1ª ETAPA
Diagrama de interesse
São Paulo, uma cidade definida pelo emaranhado de encontros. Observa-se, nesta lógica, uma sobreposição de níveis, a partir de viadutos que conectam espaços, ao passar sobre os pedestres, ciclistas, carros, ônibus, linhas de trem, rios.
O vencimento deste vão, no entanto tem seu custo ao seccionar ambientes e gerar espaços sub-utilizados; espaços estes que se reproduzem ao longo do tecido urbano. Uma intervenção em um desses pontos pode servir como exemplo e ser replicada.
O Brás, como porta de entrada para a Zona Leste paulistana, é de extrema importância dentro das passagens de uma escala urbana. Além disso, a tentativa histórica de se vencer a barreira criada pela linha férrea fez necessária a criação de viadutos para o automóvel, deixando espaços esquecidos e secundários para o pedestre.
Dessa forma, vemos como um vencimento não planejado de uma barreira, pode criar outras. Nesta região, Encontramos um nó de passagens formado pela linha do trem, pelo viaduto da Rangel Pestana, pela passarela de pedestres e pelo acesso à estação do Brás, de metro e CPTM. É nessa região que o projeto se coloca.
Nas proximidades do viaduto, em nível do pedestre, pode-se observar uma vida efervescente em horário comercial, e uma falta de atividade em horários não comerciais. Paralelamente a essas situações, grades fecham a área entre o viaduto e a rua, impossibilitando a criação de um espaço ativo sob o elevado.
Outra situação de interesse se cria na própria transposição da ferrovia, em que, após uma passagem secundária e estreita, uma passarela degradada atende ao fluxo intenso de pedestres. Desta forma, o projeto busca solucionar tanto os espaços sob o viaduto, quanto a transposição da ferrovia, com um complexo em que o pedestre possa passar e estar, sempre em nível, com conforto e segurança.
2ª ETAPA
O projeto busca resolver o nó de passagens identificado nas proximidades do Largo da Concórdia, entre a linha do trem, o viaduto Maestro Alberto Marino e a saída da estação Brás de CPTM.
Para dissolver a confluência de pedestres que hoje atravessa a linha férrea por uma degradada e estreita passarela, integrando, ao mesmo tempo, o comércio informal que disputa estes mesmos espaços, novos ambientes foram criados, sempre a partir das estruturas já existentes no local.
O viaduto passa de barreira a um volume permeável e dinâmico, em que se intercalam passagens e programas. Estes últimos, além de organizam o comércio informal e gerar espaços de apoio aos moradores de rua que habitam a área, trazem atividades que convidam quem frequenta a região a permanecer após o horário comercial, criando um ambiente mais seguro ao estender as horas de mais movimentação.
Hoje, a ferrovia separa dois espaços livres, a praça frente à estação de CPTM e uma pequena praça na esquina das ruas Av. Rangel Pestana e R. Domingos Paiva. O projeto une estes dois espaços em uma praça única que em dados momentos se rebaixa para vencer essa barreira do trem.
Alem de criar uma continuidade no aproveitamento espacial dos pedestres, este movimento devolve à cidade uma ligação com seu passado industrial, representado aqui pela linha do trem e pelas fachadas remanescentes de galpões industriais. Para quem observa a partir da cota alta da praça, a conexão se dá no âmbito visual e para os que atravessam a ferrovia pela porção rebaixada, no âmbito sonoro.
Essa área de passado industrial se encontra tomada por estabelecimentos comerciais e com pouquíssimos usos de permanência, o que gera um fluxo intenso, porém apenas em horários comerciais.
No entanto, o Plano Diretor Estratégico de São Paulo, prevê um zoneamento de ZEIS-3 para o local, o que pode alterar essa paisagem. Tendo em vista tanto a situação atual, quanto a prevista pelo PDE, o projeto buscou criar espaços que lidem com ambas as realidades: ambientes para o comércio e áreas de estar e lazer para a população.
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