_Etapa 01
_lugar: corpo
Demos início ao tema do nosso trabalho a partir da indagação do corpo como a primeira estrutura em que moramos e, a partir dessa discussão, chegamos ao ponto de perceber a própria arquitetura como extensão de nossos corpos. Uma das maiores discussões se dava na tentativa de entender o que era o Sagrado para cada um, em diferentes etnias e religiões. Chegamos, portanto, com a ajuda de intensas pesquisas principalmente sobre religião, na conclusão de que o “espaço corpo” era o principal sagrado para todos, majoritariamente. Desse modo, dentro de nossos debates partidos de diversas leituras, sentimos a necessidade de (re)criar um vocabulário dando os significados que eram recorrentes e entendidos comumente por todos os integrantes do grupo.
Dentro dessa “conceituação” a discussão se tornou mais clara, porém, ainda tínhamos o desafio de passar para aqueles que não estavam habituados a esse tema. Buscamos entender as diversas relações entre a arquitetura criada e a arquitetura experienciada através do entendimento criado por nós a partir do glossário e, também, através de Juhani Pallasmaa e outras diversas bibliografias. Porém, esse autor, por sua vez, cita que as edificações sem o corpo e as atividades, experiências e lembranças que produzem no meio, não tem qualquer significado.
Desse modo, adicionamos às nossas indagações o questionamento sobre a influência do espaço no corpo. Ou talvez, sobre a influência do corpo no espaço. Buscamos então, não mais nos abstermos somente ao campo teórico, expandindo para o campo de ação. Nossa primeira experiência foi a prática da Ratha Ioga no Centro de São Paulo. Uma prática de tamanha calmaria e contato interno com o corpo em um meio tão caótico como o que se insere. Fomos em busca de entender algumas dessas relações e, percebemos, como o próprio espaço, somado ao som, ao olfato e a concentração, modificam totalmente a sua percepção sobre si e sobre o meio em que está em determinado momento.
Através dessa constante busca e do entendimento da equipe, concordamos que a principal intenção dessas pesquisas nos diferentes campos os quais abordamos, discussões e breves experiências resultaria na tentativa de dissolver o corpo no espaço, criando, como uma das saídas, uma espécie de espaços que nos fariam entender essa relação direta a qual estamos nos aventurando.
Na necessidade da escolha de uma materialidade para trabalhar e executar nossas experiências, percebemos que a melhor escolha seria algo que tivesse uma resposta eficiente e rápida diante do nosso principal material: o corpo. Sendo assim, elegemos o tecido por essa qualidade e eficiência a qual procuramos, somado à luz, que apesar de não ser um material, tem a alta capacidade de criar ambientes e reproduzir movimentos através das sombras. A partir de algumas experiências em determinadas escalas que iremos eleger, partiremos para uma proposta final que sintetize todas as conclusões do grupo.
_Etapa 02
_corpo-espaço
Na constante busca de entender o sagrado de cada um, encontramos o corpo como maioria e passamos a pesquisar e entender suas diretas relações com o espaço, ou mais especificamente com a arquitetura. Desse modo, passamos e perceber e de fato enxergar a arquitetura como uma extensão do corpo. Surge aí um modo de pensar.
_modos de pensar
Nessa vasta e intensa pesquisa, inicialmente procuramos entender o corpo como uma estrutura primária e independente da arquitetura. Essa, então, surge como a primeira morada do astral, ou seja, o primeiro espaço que o corpo astral tem contato e utiliza como morada. Desse modo, percebemos a arquitetura como a nossa segunda estrutura, por mais que de maneira menor, totalmente essencial para a vida humana.
Ao relacionarmos essas duas estruturas, o corpo e a arquitetura, passamos a ver uma relação de ambivalência, de modo que ambas as estruturas se beneficiam: a arquitetura não existe sem o ser humano e, dentro dos nossos instintos, o ser humano não existe sem a arquitetura. Porém, ainda nos indagamos dentro dessa relação, se é o espaço que molda o ser humano ou se o ser humano quem molda o espaço.
Na busca desse entendimento, elegendo o corpo como um modo de pensar o espaço, percebemos a necessidade de experimentos em diferentes escalas para que pudéssemos nos aproximar e melhor entender as relações entre corpo e espaço, na busca de finalmente criarmos um meio em que o corpo e o espaço se difundam. Elegemos, assim, o tecido como principal materialidade para esses testes/experimentos pela sua alta eficiência para respostas de movimentos corpóreos e também a luz, partindo da ideia de que também é um componente capaz de criar ambientes e dar uma resposta, mesmo que bidimensional, ao movimento. Surge aí, portanto, a necessidade de traduzir essa materialidade do tecido e da luz para criar novos espaços.
_modos de fazer
Para sanarmos todas as nossas inquietações diante das relações entre o corpo e o espaço, somado à busca de uma intervenção final que sintetize as nossas pesquisas e discussões, partimos da materialidade tecido e luz para promovermos experimentos que nos auxilie em nosso entendimento e conclusão. Elegemos escalas, espaços e estruturas que testassem e procurassem nos dar respostas sobre o que entendemos até o momento.
