MPMF_G08 – é pra ontem!!

Etapa 01

A fim de garantir sua sobrevivência, a humanidade, ao longo da história, desenvolveu diversas técnicas de construção civil que hoje fazem parte de um entendimento cultural social da raça humana.
Com o desenvolvimento da arquitetura como profissão, essas antigas técnicas, voltadas para a praticidade e garantia da sobrevivência, começaram a ficar cada vez mais elaboradas, perdendo assim, em parte, sua função original de atender as necessidades sociais. Uma nova geração de arquitetura monumental emergiu, promovendo o arquiteto para um status mais elevado, tirando-o de um contexto local e pessoal e colocando-o como parte essencial da política e da economia.

Como grupo, entendemos que a arquitetura precisa estar sempre dialogando com a sociedade e o meio e que o conhecimento ganho pelos arquitetos precisa ser repassado e assim atender a necessidade das cidades e dos cidadãos. É evidente o grande déficit dentro das cidades em relação aos projetos arquitetônicos e soluções urbanísticas, isso acontece em parte devido às trocas de gestão política. A cada nova gestão antigos projetos se perdem e novas políticas públicas, que restringem a atuação dos arquitetos e urbanistas, são implementadas.

Portanto, nossa proposta é a volta do papel principal do arquiteto como orientador e especialista.
Percebemos que a figura do arquiteto sentado meses projetando já não atende mais a necessidade social, não temos mais esse tempo. Acreditamos que o ato de projetar, deve ser composto tanto pelo conhecimento do arquiteto e suas habilidades de desenho e síntese quanto pelo conhecimento e participação social, e não pode deixar de acontecer ou ser atrasada por má gestão. A sociedade precisa de soluções eficientes e rápidas para os problemas urbanos. Precisamos “pra ontem”.

A partir dessa reflexão, buscamos referencias de arquiteturas práticas e encontramos a arquitetura efêmera, a arquitetura rebelde e a de guerrilha. A arquitetura efêmera atua de forma espontânea de forma a atender a necessidade social, seguindo um evento ou propósito. Ela, a princípio, tem caráter temporário pela sua fragilidade ou falta de infraestrutura, mas está em alta pela sua facilidade de aplicação. A arquitetura rebelde é voltada integralmente a atender necessidades sociais, ela atua longe do estrelismo e possui caráter de resistência e ativismo. Por fim, a arquitetura de guerrilha atua em condições tanto legais quanto ilegais, ocupando edificações abandonadas, e serve como forma de protesto e resistência às politicas locais. Ela se caracteriza pela sua mobilidade, uma vez ilegal, ela ocupa e desocupa locais rapidamente e sempre procura de novos lugares.

A área para nossa intervenção pode ser a cidade, o campo, a praia, a favela, o condomínio, onde for. A ideia é tentar desenvolver um projeto no qual o processo do “fazer” e a metodologia sejam muito bem trabalhados, usando a estratégia de aplicação das três áreas citadas anteriormente, para a resolução de problemas sociais encontrados ao longo do nosso trabalho, e por ultimo ver como essa metodologia pode ser aplicar em diferentes contextos.

Etapa 02

A guerrilha urbana se caracteriza pela mobilização de pessoas para se combater um “inimigo comum” agindo com rapidez, agilidade e organização.

Escolhemos os moradores de rua porque os identificamos como os personagens capazes de expressar o conceito de arquitetura de guerrilha com suas ocupações e ações na cidade assim como a capacidade de desenvolver novas arquiteturas.

Trechos do manual de guerrilha urbana

As armas do guerrilheiro urbano são armas leves, facilmente trocadas, usualmente capturadas do inimigo, compradas ou feitas no momento.

As armas leves têm a vantagem de que são de manejo rápido e de fácil transporte.

O guerrilheiro urbano não deve basear suas ações no uso de armas pesadas, que possuem sérias desvantagens no tipo de luta que exige armamento leve, que garanta mobilidade e velocidade.

