O ESPAÇO DO COTIDIANO | Grupo 14

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A escrita em paredes e muros não é uma prática exclusiva dos tempos atuais. É recente, entretanto, a escrita pela cidade como forma de reconhecimento e disputa.

Com o fenômeno das tags, inicialmente nos Estados Unidos, as escritas nas paredes e muros da cidade se alteraram sistematicamente. Na década de 1960 os metrôs de cidades americanas, como Nova York, foram marcados com sprays e canetões. Os pioneiros nessa atividade preferiam ser chamados de writers (escritores), o termo grafite foi usado pelas autoridades policiais da época.

à medida que traduzem um discurso de conflito intrínseco ao processo histórico paulistano.

Pautada pelo reconhecimento social, pelo protesto e pela disputa entre grupos, a pixação tem, decerta maneira, uma natureza agressiva. Essa (contra) cultura imprime na paisagem  urbana de São Paulo uma sobreposição de ruídos visuais que acompanham e participam da dinâmica da cidade,

No caso dos Estados Unidos, as tags foram uma forma de manter a identidade em meio a mudanças e conflitos raciais de minorias forçadas, por falta de melhor alternativa, a viver em conjuntos habitacionais ou partes degradadas da cidade.

No Brasil, um dos primeiros a ocupar a cidade com escritas, foi um dono de canil que grafava Cão Fila Km 26, sua assinatura se espalhou por toda São Paulo chegando até outros estados. Na década de 1980, tornou-se comum o tag reto (ou pixo reto), também chamado de escrita árabe-gótica, inspirada em capas de disco de rock e punk. Sendo consolidada, em 1985, a prática da pichação em São Paulo.

Apesar do caráter histórico das tags e grafites de Nova York, a pixação de São Paulo possui um estilo próprio, e tronou-se referência para pichadores do Brasil, como para artistas de arte de rua e críticos de arte de outros países.

A pixação em São Paulo surge como manifestação, em geral, de jovens da periferia que marcam a cidade de forma autônoma ou, como de costume, vinculados a algum grupo. Os grupos de pixadores podem ser conhecidos por alguns como “crews”, e estar vinculado a algum grupo significa seguir uma série compromissos, como por exemplo elevar a visibilidade do grupo. Portanto, ao fazer uma pixação na cidade, o pixador deve sempre colocar ao lado a grife , símbolo que representa algum grupo, geralmente relacionada a alguma região.

“A pichação se instala onde a cidade é bonita, arrumada. Ao contrário do grafite, que tende a buscar lugares desprezados. Isto faz parte de uma lógica de abordar e provocar a cidade. Assim, essas duas formas de expressão exercitam suas críticas urbanas e denunciam a lógica da cidade.”

Paulo Knauss, 2007

Os encontros semanais, denominados points, são importantes na sociabilidade mantida entre os pixadores paulistanos, elemento fundamental para identificação no grupo.  No point ocorrem as trocas de folhinhas, o contato e referência aos pixadores mais velhos e mais experientes, e a organização dos “rolês” pelo centro na madrugada .

Uma forte característica do Pixo é a questão da sua efemeridade. Nesse sentido, como uma forma de fazer com que os seus pixos permaneçam e não sejam apagados da memória, aparecem as coleções de folhinhas.

 

Essas coleções, são trocas de assinaturas entre os pixadores, que guardam em pastas essas folhas. Ter a assinatura de algum pixador respeitado é tão importante quanto ter uma grande quantidade de folhinhas na sua coleção. As folhinhas também atuam no compartilhamento do processo de criação e leitura dos pixadores, enquanto as assinaturas estão sendo feitas, os olhos estão atentos para captar os movimentos feitos pela mão.

O centro de São Paulo é um local de cruzamento entre esses jovens que  moram na periferia, ele é estratégico para o próprio ato de pixar o espaço urbano: “dá mais ibope pixar no centro, pois é por onde passam pixadores de todos os lugares”.

Na pixação, quem pixa no maior número de lugares, em pontos de maior destaque e em lugares mais arriscados consegue mais status dentro do circuito dos pixadores. O risco, aliás, parece ser a principal transgressão que estes jovens procuram. Não por acaso, quem pixa em lugares de maior dificuldade, seja pela altura, seja pela vigilância, adquire maior notoriedade

Trecho de análise

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Pautada pelo reconhecimento social, pelo protesto e pela disputa entre grupos, a pixação tem, de certa maneira, uma natureza agressiva. Essa contra cultura imprime na paisagem urbana de São Paulo uma sobreposição de ruídos visuais que acompanham e participam da dinâmica da cidade, à medida que traduzem um discurso de conflito intrínseco ao processo histórico paulistano.

Ainda que não sejam mensagens diretas — tampouco legíveis àqueles externos ao mundo da pichação —, os pixos, em massa, criam um contexto de dissonância visual que indiretamente atua sobre o olhar do cidadão.

No Brasil, um dos primeiros a ocupar a cidade com escritas, foi um dono de canil que grafava Cão Fila Km 26, sua assinatura se espalhou por toda São Paulo chegando até outros estados.

Na década de 1980, tornou-se comum o pixo reto, também chamado de escrita árabe-gótica, inspirada em capas de disco de rock e punk. Sendo consolidada, em 1985, a prática da pichação em São Paulo.

O centro de São Paulo é um local de cruzamento entre esses jovens que moram na periferia, ele é estratégico para o próprio ato de pixar o espaço urbano: “dá mais ibope pixar no centro, pois é por onde passam pixadores de todos os lugares”.

Na pixação, quem pixa no maior número de lugares, em pontos de maior destaque e em lugares mais arriscados consegue mais status dentro do circuito dos pixadores. O risco, aliás, parece ser a principal transgressão que estes jovens procuram.

captura-de-tela-2016-12-04-as-10-31-38-pmprojeção teste feita pelo grupo na terceira etapa do trabalho

Com x, pixação é o tipo específico de pichação localizadas nas ruas de São Paulo, que recebeu essa denominação pela especificidade e quantidade de ‘pixos’ pela cidade. Trata-se da grafia estilizada de palavras nos espaços públicos da cidade que se referem, quase sempre, à denominação de um grupo de jovens ou ao apelido de um pixador individual. Essa pixação possui um formato bastante peculiar, com traços retos e angulosos.

A partir das pesquisas realizadas até então, sobre o objeto de estudo Pixo, o grupo sentiu a necessidade de além das pesquisas, abordar projetualmente o assunto. Entendemos que a essência do objeto estudado, pede algo projetual além do arquitetônico. E com isso, entramos no processo criativo de projetar uma intervenção artística urbana.

A intervenção proposta dialoga com o Pixo em diversos aspectos e escalas. Uma relação que o trabalho faz, é com a dinâmica de produção do Pixo. Assim como os grupos de pixadores encontram-se semanalmente em um lugar específico e saem juntos nos rolês, para produzirem os pixos na cidade.

Ao fazer parte da paisagem de São Paulo, e da memória daqueles que a habitam, os pixos são identificados como signos que fazem parte de uma experiência urbana.

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Nas discussões sobre a projeção como intervenção, entende-se que assim como a projeção tem relação com Pixo nas questões visuais, ela também carrega o fator temporário em sua totalidade. A efemeridade da projeção, relaciona-se com a impermanência do Pixo nas paredes e muros da cidade.

Assim como as projeções serão feitas de forma rotineira, seguindo um mesmo dia, o que se assemelha à dinâmica de produção dos pixadores.

O grupo buscou construir um meio de realizar as intervenções, que fosse, assim como os pincéis, rolos e sprays dos pixadores e pichadores, algo simples que pudéssemos carregar pela cidade e realizar as intervenções de forma mais espontânea e livre.

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Com a necessidade de basear as projeções no entendimento coletivo urbano sobre o pixo, o grupo decidiu realizar uma série de entrevistas com a tentativa de aumentar o processo criativo e identificar reações espontâneas e primeiras impressões sobre o assunto. A entrevista, que abrangeu pessoas de diversos locais e idades, focou em palavras sinteses do que o pixo representa na cidade e no dia a dia da cidade de São Paulo.

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Para além dessa proposta de transmitir sensações, como sequência do trabalho foi pensado o desdobramento de críticas e questões levantadas acerca do cotidiano urbano que nós arquitetos entendemos e idealizamos por cidade ideal, espelhando-se na exposição itinerária “Cartas ao Prefeito”.

Transpostas para uma linguagem gráfica visual, e ainda seguindo a linha da projeção — como uma aproximação à técnica do pixo, dinâmica na sua produção e efêmera na sua durabilidade —, tais questões seriam projetadas com o intuito de propor uma reflexão do público expectador sobre este espaço segregador e contraditório que é a cidade.

