g23_reconhecer sp_anhangabaú sensorial

ETAPA 4

Partindo do ponto de vista de que a consciência de lugar se dá pela percepção do indivíduo como tal dentro do espaço, entende-se que junto a todo o processo de contextualização urbana e histórica, a conjuntura de levantamentos baseados em experiências sensoriais de um lugar, são essenciais como produto de análise e compreensão do espaço.

Analisando o contexto urbano gerador de tais espaços, pôde-se concluir que o planejamento das cidades privilegiou qualidades do ambiente urbano baseadas predominantemente na percepção visual e pouco se aproximou de outras capacidades perceptivas dentro do ambiente.

Partindo da ideia da construção do Vale do Anhangabaú dentro desta lógica e como um marco histórico importante que permitiu a transposição no centro de São Paulo, entendemos o Vale como um local de intenso fluxo, predominantemente de passagem.

Sendo assim, o grupo propõe perceber o Vale do Anhangabaú a partir do levantamento e mapeamento de sentidos e sensações em diferentes momentos do dia e ao longo de dois percursos selecionados de maneira a contemplar o maior número de experiências dentro do contexto de passagem que possui hoje o Vale: o cruzar e o atravessar. O conjunto de sensações percebidos através do olfato e da audição contemplam, então, uma nova percepção do Vale do Anhangabaú. Uma percepção baseada não só nos aspectos visuais e pré-conceitos acerca do local, mas aprofundada nas experiências sensoriais decorrentes dos diversos aspectos, elementos e vivências presentes no mesmo.

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ETAPA 3

Partindo do ponto de vista que a consciência de lugar se dá pela percepção do indivíduo como tal dentro do mesmo e que a prática de desenho urbano, na maioria das vezes, é pensada a partir de experiências visuais, é possível identificar uma abstinência de outros estímulos sensoriais nos espaços públicos. Sendo assim, o grupo se propõe a reconhecer o Vale do Anhangabaú a partir de estímulos olfativos e auditivos, mapeando estes em quatro horários diferentes do dia: 12:30/15:00/17:30/22:00 ao longo de dois percursos que contemplam o maior número de experiências dentro do contexto de passagem: cruzar e atravessar.

 

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ETAPA 2

Nos últimos anos do século XVIII, o Vale do Anhangabaú tornava-se um obstáculo na transposição de uma São Paulo que vinha se expandindo para além de seus quintais. Em 1982, com a construção do Viaduto do Chá de Jules Martin, a cidade ganhou a travessia em nível que de tantos era sonho e que veio a influenciar a decisão do poder público de transformação do Vale, o que resultou em um projeto elaborado pelo arquiteto francês Joseph Bouvard.

Com o plano de avenidas de Prestes Maia, o Vale do Anhangabaú passou a enfrentar uma série de contradições de sua escala local e o que viria a se tornar um núcleo viário estrutural da cidade de São Paulo. Com a resultante dessas contradições e os consequentes atropelamentos, a EMURB convoca concurso público junto ao IAB em 1981 para sanar este problema. A realização do projeto viria a ser o fim dos atropelamentos, mas foi também o início do hiato que há entre o vale e a cidade.

Dentro desse cenário, as contradições do Anhangabaú se acentuam conforme a consolidação dos mesmos ao longo do tempo dentro da lógica imobiliária responsável pelo êxodo do centro de São Paulo.

Atualmente, dentro da esfera de passagem, o Anhangabaú concentra um fluxo considerável de pessoas que estão indo trabalhar ou voltando pra casa, porém se comparado a todo seu sítio, ainda permanece vazio. Sua esfera de permanência não existe, poucas pessoas tem o vale como destino. Marcado pelo mau cheiro em seus acessos e pela impressão de espaço residual da cidade, o maior vazio do vale é o vazio existencial que nele existe. Seus sentidos mais marcantes são fruto da monumentalidade do espaço que se conforma nas grandes edificações que extrapolam a escala humana.

