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etapa final
retrospectiva do semestre
finalização das ações de 2018
1 rampa de acesso ao caminho
2 praça de 15 minutos
3 praça de sombra
4 estufa
5 projeto da área externa da creche
Nesse semestre, concentramos nossos esforços em avaliar e rever as relações. A estratégia que seguimos foi a de estabelecer vínculos mais potentes com os jovens atendidos pelos serviços. Propusemos uma série de dinâmicas que aproximaram os jovens diretamente da construção do espaço, nesse momento em fase de finalização e acabamento, o que incluiu também atividades de plantio do jardim pedagógico, parte importante do processo de pós intervenção.
Olhando em perspectiva, percebemos que cada disciplina trouxe perguntas diferentes ao trabalho, que amadureceu no tempo e gerou uma produção material e imaterial.
Mais importante do que o seu resultado, nos interessa o processo, os conflitos e inquietações que decorreram durante e após a ação.
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o trabalho
A Associação Mutirão, localizada na zona norte da cidade de São Paulo – no Jardim Filhos da Terra-, tem sua gênese como um mutirão para moradia na região, que na época apresentava uma grande demanda por moradia na região. Em 1963 a associação passa a desenvolver programas educativos, assistenciais e de formação voltados à comunidade, atendendo crianças e jovens das famílias de Vila Paulistana, Jardim Filhos da Terra, Jardim Arapuã, Jardim Hebron, Vila Zilda, Jardim Felicidade, Jardim Fontális, Recanto Verde, Vila Airosa e região em torno. Associação do Mutirão, uma associação de bairro que ) fica na Zona Norte de São Paulo, no Jardim Filhos da Terra, Jaçanã.
O terreno, com 10 mil m², tem área verde significativa, situação contrastante com a alta densidade do bairro. A associação é composta por cinco galpões que abrigam atividades sócio-educativas oferecidas para crianças e jovens no contraturno escolar: creche, centro de juventude (CJ) e centro da criança e do adolescente (CCA). Apesar de ser uma associação filantrópica privada, os programas são vinculados e co-financiados pela prefeitura.
O exercício único de 2017 tinha o objetivo de, com os alunos da Escola da Cidade, propor projetos de intervenção para o espaço da Associação Mutirão. Os alunos Ana Carolina, Bruno Rissardo, Clarissa Mohany, Glauber Triana, Isabella Rosa, Luiz Felipe Orlando e Manuella Lebroeiro proporam um projeto de intervenção que consiste em um caminho na área externa, e é sobre este caminho que iremos falar!
Durante o período da vivência externa três alunos: Glauber Triana, Isabella Rosa e Luiz Felipe Orlando se propuseram construir o caminho com uma dinâmica de canteiro experimental, onde o e habitar e intervir são ações indissociáveis, e que o processo é a parte mais importante do projeto. Ao se aproximar de quem vive no local e estar presente de fato, consegue-se desenvolver uma leitura muito melhor do espaço e das relações, ganhando uma legitimidade maior na proposição de mudanças.
A primeira ação foi viabilizar uma capinagem para que pudéssemos entender a topografia do terreno. Foram feitos três orçamentos, e o mais barato aprovado pela prefeitura.
Conseguimos então viabilizar o aluguel de um trator que vincasse o desenho no chão, retirando a camada superficial de mato, e cobrisse com brita. Sendo este a primeira consolidação do caminho. As pedrinhas eram uma solução temporária, fazia-se necessário estabilizar o piso de forma mais duradoura e deixá-lo mais confortável.
Enquanto desenvolvemos uma extensa pesquisa de materiais, fomos construindo as canaletas de recolhimento e absorção de água, que eventualmente funcionariam como parte das formas para o futuro piso. Após esta pesquisa, a solução escolhida foi de fazer algo mais acessível, dialogando melhor com a realidade local: contra piso de concreto e uma camada ) na de massa pigmentada de acabamento.
Os bancos de tijolo foram erguidos ainda no final do primeiro semestre, concluindo a primeira fase do projeto.
A decisão projetual aparece, de fato, como resultado de uma equação entre: orçamento reduzido (6 mil reais), mão de obra reduzida (dois pedreiros, dois voluntários da comunidade, Cláudio e Leonardo, e três estudantes de arquitetura) e as demandas dos usuários
Para definir o traçado do caminho, fizemos uma marcação com fita no próprio local, respeitando a topografia existente e o caminho que já estava sugerido lá de alguma maneira.
