esse ponto têm influências que vão muito além do funcionamento das linhas que dele se desdobram; ele demonstra o cotidiano de São Paulo, a diversidade de pessoas que o utilizam, as histórias que esse povo vive. Mas, mais forte ainda, ele é o lugar de transição da cidade, que suga seu usuário, que o deixa vulnerável, que abriga um momento no qual a atmosfera é particular, é de tensão.
ETAPA 3
Com o intuito de adquirir histórias diversas nos pontos de ônibus, abordamos algumas pessoas em pontos da cidade de São Paulo. Entretanto, observamos certa resistência das pessoas para conversarem. Daqueles que foram entrevistados, a maior parte observou que não existe nenhum tipo de interação entre as pessoas nos pontos de ônibus, somente no caso de alguém precisar de informação a respeito de algo.
Nos pontos de ônibus em horário de pico e trânsito engarrafado, as pessoas se colocam de prontidão observando o horizonte à espera do tão desejado ônibus. A distância entre um e outro é nítida e quase como calculada. De vez enquanto alguns aproveitam o tempo da espera no ponto para se distraírem escutando música, lendo livros, fazendo um lanche breve. O tempo gasto nas viagens às vezes se iguala ou supera o tempo de espera nos pontos de ônibus. Com isso, essa espera dá espaço e oportunidades para diversos acontecimentos que dão vida para os pontos de ônibus da cidade.
ETAPA 2
o ponto de ônibus é um local de encontro?
O ponto como lugar de encontro absorve um olhar para esse equipamento que vai além de seu caráter funcional para a mobilidade da cidade. Nele se encontram pessoas, culturas, dinâmicas da cidade, história, rotina… Todas essas características que desenham seu entorno, sua localidade e a cidade de São Paulo. Podemos olhar para ele sob essas diversas análises, ou podemos deixar que as pessoas ligadas a essa estrutura, de forma ou de outra, nos contem histórias.
Ferreira Reis, 33 anos, 1metro e 87
Já há 5 anos trabalha no movimentado terminal da rua Cel. Xavier de Toledo. Onde não termina. Devia chamar ponto de espera, motorista, ônibus, passageiros e catraca, todos esperando pra começar de novo. Ferreira é encarregado de orquestrar tudo, chegadas e partidas, pontualidades e destinos. Nada pode passar batido, em 5 minutos sai o próximo ônibus, e o 8400-10 já devia estar na fila. A fila de ônibus fantasmas, vazios, esperando a inspeção para serem liberados. Junto da fila de ônibus, tem os passageiros, também enfileirados atrás da placa, esperando para serem liberados para entrar.
3 minutos para sair.
Duas senhoras discutem o itinerário, o moço atrás balança a cabeça no ritmo da musica de seus fones. Uma mulher cansada, carrega muitas sacolas e queria estar sentada dentro do ônibus, um grupo de amigos faz barulho e não parecem se incomodar com a espera. Já é final da tarde e a maioria dos passageiros esta indo pra casa. Todos esperando para chegar em outro lugar. Assim que Ferreira liberar o ônibus. Enquanto isso, a moça que mexe no telefone da uma passinho pra trás e pisa no homem alto, não da pra ouvir as desculpas por causa da música, mas devolve um sorriso cansado. Um senhor observa sua volta procurando o ônibus certo, Ferreira sabe de tudo o que esta acontecendo, tem que saber. Vai resolver a questão do passageiro e avisar ao motorista e ao cobrador que já esta na hora. Ele sabe que a partir de agora o terminal vai ficar escuro e cada vez mais vazio, não é um lugar seguro para ficar sozinho na rua, muitos assaltos. Mas é esse o trabalho, esperar os ônibus até a ultima rota. Trabalhar tão perto das pessoas, no meio na cidade é bastante desgastante. Semana passada um cobrador foi ameaçado porque não deixou um dos passageiros viajar sem pagar… ¬De noite tudo demora mais para acontecer, são menos ônibus menos passageiros e mais tempo. Mas o último ônibus já deve estar chegando e o turno de hoje está para acabar.
José Batista, 71 anos, pipoqueiro
Em um dos pontos de ônibus da Rua da Consolação, José Batista, um senhor de 71 anos, vem seguindo sua rotina desde 1977.
Saindo da zona Cerealista, onde mora, Batista compra milho nas famosas ruas e avenidas da região, logo depois entra em seu primeiro trabalho, uma loja de material de construção, onde permanece até as 15h da tarde.