Meio as almas perdidas, os skatistas que ainda garantem um movimento dentro desse espaço e as pessoas que tem o vale como rota, o grupo se propõe a analisar o vale do ponto de vista sensorial. Tendo em vista toda sua trama urbana que o conforma e sua resultante histórica, o que define o Vale como lugar é a percepção de alguém como tal e a sua capacidade de simbolizar a presença humana. Apesar de sua centralidade dentro do contexto urbano, o Vale do Anhangabaú não exerce de fato esse papel, carregado de significado histórico, o vale carece de sentido e significado humano.

Estar na esfera de influência de um prédio, ter um teto, cruzar fronteiras, sentir-se seguro ou inseguro, luz e escuridão. O que é o Vale dentro desse ponto de vista? Como são essas relações no Vale?

Segundo Juhani Pallasmaa, em A Geometria Do Sentimento: Um Olhar Sobre a Fenomenologia da Arquitetura, a experiência espacial da arquitetura é sintética e opera em vários níveis: mental e físico, cultural e biológico, coletivo e individual, analítico e emocional, consciente e inconsciente.

A síntese sensorial, baseada nas experiências do indivíduo, pode nos dizer o que é um lugar do ponto de vista fenomenológico. Tendo em vista seu universo vasto e diverso, junto a todo processo de contextualização urbana e histórica, a conjuntura dos levantamentos que dizem respeito a natureza de um lugar, devem ser conclusivas e geradoras de hipóteses, como um produto de análise, a compreensão do espaço.

 

 

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ETAPA 1

LOCAL 1_VALE DO ANHANGABAÚ

Partindo da ideia de que são as pessoas inseridas na paisagem urbana os agentes ativadores do espaço público dentro do contexto da cidade de São Paulo, o grupo parte do levantamento de algumas situações e eventos de caráter esporádicos no cotidiano da cidade dos quais não foram projetados ao destino que hoje os habita. Tem-se como intenção instigar possíveis intervenções em pré-existências e apreender momentos em que ocorra alteração na interação entre indivíduo e espaço físico, esperando entender, portanto, a possibilidade da ocorrência espontânea de tais eventos.
Apesar de configurado como um extenso parque de área livre, o Vale do Anhangabaú, atualmente, se encontra num estado inabitado e de esquecimento. O objetivo inicial seria compreender o contexto em que o local se encontra e apreender a lógica e dinâmica de seu entorno assim como seu próprio espaço, a fim de traçar um diagnóstico de seu estado atual. De várias possibilidades que existem no Vale, de seu valor histórico e simbólico, há indícios que novas configurações possam ocorrer no centro da cidade e que novas dinâmicas possam revelar outras maneiras de habitar.

LOCAL 2_MINHOCÃO

 

LOCAL 3_AVENIDA PAULISTA

Propondo identificar as possibilidades para constituição de novos espaços públicos, bem como pensar as diferentes formas ou perspectivas de ver e compreender o significado desses espaços coletivos na cidade, o programa ruas abertas para o lazer na cidade de São Paulo, na Avenida Paulista e no Minhocão de domingos e feriados, trouxeram diversas discussões à respeito de tais questões. Desde a necessidade de espaços livres para a prática das diversas atividades de lazer até questões relacionadas ao direito de ir e vir dos moradores da cidade. Propondo identificar as possibilidades para constituição de novos espaços públicos, bem como pensar as diferentes formas ou perspectivas de ver e compreender o significado desses espaços coletivos na cidade, o programa ruas abertas para o lazer na cidade de São Paulo, na Avenida Paulista e no Minhocão de domingos e feriados, trouxeram diversas discussões à respeito de tais questões. Desde a necessidade de espaços livres para a prática das diversas atividades de lazer até questões relacionadas ao direito de ir e vir dos moradores da cidade.
Buscar-se-ia compreender e registrar o potencial de ativação desses espaços perante a ausência de um projeto formal nos mesmos; estudar a relação de apropriação e ocupação do pedestre diante da ausência do automóvel e suas consequências, como por exemplo, a alteração de escala e da atmosfera do espaço perante o ponto de vista do observador; além de uma leitura e compreensão da coexistência cultural e o afeto à paisagem e o espaço físico que tais eventos podem proporcionar ao pedestre.