Percebemos que precisávamos sistematizar de forma mais clara o que havia sido realmente o trabalho para nós, e porque a ideia do arquiteto como articulador, pensando na responsabilidade social da profissão se fazia tão presente. Portanto, para poder traduzir conceitualmente todo o processo vivido de forma mais clara buscamos um referencial teórico sobre as diferentes tecnologias envolvidas em processos de trabalho coletivo.
Encontramos nas teorias utilizadas no estudo de tecnologias empregadas em Saúde Coletiva um bom referencial. Neste campo a tecnologia é “analisada tanto como saber como por seus desdobramentos materiais e não materiais na produção dos serviços de saúde”. Entendemos que esta terminologia de estudos das relações humanas na saúde poderia ser perfeitamente importada para o campo da Arquitetura, e que descreve de forma muito precisa os processos pertencentes ao trabalho aqui relatado.
De tal forma, tentamos organizar esses processos dentro da classificação feita por Mehry³ das tecnologias, sendo elas as tecnologias leves, das relações; as leve-duras, dos saberes estruturados, tais como teorias, e as duras, dos recursos materiais, físicos. Todas elas tratando a ideia de tecnologia de forma mais abrangente, mediante análise do processo produtivo como um todo, das pactuações iniciais ao produto final.
Ao vivenciarmos as dificuldades de comunicação entre nós, com a gestão da associação, com os professores, com a comunidade, sentimos a necessidade de buscar referenciais teóricos sobre diálogo, comunicação, grupalidade para sistematizarmos e compreendermos melhor o que havia sido vivido. Ou seja, buscar compreender a tecnologia leve envolvida.
Vivenciando os conflitos relacionados às teorias arquitetônicas, as dificuldades na pesquisa de materiais, sobre o saber fazer no caso das hipóteses relacionadas a pisos drenantes, processo de concepção desses projetos de soluções arquitetônicas que fossem pouco impactantes, atreladas à escassez de recursos, compuseram o conjunto de tecnologias leve-duras empregadas.
No trabalho cotidiano para materializar tudo aquilo que era pensado e discutido coletivamente, encontramos também inúmeros desafios de tecnologia dura: sentir o peso do trabalho, a relação e dificuldade de se lidar com a matéria, as dúvidas aparentemente mais simples do processo de concretagem (como fazer o cimento, a ordenação dos materiais para produzi-lo, como carregá-lo), onde cada coisa deveria estar, para e com quem se fazia cada coisa, como pegar em uma desempenadeira, assentar blocos, usar a enxada, a cavadeira, carregar o carrinho de cimento, como funciona a betoneira, entre muitas outras.
O aprendizado empírico é fundamental na formação crítica em Arquitetura. E a participação do arquiteto no canteiro de obra, a integração e continuidade das disciplinas e o sentido social do trabalho podem trazer reflexões que vão muito além do projetar, levando em consideração também os vínculos que este estabelece em seu cotidiano de trabalho e de vida.
As três tecnologias estiveram presentes em diferentes gradações de intensidade em todo processo empírico e conceitual vivenciado nesses dois semestres, e essa percepção só foi ) cando clara na medida em que desafios e conflitos ocorreram. Contudo, percebemos e aprendemos que através de uma atitude comunicativa, dialógica e com muito esforço de escuta, permitiu-nos a superação de todo tipo de adversidade.
Este não é apenas um trabalho de E.V. Já foi um trabalho de Exercício Único, que virou um trabalho de Vivência Externa, agora ( 1º semestre de 2018 ) é um trabalho de E.V+Urbanismo ( 3º e 4º ano)+Tecnologia(4º ano)+Eletiva (6º ano) e a sua continuação, possivelmente, será de um TC+E.V.
O ano de 2018 iniciou com o workshop do Seminário Internacional, com os arquitetos José Paulo Gouvêa e o equatoriano Daniel Moreno Flores. Nossa primeira atividade foi uma visita com todos ao caminho. Havia uma demanda, da associação, da construção de uma cobertura para a estufa e esta era a frente que imaginávamos para a semana do workshop.
