1. Introdução
Segundo Silva Filho; “No final do século XIX, quando foram projetados os primeiros veículos motorizados, não se imaginava o impacto que esta invenção traria para as cidades e para a vida das pessoas. A partir do fim da Primeira Guerra Mundial, no inicio do século XX, foi possível a massificação na produção automóveis, através dos sistemas de fabricação desenvolvidos por Henry Ford nos Estados Unidos e William Morris na Europa. Além disso, devido à automatização do processo de montagem, iniciou-se um processo de queda nos preços dos automóveis, causando a intensificação na comercialização.
No Brasil e em outros países da América Latina, a evolução automotiva chegou somente após a Segunda Guerra Mundial. Já́ na década de 30, fabricas estrangeiras como a Ford e a General Motors, instalaram suas linhas de montagem no pais. Porem, foi somente em 1956, durante o governo de Juscelino Kubitschek, que as multinacionais automotivas começaram a produzir seus automóveis em grande escala.
A partir desse momento, ruas e calcadas que antes eram tomadas por carroças e pedestres, começaram a ceder espaço para os automóveis. O espaço ocupado pelos mesmos foi aumentando gradualmente, tornando-se um fator importante no planejamento urbano. Por consequência, em razão deste aumento, a demanda por espaços para guardar veículos aumentou proporcionalmente[1]”.
De acordo com o programa Typology City Guide; “Nos anos 1940, circulavam em São Paulo apenas 50.000 carros, mas os congestionamentos já eram um problema. Nos anos 50, o Relatório Moses[2] encorajou a construção de estacionamentos para limitar a quantidade de carros estacionados nas vias públicas. Uma iniciativa veio do arquiteto Rino Levi para construir edifícios de estacionamento: ele construiu o primeiro em 1954, a Garagem América (…) Em 1955 o prefeito de São Paulo isentou todas as torres de estacionamento no centro, com capacidade de pelo menos 50 vagas, das taxas municipais por 10 anos. A Lei foi a primeira iniciativa da municipalidade de São Paulo para resolver o problema de estacionamento no centro[3]”.
Durante os anos 60 e 70 diversos edifícios garagem foram construídos no centro da cidade de São Paulo.
Na direção oposta ao pensamento existente nas décadas de 50, 60 e 70, o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo (Lei 16.050 de 31 de julho de 2014) pretende incentivar o uso do transporte coletivo. Neste sentido, promove o estímulo à construção de edifícios garagem nas regiões próximas a terminais de metrô, trem e ônibus, e mais distantes do centro, permitindo que os munícipes deixem seus automóveis nestas garagens e utilizem o transporte público para o deslocamento às regiões mais centrais.
Ao mesmo tempo o Plano Diretor promove incentivos para a construção de moradias e edificações de uso misto em regiões centrais.
2. Proposta
Diante do protagonismo histórico que o carro assumiu nas últimas décadas, percebemos que a manutenção da cidade a partir do transporte individual torna-se inviável. As ruas, avenidas e viadutos, não dão mais conta de abrigar a frota de automóveis; a criação de novas vias automotivas não será a solução dos congestionamentos. O incentivo à utilização e ao crescimento do transporte público que viabilize a transposição centro-periferia é essencial para a manutenção da vida urbana.
Os edifícios garagem são símbolo do protagonismo que automóvel (como um modal de transporte individual) assumiu em nossa sociedade. Entendemos que estes espaços deveriam ser ocupados e remodelados para assumir outros fins de interesse coletivo e social.
