O ESPAÇO DO COTIDIANO | Grupo 39

Quem é o nômade/hacker/xamã?
Difícil responder essa pergunta nos dias de hoje, sem cair em chavões pessimistas. Em um mundo que caminha para a construção de divisões físicas, para barreiras intransponíveis, o nomadismo passa a ser mais uma necessidade de sobrevivência do que um modo de vida. Inserido num contexto capitalista, só é nômade por opção aqueles que perseguem pelo mundo o seu capital financeiro virtual, que se locomove instantaneamente. À esmagadora maioria resta atravessar mares em botes improvisados, por caminhos renegados, atrás de promessas de oportunidades que existem do outro lado das linhas traçadas no mapa, em locais que tem pouco apreço pelo trabalho que eles podem oferecer. Essa dinâmica se retroalimenta, com o capital sumindo dos locais físicos com a mesma facilidade que aporta em novos territórios. Mensagens são instantâneas, transferências bancárias também, mas corpos não.
Frente a essa realidade como ser otimista? Sem terra incógnita, há espaço para o corpo experimentar novas formas de se viver? Afinal, se é o corpo que media nossa relação com a realidade, é ele também que sofre os abusos de um sistema opressor. Os corpos são os últimos redutos da felicidade. Sem perder de vista a mais virtual das barreiras, o trabalho proposto parte justamente do corpo para construir uma ode ao nomadismo. Esse ser conceitual caminha por entre as tramas do sistema, atravessa ângulos impossíveis, não reclama nada para si, ainda que divida o que não tem. O nômade/hacker/xamã é um peregrino utópico por um mundo que ele reconhece como distópico.

 

Experimentações sobre as ações de um cotidiano nômade 

indice

repousar

_____________objeto A: casulo _____________

casulo

 

“parar um momento e refletir

refletir para construir algo com um simples material

papel

material esse que não precisa de mais nada para se sustentar

suas dobraduras são capazes de formar um habitáculo

e ao entrar

um ambiente geométrico e aconchegante surge

inesperado com suas diversas formas

que isola o exterior e busca o escuro

que possui uma complexidade

porém uma enorme simplicidade

papel

dele surge o verbo dormir”

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_____________ objeto B: Hershey’s Kisses _____________

kisses

 

“vem de súbito: qualquer lugar e qualquer momento. me sento.

o que aquece e enfeita agora abriga e escurece.

durmo”

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_____________ objeto C: nuvem sleeping bag _____________

bolsa

“Me encontrava escondida entre os arranha-céus da avenida da perdição. A mesma pela qual carreguei a nuvem o dia inteiro. Portar uma nuvem nas costas era fácil, o difícil era andar toda vez naquela rua sobrecarregada de ímpetos. Mas hoje eu estava tranquila, sobrelevada de toda essa realidade caótica, agora sendo carregada pela minha nuvem.”

 

dormir_julia

 

_____________ objeto D: capuchila _____________

capuchila2

“Lugares distintos passo,

Observando como se o mundo fosse só meu,

Não me apego , só observo,

Caminho sempre sem rumo,

Paro , durmo, tranqüila em um casulo.”

 

dormir_paloma

 

_____________ objeto Ehackercheirazarchy _____________

hazanis

“Tive poucas experiências com costura durante minha vida. Quando eu era criança, minha vó tricotava roupas para bonecas.  Lembro que era um fio só e ela ia passando e repassando ele de um jeito que beirava a mágica para os meus olhos e no fim surgia um casaco, ou uma saia, que ela colocava numa sacola já cheia de outros modelos de roupa que eu mal sabia diferenciar. Ainda hoje me pego tentando entender como com de um fio só surge uma forma tridimensional, uma espécie de impressora 3D manual.

Fiz uma pequena incursão pelo ponto cruz. Minha tia bordava e resolvi que iria dominar aquelas técnica de pixel art analógica. O pixel art foi uma moda na minha época de faculdade e me interessava essas conexões entre o virtual e o real. Mas, aparentemente, eu comprei um tecido de trama muito fina e tinha que ficar contando quadradinhos aos montes. Nunca terminei meu Super Mario.