Porém, discutindo no local percebemos que era necessário criar o hábito das pessoas que frequentam o local de utilizar o caminho antes de iniciar qualquer nova construção. Após de debatermos muito decidimos fazer uma espécie de inauguração do caminho com refrigerante, relatos e bolos! O local da inauguração seria a pracinha no começo do caminho, onde é necessário uma cobertura para sombra! Diante disso, fizemos uma cobertura provisória para o evento.
Adiantando alguns capítulos da nossa saga conseguimos dialogar com os professores de urbanismo e os alunxs: ana clara, beatriz oliveira, henqiue girão, ligia lana e lívia volpato estão desenvolvendo em aula uma série de estudos à respeito da nossa região e estes irão apresentar um resumo do trabalho:
Por meio da macro-escala de análise utilizada pela matéria de urbanismo do 4° ano, fizemos um recorte da sub-bacia em que o Espaço Mutirão se localiza, em relação com a localização da macro-área do Arco Tietê. Com o objetivo de compreender as dinâmicas de transporte, trabalho, serviços, comércio, subcentralidades, áreas verdes e demográficas na região analisada da zona norte com o centro expandido da cidade.
Após a apresentação da primeira etapa do trabalho, decidiu-se conjuntamente aos professores diminuir a escala de análise, buscando uma compreensão das inter-relações e dinâmicas urbanísticas na escala do bairro Jardim Filhos da Terra. Tendo em vista uma escassez de dados públicos transparentes em regiões fora do centro expandido, idealizou-se produzir material de pesquisa por meio de trabalho de campo. Inicialmente por entrevistas realizadas em UBS ou outras instituições sociais, para depois realizar entrevistas dispersas com moradores do bairro.
relatórios
relatório_ 20.02.18: discutimos a estufa para mudas em associação com o Wagner da ong Prato Verde. Dentro deste debate pensamos em 4 tópicos: (1) local (2) materiais (3) desenho (4) cronograma. (1) a horta atual possuí um "anexo" onde o Wagner tem a intenção de construir uma cobertura lá. para um mudário é necessário: -meia luz -mesa/prateleiras -irrigação -piso mínimo -controle parcial de insetos -circulação de ar - quantidade de mudas (2) os materiais para a construção serão as peças que o Luiz Felipe já possuí. São umas mão-francesas de andaime e a fixação do sombrite com cabos de aço.
relatório_ 22.02.18: ORIENTAÇÃO_ Nos foi dito que o grupo da Karina iria se juntar ao nosso durante a semana do workshop. depois passamos para a discussão sobre o que fazer durante a semana. Ao longo da conversa percebemos que não deveria ser feito nada em embate! e que o conflito entre a Jady e o Vagner estava mais acirrado, e que não cabia a gente se entrometer. Neste momento começamos a perceber o quanto é/era necessário entender como se organiza o mutirão e o quanto é importante entender as hierarquias do lugar. Tratando do workshop, era importante nós não impormos nada ao Daniel Moreno Flores e que devíamos esperar e ver o que ele e o José Paulo Gouvêa tinha para nos dizer.
relatório_ 26.02.18 questão fundiária! como é o processo de decisão? - estratégia de vivência; ficam lá e fazem a manutenção. o sistema é autoritário cada serviço tem seu gerente; cca- Ricardo cj- Bel creche- Suelyi não temos que ampliar esse jeito de decisão, devemos levar as decisões para os gerentes! -atividades que conectem os saberes e o espaço! se é uma associação, quem são os associados? é uma associação muito antiga ainda são os mesmos? recuperar a história, seria muito bonito! será que isso faz parte do nosso recorte? será que queremos recortar isso? QUAL É O NOSSO RECORTE? pensar mais a curto prazo; conscientiza; trabalhar em conjunto ( não é enfrentamento, é colaboração) como conseguimos contribuir com algo que fique? reuniões com a associação o que dá pra resolver essa semana?