Foram pensadas três intervenções com o intuito de suscitar críticas e provocações a respeito do cotidiano na cidade. Projetadas, tais soluções, ainda que visuais, propõem reflexões sobre como habitar esse espaço urbano.

captura-de-tela-2016-12-04-as-10-33-55-pm captura-de-tela-2016-12-04-as-10-34-07-pmProjeção na Av Paulista – Estar
captura-de-tela-2016-12-04-as-10-34-13-pmProjeção na Rua Augusta – Empenascaptura-de-tela-2016-12-04-as-10-34-19-pmProjeção na Av Paulista – Muros

 

 

Cotidiano

Relativo ao habitual, o cotidiano se constitui na experiência

espaço-temporal atrelada à vivência do dia a dia pelo ser

humano. A gama de variantes que a compõe se estende do

olhar a partir de uma janela ao transpirar de uma caminhada,

fazendo com que se tenha um cenário complexo de inúmeras

combinações, as quais, conjuntamente, formam uma grande

rede.

 

Tais conexões entre as experiências de cada peça desse

sistema tornam o cotidiano em uma cidade uma oportunidade

de entrar em contato com a diferença, e consequentemente

com uma nova lente acerca do lugar que habitamos.

Presente na vida diária, os deslocamentos têm grande importância

e influência no cotidiano da cidade. Em São Paulo, transportes

e mobilidade urbana são muito discutidos devido ao

grande número de usuários e às carências do serviço oferecido.

O ônibus, por alcançar áreas mais afastadas, é amplamente

utilizado pela população da metrópole.

 

Diferente de outros modais, o ônibus percorre a cidade numa

velocidade em que o usuário no seu interior pode observar e

perceber os acontecimentos e dinâmicas do que ocorre do

lado de fora.

 

Essa relação que o usuário do ônibus tem com a cidade ou dos

comportamentos dos passageiros, foram abordados de diferentes

formas no campo da arte. Fotografias e intervenções são

algumas das formas que utilizam a vida em movimento como

tema.

 

A artista plástica Carmela Gross, utiliza a temática ao transformar

um antigo ônibus de linha em um trabalho de arte que,

entre outras questões, critica a situação em que os passageiros

vivem em São Paulo.

 

Os fotógrafos Walker Evans e Bruce Davidson, captam em diferentes

épocas, as rotinas de pessoas anônimas em metrôs dos

Estados Unidos. Para Evans os retratos dos passageiros

captam o momento em que estão despidos de máscaras, com

as faces relaxadas, pensativas ou até em repouso.

 

No cinema, o deslocamento em transportes públicos é frequentemente

utilizado. A amostra de curtas de São Luís no Maranhão,

CineraMA produziu cinco curtas em que os roteiros abordam

os diversos aspectos do ônibus. Alguns fictícios outros baseados

em vivencias reais, os curtas contam histórias deste período

de tempo passado dentro do transporte, que para muitos

faz parte do cotidiano.

 

A mobilidade está relacionada com os deslocamentos diários

de determinada população no espaço urbano,assim como a

possibilidade de situações que acontecem durante estas viagens.

Em metrópoles como São Paulo, a grande demanda de

passageiros acarreta em problemas como superlotação, dificuldade

de locomoção, entre outros, mostrando a insuficiência

do sistema de transporte público na cidade.

 

As sensações e percursos gerados pela malha da cidade são

nosso maior vínculo com o espaço urbano, uma vez que nos

permitem identificar, vivenciar e reconhecer lugares dentro do

nosso cotidiano. A escolha do ônibus foi feita a partir do desejo

de atingir um grande número de pessoas, trazendo experiências

individuais compartilhadas num ambiente comum do

nosso cotidiano.

 

A rede de transporte de ônibus complementa a demanda do

metrô, servindo como alternativa de rota para seus usuários,

além de fácil acesso a regiões mais distantes das estações por

conta do maior número de paradas.

 

A linha escolhida para análise foi criada justamente como uma

alternativa ao metrô que muitas vezes não suporta o número de

usuários. Essa linha conecta dois pontos importantes, a zona

norte e o centro da cidade.

 

Santana é um bairro misto bem diversificado, principalmente

próximo ao terminal, tendo desde o comércio tradicional com

moradias simples até as novas torres coorporativas e

condomínios clubes. Enquanto isso o centro é onde se

concentra as principais atividades comerciais da cidade

contendo atrativos das mais diversas áreas.

sambódramo anhembi

campo de marte

biblioteca de são paulo

rodoviária tietê

estádio canindé

shopping d

colégio da polícia militar

instituto federal

zona cerealista

mercadão

25 de março

pátio do colégio

parque dom Pedro

 

 

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