Nos percebemos em um momento de calamidades. Fenômenos e tragédias que na antiguidade seriam sinal de uma ira divina, hoje são vistos como uma desobediência por parte da Natureza ou incompetência e fraqueza daqueles que tentam controlar-la. A relação homem x natureza é um constante conflito, sendo que ainda nos comportamos como se fossemos soberanos a ela.
Essa percepção da natureza enquanto recurso só é possível a partir do momento que deixamos de fazer parte dela. Só quando nos descolamos dela, quando deixamos de fazer parte do que dizemos ser o fluxo das coisas, passamos a abusar dela.
Por fim, percebemos essa relação de abuso com o meio – que já foi um conosco – como um modo de autodestruição ou uma pulsão de morte. Somos uma sociedade simultaneamente necrófaga e autofagica, pois consumimos corpos sem vida e seus subprodutos (carne, madeira, petróleo, plástico e etc.), que ao mesmo tempo integram um macro sistema que integra nossa própria essência. Já não percebemos quanto estamos descolados desse fluxo natural. Não sabemos o quão natural somos.
Ana Clara Marin/ Antonio Pedro Ayd /Beatriz Vaz de Castro/ Giulia Ziravello/ José Guilherme/ Raquel Andrade