alexandre kok | eduardo amaral | lia soares | magdalena píriz
ENTREGA 04
O bairro dos Campos Elíseos tem sido palco de conflitos e disputas de territorialidade promovidos por diversos agentes. Este estudo sobre a região é fruto do trabalho desenvolvido na disciplina de Estúdio Vertical, da faculdade de arquitetura e urbanismo da Escola da Cidade, durante o segundo semestre de 2017. Durante nosso estudo, compreendemos grandes empresas como um dos principais agentes que tem influenciado no bairro. Estas visam forçar uma valorização financeira da área para obter lucro a partir disto. Estas empresas inclusive já iniciaram a construção de prédios de escritórios, administração e de polos de cultura, todos voltados para as futuras classes médias e altas que devem chegar na região. As recém-inauguradas edificações de alto gabarito convivem com diversos edifícios tombados construídos entre século XIX e início do XX. Diversas vezes, estas construções tombadas são usadas como cortiços por moradores das classes baixas, o que incomoda os interesses imobiliários na região. A “cracolândia” também é um polo depreciador da área e, por isso, os usuários de crack sofrem frequentemente repressão do Estado. Estes conflitos deixam claro como o bairro dos Campos Elíseos é um dos principais territórios de disputa da cidade atualmente.
Para fazer este estudo, empregamos dois métodos de investigação. Realizamos um levantamento bibliográfico da literatura historiográfica, urbanística e relativa ao campo da antropologia na área. Além disso, exercitamos o método da observação participante, realizando visitas de campo que incluíam caminhadas e conversas com os moradores e frequentadores do bairro, bem como desenhos de observação de algumas das práticas e espaços mais significativos para nossos propósitos. Além dos desenhos, as visitas tiveram como produto relatos de campo, nos quais registramos nossas observações, impressões e vivências com outras pessoas. Nossas visitas se concentraram sobretudo na Praça Sagrado Coração de Jesus1, localizada em frente à igreja homônima2. Portanto, as ruas que mais percorremos para a realização deste trabalho são as que se encontram nos arredores da praça.
Este trabalho está estruturado em três partes, que no entanto apresentam dinâmicas indissociáveis. Primeiro, tratamos do tema do patrimônio e história do bairro. Depois, abordamos a questão do crack e as ações truculentas da polícia. Finalmente, a questão dos novos investimentos e da gentrificação e expulsão da população residente da área.
Os conflitos suscitam posições muito divergentes entre diferentes pessoas que vivem e atuam nos Campos Elíseos. Pelo que observamos a posição dos moradores de cortiços tem uma posição de maior receio em relação a valorização da região pelo medo de ser despejado, enquanto os comerciantes acreditam que as ações da Porto Seguro atraem possíveis clientes. Procuramos exercitar o olhar etnográfico e compreender os distintos posicionamentos, o que nos levou a evitar uma visão crítica e maniqueísta sobre o que estávamos observando. Optamos por ressaltar a complexidade que envolve as transformações históricas e atuais do bairro.
um usuário de crack em frente ao casarão na esquina da rua s. coração de jesus
localização dos campos elíseos em são paulo
mapa de tombamentos (azul) e cortiços (vermelho)
mapa do bairro dos campos elíseos
mapa dos trajetos do grupo nas visitas de campo
mapa de são paulo de 1881
ENTREGA 03
Enquanto caminhávamos na avenida Duque de Caxias, um cachorro solto de um morador de rua brigou outro de metade do tamanho. Na esquina com a Alameda Barão de Piracicaba, alguns homens bebiam cerveja e gritavam agressivamente com as mulheres que passavam na rua enquanto esperavam a fila para jogar sinuca do lado de dentro do bar. A cada entrada de bar, uma jukebox tocava uma música diferente. Geralmente, nos escuros interiores dos bares, um balcão se apresentava de um dos lados e nos outros mesas vazias ocupavam os espaços. A maioria dos clientes – sendo que grande parte aparentava ter a cima de cinqüenta anos – sentara na calçada em cadeiras de plástico, enquanto, entre goles de cerveja, conversaram e observaram os transeuntes na rua. Na mesma calçada, uma menina entediada se pendurava numa porta de ferro para, com o seu peso e impulso, abri-la e fechá-la.
