QUARTA ETAPA
O modo como pensamos interfere diretamente no modo como fazemos e vice-versa. Nesse sentido, os nossos conceitos, ideias e percepções são diretamente materializadas nos projetos arquitetônicos que fazemos e esses projetos interferem também os conceitos, ideias e percepções daqueles que os habitam. Assim, crescemos e desenvolvemos nosso indivíduo, recebendo cotidianamente através do espaço, regras sociais estabelecidas pela nossa cultura.
Dentre essas regras determinantes de cada espaço existem as regras que regem a sexualidade. O modo como pensamos ou entendemos a sexualidade faz com que os espaços que projetamos sigam a mesma exige.
Para entender esse legado cultural da sexualidade analisamos a revista Playboy a partir do livro “Arquitetura e Sexualidade. 1000m2 de deseo” do Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona a fim de perceber através da pornografia e dos projetos de casas para homens solteiros (feitos pela revista) o conjunto de regras que regem a sexualidade no contemporâneo, com vestígios de sua ancestralidade católica e patriarcal.
Assim, abrimos uma questão chave para o trabalho; Como o desenho do espaço determina o comportamento sexual de seus habitantes? Como condiciona valores morais sobre a sexualidade? Sendo ela limitada por espaços que a rodeiam cada vez mais estreitados entre produzir e consumir.
Para essa pesquisa, escolhemos para estudo de campo um recorte da rua General Jardim de dois edifícios; um motel e um edifício residencial com térreo comercial. O uso do térreo do edifício residencial possui uma forte relação com o corpo, a estética e a sexualidade, que transpassa as vitrines das lojas; o motel por sua vez, sendo objetivamente ligado a sexualidade é velado por um muro e se abre para a rua apenas através da porta de entrada, louvando o estigma do espaço do motel como algo rigorosamente privado e velado, mesmo no contexto de sua implantação que possui um uso intenso de programas relacionados a sexualidade, marcada principalmente pela prostituição.
Assim a busca desse trabalho se tornou dignificar a sexualidade no espaço e no tempo criando patamares materiais que contemplem sua existência, a fim de valorizar a heterogeneidade temporal, espacial e cultural. Um desenho do espaço que agregue a sexualidade re-define a nossa relação com a mesma pois a torna aceitada e não negada. O modo de pensar sexualidade e de fazer arquitetura tem o potencial de criar patamares para que as pessoas possam experimentar sua sexualidade e descobrir seu gozo.
Nessa relação do motel com a rua, o trabalho se direciona para a máxima intersecção entre o espaço privado/velado e o espaço público: a fachada. Essa intersecção é marcada atualmente, por uma rigidez que nega as possibilidades de interação, e o proposta da fachada visa escancarar a sexualidade sobre a rigidez frívola de seu desenho atual.
A proposta consiste em uma estrutura metálica parasita, aplicada no primeiro e no segundo andar do edifício, que se estende 1,4m sobre a rua, criando uma marquise para o térreo e um conjunto de varandas para os andares superiores, dando continuidade aos quartos existentes e estreitando possibilidades de diálogos através de elementos visuais.
Além disso, a fachada possui uma série de dispositivos que ativam e suscitam conversas entre o espaço privado do motel e a rua. As fachadas são predominantemente compostas por brises que se movimentam permitindo vistas ora obtusas, ora nítidas. Cabendo sempre ao usuário o controle de suas aberturas.
Essa extensão de 1,4m é em um dos quartos designada à implantação de uma banheira, exposta através de uma variação de vidros e brises na fachada frontal que vetam parcialmente a nudez, alegoricamente como uma tarja de censura.
Nas fachadas laterais, estruturas destinadas aos fumantes são dispostas através de assentos móveis que rotacionam e permitem uma exposição total com a rua.
Por último, nas frestas desse complexo, dispõe-se um espelho, angulado que permite a um passante, em determinado ponto da calçada, romper com o distanciamento entre os espaços, espiando o que está acontecendo entre as paredes de um dos quartos.
Para além da estrutura parasita, o projeto também contempla uma reforma no térreo do edifício, abrindo visualmente a cozinha para a rua e criando uma extensão da calçada que invade a recepção do motel conformando uma pequena praça que dá suporte às prostitutas e aos demais usuários do motel. Assim o motel se unifica ao complexo do edifício residencial vizinho e configura um térreo que dialoga com a condição urbana.
Para além das impossibilidades sistemáticas e burocráticas da realização do projeto, ele se realiza como um projeto manifesto tencionando confrontos consolidados no tecido social sobre a ótica da sexualidade e seus desdobramentos no espaço quando (re)velado.