As escalas são, portanto, a do corpo individual, a do corpo conjunto, a do corpo ambiente, a do corpo em movimento e a do corpo luz, em diferentes espaços públicos que nos permitisse concluir em termos gerais, afim de que atingisse diferentes pessoas de diferentes regiões, crenças e classes sociais.
Serão os seguintes cinco experimentos:
1. Corpo individual: entender como essa estrutura primária gera e modifica a espacialidade que está inserida
Experimento: Rede
Material: rede + mosqueteiro
Local: Escola da Cidade
Período: 1 dia + 1 noite
Buscamos entender, nesse experimento, a relação do corpo individual com o espaço em que está inserido, através da relação individual carregada de experiências e vivendo em diferentes contextos. Procuramos trazer a sensação de isolamento a partir de uma estrutura simples promovida por tecido (rede + mosqueteiro) que, ao mesmo tempo que trouxesse uma sensação de isolamento, promovendo uma percepção individual e uma espécie de relaxamento – dependendo do momento de cada usuário – mantivesse o contato com o entorno, ou seja, o meio inserido. O espaço é promovido pela junção entre rede e mosqueteiro e a luz, por mais que valorizada mais ao anoitecer, ajuda a configurar e trazer a sensação de um espaço.
A Escola da Cidade foi um local ideal uma vez que procuramos um dia em que tivesse movimento tanto de dia quanto de noite, elegemos então a data de véspera de entrega de Projeto de Arquitetura em diferentes anos. Desse modo, pudemos perceber um movimento em nosso experimento em diferentes momentos do dia e ainda assim pudemos mantiver o controle do que estava acontecendo. Filmamos com uma câmera escondida e registramos através de fotos.
link vídeo experimento 01: https://www.youtube.com/watch?v=PVSW7AjvS24
2. Corpo conjunto: entender as modificações entre estruturas primárias e as espacialidades resultantes
Local: Praça Roosevelt
Experimento: Gangorra
Período: 1 dia + 1 noite
Nesse experimento, promoveremos uma estrutura tencionada por um único tecido que conforme uma espécie de jogo de “gangorra” ou “balança”. Estudaremos a relação entre dois corpos e suas conexões através dessa estrutura que permitirá que uma pessoa sente somente quando outra estiver sentada, em uma busca constante por equilíbrio.
Elegemos o local pelo seu intenso fluxo e pela disponibilidade de estrutura já existente para realizarmos o nosso experimento.
3. Corpo ambiente: atuação dos corpos gerando novas ambiências e confirmando essa estrutura como espaço a priori
Local: Largo da Batata
Experimento: Ambiente
Período: 1 dia
Através de dois vastos tecidos tencionados entre quatro postes, um em uma altura de 1,50m e outro quase tocando o chão, partiremos na tentativa de conformar um espaço que convide o indivíduo a entrar e, através do seu próprio corpo, conformar novos espaços por entre esses dois tecidos, tencionando os para cima e para baixo.
O local foi elegido também pelo seu intenso fluxo e pela disponibilidade de estrutura para a execução do experimento.
4. Corpo movimento: entender como o movimento dos corpos geram uma nova relação com o espaço
Local: Praça Rotary
Experimento: Emaranhado
Período: 1 dia
Na tentativa de entender o corpo individual em uma escala que abranja outros corpos e na busca de induzir movimentos em que nossos corpos não estejam habituados, utilizaremos o tecido para promover um emaranhado contínuo com essa estrutura, entre um início e um final, para que o corpo saia de um ponto e, a partir de movimentos inusitados, atinja outro.
Esse experimento será realizado em um “trepa-trepa” da praça Rotary, trazendo – também – um aspecto mais lúdico, mas que não exclua outras faixas etárias. O local foi elegido devido ao fluxo e as aglomerações naquela área da praça por essas diferentes faixas etárias.
5. Corpo luz: busca de uma relação imagética ligada ao lúdico e o astral
Local: Elevado Costa e Silva
Experimento: Teatro de Sombras
Período: 1 noite
Utilizando a maior área de tecido do experimento, o qual também será reutilizado pelos experimentos anteriores, iremos tencionar o tecido entre dois postes através do auxílio de um cabo de aço, reduzindo assim a área de tecido necessária. Promoveremos nesse, junto com uma forte iluminação, no tecido tencionado entre os dois postes, um teatro de sombras. Desse modo, os passantes daquela área terão uma maior percepção, também em escala, dos seus corpos em movimento projetados naquelas grandes “telas”.
O experimento será realizado nessa área devido a transição de pessoas e pela disponibilidade de estrutura ali presente.
Pretendemos finalizar esses experimentos afim de apresentá-los através de relatos dos usuários, de vídeos e fotos e, finalmente, concluirmos em uma grande e final intervenção que sintetize todas as conclusões e reflexões acerca do tema trabalhado durante o semestre.
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