Seguindo o seu dia-a-dia, o homem, pega um ônibus até a Rua da Consolação, onde fica seu segundo emprego, de pipoqueiro. Batista, já conhecido na região, trabalha há 40 anos no centro, o que facilita o seu “bico” como pipoqueiro. Guarda seu carrinho de pipoca em uma das garagens de um prédio residencial e, fazendo amizades, conseguiu que zelador e o síndico lhe dessem livre acesso para usar a mangueira par lavar o carrinho, uma cozinha para preparar as pipocas e um banheiro para fazer suas necessidades. Nessa rotina próximo ao ponto e fazendo laços na região José consegue manter seu “bico”e alegrar as pessoas famintas que precisam esperar ônibus.
José costumava ficar no metrô da praça da república, mas conta que lá não é um local seguro, sempre havia meninos fazendo gracinha com as pessoas e muitos moradores de rua pediam pipoca. Resolveu então, ir para um dos pontos da Rua da Consolação, um ponto mais tranquilo, mas que não foge do perigo; sempre tem algum engraçadinho querendo se aproveitar. O velho tem medo dos meninos, ele afirma que quando vê alguma cena se finge de desentendido, pois depois pode sobrar para ele.
Nunca gostou dos pontos de ônibus novos, são quentes, a molecada quebra o vidro e o totem é péssimo, pois não tem cobertura para a chuva, ou sol.
Otimista e de bom humor, José Batista é feliz com o que faz. Lojista e banqueiro há 40 anos, diz que tem muitas histórias para contar.
ETAPA 1
O ponto como o elemento de encontro
São Paulo é uma cidade caracterizada por um sistema de transporte complexo; sua extensão e rotina agitada exige o deslocamento de seus moradores, constantemente. Aí, escolher o ponto de ônibus para reconhecer a cidade é entrar em sua dinâmica.
O dia-dia corrido da maioria dos paulistanos depende da infraestrutura que se dissipa pelos 18.800 pontos de ônibus, de onde se dissipam 15.000 ônibus em 1.300 linhas de 29 terminais.
Eles são pontos de comunicação, encontros, transposição, trânsito, trocas.
Falar do ponto de ônibus é mais do que tratar do funcionamento das linhas que dele se desdobram, de sua materialidade, de sua existência na cidade, é também pensar no cotidiano de São Paulo, na diversidade de pessoas que o utilizam, nas histórias que eles guardam. História do povo, dos cidadãos, dos paulistas, paulistanos, nordestinos, migrantes e imigrantes que em um único lugar podem se cruzar.
O ponto de ônibus é estrutura e memória da cidade, onde o cidadão, debaixo de uma cobertura, começa e termina seu dia.
A ideia do grupo é, então, desenhar a cidade usando esse elemento como o norteador de sua leitura, uma leitura que, por meio dele, poderá ir muito além.
Rotatória
É a relação entre a cidade desenhada e a população que a ocupa- atribuindo novas funções à seus espaços- o que interessa para fazer uma leitura das transformações urbanas. A distorção do uso original de uma rotatória, nesse contexto, demonstra esse movimento de ocupação das ruas pelas pessoas, estendendo os limites das calçadas e se apropriando de um desenho urbano rígido.
A escolha da rotatória como um local que representa um pouco da dinâmica da cidade de São Paulo é pelo seu caráter de conexão a partir do viário, mas é também pelo aflorar de um crescente domínio do pedestre dos espaços que foram desenhados para o carro, demonstrando uma mudança de paradigmas no olhar que devemos priorizar na cidade. Pensando nisso, a rotatória escolhida está na Vila Madalena, entre as ruas Fidalga e Aspicuelta; um lugar onde existe um movimento de apropriação dos pedestres muito forte, principalmente á noite.
O objetivo aqui é, então, entender um pouco mais como o desenho da cidade permite e acaba cedendo lugar a novas atividades, implicadas por uma vontade de ocupação e transformação dos espaços da cidade.
Restaurantes como a cara de São Paulo
Em uma cidade, que abrange grande heterogeneidade de migrantes brasileiros e estrangeiros, é interessante entender quais são as suas dinâmicas de convivência e como elas se espalham no espaço urbano.
Essa cultura pincelada, encontrada em São Paulo se materializa, dentre tantas formas, na gastronomia de distintas nacionalidades, sendo 15 mil restaurantes, 20 mil bares e mais de 3 mil padarias. Ao todo, a cidade que teve uma forte influência das mais variadas culturas, oferece quase 100 mil restarantes e outros serviços de alimentação e bebidas.
Tendo em vista a potencialidade dos restaurantes em São Paulo esses se tornam objetos de leitura dos cidadãos e da cidade. Aí os restaurantes aparecem como cultura, como lugar de aceitação e criação de um imaginário de cidade; através deles podemos trazer a história da cidade, de um bairro, de um povo.
A ideia de grupo é mostrar os restaurantes sob perspectiva social da rua, da diversidade cultural e como ela se organiza na cidade.
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