Depois foram os Toy Art de tecido. Eles tinham um acabamento engraçado, mas ganhei um pouco de dinheiro com meus coelhos caveira. Não achei nenhuma relação com alguma tecnologia digital. Deixei apenas como curiosidade para vocês.

Hoje mais cedo, com a face mais próxima ao concreto do que eu gostaria, fiquei pensando em como eu tinha imaginado essa roupa do nômade: um tira soneca para pequenos intervalos de deriva. Junto ao poste de maneira incomoda, sendo mais fácil me prender a ele do que me soltar, lembrei-me de minha vó. Quando a questionavam por que ela não costurava roupas em escala um para um ela respondia sem pestanejar: Boneca nunca reclama.”

dormir_vitor

se expressar

_____________ objeto F: flautista _____________

parecia improvável, mas possível

uma flauta e centenas de sons

sons

sentimentos que podiam ser transmitidos

angústia, melancolia, felicidade

até mesmo frases que poderiam ser reproduzidas

afinal palavras não são nada menos do que sons

sons juntos

separados

com ritmo

sem ritmo

apenas

sons

_____________ objeto G: imã de geladeira _____________

g-expressar_victoria

 

Caminhando pela cidade: um objeto. Uma placa talvez, uma pequena placa. Nela flutuam, aleatoriamente, pequenos quadrados.

As placas se repetem, aparecem e reaparecem nos espaços da cidade. Quadradinhos organizados de maneiras diversas. Linhas, formas, letras, números…

 Aleatoriamente?

Os quadradinhos podem ser rearranjados nas placas ao gosto de quem os muda.

O que querem dizem?

Diferentes expressões, comunicação aérea e não simultânea.

 

_____________ objeto H: pulso _____________

h-expressar_julia

!…!…!…!…!…!…!…!…!…!

!!..!!..!!..!!..!!..!!..!!..!!..!!..

!i!i!i!i!i!i!i!i!i!i!i!i!i!i!i!i!i!

!…….!…!…….!…!…….!…!.

…..!..!..!…!….!….!……!…..

_____________ objeto I: conectados _____________

i-expressar_paloma

A escrita me conduz a percursos que não conheço,

Caminho rapidamente, paro , observo…

Vejo  semelhantes ao meu redor,

Nos conectamos através de nossos pontos, que cada vez  ficam maiores,

A conexão é tão forte que toma tudo ao nosso lado,

Como se fosse um grande mar de pontos.

_____________ objeto J: o bom viajante não tem coração _____________
j-expressar_vitor

Tive uma vida antes dessa. Nela eu estaria sentado num sofá, que até não cagaria minhas costas, assistindo alguma coisa, que até não me faria bocejar, em algum canal merda e esperando mensagens que nunca chegariam no meu celular.

Mas cá estou eu enfiado nesse buraco de ventilação, molhado até a alma, aguardando enquanto essa chuva deixa de ser um dilúvio e volta àquela vibe molha-trouxa de duas horas atrás. Nem o cigarro eu consigo acender com meus dedos tremendo desse jeito, quem dirá fazer pegar esse isqueiro xing-ling.

<assovio>

Escutou isso? É difícil encontrar outro nômade nesse sertão de neon, mas aparentemente aquelas pecinhas colocadas no poste serviram para alguma coisa.

Essa nômade no caso…

Estabelecemos comunicação algumas semanas atrás, mas ainda não nos conhecemos pessoalmente, se é que você me entende. Pessoas nessa cidade são arredias por natureza, mas nômades… nômades são a encarnação da solidão. Fazia tanto tempo que eu não topava com outros dos meus, que a primeira vez que tentei falar com ela usando essa mangueira amarela, devo ter soado como um neandertal. Como esse troço é feito para comunicação a distancia, tudo passa a ser uma questão de precisão. É igual tocar violão: você pode até pegar rápido um sim; não; cuidado, polícia; mas são anos de prática para dominar conceitos mais abstratos tipo: veja aquele idiota com chapéu verde.