As vantagens iniciais são: a. Tem que tomar o inimigo de surpresa; b. Tem que conhecer o terreno de encontro melhor que o inimigo; c. Tem que ter maior mobilidade e velocidade que a polícia e as outras forças repressoras; d. Seu serviço de informação tem que ser melhor que o do inimigo; e. Tem que estar no comando da situação e demonstrar uma confiança tão grande que todos de nosso lado sejam inspirados e nunca pensem em hesitar, enquanto que os do outro bando estão atordoados e incapazes de responder.

Etapa 03

A partir de nossa decisão de trabalhar com os moradores de rua do centro de São Paulo, fomos às ruas para estabelecer um primeiro contato com essas pessoas e tentar entender como poderíamos atuar na cidade de maneira a auxiliá-las. Ouvimos histórias de vida tanto de pessoas em situação de rua como pessoas que conseguiram sair dessa situação e hoje tem seus trabalhos e casas.

Com essas conversas o trabalho foi saindo cada vez com mais naturalidade, até o dia que conhecemos a Maria Eulina, fundadora da ONG Mães do Brasil que fica no Castelinho da Rua Apa. Durante a conversa ela nos contou como gostaria de revitalizar a praça Marechal Deodoro com a ajuda de estudantes e moradores de rua. Isso foi um disparador para nosso trabalho, pois sintetizava muito bem nossas vontades com a arquitetura de guerrilha. Nós então abraçamos essa ideia e passamos a desenvolver nosso trabalho em função dela.

Nessa terceira etapa do trabalho fizemos levantamentos sobre a Praça Marechal Deodoro, conversamos com mais moradores de rua, fizemos uma proposta de revitalização para ela e reuniões com pessoas que podem nos ajudar a levar esse projeto para frente.

 

Etapa final

Entendemos que a arquitetura precisa estar sempre dialogando com a sociedade e o meio no qual se insere, e que o conhecimento ganho pelos arquitetos precisa ser repassado e assim atender a necessidade das cidades e dos cidadãos. É evidente o grande déficit dentro das cidades em relação aos projetos arquitetônicos e soluções urbanísticas frente a enorme demanda de melhorias eficientes e rápidas. Precisamos de soluções “pra ontem”.
A partir de referências de arquitetura de guerrilha trazidas da Espanha por um dos membros do grupo, começamos a desenvolver essas questões e nos interessar cada vez mais pelas características de efemeridade, utilidade e rapidez dessa arquitetura. Durante o semestre passamos por diversos momentos de trabalho e reflexão, procurando a melhor maneira de expressar nossa vontade de agir sobre a realidade paulistana de uma forma mais imediata. Após algumas discussões, percebemos que os cidadãos que talvez mais precisem e se utilizem dessa arquitetura ágil e urgente são aqueles que se encontram em situação de rua, e a partir dessa percepção, optamos por “adota-los” como sujeitos de estudo. Decidimos então trabalhar, especificamente, com os moradores de rua do centro de São Paulo. Para estabelecer um primeiro contato com essa realidade iniciamos uma série de saídas para pesquisa de campo, nas quais conhecemos diversos moradores de rua e suas histórias, o que nos instigou a todo momento.

Com essas conversas o trabalho foi saindo cada vez com mais naturalidade, até o dia que conhecemos Maria Eulina, fundadora da ONG Mães do Brasil que fica no Castelinho da Rua Apa. Durante a conversa ela nos contou como gostaria de revitalizar a praça Marechal Deodoro com a ajuda de estudantes e moradores de rua. Isso foi um disparador para nosso trabalho, pois sintetizava muito bem nossas vontades com a arquitetura de guerrilha. Nós então abraçamos essa ideia e passamos a desenvolver nosso trabalho em função dela. Então, delimitamos um raio a partir da praça que virou nossa área principal de analise, sempre voltados a realidade dos moradores de rua.
Devido a nossa decisão de dar continuidade a esse trabalho em forma de TCEV no próximo semestre, definimos que a ultima etapa do trabalho pra essa entrega seria um levantamento e mapeamento o mais completo possível da érea estudada, sob o olhar da ocupação dos moradores de rua, para que, nas próximas etapas possamos realizar uma proposta de projeto urbano bem embasada e coerente que atenda as necessidade desse universo.