Como recorte inicial para o projeto de intervenção selecionamos alguns edifícios garagem na região central:
- Garagem Automática Roosevelt – localizada na Rua Nestor Pestana, 121; construída entre 1964 e 1967 para a Liga das Senhoras Católicas e para a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; arquitetos Abelardo de Souza e Bernardo Vaisman; construtora Aresta Ltda; 38 andares e 539 vagas;
- Garagem Roosevelt- localizada na Rua Nestor Pestana; 10 andares e 196 vagas;
- Garagem Automática San Siro – localizada na Rua da Consolação, 242; construída em 1969; arquiteto A. Danilovic; engenheiro J Kassoy & M Franco; construtora Construvel; 36 andares 300 vagas
- Garagem Automática Senador – localizada na Avenida Senador Queiróz, 463; construída em 1967; construtora Nagibi Rizcala; 29 andares e 586 vagas
[1] Filho, Luiz Renato da Silva: Diretrizes Para o Desenvolvimento de Edifícios Garagem Próximos a Estações de Metrô na Cidade de São Paulo, Com Base na Nova Lei de Incentivo Descrita no Novo Plano Diretor – Estudo de Caso de um Empreendimento de Base Imobiliária – Trabalho de conclusão de pós-graduação em Engenharia de Construção Civil e Urbana – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
[2] Programa de Melhoramentos Públicos para a Cidade de São Paulo, encomendado pelo Prefeito Lineu Prestes para a International Basic Economic Corporation de Nova Iorque em 1950
[3] Typology City Guide – By the Design Studio Emanuel Christ and Christoph Gantenbein, ETH Zurich
Terceira Etapa
ATLAS GARAGEM AUTOMÁTICA
3. Aprofundamento
Após realizada a seleção inicial de Edifícios Garagem escolhemos aprofundar nosso projeto de intervenção na Garagem Automática Roosevelt.
Decidimos por manter a estrutura principal do edifício e seus principais eixos de circulação vertical, adaptando os elevadores e seus maquinários para atender as demandas de uso. As plataformas de elevador localizadas nas extremidades do edifício (1 e X) serão mantidos e utilizados para serviço (por exemplo, para a circulação dos carros e de materiais); os elevadores 2 e 6 serão retirados para a criação de vãos livres e passarelas de circulação e integração dos dois eixos internos; as plataformas 3 e 5 serão transformadas em 4 elevadores adaptados para o transporte vertical de pessoas e a plataforma 4 será retirada para a passagem da escada de emergência.
Nossa proposta se fundamenta em criar espaços de interação e troca, a partir da criação de espaços de habitação, espaços de descansar, cozinhas, banheiros, espaços de leitura, de estudo, de plantio, dentre outros.
Quarta Etapa
1. Introdução
Segundo Silva Filho; “No final do século XIX, quando foram projetados os primeiros veículos motorizados, não se imaginava o impacto que esta invenção traria para as cidades e para a vida das pessoas. A partir do fim da Primeira Guerra Mundial, no inicio do século XX, foi possível a massificação na produção automóveis, através dos sistemas de fabricação desenvolvidos por Henry Ford nos Estados Unidos e William Morris na Europa. Além disso, devido à automatização do processo de montagem, iniciou-se um processo de queda nos preços dos automóveis, causando a intensificação na comercialização.
No Brasil e em outros países da América Latina, a evolução automotiva chegou somente após a Segunda Guerra Mundial. Já na década de 30, fábricas estrangeiras como a Ford e a General Motors, instalaram suas linhas de montagem no país. Porém, foi somente em 1956, durante o governo de Juscelino Kubitschek, que as multinacionais automotivas começaram a produzir seus automóveis em grande escala.
A partir desse momento, ruas e calçadas que antes eram tomadas por carroças e pedestres, começaram a ceder espaço para os automóveis. O espaço ocupado pelos mesmos foi aumentando gradualmente, tornando-se um fator importante no planejamento urbano. Por consequência, em razão deste aumento, a demanda por espaços para guardar veículos aumentou proporcionalmente[1]”.
De acordo com o programa Typology City Guide; “ Nos anos 1940, circulavam em São Paulo apenas 50.000 carros, mas os congestionamentos já eram um problema. Nos anos 50, o Relatório Moses[2] encorajou a construção de estacionamentos para limitar a quantidade de carros estacionados nas vias públicas. Uma iniciativa veio do arquiteto Rino Levi para construir edifícios de estacionamento: ele construiu o primeiro em 1954, a Garagem América (…) Em 1955 o prefeito de São Paulo isentou todas as torres de estacionamento no centro, com capacidade de pelo menos 50 vagas, das taxas municipais por 10 anos. A Lei foi a primeira iniciativa da municipalidade de São Paulo para resolver o problema de estacionamento no centro[3]”.
Outra resolução de incentivo à construção de edifícios Garagem foi a Lei No 6877 de 11 de Maio de 1966 promulgada pelo então Prefeito do Município de São Paulo, José Vicente de Faria Lima. A lei estabelece que edifícios exclusivamente destinados à garagem coletiva podem construir uma área máxima total (incluindo quaisquer dependências ou edículas) de quinze vezes a área do lote.