O contato visual ajuda bastante. Porque, mesmo de longe, ver a maneira como a outra pessoa segura o objeto, como ela o gira, o que ele aponta, enfim, ajuda a desfazer alguns possíveis mal-entendidos. Pense naquelas malditas mensagens de texto: você pode até colocar um smile no lugar do ponto final, mas nada melhor do que um sorriso, emergindo dos lábios da outra pessoa, à distancia das mãos, numa mesa de bar. Não que nós tenhamos conversado tão perto assim ainda. Se fosse o caso, não precisaria de toda minha memória muscular e espaço – que está em falta nesse momento – para reproduzir os movimentos necessários para estabelecer uma conversa casual entre nomades. Mas eu vi a maneira que ele se move… Ah! O jeito como ela salta de um prédio para o outro; a ordem que ela sugere as palavras; a pose que ela faz para olhas as estrelas…

*suspiro*

Ei! Não fique tão chocado. Com o tempo de estrada você vai aprendendo a ler as coisas além da superfície. Pessoas dizem mais do que querem com o corpo do que com as palavras. É sério! Li uma vez isso em algum lugar. É tipo uns 70%, sei lá.

Enfim, chega de conversa fiada, vamos ao que interessa: deixe me ver… “você estava bonita ontem à noite”… giro para a esquerda, semicírculo à direita e deixa o som morrer sozinho. Ah garoto!

Bom, vamos ver o que ela responde… Sabe, quem inventou essa merda era um babaca escroto. Tudo bem que o som agudo funciona bem no ambiente urbano – se você subir num prédio bem alto, lá de cima só dá para escutar o som estridente dos motores das motos -, mas ninguém garante que o outro recebeu a mensagem. Pelo menos no whatsapp tinha aquele double check  <assovio> azul.

Calma aí! Já não bastasse essa chuva batendo nesse zinco… Como foi mesmo? Som longo ascendente – nunca lembro esse –, assobio baixo entrecortado – significa “te” tenho certeza! –, som curto seguido de um bem longo – Essa chuva fode tudo… Som ascendente – ou foi descendente? –, som baixo entrecortado e som curto seguido de um bem longo. Foi isso mesmo? Se não fosse um movimento tão complicado poderia pedir para ela repetir, mas vamos com o que temos. O do meio era “te”, estou bem certo disso. O primeiro era “eu” ou algo ligado a “dentro”, “no intímo” – foi descentende, né? O terceiro – se meu bloquinho não estivesse derrentendo nessa chuva ácida eu teria anotado…

Eu… Eu… Eu te quero? Eu te gosto? Como assim? Ela não pode estar falando sério… O que eu respondo agora???

Calma, respira!

Giro em oito duplo, apito puxando o ar para dentro, espiral invertido e vai! Foi! *suspiro* Espero que ela seja melhor do que eu nisso, porque olha, tá fácil não… Difícil conversar quando você não vê o outro. Estou me repetindo já. E conversando com vozes na minha cabeça. Perfeito! Sabendo lidar bem com a situação.

<assovio>

Quê! Como assim “vai se fuder”?! Olha aqui, som ascendente, som baixo entrecortado e som curto seguido de um beeeeem longo é, e qualquer nomade bem sabe…

“Fora Temer”

Caralho era ascendente aquela merda…

Fo-ra-Te-mer… Imbecil de merda. Imagine só o que você mandou para ela.

*suspiro*

Bom, espero que eu ainda lembre aquele movimento longo e complexo que nós nomades usamos para pedir desculpas.

alimentar

_____________ objeto K: homem-horta _____________

k-alimentar_isa

plantar e criar raiz

mas não uma raiz permanente

raiz móvel

raiz nômade

raiz que alimenta

e que acompanha

raiz que usa a luz do dia

e da noite

raiz que cresce

que vive

e que experiencia

a cidade

_____________ objeto L: bandeco _____________

l-alimentar_victoria

-vou querer um queijo quente e um suco.

-pra comer aqui ou pra viagem?

-pra viagem!

Correria, pressa, falta de tempo e comida pra viagem. Comer em pé, em dez minutinhos e de qualquer jeito.

Eu não. Eu sento, me preparo e ajeito tudo. Comer pra mim é quase um ritual. Não, não é quase, é de fato um ritual.