TERCEIRA ETAPA
O modo como pensamos interfere diretamente no modo como fazemos e vice-versa. Nesse sentido, os nossos conceitos, ideias e percepções são diretamente expressos nos projetos arquitetônicos que fazemos e esses projetos interferem também os conceitos, ideias e percepções daqueles que os habitam. Assim, crescemos e desenvolvemos nosso indivíduo, recebendo cotidianamente através do espaço, regras sociais estabelecidas pela nossa cultura. Dentre essas regras determinantes de cada espaço existem as regras que regem a sexualidade. O modo como pensamos ou entendemos a sexualidade faz com que os espaços que projetamos sigam a mesma exige. Assim, abrimos uma questão chave para o trabalho; Como o desenho do espaço dialoga com a sexualidade de seus habitantes? Como condiciona valores morais sobre a sexualidade? Sendo ela limitada por espaços que a rodeiam cada vez mais estreitados entre produzir e consumir.
Elegemos um recorte na rua General Jardim que possui uma série de usos relacionados ao corpo, a estética, a sexualidade e expressão, composto por um edifício residencial com térreo comercial contendo uma loja de colchões, um salão de beleza e uma alfaiataria, próximo a isso temos ainda um estúdio de tatuagem, outro salão de beleza e um motel. Na região analisada em questão, há características expressivas que são importantes pontos para compreendermos as dinâmicas urbanas dessa situação, decorrentes do contexto urbano da região central de São Paulo. É possível perceber como os impulsos, intrínsecos a condição marginal do lugar, influenciam na permissividade sexual no espaço público, somado a isso, diversos usos presentes no lugar espelham, como desdobramento, dessas dinâmicas.
Este trabalho em questão busca, através de leituras gráficas e sensitivas, entender como essas diversas interfaces se relacionam e garantem um caráter único a este lugar. Além disso, buscamos tensionar, através de intervenções no espaço público, confrontos consolidados no tecido social sobre a ótica da sexualidade e seus desdobramentos no espaço quando (re)velado.
SEGUNDA ETAPA
O modo como pensamos interfere diretamente no modo como fazemos e vice-versa. Nesse sentido, os nossos conceitos, ideias e percepções são diretamente expressos nos projetos arquitetônicos que fazemos e esses projetos interferem também os conceitos, ideias e percepções daqueles que os habitam. Assim, crescemos e desenvolvemos nosso indivíduo, recebendo cotidianamente através do espaço, regras sociais estabelecidas pela nossa cultura.
Dentre essas regras determinantes de cada espaço existem as regras que regem a sexualidade. O modo como pensamos ou entendemos a sexualidade faz com que os espaços que projetamos sigam a mesma exige.
Assim, abrimos uma questão chave para o trabalho; Como o desenho do espaço determina o comportamento sexual de seus habitantes? Como condiciona valores morais sobre a sexualidade? Sendo ela limitada por espaços que a rodeiam cada vez mais estreitados entre produzir e consumir.
Analisando a revista Playboy a partir do livro “Arquitetura e Sexualidade. 1000m2 de deseo” do Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona percebemos que a pornografia e os projetos de casas para homens solteiros (feitos pela revista) explicitam o conjunto de regras que regem a sexualidade no contemporâneo, mas com seu legado histórico; catolicismo e patriarcado.
Muitas mulheres vivem submetidas pelo desejo sexual dos homens que atuam com “liberdade”, uma liberdade sem dúvida mal entendida, pois não é nada além de abuso e opressão. Mesmo sob o privilégio do patriarcado, os homens também são obrigados a responder às tais regras sociais e não são livres para vivenciar o desejo em plenitude.
Essa sexualidade oprimida e castrada também não tem vazão para existir em todos os espaços, pelo contrário, a sexualidade é aceita pelo conjunto de regras apenas dos espaços privados.
Além das regras determinantes de cada espaço existem as regras determinantes de cada tempo. a sexualidade tem um espaço determinado para existir e um tempo; um contra-tempo pode-se dizer, um tempo “heterocronológico” que se opõe à iminência do tempo da sociedade, como revela Chico Buarque na música “Samba e amor”.
A busca desse trabalho é dignificar a sexualidade no espaço e no tempo criando patamares materiais que contemplem sua existência, a fim de valorizar a heterogêniedade temporal, espacial e cultural. Um desenho do espaço que agregue a sexualidade re-define a nossa relação com a mesma pois a torna aceitada e não negada. O modo de pensar sexualidade e de fazer arquitetura tem o potencial de criar patamares para que as pessoas possam experimentar sua sexualidade e descobrir seu gozo.
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