relatório_ 27.02.18: tem trabalho prévio não consolidado, o caminho ainda carece de melhorias e ainda não existe o hábito de uso do espaço. pensamos em atividades que possa ativar este lugar para o cotidiano das crianças. -infra externa: mobiliário; banheiros; forno - desta forma, o local pode funcionar nos finais de semana sem haver a necessidade de abrir os serviços -o que dá pra fazer em uma semana? OBJETO EFÊMERO -levar origami para fora; plantar; desenhar com giz no caminho; amarelinha ( precisamos de mais ) -resgatar a história do bairro, pode ser uma forma de trazer um novo significado do lugar para as crianças. contar estas histórias no caminho! comissões: melhoramento do espaço atividades objeto novo atividade externas: mesa de ping pong ( ia ser o mais top!) como podemos ocupar este espaço? ocupar coletivamente pipoca na fogueira aula inaugural = lúdica roda de rap estar juntos, conversar
relatório 06.03.18: o que estamos estudando? o que pretendemos? -vivência como forma de intervenção : solá morales; tomás lotufo; sergio ferro -projeto x construção ( método de projeto ): marco casagrande ; extensão ou comunicação, p. freire ; estudo das tecnologias e.mehry -investigação construtiva: daniel moreno flores o que pretendemos estudar? como será o desdobramento para o tc dos filhos mais velhos? como organizar um estudo com 13? -entender questões fundiárias: posse; organização. um estudo urbanístico pensando nos moldes do bernardo secchi - estudo sobre a posição dos arquitetos em relação a esses tipos de trabalhos referências: angela amaral; marco casa grande; talca; rural studio; lotufu; al borde
relatório 08.03.18: orientação. nesta orientação discutimos a necessidade de se fazer uma reunião com a Jady e os gerentes. com os professores ( cris xavier, shundi e lígia miranda ) conversamos de uma forma de fazer esta reunião de maneira respeitosa. -dinâmicas dos papéis: perguntar é o papel de cada um; quem nós somo? o que estudamos? -como contar a história? -estrutura política de trabalhos coletivos micro urbanismo x macro urbanismo: pensar em pesquisas que contribuem para o trabalho ( trabalhar em conjunto de urb! ) -cobertura ( física e midiática) do workshop: detalhar a construção; registro o que fazer agora?: -conversar com a jady -referências -registro do workshop -organograma funcional ( nosso e do mutirão) -estruturar os eixos do dossiê do verbal tem que virar formal, fazer atas afim de mostrar que todos estão de acordos, evitar confusões!
relatório 20.03.18: objetivos gerais: -habitar é intervir _ sujeitos ativos -instrumentalização do pensamento projetual -do corpo_ ao _ bairro leitura espacial: -medir o corpo -mapeamento das sensações -mapeamento do lugar -desenho de observação -maquete de papelão
relatório 22.03.18: conversa com giusepina: neste dia recebemos a arquiteta italiana Giusepina, que desde o ano passado desenvolve um trabalho de pesquisa com a associação do multirão. estes foram os tópicos da discussão: -arquitetura mais sofisticada -o que o cliente ganha abrindo o espaço para o público -festa da primavera no mutirão ( ela foi na última, e disse que foi demais )_ projeto de abrir fechado____zona cinza____aberto ; projeto lateral, sensível. aos poucos ir abrindo. mostrar que dá certo quando abre. ( exemplo e contra exemplo) - acordo : o que dá em troca? qual é o ganho deles tempo custo qualidade - desafio da comunicação com quem não tem um pensamento atual; problematizar criticamente -" quando vamos matar o cabrito" - como conceitualizar, e jogar "limpo", honestamente com os indivíduos envolvidos. diferentes esferas de compreensão. - comunicação é parte do processo - pensamento moderno: pensar a arquitetura só como a coisa construída - como as pessoas compreendem o que a gente faz? se colocar no lugar delas. " como você quer que eu conte o projeto para você? quais são os seus códigos? " nós temos que ouvir muito!! " shundi, cris e lígia chegaram para a orientação. conversamos sobre: como foi a conversa no mutirão; apresentação para urbanismo ( em grupo decidimos que seria muito interessante se utilizar do aporte de urbanismo para desenvolver uma pesquisa que nos ajude a compreender a situação urbana ao redor da associação_ PRÓXIMO ITEM!_); levar mapa da região - ao discutir as alterações na grade de urbanismo para o terceiro e quarto ano, percebemos uma postura um pouco arrogante de nossa parte e precisamos entender como discutir essa possibilidade sem provocar ou impor algo para nenhum dos professores!
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