_____________ objeto M: litogastronomia _____________

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Depois de instruções muito confusas do homem-conduite, consegui chegar no lugar onde poderia arranjar as tão faladas pastilhas. O Litoguia tinha feito uma crítica muito boa esse mês de um boteco que serviam pastéis de pastilhas e parecia que era um ingrediente difícil de se arranjar, fiquei com as pastilhas na cabeça a semana toda. Eu tinha acabado de lixar umas pepitas urbanas e tinha uma quantidade suficiente que poderia servir de tempero para uma porção individual. Ia fazer pasti-tartare, crua, temperada e fresca! Estava ansiosa para mais um gastroexperimento, tinha ficado muito boa na litoculinária nos últimos tempos. Enfim, chegando na Av Ipiranga número 200 fiquei olhando e pensando como ia conseguir colhê-las com aquela rede azul de pesca. Malditos pescadores industriais! Desse jeito fica impossível de tentar conseguir qualquer coisa… a não ser…
Vi um furo na rede e comecei a escalar tão rápido que não olhei pra baixo uma vez. Quando cheguei no buraco e coloquei minha mão para o outro lado, tinha coletado um punhado cheio de pastilhas! De repente senti um frio na barriga. Eu estava em queda livre! A rede começou a ceder e o furo virava um rasgo cada vez maior! Uma tempestade de pastilhas me acompanhavam na descida, parecia uma alucinação! Dizem que quando se está a beira da morte, você vê sua vida em flashback. O que eu vi não eram os highlights da minha sobrevivências, mas os melhores lito pratos que preparei.

_____________ objeto N: recarregar _____________

n-alimentar_paloma

Rumos são traçados através de minhas passadas,

Através do meu calor me recarrego, sigo o meu rumo,

Ando por diversos lugares, sem prumo, sem apegos, apenas sigo…

Buscando algo que não vivi.

_____________ objeto O: totem _____________

o-alimentar_vitor

sigo atento aos marcos, que
verticais apontem para
o teto do céu

quantotempo até que eles
notem nossa insignificância
e tomem decisões por sua conta

antontem ainda
totemicomo nunca que suas
paciencias se esgotem

sintotencionado esse frágil acordo

retomem suas vidas
voltem-se para longe
da sombra desse totem

higienizar

_____________ objeto P: paradoxo urbano _____________

p-higienizar_isa

e no meio de todo o caos da cidade

um momento

para mudar

para observar

para manter o corpo

privado

em um espaço que ainda não aceitou-o por inteiro

_____________ objeto Q: midas _____________

q-higienizar_victoria

Peguei as chaves, toquei na maçaneta e tranquei as portas. Na faixa apertei o botão do farol de pedestres. Apanhei as moedas, uma a uma, juntei o dinheiro da condução e entrei no ônibus. A catraca estava dura, segurei forte e empurrei. Agarrei no corrimão pra não perder o equilíbrio. No ponto certo, desci.

Peguei, toquei, apertei, apanhei, segurei, agarrei e assim deixei meu rastro de limpeza. Higienizo tudo que toco.

_____________ objeto R: orelhão_____________

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Finalmente parei pra tomar um banho, desenrolei a capa e montei a cortina. Tirei do gancho o telefone e o posicionei no topo, pois hoje era dia de lavar o cabelo. Coloquei meus 10 centavos e disquei 48. Saiu uma voz anunciando “Você tem 10 minutos de chuveiro. A temperatura é de 48 graus.” e a água começou a sair. O dia passou pela minha cabeça, me forçava lembrar das coisas que tinha que fazer amanhã. O Horta estaria me esperando bem cedo, vou levar um pouco de água pra ele. Coletei algum volume de água no meu recipiente de shampoo e guardei. O chuveiro desligou logo depois. “Merda”, pensei. Ainda tinha os cabelos cheios de espuma e só me restavam moedas de 50 centavos.

_____________ objeto S: caminhos _____________

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Após essa longa trajetória, cansada, paro , respiro…

Me limpo de todas as impurezas que ali ficaram após essa longa caminhada,

Busco na cidade essa calma, um ambiente para me libertar,

Observo tudo ao redor, buscando algo que me guie para um novo rumo.

_____________ objeto T: os três maus caquinhos _____________

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Prefiro não ver, se ver se resume ao cadáver da mesma notícia de revista toda manhã. Hasta la vista!

Prefiro não escutar a mesma cantilena para boi arar o campo, se divertir direito e não pegar sarampo.

Prefiro não falar. Falar diz tudo mas não explica nada. Só o tato tem ouvidos para a poesia concreta.

 


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<o biombo>

Este invólucro, encontrado no vigésimo andar de um famoso edifício da cidade, surge em espaços residuais e/ou subutilizados.

Submetemos-o a diversos testes para averiguar se possuia algum vestígio radioativo, antes de nossos técnicos o desmontarem. Nada foi encontrado.

Preso habilmente em vergalhões, as suas várias camadas criavam diversas espacialidades em seu interior, ora com mais, ora com menos luz.

Colocando suas vidas em risco, nossos intrépidos investigadores desmontaram o objeto a dezenas de metros do chão, removendo as linhas de pesca que o mantinham fixo no brise.

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<a rede>

Curiosamente chamada pelo mesmo nome que nossa respeitável instituição, esse objeto foi encontrado por um guarda noturno numa rua – pretensamente – privada. Mantida suspensa no ar entre dois edifícios, tivemos dificuldade de saber a qual dos dois identificar como vítima desse atentado.

Outra dificuldade foi conseguir autorização das duas instituições para entrar nos edifícios. Com as mesmas obtidas, pudemos subir tranquilamente para realizar o desmanche da rede.

Presa por cordas – o mesmo material utilizado em sua confecção – nos guarda-corpos dos edifícios, a rede pesava 17,6 quilos. Uma equipe inteira de investigadores foi mobilizada para garantir a segurança na operação.

Nossos especialistas garantem que todos os 13,8m2 da peca foram tricotados. Eles estipulam que, devido à diferença da padronagem formada pelos pontos e à seu tamanho, seja um trabalho executado à oito mãos. Uma única linha da teia é ainda tema de acirrados debates: devido à sua precariedade, alguns acreditam que tenha sido feita por um quinto elemento, que assim que viu seu trabalho, desistiu.

Separados os fios, ficamos embarassados com a extensão de material utilizado por essas mulheres nômades: impressionantes 856,2m.

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<a cortina>

O objeto referido como a cortina, ou cortina simplesmente, foi encontrada após a verificação de uma chamada a cerca de um outro objeto encontrado: a lente. Um trauseunte a encontrou pendurada sobre o guarda-corpo da Galeria Metrópole e acionou a R.E.D.E..

Assim que nos debruçamos sobre a lente, e vimos para onde ela apontava, foi uma questão de tempo até entender como a mulher nômade escondia suas mensagens subversivas pela malha urbana. Arquivamos a lente e passamos um bom tempo tentando quebrar o código cromático.

Concluímos que era o trabalho de mais de uma pessoa: os pontos da linha de costura variavam de forma para forma.
Talvez isso comunique algo, mas nossas análises não apresentaram nada conclusivo.

Adaptamos um de nossos visores para enxergar como a mulher nômade. Apesar de alguns agentes apresentarem quadros de labirintite, facilitou identificarmos as cores que continham o código e quais eram camuflagem.

A fim de fazermos uma análise mais detalhada das peças, montamos um molde de papel de cada uma delas e as separamos por cores frias e quentes.
Imprimimos também um gráfico com sua configuração original e recortamos amostras dos tecidos para analisarmos a composição de suas fibras.

Protegidos em nossas roupas especiais – feitas de uma espécie de napa ultra resistente – manuseamos os retalhos com muito cuidado. Estudos revelaram que eram feitos de uma tecelagem comumente usada em vestidos tradicionais coreanos.

Comparamos então essas amostras as vestimentas típicas desse país e é impressionante: as evidências conferem.

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<fim das investigações>

A figura da mulher nômade não é estranha a R.E.D.E.. Revirando casos antigos encontramos diversos utensílios que, olhados agora sob a luz de nossas novas descobertas, revelam-se parte do universo dessa personagem. A maioria encontra-se em estágios menos complexos do que os casos anteriormente abordados neste anexo, quase como proto-objetos, testes individuais, que se refletem nos objetos maiores, coletivos.

Reunimos esses objetos na página a seguir, classificando-os dentro de padrões mínimos conforme os usos que seus desenhos parecem sugerir. As fotos utilizadas são de nossos destemidos investigadores vestindo e/ou usando esses itens, expondo-se aos efeitos do nomadismo.

APRESENTAÇÃO