Existem fronteiras invisíveis no espaço doméstico?
Fronteiras muitas vezes não são vistas ou sentidas de modo perceptível, mas acabam definindo e direcionando as relações de cada um com o espaço. Assunto extenso e fundamental para entender arquitetura, chamou a atenção do grupo, que decidiu tratar do tema na escala da residência com o intuito de lançar um olhar sobre a questão e tentar entender as relações subjetivas, ou seja, invisíveis que são moldadas a partir de diferentes fronteiras do cotidiano.
Nesse sentido, optou-se em analisar o edifício Aymará, na Alameda França, onde um participante do grupo reside e conhece os moradores. Fato importante, pois para entender as relações dentro dos espaços da casa, é preciso entrar no cotidiano de cada indivíduo; e para isso, ter um integrante do trabalho que está familiarizado com os espaços do condomínio e com as pessoas que nele moram, pode facilitar essa aproximação e enriquecer a pesquisa planejada.
Sabe-se que as dinâmicas de cada habitação são distintas, ainda mais em um edifício como esse, em que a diversidade é uma das características principais. Com isso, o grupo pretende entender tais relações por meio de uma pesquisa aprofundada dos diversos apartamentos através de questionários e desenhos, resultando na compreensão dos usos dos espaços e de como eles são adaptados em relação a demanda específica de cada grupo social, suas relações e entorno.
SEspaços do Cotidiano
Um possível entendimento sobre os espaços cotidianos – seja em qual recorte geográfico, apresentando certas variações que se relacionam à mudanças culturais – se dá nas fronteiras que nos separam e nos proporcionam (por vezes pseudo) segurança e privacidade.
Seguindo por esta linha de raciocínio, nos aproximamos do campo de estudos da antropologia, onde especialmente os estudos realizados por Edward T. Hall se evidenciam.
Proxêmica: Organização Espacial e Arquitetura
Neste sentido, o estudo inicialmente proposto se aproxima do campo da “proxêmica”, termo que nasce do trabalho de Hall sobre a organização espacial do seres humanos e, particularmente, como tal organização varia de cultura para cultura. O termo foi cunhado devido à não-existência de outro que designe e abranja, de forma suficiente, o “estudo de micro-espaços como um sistema de bio-comunicações”. O método de organização estrutural e espacial dentro de edifícios e até mesmo comunidades.
Mesmo inicialmente cunhado para o campo da antropologia, não demora muito para este trabalho ser relacionado ao campo da arquitetura. Tal aproximação/relação se intensifica ainda mais com a criação – por Hall – de três categorias de espaço – fixa, semi-fixa e dinâmica – onde paredes e territórios/fronteiras delimitados(as) são fixos, mobiliário geralmente é semi-fixo, e o espaço interpessoal entre os humanos é dinâmico.
No que diz respeito ao espaço do cotidiano residencial, encontramos diversos níveis de barreiras/fronteiras; desde a que nos (privado) separa dos outros (público) até as que nos separa de nós mesmos. São elas divisórias em planta, repartição do espaço interno a favor de programas os quais não damos uso no nosso cotidiano, espaços de transição muito amplos, segregação e repetição de programas em diversos usos da casa.
Aos moradores do Edifício Aymará
Prezado(a) morador(a),
Informo que os alunos abaixo descritos, regularmente matriculados no curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Escola da Cidade – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, junto à moradora do apartamento 92 deste edifício, Carla Diamante Oppido, estão desenvolvendo uma pesquisa sobre o tema: “Espaços do Cotidiano: Fronteiras Domésticas”, onde o Edifício Aymará foi o objeto de estudo elencado pelo grupo.
Integrantes do grupo:
Carla Diamante Oppido;
Conrado Cavani Monteiro;
Enzo Tessitore Bomente;
Helena Kozuchowicz;
Julie Uszkurat Carvalho de Oliveira;
Pol Barjau Canal
Esta pesquisa tem como objetivo identificar diferentes formas de morar em um mesmo ambiente projetado, de forma a nos ajudar a identificar se a maneira que estamos acostumados a projetar está ou não adequada ao convívio paulistano contemporâneo.
A metodologia escolhida se baseia em um breve questionário.
Gostaríamos de convidar você a participar desta pesquisa cujos resultados serão usados única e exclusivamente para um debate acadêmico que acontecerá no final do semestre
Propomos duas opções de participação:
(1) Receber um questionário impresso em casa.
(2) Marcar um horário com o grupo de pesquisa.
Se houver alguma dúvida, pedimos que entre em contato com a Carla.
Haverá um cartaz no elevador para que possam preencher sua escolha.
O grupo em questão está sob orientação dos professores arquitetos Cristina Bemelmans Xavier Papaterra Limongi e Martin Gonzalo Corullon.
A Escola da Cidade – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo está ciente deste projeto e apoia as ações do grupo.
Agradecemos imensamente a participação.
APRESENTAÇÃO
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