PASSAGENS – G35

 1ª ETAPA

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PASSAGENS QUE SÃO BARREIRAS

A investigação em questão aborda a dicotomia Passagem x Não passagem. O trabalho se inicia na investigação do conceito de barreiras urbanas vistas aqui como elementos de não passagem e metaforicamente pensadas como catracas, aqui abordadas como símbolo de segregação e seleção. Ao analisar as barreiras em diversas situações já estabelecidas em nosso contexto urbano as dividimos em quatro categorias:

Barreiras sociais: estabelecidas a partir de aspectos morais, classicistas, estéticos e ideológicos. Essa barreira é capaz de imprimir catracas simbólicas dependendo do seu uso. Exemplos disso são casas noturnas, lojas, shoppings, restaurantes, edifícios, instituições e localização urbana.

Barreiras geográficas: referentes à implantação do sítio e características em uma escala metropolitana. Contempla aspectos geomorfológicos como relevo, características climáticas, além de proximidade a equipamentos públicos e infraestrutura urbana.

Barreiras espaciais: abordadas em uma escala humana se referem a qualificação de um determinado meio, tendo como principal objeto de observação as instalações urbanas e qualidade do espaço publico.

Barreiras sensoriais: referentes a aspectos sensitivos que podem inferir diretamente nas dinâmicas urbanas de determinadas regiões. A exemplo disso temos fortes odores provindos de lixo, esgoto, poluição, rios; ruídos; iluminação; segurança; poluição visual.

Observando o meio urbano em que estamos inseridos, elencamos algumas ruas e trechos a serem estudados que apresentam desconfortos ou dificuldades que comprometem suas dinâmicas.

Esse primeiro momento seria um diagnóstico e apresentação da problemática.

Em um segundo momento, de investigação e experimentação, pretendemos fazer uma instalação de caráter provocativo que instigue as pessoas a pensarem na quantidade de barreiras a elas importas e naturalizadas no dia a dia.

Para um momento final, a partir de nossas observações e questões levantadas, pretendemos projetar uma intervenção em algum recorte a ser escolhido e que resolva alguns dos problemas que impedem ou dificultem a passagem das pessoas.

 

2ª ETAPA

“promover a articulação entre espaço público e espaço privado, por meio de estímulos à manutenção de espaços abertos para fruição pública no pavimento de acesso às edificações”.

“proporcionar a composição de conjuntos urbanos que superem exclusivamente o lote como unidade de referência de configuração urbana, sendo também adotada a quadra como referência de composição do sistema edificado”.

(Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo_capítulo II: Da regulação do parcelamento, uso e ocupação do solo e da paisagem urbana.)

 

O resultado do projeto elaborado até então foi gerado a partir de discussões sobre passagens e não passagens. Analisando barreiras sutis, porém muito recorrentes no cotidiano – como muros, grades, vias estreitas, impermeabilidade das quadras, estacionamentos, edifícios que não cumprem seu papel social -, elegemos um grande quarteirão no bairro da barra funda, entre a Av. Marquês de São Vicente, Rua do Bosque, Rua James Holland e Rua dos Americanos, com o objetivo de descondensá-lo e gerar permeabilidade no seu interior, tendo em vista os potenciais daquele local e do terreno escolhido em especial, por conter uma creche, uma escola, uma oficina de reciclagem para confecção de brinquedos, galpões industriais, habitações horizontais e dois grandes empreendimentos, um com previsão para 2016. Ao visitarmos o local, um fato gritante que percebemos é a quantidade de área destinada aos estacionamentos, e inclusive no quarteirão escolhido, há um grande estacionamento abandonado. Percebemos que podíamos converter esse lugar em parque, espaço de convivência, e até em plateia de projeção de cinema nas empenas cegas dos galpões. Sendo interessante a maior permeabilidade da quadra, o projeto tenta costurá-la, unindo grandes vazios, onde os programas serão implantados. A passagem entre os programas é um estreito Centro Cultural, com outros diversos programas, que a noite, visando a maior segurança do local, pudesse ser um edifício lanterna. Em relação às vias internas que formam espaços mais introspectivos e que conectam as casas à creche e à escola, decidimos manter o caráter mais recluso e não levar o fluxo para esse espaço, para manter a privacidade e segurança das crianças. Nosso projeto tem como partido, basicamente, retirar grades, muros, galpões e estacionamentos abandonados, e a partir do espaço resultante, projetar conexões, costuras e vazios que levem vida àquele lugar.

Maquete

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3ª ETAPA

O projeto parte de uma reflexão sobre a presença de barreiras urbanas, decorrentes de catracas simbólicas, que comprometem a vida cotidiana de nossas cidades. Essa constante tem por vezes matrizes sociais, morais, geográficas, espaciais e muitas outras que limitam o direito a cidade e sentenciam a fruição harmoniosa de algumas dinâmicas urbanas.

O amadurecimento destas discussões levou a busca por exemplos que evidenciem essas questões e que pudessem ser estudados e reinterpretados, a partir de um projeto arquitetônico sensível às impossibilidades estabelecidas sobre o espaço.

Vimos em pensadores da cidade contemporânea, como Christian de Portzamparc e Jan Gehl, um viés conceitual que fundamentou nossa investigação em campo. Além disso, foi de suma importância a leitura e aproximação das questões trazidas no novo Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo (PDE), tido como forte diretriz de projeto.

Elegemos uma quadra na Barra Funda, situada entre a Rua dos Americanos, Rua do Bosque, Rua James Holland e Av Norman Pieruccini Giannottiem, como espaço de análise. Encontra-se em um perímetro com importantes eixos de mobilidade urbana, como metrô e corredores de ônibus, e possui uma extensão física incompatível com o contexto e com a escala do pedestre (mais de um quilometro de perímetro). Vimos ali uma oportunidade de subverter esta barreira física tornando-a um espaço permeável e de uso misto.

A região da Barra Funda vem a algum tempo sendo palco de uma intensa especulação imobiliária dada a sua localização privilegiada e sua morfologia urbana historicamente pouco adensada, com casas térreas e muitos galpões industriais. De acordo com o PDE esta é uma zona que deverá sofrer um processo de adensamento, pretendemos, portanto, garantir qualidade nos espaços públicos que proporcionam uma maior vitalidade e qualidade urbana à região.

Foram analisadas as dinâmicas pré-existentes, os vazios no interior da quadra e seus usos como: uma escola, uma creche, galpões industriais, residências, comércios e um depósito que pertence à Prefeitura. Foram adotados estratégias de intervenção, a partir das problemáticas analisadas, que pretendem: respeitar as construções existentes; estabelecer dois eixos que se cruzam no meio da quadra, gerando um ponto de convergência que configura uma ambientação harmônica aos espaços compartilhados; ativar as fachadas, qualificando assim o contexto proposto.

Interpretar de maneira crítica as poéticas espaciais, conformadas de forma espontânea ou induzidas, e buscar, a partir disso, uma ordem dentro do caos é um exercício necessário ao pensar em espaços públicos que contribuam na qualidade de vida da cidade contemporânea, sendo este um esforço fundamental dentro da reflexão cotidiana do arquiteto, urbanista, cidadão.

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