A maior parte dos edifícios era de um ou dois pavimentos e possuía, na sua fachada grudada ao lote, grandes portões de metal que descem para fechar o estabelecimento. Em meio a estas construções antigas, um mega empreendimento de habitação em construção destoava na paisagem. As janelas padronizadas de alumínio denunciavam uma arquitetura entediante que estava por vir. Este é o mesmo terreno que Guilherme Petrella cita em seu artigo para a Diplomatique (http://diplomatique.org.br/fissuras-na-renovacao-urbana-da…/):
“Por fim, a iminência da construção do primeiro conjunto habitacional da PPP Casa Paulista, no terreno da antiga rodoviária da Luz (que foi desapropriada e demolida para a construção do complexo de Dança, cujo projeto, já pago, foi desenvolvido pelo laureado escritório suíço Herzog & de Meuron),[15] cedido gratuitamente ao consórcio,[16] parece alimentar a “urgência” da reestruturação imobiliária e urbana recente, a partir da demolição de patrimônio histórico, da intensificação do policiamento e da violência contra os usuários, atropelando as etapas de diagnóstico e planos setoriais nos Campos Elíseos.”
Entre lixos e pombas, um homem dormia na rua enrolado num cobertor cinza. Logo após cruzarmos a esquina com a rua Helvétia – conhecida pela grande concentração de usuários de crack –, um homem mal vestido carregava uma televisão de tubo. Ao chegar atrás de uma caçamba, arremessou-a no chão. Mais duas pessoas se aproximaram para catar as peças de metal. Em frente, há a praça Sagrado Coração de Jesus.
Naquele domingo, a praça cercada, em frente à Igreja Nosso Sagrado Coração de Jesus, era quase um oásis. As crianças revezaram constantemente as bicicletas. Na quadra mais próxima da entrada, os rapazes mais velhos jogaram futebol, enquanto, na outra, os meninos mais novos jogaram em menor número. A única entrada era de frente para a igreja numa rua bem menos tumultuada. O posto policial dava de frente para a entrada e ocupava quase toda a lateral com a rua Dino Bueno. Duas viaturas vazias estavam estacionadas dentro da praça. Os policiais esporadicamente apareceram na praça. Olhavam a movimentação e desapareciam novamente. Os três homens que jogaram cartas numa mesa de concreto foram os únicos adultos a ficarem na praça. Não havia pais nem mães por ali. Os irmãos e irmãs eram livres para brincar do que desejavam. O mais velho, porém, era sempre o responsável que deveria ser respeitado. No gramado bem parado, uma placa dizia que aquele espaço era conservado pela empresa da Porto Seguro.
Numa das esquinas visíveis, o empreendimento mais novo também era de propriedade da Porto Seguro. De vidro espelhado e muro cinza e com uma grande placa com logo da empresa na esquina, o edifício destoa da paisagem urbana sem dialogar com nada que há construído no entorno. Nas outras esquinas, um terreno de estacionamento e, na outra, a antiga Igreja do Sagrado Coração de Jesus que ocupa o quarteirão inteiro. No topo de uma torre central, uma enorme estátua de Jesus Cristo se volta de braço abertos para a praça. Temporalmente mais próximas a Igreja, algumas residências, construídas no século XIX, ainda sobrevivem. Na pequena rua homônima a igreja, quase todas as residências são tombadas. Contudo, a luxuosidade da época dos barões do café passa longe dos tempos atuais. É difícil precisar o nível de degradação da casa somente olhando por fora, mas é nítido que trata-se de moradias de classes mais baixas ou mesmo cortiços.
