MPMF_G19_MOSTRUÁRIO

etapa 01

Espaço de Arte e Arquitetura em São Paulo

O “Espaço de Arte e Arquitetura em São Paulo” se propõe a ser um espaço de encontro entre a Arte e a Arquitetura que busca explorar a complexidade e as inúmeras possibilidades de relação entre estas dimensões.

A intenção é ratificar a ideia de que a arte e arquitetura além de poderem ocorrer em um só lugar, mutualmente se potencializam, constituindo-se em uma nova forma de expressão.

Pretende-se desafiar os arquitetos e artistas a refletirem sobre seu papel na sociedade.

A proposta contempla a organização de exposições, instalações, conversas, reflexões, eventos e diálogos com outros campos do saber por meio da arquitetura e da arte.

Busca-se com isso a criação de um espaço democrático que evidencie que a arquitetura vai muito alem dos limites formalmente estabelecidos pela academia e pelo mercado.

 

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etapa 02

A partir da leitura dos espaços voltados a divulgação e debate arquitetônico existentes, passamos à etapa de formulação do que seria o nosso espaço proposto. Portanto, construir uma apresentação demonstrou-se necessário para compreender e esclarecer nossos objetivos e justificar a importância de uma proposta de espaço como esse. Assim, especulamos três espacialidades genéricas que apresentam dimensões distintas. Logo, criamos quatro possibilidades de atividades adaptadas segundo suas necessidades e disposição para serem encaixadas nos três lugares propostos. A fim de adentrar na discussão do que seria essa galeria dentro do contexto urbano de São Paulo, elegemos quatro tipologias com condições específicas potencialmente qualificadas como espaço de exposição.

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etapa 03

_quem somos

Um espaço dedicado à exposição, produção, estímulo e difusão da arquitetura contemporânea, tanto em âmbito nacional quanto internacional. Ele surge em oposição ao contexto atual onde a arquitetura esvazia-se dos debates correntes e acessíveis ao grande público, restringindo-se ao próprio meio mas que, mesmo assim, nos parece insuficiente. O espaço propõe estimular a relação entre arquitetura e outras disciplinas, oferecendo ao público uma nova perspectiva sobre o campo, convocando profissionais de diversas áreas para desenvolverem projetos que ultrapassem as fronteiras disciplinares individuais, estáticas e estanques. Dessa maneira, buscamos atrair um público diverso que influencie e seja influenciado por essas leituras. Inserir o Brasil no debate arquitetônico latino americano atual e na rede de espaços com esse mesmo caráter é, ao nosso ver, fundamental nesse momento premente.

_critérios

A análise das tipologias e o levantamento dos imóveis disponíveis foram feitas através de critérios pré-estabelecidos. A receptividade e inserção no tecido urbano são alguns dos fatores fundamentais para o sucesso e visibilidade do espaço. No entanto, a singularidade de cada imóvel apresenta também limitações que impedem ou dificultam seu funcionamento. Os critérios foram divididos em três eixos: a acessibilidade, a arquitetura e o programa do entorno imediato. No que cabe à acessibilidade, foi levado em conta os principais pontos e acessos de transporte público: o imóvel deveria estar em um raio de doze minutos de uma estação de metrô e a sete de um ponto de ônibus. Ciclovias e outros modais alternativos também merecem atenção especial. A pesquisa se concentrou em pontos de intenso fluxo e atividade sobretudo entre as áreas do centro expandido da cidade de S. Paulo. A respeito da arquitetura do imóvel foram considerados alguns elementos que amparam e convidam o transeunte: a existência ou não de marquises, coberturas; pilotis, térreo livre ou de fácil acesso; visibilidade e transparência das fachadas; percursos alternativos que, de preferência questionem a lógica do lote e quarteirão “tradicional”; estímulos gráficos e visuais como letreiros e sinais luminosos; entre outros. Houve também o interesse por edifícios icônicos, que funcionam como referência e repertório visual da cidade. Por fim, os usos dessas áreas também devem estar em consonância com o espaço pois, além do desejo em se manter em um lugar ativo, há a possibilidade de se criar redes entre instituições culturais circundantes, usufruindo de infraestruturas já existentes. Comércios e serviços efervescentes ao rés do chão; horários de funcionamento flexíveis e a diversidade de programas dão a tônica desse critério.

