CORÉIA, BOM RETIRO
etapa final
a pesquisa finaliza sublinhando o aspecto que desde o começo mais nos chamava a atenção ao percorrer o bairro do bom retiro, localizado no centro da cidade de são paulo. tradicionalmente híbrido no que diz respeito a fixação de grupos étnicos, hoje é muito expressiva nesse espaço urbano a presença de numerosos estabelecimentos cujos donos tem origem coreana. o que aponta essa singularidade são justamente as formulações visuais-comerciais que anunciam os estabelecimentos.
a grande quantidade de chamadas comerciais que estampam o alfabeto coreano nas fachadas dos edifícios têm uma importância imensa dentro do espaço urbano, funcionando como um espécie de ferramenta que estrutura a noção de permanência e existência de uma numerosa comunidade coreana que ali vive.
esses elementos visuais além de acusar o espaço econômico que essa parcela de população participa, é um eixo criador de uma nova identidade urbana para essa parte da cidade. é interessante entender esse papel estrutural para a caracterização de uma ocupação étnica vindo de um elemnto super efêmero mas que abarca uma grande potência de afirmação e comunicação de um grupo social.
dado o valor desses signos, nos ocupamos em criar um ambiente intermediário entre uma documentação gráfica gerada pela vivência intensa durantes meses nos domínios do bairro, que gerou uma produção sobre a paisagem e visualidade do bairro, e outra a partir da vivência em campo, onde naturalmente surgiram relatos sobre a existência e transformações do bairro em função dos novos imigrantes e dos novos tempos. tudo isso condensado em uma publicação.
CORÉIA, BOM RETIRO
etapa 3
a pesquisa se baseia em documentar as relações que se estabelecem entre grande parte população coreana e o espaço urbano onde ela está fixada. entendemos que um dos principais fatores de sinalização e afirmação do estabelecimento desse grande grupo etnico é a comunicação visual empregada na maioria dos estabelecimentos comerciais e serviços geridos por coreanos.
identificamos a construção de uma forte e numerosa comunicação visual, muitas vezes sem tradução para o português, como um aspecto que muito caracteriza boa parte do grupo etnico que habita essa região da cidade; alguns espaços são praticamente exclusivos para a comunidade coreana, como restaurantes, centros de lazer, caraoquês etc.
dada a situação da comunicação visual-comercial acusar a grande incorporação coreana nas camadas comerciais do bom retiro, nosso caminho principal de estudo é apontar para esse mecanismo como grande agente para a construção de uma cartografia de camadas de acesso aos estabelecimentos do bairros. entender como a visualidade desse espaço urbano oferece indicações sócio-culturais desse grupo de imigrantes, além de entender como se arquiteta e articula essa vivência.
optou-se por estabelecer um recorte do bairro do bom retiro para uma análise mais íntima, detalhada, onde se pudesse chegar mais profundamente nas camadas étnicas desse espaço urbano, nunca esquecendo a hibridez cultural que caracteriza o bairro. o recorte não está em favor de reduzir, e sim de exemplificar e apontar uma série de circunstâncias que estruturam o bairro como as confecções têxteis, os estabelecimentos coreanos (restaurantes, lojas de roupas, mercados), a população de diferentes origens, e algumas modificações recorrentes nas tipologias das antigas casas.
CORÉIA, BOM RETIRO
etapa 2
o bairro do bom retiro é marcado por sua face multicultural por abrigar concentrações populacionais de imigrantes desde o ínicio do século passado. passando por italianos, judeus, gregos, coreanos. a constante sucessão e coexistência de diversos povos de matrizes culturais e étnicas distintas naturalmente exerce poder sobre a construção do espaço urbano comum.
o aspecto que nos conecta e instiga a estudar e mapear a influência da população coreana que habita o bom retiro é a visualidade urbana do bairro. a comunicação comercial através de letreiros é a manifestação pública da permanêcia e a da inserção desse grupo de imigrantes no centro da cidade de são paulo.