Através da grade verde que cerca a praça, foi possível ver um homem negro sendo enquadrado pela polícia. Ninguém na praça pareceu notar ou relevar o fato. Após um barulho de explosão a algumas quadras de distância, somente uma das crianças mais novas se espantou e começou a chorar. Logo, ela foi consolada pela irmã mais velha. O barulho externo para a maioria era encoberto pelos gritos dos rapazes que jogaram futebol por horas. Depois de um tempo observando, ficou notável que eles não falavam português. Sentados na base da escultura (a qual ninguém dava qualquer relevância), tentávamos resgatar palavras identificáveis. Depois de um tempo, houve uma brecha para perguntar a origem deles. O goleiro de um dos times respondeu brevemente que eles eram paraguaios. Pudemos supor, com isso, que eles não falaram em espanhol, mas sim em guarani.
Algumas das muitas crianças nas praças se interessaram pelos fazíamos. Queriam saber de onde éramos e ficaram encantadas ao verem os desenhos. Uma menina pediu para que a Lia desenhasse o seu cachorro (Chiara) e dois meninos escreveram seus nomes numa das folhas de desenho. Porém, a agitação das crianças dificultava um diálogo. Muito rapidamente chamaram seus amigos para verem os desenhos, mas logo dispersaram. Disseram apenas que moravam na região e que freqüentavam a praça todas as noites durante a semana e o dia inteiro nos finais de semana. O menino que sentou ao lado com Magdalena conversou mais longamente. Contou que uma vez havia quebrado o joelho e o médico ajudou-lhe a se recuperar. Por isso, queria ser médico quando crescesse. Arquiteto não gostaria de ser, pois, segundo ele, não sabe desenhar.
Um homem sai na janela de uma das construções antigas e grita tentando chamar seu filho. Sentadas na calçada, abaixo do homem, quatro pessoas fumam crack. Na casa vizinha, um menino espera a família sob o batente da porta. Na esquina, alguém dorme estirado sob cobertores.
Quando saímos da praça, a luz do Sol já estava acabando. O movimento de usuários de crack na Alameda Barão de Piracicaba era bem maior, principalmente na proximidade com a rua Helvétia. Poucos passos após sairmos da praça, um homem dentro um orelhão acendia um cachimbo de crack. Impressionados e tensos com a quantidade e a situação dos usuários de crack, andamos até o fim da Alameda Barão de Piracicaba. Porém, diferente das pessoas que bebiam cerveja no início da tarde, nenhum dos usuários de crack que vagam nas ruas e calçadas parecia nos notar.
ENTREGA 02
Ao escolhermos o Palacete do Barão do Rio Pardo como objeto de estudo, nos demos conta que a quantidade de material e informações sobre a construção era escasso. Tanto desenhos e a história do edifício quanto informações sobre os atuais proprietários. O que nos cativou foi a multiplicidade de usos pelo qual o casarão passou. Hoje, o quintal é usado como estacionamento e a construção encontra-se em ruínas, mas já chegou a abrigar uma escola e um Batalhão de Caçadores. O casarão é um reflexo das dinâmicas de toda a cidade de São Paulo e, principalmente, das regiões próximas aos Campos Elíseos.
Com o desenvolvimento econômico do café no interior de São Paulo, o Barão do Rio Pardo (Antônio José Correia), morador da cidade de Casa Branca, construiu sua residência nos Campos Elíseos, bairro nobre na época. Porém, o Barão e sua família nunca chegaram a morar de fato nesta casa. Após sua morte, a casa logo foi vendida. Ao longo do tempo, a edificação passou por diversos proprietários, numa trajetória ainda incerta. Com a desvalorização do bairro dos Campos Elíseos e regiões próximas, o casarão foi sendo abandonado. Em 1985, o palacete foi ocupado como cortiço e depois como ocupação. Houveram alguns incêndios causados pela fiação precária feita pelos moradores.
No ano seguinte, um conjunto de imóveis dos Campos Elíseos é tombado pelo CONDEPHAAT e, entre eles, o Palacete do Rio Pardo. O órgão previu a preservação das fachadas e cobertura deste edifício. Com o tombamento as reformas e manutenções, que são de responsabilidade do proprietário, tornam-se mais burocráticas e dispendiosas. Isto nos leva a discussão sobre a capacidade de gestão destes órgãos públicos de preservação e patrimônio. Como tombar um edifício sem tornar um enclave ao proprietário?
Em 2005, alegando risco de desabamento, a Prefeitura retirou as pessoas que ocupavam o Palacete. Cinco anos depois, o telhado desabou. O proprietário alugou o terreno para que fizessem do quintal um estacionamento. Segundo alguns relatos, muitas árvores foram cortadas para dar espaço aos carros. Atualmente, a região está sofrendo um processo de revalorização. São anos e anos de intervenções públicas que visam a retirada da população pobre para a abertura de espaço para novos empreendimentos. Nestes últimos anos, as ações tem se intensificado. Não à toa a empresa Porto Seguro já criou projetos de melhoramento da região e inaugurou mais de quinze edifícios, incluindo um Teatro e um Centro Cultural.
Estas são as dinâmicas atuais e históricas que pretendemos estudar quando olhamos para o edifício. As histórias pessoais em paralelo à história coletiva. A manutenção viva da memória em conflito com os processos de alterações urbanas. As ambições da forte economia empresarial em contraponto a vulnerabilidade da população que habita a região há décadas.
ENTREGA 01
O grupo compreende que a dinâmica da cidade de São Paulo passa também pelas transformações que ocorrem dentro dos edifícios. Construções são inauguradas, utilizadas, abandonadas e reapropriadas num período muito mais curto do que a vida útil do edifícios. Os locais de estudo que nos interessaram foram aqueles que tiveram diferentes usos ao longo do tempo. Por que os novos ocupantes procuraram esta construção? Como foram feitas as adaptações para o novo uso? Qual é, portanto, a história da edificação?
Estas sobreposições temporais no mesmo local foram o mote de escolha das nossas três opções de estudo.
OCUPAÇÕES DE MORADIA – Opção 1
Aprendemos a projetar seguindo uma lógica tradicional de ocupação e produção do espaço. De antemão, existe um terreno específico, um programa, um objetivo e a legislação da área, além de presumir-se que existe uma boa verba para realização do projeto.
Mas como se produz um espaço partindo do oposto?
A ocupação de prédios ociosos por movimentos de moradia é bastante discutida no âmbito político e social, mas como se molda um edifício que já passou por diversos momentos, histórias e usos, sem nenhum investimento?
Como se define propriedade em terra de ninguém? Quem mora onde? Até onde vai cada apartamento? E os cargos administrativos do prédio, quem ocupa?
Quais são as peculiaridades de viver em um ambiente que depende completamente do coletivo para existir e funcionar, e que não foi projetado para receber esse uso? Como a vida se molda ao prédio?
As ocupações são reflexo da dinâmica de crescimento atropelado de São Paulo. Enquanto a população carente é empurrada cada vez mais longe, nas periferias, os prédios do centro não funcionam do térreo para cima. Ficam trancados, vazios, saudosos de seus tempos de alta-roda.
Estudar uma ocupação no centro da cidade reúne vários aspectos que nos interessam. Temos a arquitetura como elemento vivo sendo revisitado por diferentes épocas e usuários. Temos o aspecto político do urbanismo com a população carente resistindo a ser expulsa para os confins da cidade. Temos um aprendizado de uma arquitetura orgânica que vai acontecendo ao sabor das necessidades e sendo inventada de acordo com o que é possível.
Nos parece um grande desafio criativo participar da experiência de reocupar o centro, possivelmente a área mais bonita e emblemática da cidade e infelizmente a mais degradada. Recuperar o rico acervo arquitetônico do centro sem gentrificar, abrindo espaço para uma ocupação democrática do espaço comum.
Nota: Acreditamos que não faz sentido escolher a ocupação estudada a partir de um olhar raso, de fora. Por isso, entramos em contato com pessoas que participam ativamente do movimento de moradia para que eles possam nos direcionar melhor.
Mapa produzido por Luiza Strauss
[Pesquisadora de Iniciação Científica FUPAM/AUH FAU USP]
Acesso: https://mapografiasurbanas.wordpress.com/pesquisa-2/mapografia-das-ocupacoes-no-centro-de-sao-paulo/
GRUPO DE TEATRO XIX / VILA MARIA ZÉLIA – Opção 2
Buscando estudar formas distintas de se apropriar de um espaço, entendemos que as ocupações artísticas são de extrema importância para a revitalização de um lugar. São “uma oportunidade de ter uma experiência que vai além da arte ali encontrada e transborda para questões da nossa relação com a cidade e com o outro” – Luiz Fernando Marques, diretor da companhia de teatro.
Escolhemos estudar o Grupo de Teatro XIX, que se instalou em um galpão abandonado na Vila Maria Zélia há mais de dez anos. Algumas peças não se limitam somente ao espaço do galpão, expandido o espetáculo com percursos pelo conjunto habitacional.
O conjunto, que existe desde 1917 na cidade de São Paulo, foi um marco na história da indústria nacional, das relações de trabalho e da urbanização da capital paulista. Foi tombada como patrimônio histórico em 1992, mas até hoje muitas de suas edificações estão descaracterizadas ou em ruínas.
O grupo considera que “estar na Vila é estar em contato direto com duas realidades. Uma é a memória de tudo que aquele lugar representou e representa no que se refere à habitação no Brasil e outra estar em contato com as questões e os dilemas do habitar hoje em dia. A fricção entre estes dois tempos e colocá-los em sobreposição com nossas atividades é o que nos interessa”.
Nossa intenção é entender o que motivou o grupo a fazer deste espaço esquecido sua sede e como essa residência artística dialoga com a vida desse conjunto. Existe algum envolvimento do grupo com os moradores do Maria Zélia? Qual a relação do grupo com as pré-existências e com o espaço por eles construído?
PALACETE DO BARÃO DO RIO PARDO – Opção 3
O Palacete do Barão do Rio Pardo foi escolhido como terceira opção de estudo. Assim como os outros exemplos, este imóvel também sofreu processos de transformações de uso mesmo mantendo sua concepção arquitetônica. O casarão está localizado numa esquina da Alameda Ribeiro da Silva com a Alameda Barão de Piracicaba, na região dos Campos Elíseos.
O Barão, mesmo residindo na cidade de Casa Branca, no interior de São Paulo, construiu este palacete em 1880. Chegou a ocupar alguns cargos políticos, como Prefeito de Casa Branca e deputado provincial pelo Partido Conservador. Logo após a sua morte, em 1906, a casa foi vendida para o cafeicultor Manuel Ernesto da Conceição. Como o novo dono ficava longas temporadas na Europa, o edifício foi alugado para a escola Instituto Sílvio Almeida. Neste local, o colégio funcionou somente até 1913, quando o 4º Batalhão de Caçadores ocupou o palacete.
Em 1918, o advogado e político Dario Ribeiro adquiriu a casa de Manuel da Conceição e mudou-se para o palacete com a família. Contudo, em 1946, Dario morreu deixando a casa como herança ao filho, Pedro Oliveira Ribeiro Neto. Na década de 1980, o edifício foi tombado pelo CONDEPHAAT. A lei prevê que as paredes externas e a cobertura devem ser mantidas. Porém, após o falecimento de Pedro Neto, a casa ficou abandonada.
Já no século XXI, o casarão ainda foi ocupado por famílias sem teto. Porém, elas foram retiradas pela prefeitura, que alegou risco de desabamento. Este, de fato, ocorreu em 2010 quando parte da cobertura despencou. Atualmente, o imóvel serve como estacionamento.
Este atual uso do edifício é muito representativo da cidade de São Paulo, ainda mais se pensarmos que parte do Pátio do Colégio – local onde foi realizada a primeira missa de São Paulo – atualmente é também um estacionamento. O casarão é, ao mesmo tempo, reflexo de algumas transformações econômicas de São Paulo. Desde a época áurea do café até o domínio urbano dos automóveis particulares.
Você precisa fazer login para comentar.