O ESPAÇO DO COTIDIANO | Grupo 11

Untitled-1A arquitetura é sempre constituída por elementos comuns em sua composição. A janela é um desses elementos persistentes nas construções, independentemente do programa onde ela é inserida, ela está sempre presente nos edifícios da cidade.

Por ser um elemento comum da arquitetura, a janela está presente em todo nosso cotidiano. Ao caminhar pelas ruas da cidade, estamos o tempo todo em contato com o interior das construções através desse orifício que conecta a vida privada da vida pública.

Em consequência do seu recorrente uso, a janela é projetada muitas vezes apenas de uma forma pragmática para realizar a ventilação, insolação e infiltração dos edifícios. Existe hoje em dia uma convenção que padroniza os materiais, altura e dimensões dos caixilhos e dos seus parapeitos em função do programa onde está inserido. Manuais de arquitetura como o Neufert sugerem alturas e dimensões de forma descontextualizada, ou seja, sem considerarem que a janela sugere sempre uma relação com o seu entorno e o seu exterior.

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Essa forma pragmática de inserir as janelas esquece de uma importante função dela que é o enquadramento. A janela sempre evidencia uma relação com o exterior e cria novas visuais para o cotidiano da cidade. Beatriz Colomina demonstra muito bem na sua leitura sobre a fenêtre em longueur de Le Corbusier e da porte fenêtre de Perret a diferença de contato com o exterior provocado por esses dois formatos de janela.

A janela de Perret, vertical, consegue abordar o céu e a cidade, construindo uma imagem tipicamente da perspectiva e da composição Renascentista. A janela vertical é como um enquadramento fotográfico. Se a janela observa um barco que navega no mar, existe o enquadramento ideal, que é quando o barco está centralizado nessa composição. Enquanto isso, a horizontalidade da janela de Le Corbusier, garante que o barco que navega pelo mar possa ser acompanhado por essa janela que é uma espécie de fita de filme, onde cada marcação vertical registra um frame da vida exterior da edificação.

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O objeto a ser estudado já foi escolhido, no entanto, pelas diversas relações que ele abrange e também pelos diversos significados que ele possuí não concluímos como prosseguir nossa pesquisa.

Segundo o dicionário Aurélio da Língua Portuguesa a palavra janela apresenta sentido figurado de: “Qualquer abertura, buraco ou rasgão.” Ao pensar em janelas como frestas entre prédios, lembramos do Conical Intersect de Matta Clark, no qual ele expõe a construção do Pompidou a partir de um buraco realizado em um edifício que estava no seu entorno e que estava fadado a ser demolido.

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Na maioria das vezes, é na concepção  de um prédio, residência, edifício institucional que o arquiteto começa a incluir suas intenções. Um elemento que vem associado à essa intenção, é a janela, esse componente da arquitetura, define espaços e o propósito de quem à projetou, essa definição se dá a partir da relação que o ambiente tem com o exterior, isto é, ele pode reconhecer uma ligação com o exterior, precisando dela ou não, pode negá-la completamente e pode tê-la mas não usufruí-la devidamente.
O ambiente que contempla essa ligação com o exterior é a residência, ou seja, ela precisa dessas aberturas por que elas proporcionam, luz, fluxo de ar e uma relação social. O outro, que nega esse vínculo é o museu, ou seja, ele intenciona o ambiente para que ele não influencie o visitante, não interfira na reflexão de quem passa pelas exposições e para que ele seja completamente neutro, uma caixa branca, isto é, não são abertas janelas.

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E finalmente o ambiente que, se opõe quase completamente aos dois outros, o edifício comercial, exigindo esse elo com o exterior, porém, se fechando com venezianas, climatização (ar condicionado) e padronização das aberturas, não se importando com a orientação solar, altura do andar de trabalho e etc.

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Assim, um paradoxo se forma, percebemos que as janelas definem os espaços e que os ambientes também foram desenhados com intenção, porém, o prédio comercial, foi intencionado para ser vestido com lâminas de vidro, que depois foram negligenciadas, o arquiteto que tinha o dever de combinar a espacialidade, a intenção e a simplicidade de execução, perde a sensibilidade quando se exige este fechamento padrão.

