Segunda Entrega
Viver um cotidiano é projetar diariamente nos atos um valor íntimo, isso quer dizer que o atravessar da rua ou o pagar do ônibus são atos que contem em si singularidades. Além disso, é requerido para o fazer das atividades diárias o oposto da singularidade, ou seja, a homogeneidade do comportamento para que a barbárie não aconteça. Um doa grandes mediadores e controladores dessas atividades são os espaços desenhados pela arquitetura. Isto se torna claro quando nos lembramos da reformulação das ruas feita em Paris por Haussmann onde as mesmas ficaram mais largar para dificultar o feitio das barricadas. A arquitetura guia e controla corpos quando estes mesmos insistem pela projeção do universo privado no público. Tal projeção começara, segundo uma fala de Zygmunt Bauman em uma entrevista, quando uma mulher americana, em rede nacional, descreve um momento relação intima entre ela e seu marido ao vivo para todo o país. Mesmo havendo controvérsias sobre o que de fato inaugurou os tempos modernos, o fato se tornou intrigante.
A projeção do desejo privado no espaço público é algo que se tornou frequente em espaços não materiais como as redes sociais. Houve uma elevada expansão do espaço imaterial no cotidiano das pessoas onde a dimensão privada tomou grande importância. Ou seja, sendo o universo privado regulado em espaços matérias, físicos, ele então se projeto em espaços não materiais. Pode-se dizer que isso acontece porque o espaço material do cotidiano, quando no espaço público palpável, não abarca essas relações.
Dito isso, é possível identificar um personagem, dentre tantos outros que o grupo vê como passiveis de trabalho dentro do embasamento teórico exposto, o morador de rua, como integrante de uma peça que repulsa o caos através de convívios homogêneos. O morador de rua é esse integrante que, a partir de sua situação desafortunada, não necessariamente precisa agir para a manutenção desse universo uniformizante dos privilegiados. Muito pelo contrário, ele é parte dessa atmosfera da barbárie, onde seu universo íntimo não precisa ser repulsado porque ele não se integra na lógica dessa manutenção; mas sim de um espaço com regras a parte.
Sendo assim, o grupo abordará os aspectos do universo privado e público do cotidiano, trazendo consigo os aspectos materiais e imateriais contidos nele através de um personagem/elemento diretamente atuante.
Terceira Entrega
Um dos principais elementos que dão ritmo ao nosso cotidiano são dois: o trabalho e nossos estudos, quando eles existem. Esses dois componentes tem singular intervenção sob os cheios e vazios da cidade. Isso porque nossos corpos (e o que levamos juntos dele, nossos pertences, nosso carro) produz massa, volume, ocupa espaço a onde quer que estamos. Ou seja, quando acordamos de manhã e saímos de casa para o trabalho, estamos produzindo um vazio no bairro em que moramos e produzindo um “cheio” em nosso destino final.
Essas oscilações acontecem diariamente, e com maior efeito e causa em certas localidades da cidade. O que quero dizer é: as localidades que concentram a grandes universidades e a maior porcentagem de emprego irá receber, durante um período do dia, mais volume, massa. Isso faz com que, diretamente, em áreas com menor concentração de empregos e escola sejam criados grandes vazios e áreas subutilizadas.
O projeto então, por fim, prevê se apropriar, quase que exclusivamente, dos vazios que são criados a partir desse nosso “cotidiano do trabalho/estudo”. O projeto agira, a partir de uma plasticidade que pode se adaptar a múltiplos terrenos , e que por isso tem um caráter genérico, nos vazios da cidade de São Paulo para criar cheios.
O projeto prevê preencher os vazios da cidade que são ocasionados pela pendularidade de carros que circulam dentro de São Paulo. Sendo assim, o uso de um elemento itinerante (o ônibus) aliado a um objeto de permanência (a cadeira) foi imediato. Os dois, juntos, circulam pela cidade levando como projeto o intuito de criar o cheio através de atividades de cultura e lazer. Por fim, se desejou, através do deslocamento, brincar com os volumes de carros, feitos e desfeitos diariamente dentro da cidade. Afinal, porque não “estar” dentro desse espaço, mega potente, que se constrói e desconstrói em questão de horas?
QUARTA ENTREGA
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