Etapa 01
INFRAESTRUTURAS: UMA OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA
Entre tempos em tempos vimos o papel do arquiteto como parte do grupo técnico da construção da sociedade e a sua importante pelas suas interpretações espaciais e físicas do espaço nas constantes mudanças das cidades. A distância entre o projetor e o construtor faz parte de um processo rígido político e burocrático que muitas vezes não existe um diálogo e uma troca horizontal de experiências nas diversas frentes. Como esse caminho do modo de pensar ate o modo de fazer é construído? Impossível ter essa separação.
Tendo em vista o cenário contemporâneo como local de atuação, em que a constante mudança de paradigmas e conceitos de cidade dinâmica vem a enfrentar a partir da reaproximação entre instância das ideias e de sua concretude. Traçamos oposições conceituais para o inicio de uma metodologia de aproximação de tema e sua inconformável coerência entre a reflexão crítica e a praxis.
A relação tempo espaço com a cidade se torna uma frente única no modo que vimos diversas infraestruturas de abastecimento que a cidades no decorrer da evolução se torna uma obsolescência programada, assim não tendo uma resinificação do lugar como tal programa de origem. A evolução e o tempo se tornam um pêndulo único para determinar o destino dos lugares que ao longo de sua trajetória foram abandonados pela troca de uso ou pelo simples fato de não terem mais importância para a cidade.
Nossa primeira abordagem sobre o tema Modo de pensar e Modo de fazer se refere ao fato de que essas infraestruturas de abastecimento têm muito a oferecer mesmo sem seu uso original, determinando outros fatores relevantes projetuais que buscamos descobrir com o desenvolvimento do projeto. Acreditamos que as novas demandas que a cidade contemporânea pede tem como parâmetro a resinificação de lugares que um dia já foram estruturas fortes para abastece-la. Trazendo essa reestruturação como uma das frentes de projeto, nossa metodologia vem como primeira frente, criar um catálogo de lugares que se tornam relevantes para nossa discussão, tendo em vista lugares de infraestruturas de abastecimento. Com isso elencamos quatro lugares, não só aqui na capital de São Paulo, mas sim por todo o Brasil, para mostrar essas diversidades de cenários que são propícios a expansão de novos programas. A partir dai elencar qual será o cenário de intervenção e de pesquisa de como fazer essa resinificação do lugar, determinando um novo caráter a ele.
Pedreira Morro do Sítio Grande
Balão de Gás, Gasômetro
Monotrilho, Poços de Caldas
Ferrovia, Paranapiacaba
Etapa 02
Com a continuação do processo de investigação sobre estruturas e infraestruturas que com o tempo seu uso foi se tornando obsoleto, a partir do nosso catálogo de territórios escolhemos as pedreiras como elemento de intervenção. A escolha dela é dada pelo fato de que seria a única onde o tempo não tem um peso de mudança, onde é uma cicatriz da cidade que sempre vai existir, o processo de extração de pedras e outras matérias faz com que aquele lugar nunca vai voltar a sua origem natural.
Por meio disso o novo uso, terá o mesmo sentido do antigo, extração. Mas de um modo que posso ser mais benéfico para as cidades ao redor. A cicatriz deixada, passa não ser mais um rasgo nas montanhas, e sim um curativo para umas das principais demandas da população, alimento.
Vivendo em uma metrópole, lidamos constantemente com produtos sendo importados e exportados. Tendo em vista que as ocupações das cidades periféricas não deixam um anel verde de uma cidade para outras, precisando assim trazer a base dos alimentos das cidades do interior.
A criação de um novo uso para a pedreira, é pelo simples fato de encurtar esse caminho e também ver esse uso como uma ocupação necessária para a cidade, uma grande produção de cultura alternativa de alimentos agrícolas.
“ O processo de hidroponia apresenta várias vantagens em relação às formas de cultivo tradicionais, como: crescimento mais rápido; maior produtividade; aumento da proteção contra doenças, pragas e insetos nas plantas; economia de água de até 70% em comparação à agricultura tradicional; possibilidade de plantio fora de época e rápido retorno econômico; assim como menores riscos perante as adversidades climáticas.
Na hidroponia, a planta não entra em contato com o solo e recebe os sais minerais que precisa em proporção equilibrada, dissolvidos em água. O resultado é uma planta mais forte e sadia, com qualidade nutricional e sabor equivalente aos vegetais produzidos nas práticas tradicionais de cultivo. Mas o maior atrativo do sistema hidropônico é a isenção de resíduos agrotóxicos. Ao utilizar a hidroponia, o agricultor também evita a degradação dos solos e a agressão ao ambiente, além de economizar, pois reduz o uso de produtos químicos e a preocupação com a desinfestação de áreas para o plantio. “
Nanda Melonio
Localizada no Norte da cidade de São Paulo, uma antiga pedreira Sant Anna, esta desativada a mais de 5 anos. Com um vazio encrostado na Serra da Cantareira, ela apresenta um desnível de sua cota mais baixa ate seu ponto mais alto de 100 metros, um grande desafio para ter uma ocupação vertical agrícola. A sombra que ela proporciona é uma das principais problemáticas que encontramos no decorrer do levantamento. A partir disso decidimos investigar apenas plantações hidropónicas que necessitem de poucas horas de sol para seu crescimento em duas frentes de 4 a 6 horas e de 2 a 4 horas por dia. Essa criação do roteiro de ver qual planta necessita mais maior quantidade de sol por dia é essencial no processo do projeto pois cada tipo de plana precisa de uma estrutura para seu plantio, seja por meio de cabaletas onde suas raízes são pequenas ou por meio de vazos onde ruas raízes são maiores.
Etapa 03
O estudo da pedreira e a investigação de possibilidades para a viabilidade da horta hidropônica vertical foram os principais pontos trabalhados nessa etapa, com o intuito de entender melhor esse espaço e de que forma seria essa instalação, desde questões projetuais até questões de logísticas.
A partir disso, a análise do espaço em relação à carta solar deixou claro que os alimentos mais viáveis de serem produzidos nesse local e por esse sistema são a alface, a escarola e a rúcula, já que necessitam da mesma quantidade de sol e de um mesmo sistema de irrigação. Assim, a proporção da produção dos três alimentos foi feita a partir de uma pesquisa que mostrava a porcentagem de consumo de cada alimento.
Uma vez que o cultivo escolhido foi a hidroponia é importante relembrar que se trata de uma plantação que recebe todos os sais minerais necessários para o seu desenvolvimento a partir de uma solução aquosa, não necessitando, portanto, do solo.
O formato atual da pedreira conforma um reservatório que viabilizou a questão da demanda de água do projeto e para isso ele foi dividido em três partes. A primeira parte é composta por água pura, utilizada para alimentar a parte hidráulica do projeto, como por exemplo os sanitários. A segunda refere-se ao aquaponics, um sistema em que os peixes, mais especificamente a tilápia, são colocados junto a água com a intenção de liberarem matéria orgânica e formarem uma solução. Na última divisão, a matéria orgânica da água é transformada, através de microrganismos, em compostos inorgânicos e distribuída por todo o sistema hidropônico. Assim, por meio de tubos de pvc ou de cobre, a água é transportada pelos eixos hidráulicos estabelecidos no projeto e armazenada em um reservatório construído na parte superior da pedreira. A água, então, é distribuída para a plantação por meio da gravidade, já que todo sistema acontece por tubos de pvc com inclinação de 2%, e após percorrer toda essa estrutura de plantio é jogada novamente no reservatório natural para a reutilização.
A questão da declividade do terreno também precisou de maior atenção e estudos, uma vez que são poucos os degraus já existentes na pedreira. As infraestruturas necessárias foram, portanto, as passarelas metálicas engastadas nas pedras, as escadas lineares distribuídas pelas plantações e um funicular que organizam os fluxos e locomoção dos trabalhadores e dos sistemas cultivados.
Etapa 04
A próxima etapa, depois do estudo da pedreira e da investigação de possibilidades para a viabilidade de uma horta hidropônica vertical, foi estabelecer os programas necessários e de apoio para uma produção hidropônica, e a relação deles com as questões logísticas e a maneira e forma de sua implantação. Assim, foram criados espaços e edifícios que abrigassem essas atividades, tanto no nível a, onde a pedreira se conforma, quanto no nível B, grande área que liga a rua ao nível A.
Focando inicialmente no nível A da pedreira, foi estudado o projeto para a preparação, armazenamento, condução e escoamento da água e solução aquosa necessárias para a plantação. Definindo, então, um reservatório inferior, conformado pela própria pedreira e dividido em duas partes, a primeira parte com água pura, utilizada para alimentar a parte hidráulica do projeto, como por exemplo os sanitários, e a segunda parte com o aquaponics, um sistema em que os peixes, mais especificamente a tilapia, são colocados junto a água com a intenção de liberarem matéria orgânica e formarem uma solução nutritiva. Por meio de tubos de pvc ou de cobre, a água é transportada pelos eixos hidráulicos estabelecidos no projeto para um outro reservatório, instalado na parte superior da pedreira, que transforma a matéria orgânica da água, a partir da ação de microrganismos, em compostos inorgânicos. Após essa etapa, solução nutritiva é distribuída para a plantação hidropônica por meio da gravidade, uma vez que todo o sistema acontece por tubos de pvc com inclinação de 2% e por fim, depois de percorrer toda essa estrutura de plantio, a água é levada novamente ao reservatório natural para a reutilização.
A declividade do terreno também precisou de maior atenção e estudos, uma vez que são poucos os degraus já existentes na pedreira, sendo, então, necessário o uso de infraestruturas, como passarelas metálicas engastadas nas pedras, escadas lineares distribuídas pelas plantações e uma cremalheira, que conformadas pelo próprio relevo da pedreira, organizam fluxos e locomoção dos trabalhadores e dos sistemas cultivados.
Ainda no nível A, está localizado o berçário, onde as plantas são germinadas, antes de serem levadas para a horta vertical, a enfermaria, um deposito para materiais, sanitários e uma copa de apoio para os funcionários.
O espaço do nível b, por outro lado, abriga programas divididos em dois núcleos principais de edifícios, o primeiro engloba atividades como o deposito das vegetações produzidas, pátio de manobras e refeitório. O outro se trata da escola técnica que tem o objetivo de capacitar a população local a produzir e administrar sistemas de cultivo. O núcleo da escola também possui um eixo de serviços, onde a administração está localizada, por exemplo.
O nível b ainda conta com um amplo pátio destinado a feiras ou até mesmo, junto as áreas verdes e o lago da região, para o lazer dos funcionários e moradores do entorno.
Nível A
Nível A
Nível B
Nível B
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