A escrita em paredes e muros não é uma prática exclusiva dos tempos atuais. É recente, entretanto, a escrita pela cidade como forma de reconhecimento e disputa.
Com o fenômeno das tags, inicialmente nos Estados Unidos, as escritas nas paredes e muros da cidade se alteraram sistematicamente. Na década de 1960 os metrôs de cidades americanas, como Nova York, foram marcados com sprays e canetões. Os pioneiros nessa atividade preferiam ser chamados de writers (escritores), o termo grafite foi usado pelas autoridades policiais da época.
à medida que traduzem um discurso de conflito intrínseco ao processo histórico paulistano.
Pautada pelo reconhecimento social, pelo protesto e pela disputa entre grupos, a pixação tem, decerta maneira, uma natureza agressiva. Essa (contra) cultura imprime na paisagem urbana de São Paulo uma sobreposição de ruídos visuais que acompanham e participam da dinâmica da cidade,
No caso dos Estados Unidos, as tags foram uma forma de manter a identidade em meio a mudanças e conflitos raciais de minorias forçadas, por falta de melhor alternativa, a viver em conjuntos habitacionais ou partes degradadas da cidade.
No Brasil, um dos primeiros a ocupar a cidade com escritas, foi um dono de canil que grafava Cão Fila Km 26, sua assinatura se espalhou por toda São Paulo chegando até outros estados. Na década de 1980, tornou-se comum o tag reto (ou pixo reto), também chamado de escrita árabe-gótica, inspirada em capas de disco de rock e punk. Sendo consolidada, em 1985, a prática da pichação em São Paulo.
Apesar do caráter histórico das tags e grafites de Nova York, a pixação de São Paulo possui um estilo próprio, e tronou-se referência para pichadores do Brasil, como para artistas de arte de rua e críticos de arte de outros países.
A pixação em São Paulo surge como manifestação, em geral, de jovens da periferia que marcam a cidade de forma autônoma ou, como de costume, vinculados a algum grupo. Os grupos de pixadores podem ser conhecidos por alguns como “crews”, e estar vinculado a algum grupo significa seguir uma série compromissos, como por exemplo elevar a visibilidade do grupo. Portanto, ao fazer uma pixação na cidade, o pixador deve sempre colocar ao lado a grife , símbolo que representa algum grupo, geralmente relacionada a alguma região.
“A pichação se instala onde a cidade é bonita, arrumada. Ao contrário do grafite, que tende a buscar lugares desprezados. Isto faz parte de uma lógica de abordar e provocar a cidade. Assim, essas duas formas de expressão exercitam suas críticas urbanas e denunciam a lógica da cidade.”
Paulo Knauss, 2007
Os encontros semanais, denominados points, são importantes na sociabilidade mantida entre os pixadores paulistanos, elemento fundamental para identificação no grupo. No point ocorrem as trocas de folhinhas, o contato e referência aos pixadores mais velhos e mais experientes, e a organização dos “rolês” pelo centro na madrugada .
Uma forte característica do Pixo é a questão da sua efemeridade. Nesse sentido, como uma forma de fazer com que os seus pixos permaneçam e não sejam apagados da memória, aparecem as coleções de folhinhas.
Essas coleções, são trocas de assinaturas entre os pixadores, que guardam em pastas essas folhas. Ter a assinatura de algum pixador respeitado é tão importante quanto ter uma grande quantidade de folhinhas na sua coleção. As folhinhas também atuam no compartilhamento do processo de criação e leitura dos pixadores, enquanto as assinaturas estão sendo feitas, os olhos estão atentos para captar os movimentos feitos pela mão.
O centro de São Paulo é um local de cruzamento entre esses jovens que moram na periferia, ele é estratégico para o próprio ato de pixar o espaço urbano: “dá mais ibope pixar no centro, pois é por onde passam pixadores de todos os lugares”.
Na pixação, quem pixa no maior número de lugares, em pontos de maior destaque e em lugares mais arriscados consegue mais status dentro do circuito dos pixadores. O risco, aliás, parece ser a principal transgressão que estes jovens procuram. Não por acaso, quem pixa em lugares de maior dificuldade, seja pela altura, seja pela vigilância, adquire maior notoriedade
Trecho de análise
Visuais
Pautada pelo reconhecimento social, pelo protesto e pela disputa entre grupos, a pixação tem, de certa maneira, uma natureza agressiva. Essa contra cultura imprime na paisagem urbana de São Paulo uma sobreposição de ruídos visuais que acompanham e participam da dinâmica da cidade, à medida que traduzem um discurso de conflito intrínseco ao processo histórico paulistano.