_possibilidade de imóveis

A pesquisa de possibilidades de lugares para a instalação do espaço centrou-se no que conhecemos por “centro-expandido” da cidade de São Paulo. Embora haja interesse em extrapolar áreas já consolidadas que, por vezes, são limitadoras e restrinjam um público mais amplo, entendemos que nosso espaço não é estruturador de um novo núcleo, mas sim funciona como suporte – complementando e suprimindo carências existentes inclusive nesse contexto já estabelecido. Portanto, a escolha desse eixo se deu tanto em relação às infraestruturas de transporte – que tornam o espaço acessível e dinâmico – quanto institucional – incontestável é a presença de universidades, museus, centros de cultura etc que permitem não só uma demanda e fluxo de pessoas já interessadas quanto a criação de redes de trabalho e pesquisa. Dentro dessa estrutura de lugares disponíveis há uma subdivisão entre os espaços fixos e os temporários– aqui também entendidos como “expositores”. Essa leitura dialoga com a ideia de criação de redes dentro da cidade: enquanto há um lugar onde estão sendo produzidos ou expostos trabalhos, outros lugares poderão ser ativados ao funcionarem como meios de comunicação e difusão dos mesmos trabalhos. Guardadas as devidas proporções, essa experiência se assemelha com a proposta da X Bienal de Arquitetura de S. Paulo, realizada em 2013, onde não havendo uma sede rígida, diversos locais da cidade serviram como suporte e acolhida dos trabalhos – os modais de transporte aparecem aqui como os principais responsáveis para o sucesso desse método.

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etapa 04

Mostruário surge através das perguntas de quê e de como apresentar trabalhos de arquitetura.

Parte do trabalho de conclusão de curso de uma das integrantes do grupo, Mostruário insere-se, também, na disciplina do Estúdio Vertical da Escola da Cidade, do primeiro semestre de 2017, intitulada Modos de Pensar, Modos de Fazer. Durante o período, foram estudados espaços expositivos de arquitetura e a respectiva viabilidade e relevância de um lugar assim em São Paulo. Esses estudos estão reunidos em 03 fascículos: 00 – Manual, 01 – Tipologias, 02 – Imóveis e 03 – Mostruário.

A partir do levantamento e catalogação dessas informações, nos colocamos o exercício de desenvolver uma pequena reunião de trabalhos com o intuito de produzir algumas possibilidades de conteúdo para esse eventual espaço expositivo.

Desse modo, a reunião foi feita por meio de um convite simples a colegas estudantes a partir de uma chamada ampla e temática, relacionada ao tema das Vitrines – tipologia matriz dos espaços estudados (ver fascículo 01- Tipologias).

Alguns dos trabalhos apresentados fazem parte de uma produção corrente, enquanto outros são ad hoc, tendo sido desenvolvidos com nosso acompanhamento especialmente para essa ocasião.
Há uma tendência em exposições de arquitetura de elaborar representações de, mais ou menos, três formatos: aqueles com pressupostos surrealistas, aqueles instrutivos e aqueles que se assemelham a instalações.

Por pressupostos surrealistas, entendemos aqueles onde há exagero sinestésico, ou seja, de uso dos sentidos, como por exemplo, no trabalho 05 Vitrines, onde tanto nos modelos, quanto nos desenhos, as aberturas, a dialética entre transparências e opacidades são vigorosamente representadas por meio de texturas, papéis e acrílico. Enquanto isso, os trabalhos que se aproximam de uma matriz instrutiva, discutem aspectos de informações técnicas que dizem respeito à construtibilidade do objeto. Embora haja flertes com uma apresentação mais artística, sobretudo pelo objeto apresentado, Casa para uma historiadora da arquitetura ou Casa Anti-vitrine discute linguagens inerentes à prática arquitetônica: como cortes, plantas e elevações. Já as instalações ficam entre o objeto e o edifício, usando muitas vezes soluções semelhantes e, muitas vezes, com mudanças de escalas.

Há também aquelas investidas que buscam traduzir conceitos ou teorias em respostas visuais, como em Projeto para um Modelo Reduzido, que sugere uma interpretação do conceito empregado por Lévi-Strauss em O Pensamento Selvagem.

No entanto, em quase todas essas práticas há um dado intrigante: embora haja edições, como cortes ou sobreposições, as representações bidimensionais ficam, quase sempre, reféns à série A, tão cara ao meio.

Já no que cabe às práticas artísticas de fato, e mais distantes ao domínio da arquitetura, nota-se a eficiência de soluções formais referentes ao tema. O uso deliberado do vidro e encáustica em então III ou a sobreposição de tecidos furta-cor, de Sem título, que distribuem uma miríade de cores, conforme o deslocamento do observador, atribuem caráter plástico ao espaço e se remetem a si mesmos, à sua materialidade e procedimentos.

Como em Arquitetura e Limites I (1980) Bernard Tschumi nos alertou sobre a ingenuidade e possibilidade de “entendimento equivocado do trabalho do arquiteto e do artista”, enquanto um inveja a “utilidade” e a “liberdade” do outro, respectivamente – absorvendo, assim, as características mais conservadoras de cada disciplina – Mostruário procura, nesse sentido, apontar estratégias e não soluções que essas “atividades de fronteira escondem e encobrem”. Como peças de mostruário que funcionam como provas de teste ou modelos, e que além de sofrerem às intempéries do tempo operam como chamarizes, Mostruário aponta hipóteses de modos de trabalhar e pensar arquitetura, dentro desse recorte específico, e sem a pretensão de encerrar o assunto, ele pretende antes convidar para uma conversa.