é a partir dessa camada de superfície visual da informação comercial dos estabelecimentos geridos por coreano que nos infiltramos a fim de investigar a relação deles com a cidade, com o território. a partir de como os pontos comerciais se apresentam para o espaço público podemos ter uma leitura de quem os ocupa/usufrui/habita. pelo fato de muitos desses estabelecimentos não traduzirem as peças visuais que informam a o que servem e até não evidenciarem que o edifício seja comercial, passa a existir uma camada territorial onde só coreanos fazem uso. entendendo essa situação complexa de camadas de acesso da malha urbana de um cidade que a pesquisa se desenvolve.
pretendendo trazer as impressões ao cartografar o bairro do bom retiro e suas dinâmicas a partir do filtro “coréia” propuzemos mapeamentos iniciais categorizando os níveis de acesso através do entendimento dessa comunicação visual. a produção das peças visuais tem relação com o modo que essa própria parte da cidade se apresenta, apontando um relevante e marcante ruído visual de paisagem urbana.
CORÉIA, BOM RETIRO
opção1
_análise espacial do bairro em função dos estabelecimentos coreanos
_documentação visual das tipologias comerciais e singularidades da comunicação dos negócios locais
_levantamento de aparelhos urbanos existentes em função dos fluxos migratórios
_apuramento da história da vinda do grande contigente populacional coreano a partir de pesquisa de campo e entrevistas
a ideia de se aproximar do bom retiro como objeto de estudo é fruto do específico povoamento do bairro. os imigrantes coreanos começaram a vir para o brasil em meados do século passado e têm hoje quase 60 anos de processo de ocupação na área central de são paulo. é de interesse entender as novas dinâmicas urbanas decorrentes da segunda geração desses imigrantes, já naturalizados brasileiros.
dado esse novo contigente populacional, os equipamentos urbanos tem sido influenciados por esse grupo de moradores; o comércio como um todo, o sons do outro idioma, a visualidade do espaço urbano tem se moldado de maneira significativa. o interesse de se aprofundar nessas questões vem a fim de investigar as novas relações de um bairro que desde seu princípio contou com grupos de estrangeiros, além de tocar na questão dos novos híbridos sócio-culturais.
AO LADO DO TEATRO OFICINA
opção 2
o grande descampado que envolve o teatro oficina pertencente ao grupo silvio santos é um ponto na cidade e na história de muitos interesses que se cruzam. o grupo do empresário pretende há anos construir aparelhos urbanos como condomínios e shoppings, passando por cima de lógicas que se propõe a construir uma nova relação com a cidade e por cima das particularidades que o entorno propõe enquanto pré-existência. tudo isso em função da mais uma das grandes vozes privadas que se alinham em um remodelamento febril, especulativo e desenfreado da cidade.
em contraponto de interesses o teatro oficina resiste às iniciativas do grupo, que já visualmente soa como uma resistência frente aos interesses da especulação. além de contar com um quórum de profissionais que constróem ações alternativas e propositivas em relação ao uso da cidade, é um grande centro de referência da história cultural da cidade e do país dos últimos 50 anos de sua produção.
interessante olhar como modelo de ocupação de espaço o terreyro coreográfico. atuadores do oficina há alguns anos vêm ocupando o baixio do viaduto júlio de mesquita filho, próximo ao teatro. com atividades culturais propostas tanto pelos integrantes do grupo como dos moradores do espaço e refugiados africanos, o espaço veio se construindo cautelosamento por essa tríade de agentes sociais, num tipo nunca visto de assentamento num espaço público.
para além de todas as análises dos entruncamentos que o espaço materializa, pensar sobre o espaço em questão é produzir novos pensamentos a respeito de ocupações por parte da sociedade. entender movimentos que vem da esfera cívica e como os transpor para a esfera pública a fim de realizá-los.
CEMITÉRIO DA CONSOLAÇÃO
opção 3
a escolha do cemitério da consolação como foco surgiu da indagação sobre o papel da morte não só no cotidiano mas como também na discussão arquitetônica e urbanística atual.
o assunto ainda é cercado por muito tabu e desconforto, tornando o cemitério ambiente inutilizado e muitas vezes evitado na cidade, mesmo estando na região central. nos questionamos como a relação da cidade e o espaço do cemitério acontece hoje, e por contraste como poderia ser mais proveitosa no futuro.
é de interesse entender também as lógicas que mantém a grande área quase isenta de especuladores, qual o lugar desse espaço na sociedade e nas dinâmicas de uma cidade como são paulo.
logo, pretendemos estudar tanto a maneira como os cemitérios atuais funcionam e poderiam transformar-se em ambientes de convivência, como também propor novas soluções para a relação do ser humano e da cidade com a morte.
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