Ainda que não sejam mensagens diretas — tampouco legíveis àqueles externos ao mundo da pichação —, os pixos, em massa, criam um contexto de dissonância visual que indiretamente atua sobre o olhar do cidadão.
No Brasil, um dos primeiros a ocupar a cidade com escritas, foi um dono de canil que grafava Cão Fila Km 26, sua assinatura se espalhou por toda São Paulo chegando até outros estados.
Na década de 1980, tornou-se comum o pixo reto, também chamado de escrita árabe-gótica, inspirada em capas de disco de rock e punk. Sendo consolidada, em 1985, a prática da pichação em São Paulo.
O centro de São Paulo é um local de cruzamento entre esses jovens que moram na periferia, ele é estratégico para o próprio ato de pixar o espaço urbano: “dá mais ibope pixar no centro, pois é por onde passam pixadores de todos os lugares”.
Na pixação, quem pixa no maior número de lugares, em pontos de maior destaque e em lugares mais arriscados consegue mais status dentro do circuito dos pixadores. O risco, aliás, parece ser a principal transgressão que estes jovens procuram.
projeção teste feita pelo grupo na terceira etapa do trabalho
Com x, pixação é o tipo específico de pichação localizadas nas ruas de São Paulo, que recebeu essa denominação pela especificidade e quantidade de ‘pixos’ pela cidade. Trata-se da grafia estilizada de palavras nos espaços públicos da cidade que se referem, quase sempre, à denominação de um grupo de jovens ou ao apelido de um pixador individual. Essa pixação possui um formato bastante peculiar, com traços retos e angulosos.
A partir das pesquisas realizadas até então, sobre o objeto de estudo Pixo, o grupo sentiu a necessidade de além das pesquisas, abordar projetualmente o assunto. Entendemos que a essência do objeto estudado, pede algo projetual além do arquitetônico. E com isso, entramos no processo criativo de projetar uma intervenção artística urbana.
A intervenção proposta dialoga com o Pixo em diversos aspectos e escalas. Uma relação que o trabalho faz, é com a dinâmica de produção do Pixo. Assim como os grupos de pixadores encontram-se semanalmente em um lugar específico e saem juntos nos rolês, para produzirem os pixos na cidade.
Ao fazer parte da paisagem de São Paulo, e da memória daqueles que a habitam, os pixos são identificados como signos que fazem parte de uma experiência urbana.
Nas discussões sobre a projeção como intervenção, entende-se que assim como a projeção tem relação com Pixo nas questões visuais, ela também carrega o fator temporário em sua totalidade. A efemeridade da projeção, relaciona-se com a impermanência do Pixo nas paredes e muros da cidade.
Assim como as projeções serão feitas de forma rotineira, seguindo um mesmo dia, o que se assemelha à dinâmica de produção dos pixadores.
O grupo buscou construir um meio de realizar as intervenções, que fosse, assim como os pincéis, rolos e sprays dos pixadores e pichadores, algo simples que pudéssemos carregar pela cidade e realizar as intervenções de forma mais espontânea e livre.
Com a necessidade de basear as projeções no entendimento coletivo urbano sobre o pixo, o grupo decidiu realizar uma série de entrevistas com a tentativa de aumentar o processo criativo e identificar reações espontâneas e primeiras impressões sobre o assunto. A entrevista, que abrangeu pessoas de diversos locais e idades, focou em palavras sinteses do que o pixo representa na cidade e no dia a dia da cidade de São Paulo.
Para além dessa proposta de transmitir sensações, como sequência do trabalho foi pensado o desdobramento de críticas e questões levantadas acerca do cotidiano urbano que nós arquitetos entendemos e idealizamos por cidade ideal, espelhando-se na exposição itinerária “Cartas ao Prefeito”.
Transpostas para uma linguagem gráfica visual, e ainda seguindo a linha da projeção — como uma aproximação à técnica do pixo, dinâmica na sua produção e efêmera na sua durabilidade —, tais questões seriam projetadas com o intuito de propor uma reflexão do público expectador sobre este espaço segregador e contraditório que é a cidade.