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Tendo isto em vista, fomos levados a avenida com maior concentração de prédios comerciais em São Paulo, a Avenida Paulista. Nela, foram erguidos estabelecimentos corporativos, comerciais, residenciais, institucionais, culturais, públicos, privados e etc. E muitos foram arquitetos e escritórios convidados que criaram suas mais intencionadas obras primas, como: Escritório Julio Neves; Croce, Aflalo e Gasperini; Escritório Rino Levi; Luis Paulo Conde; Carlos Bratke; Salvador Candia; Ruy Ohtake; Mauricio Kogan; Pedro Paulo M. Saraiva e Miguel Juliano; Daniel Libeskind entre muitos outros. O interessante, é que alguns escritórios projetaram mais do que um edifício, como Croce, Aflalo e Gasperini que projetaram oito prédios. O primeiro em 1956, o residencial Paulicéia e o último em 2015 (Aflalo e Gasperini somente), o comercial Paulista 867.
Tendo em vista que, a Av. Paulista é uma linha do tempo em relação à edifícios comerciais, o escritório de Aflalo e Gasperini desde sempre estiveram ativos neste local e que os elementos de aberturas nas fachadas, as janelas, sempre foram utilizadas intencionalmente, definindo espaços e tiveram que mudar, se adaptando a diversas concepções. Reconhecemos essas correlações e concluímos que devemos estudar a arquitetura através desse aspecto, que nos pareceu tão singelo no começo, todavia demonstrou ser um elemento muito eficaz no momento de percepção e contraposição dos edifícios

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Finalmente, a janela nos parece um caminho muito lúcido até a resposta da intenção de uso dessas fachadas envidraçadas, que à pouco nos parecia “sem intenção”, sendo somente proposital para que o arquiteto perdesse sua sensibilidade intencional, e tudo isso se configura de maneira confiante para chegarmos a uma conclusão deste trabalho em relação a história da arquitetura que se estabeleceu na Av. Paulista, as mudanças que aconteceram nos prédios comerciais de São Paulo e este uso Pós-moderno de fachadas envelopadas de vidro.

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Para prosseguirmos com o estudo das aberturas e fachadas dos edifícios comerciais do escritório Aflalo & Gasperini, analisamos o seguintes edifícios: Edifício Sudameris e o Citicorp, ambos construídos em 1983, o edifício Matarazzo (shopping cidade São Paulo) na altura 1230, acabado em 2015 e o Paulista 867, localizado na altura 867 e inaugurado recentemente em 2016.
As investigações a cerca destes edifícios permearam pontos que circundam as janelas, pois achamos que esse objeto de estudo ainda nos revelaria muitos pontos interessantes, quando colocássemos todos eles lado a lado.
As análises e o redesenho desses prédios partiram do reconhecimento da implantação do edifício em relação a avenida e seus adjacentes, a porcentagem de abertura das fachadas (relação entre vidro e e estrutura); a opacidade das fachadas; um corte aproximado dessas aberturas, áreas molhadas e circulação (núcleos fixos). juntoscortescortes-1

 

Decidimos estudar essa cronologia da composição das fachadas dos prédios comerciais, tendo como foco os projetos realizados pelo escritório: Aflalo e Gasperini, no entanto, acrescentamos no estudo alguns projetos icônicos de outros arquitetos que também estão localizados na Av. Paulista e que foram produzidos em datas próximas aos projetos do Aflalo e Gasperini, eles são: O edifício 5ª Avenida, o edifício da FIESP, o Banco Sul-Americano e o Edifício Santa Catarina.

Acreditávamos que chegaríamos a um padrão de soluções de projeto de edifícios comerciais que variariam de acordo com tempo. No entanto, ao comparar os projetos: Edifício Sudameris, Citicorp Center, Torre Matarazzo (Shopping Cidade São Paulo) e o Paulista 867 (todas torres do Aflalo e Gasperini) entre si e com os prédios mencionados anteriormente, concluímos que cada edifício é construído em um lote próprio, com características únicas e que portanto as soluções de projeto variam não de acordo com o tempo, mas sim com a necessidade do endereço.

As análises e o redesenho desses prédios partiram do conhecimento da implantação do edifício em relação a avenida e seus adjacentes, a porcentagem de abertura das fachadas (relação entre vidro e estrutura); a opacidade das fachadas; um corte aproximado dessas aberturas, áreas molhadas e circulação (núcleos fixos). isos

APRESENTAÇÃO