Na direção oposta ao pensamento existente nas décadas de 50, 60 e 70, o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo (Lei 16.050 de 31 de julho de 2014) pretende incentivar o uso do transporte coletivo. Neste sentido, promove o estímulo à construção de edifícios garagem nas regiões próximas a terminais de metrô, trem e ônibus, e mais distantes do centro, permitindo que os munícipes deixem seus automóveis nestas garagens e utilizem o transporte público para o deslocamento às regiões mais centrais.
Ao mesmo tempo o Plano Diretor promove incentivos para a construção de moradias e edificações de uso misto em regiões centrais.
[1] Filho, Luiz Renato da Silva: Diretrizes Para o Desenvolvimento de Edifícios Garagem Próximos a Estações de Metrô na Cidade de São Paulo, Com Base na Nova Lei de Incentivo Descrita no Novo Plano Diretor – Estudo de Caso de um Empreendimento de Base Imobiliária – Trabalho de conclusão de pós-graduação em Engenharia de Construção Civil e Urbana – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
[2] Programa de Melhoramentos Públicos para a Cidade de São Paulo, encomendado pelo Prefeito Lineu Prestes para a International Basic Economic Corporation de Nova Iorque em 1950
[3] Typology City Guide – By the Design Studio Emanuel Christ and Christoph Gantenbein, ETH Zurich
2. Proposta
Diante do protagonismo histórico que o carro assumiu nas últimas décadas, percebemos que a manutenção da cidade a partir do transporte individual torna-se inviável. As ruas, avenidas e viadutos, não dão mais conta de abrigar a frota de automóveis; a criação de novas vias automotivas não será a solução dos congestionamentos. O incentivo à utilização e ao crescimento do transporte público que viabilize a transposição centro-periferia é essencial para a manutenção da vida urbana.
Os edifícios garagem são símbolo do protagonismo que o automóvel (como um modal de transporte individual) assumiu em nossa sociedade. Entendemos que estes espaços deveriam ser ocupados e remodelados para assumir outros fins de interesse coletivo e social.
Como recorte inicial para o projeto de intervenção selecionamos alguns edifícios garagem na região central:
- Garagem Automática Roosevelt – localizada na Rua Nestor Pestana, 121; construída entre 1964 e 1967 para a Liga das Senhoras Católicas e para a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; arquitetos Abelardo de Souza e Bernardo Vaisman; construtora Aresta Ltda; 38 andares e 539 vagas;
- Garagem Roosevelt- localizada na Rua Nestor Pestana; 10 andares e 196 vagas;
- Garagem Automática San Siro – localizada na Rua da Consolação, 242; construída em 1969; arquiteto A. Danilovic; engenheiro J Kassoy & M Franco; construtora Construvel; 36 andares 300 vagas
- Garagem Automática Senador – localizada na Avenida Senador Queiróz, 463; construída em 1967; construtora Nagibi Rizcala; 29 andares e 586 vagas
3. Aprofundamento
Após realizada a seleção inicial de Edifícios Garagem escolhemos aprofundar nosso projeto de intervenção na Garagem Automática Roosevelt.
Nossa proposta se fundamenta em criar espaços cinéticos a partir de uma diversidade de programas que se complementem e permitam a permeabilidade do edifício.
A partir da análise do cenário urbano, das novas formas de deslocamento e apropriação dos espaços e das carências da cidade de São Paulo exploramos as possibilidades de ocupação da Garagem Automática Roosevelt a partir de 6 módulos: Cultura, Habitação, Serviço, Produção, Box/ Estoque/ Aluguel, Reciclagem e Compostagem. Estes módulos atuam como quarteirões verticalizados, cada um com uma dinâmica própria de circulação que se adequa aos programas.
A estrutura dos elevadores e de uma das plataformas foi preservada para promover a circulação comum que interliga os módulos do edifício. Paralelamente a esta circulação foi realizada a readaptação do “coração do edifício”: as plataformas automáticas que transportavam os carros se converteram para atender a circulação humana, possibilitar a conexão entre os diferentes espaços e a interação entre os habitantes e usuários do edifício.
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