Foram pensadas três intervenções com o intuito de suscitar críticas e provocações a respeito do cotidiano na cidade. Projetadas, tais soluções, ainda que visuais, propõem reflexões sobre como habitar esse espaço urbano.
Projeção na Av Paulista – Estar
Projeção na Rua Augusta – EmpenasProjeção na Av Paulista – Muros
Cotidiano
Relativo ao habitual, o cotidiano se constitui na experiência
espaço-temporal atrelada à vivência do dia a dia pelo ser
humano. A gama de variantes que a compõe se estende do
olhar a partir de uma janela ao transpirar de uma caminhada,
fazendo com que se tenha um cenário complexo de inúmeras
combinações, as quais, conjuntamente, formam uma grande
rede.
Tais conexões entre as experiências de cada peça desse
sistema tornam o cotidiano em uma cidade uma oportunidade
de entrar em contato com a diferença, e consequentemente
com uma nova lente acerca do lugar que habitamos.
Presente na vida diária, os deslocamentos têm grande importância
e influência no cotidiano da cidade. Em São Paulo, transportes
e mobilidade urbana são muito discutidos devido ao
grande número de usuários e às carências do serviço oferecido.
O ônibus, por alcançar áreas mais afastadas, é amplamente
utilizado pela população da metrópole.
Diferente de outros modais, o ônibus percorre a cidade numa
velocidade em que o usuário no seu interior pode observar e
perceber os acontecimentos e dinâmicas do que ocorre do
lado de fora.
Essa relação que o usuário do ônibus tem com a cidade ou dos
comportamentos dos passageiros, foram abordados de diferentes
formas no campo da arte. Fotografias e intervenções são
algumas das formas que utilizam a vida em movimento como
tema.
A artista plástica Carmela Gross, utiliza a temática ao transformar
um antigo ônibus de linha em um trabalho de arte que,
entre outras questões, critica a situação em que os passageiros
vivem em São Paulo.
Os fotógrafos Walker Evans e Bruce Davidson, captam em diferentes
épocas, as rotinas de pessoas anônimas em metrôs dos
Estados Unidos. Para Evans os retratos dos passageiros
captam o momento em que estão despidos de máscaras, com
as faces relaxadas, pensativas ou até em repouso.
No cinema, o deslocamento em transportes públicos é frequentemente
utilizado. A amostra de curtas de São Luís no Maranhão,
CineraMA produziu cinco curtas em que os roteiros abordam
os diversos aspectos do ônibus. Alguns fictícios outros baseados
em vivencias reais, os curtas contam histórias deste período
de tempo passado dentro do transporte, que para muitos
faz parte do cotidiano.
A mobilidade está relacionada com os deslocamentos diários
de determinada população no espaço urbano,assim como a
possibilidade de situações que acontecem durante estas viagens.
Em metrópoles como São Paulo, a grande demanda de
passageiros acarreta em problemas como superlotação, dificuldade
de locomoção, entre outros, mostrando a insuficiência
do sistema de transporte público na cidade.
As sensações e percursos gerados pela malha da cidade são
nosso maior vínculo com o espaço urbano, uma vez que nos
permitem identificar, vivenciar e reconhecer lugares dentro do
nosso cotidiano. A escolha do ônibus foi feita a partir do desejo
de atingir um grande número de pessoas, trazendo experiências
individuais compartilhadas num ambiente comum do
nosso cotidiano.
A rede de transporte de ônibus complementa a demanda do
metrô, servindo como alternativa de rota para seus usuários,
além de fácil acesso a regiões mais distantes das estações por
conta do maior número de paradas.
A linha escolhida para análise foi criada justamente como uma
alternativa ao metrô que muitas vezes não suporta o número de
usuários. Essa linha conecta dois pontos importantes, a zona
norte e o centro da cidade.
Santana é um bairro misto bem diversificado, principalmente
próximo ao terminal, tendo desde o comércio tradicional com
moradias simples até as novas torres coorporativas e
condomínios clubes. Enquanto isso o centro é onde se
concentra as principais atividades comerciais da cidade
contendo atrativos das mais diversas áreas.
sambódramo anhembi
campo de marte
biblioteca de são paulo
rodoviária tietê
estádio canindé
shopping d
colégio da polícia militar
instituto federal
zona cerealista
mercadão
25 de março
pátio do colégio
parque dom Pedro
Apresentação: