Etapa 1
Foto_Priscilla Vilariño
Os Cantos de São Paulo
Com mais de 3.000 composições gravadas sobre ela, São Paulo ganha o título de cidade mais cantada do país, superando inclusive o Rio de Janeiro. Em um estudo realizado pelo jornalista paraibano, Assis Ângelo que mostra de maneira detalhada e analisa as letras que falam sobre a metrópole e suas curiosidades, todas reunidas no trabalho ´´Roteiro Musical da cidade de São Paulo“.
Paulistanos, como Rita Lee, descreveram em suas melodias, os lugares de seus cotidianos, as próprias experiências na cidade e principalmente a dinâmica da metrópole. Mas não é só seus próprios cidadãos que tentaram exprimir o que é São Paulo em notas musicais, o baiano Caetano Veloso transmitiu para ´´Sampa“ suas primeiras impressões sobre a metrópole ao chegar no cruzamento da Ipiranga com a avenida São João, que com o sucesso da música imortalizou e levou esse símbolo da cidade para todos os brasileiros.
Essas letras, na maioria dos casos, mostram a visão de cada ´´experienciador“ e as questões que os circundam e principalmente a tentativa de espacializar e contextualizar esses lugares. Além disso, em cada canção é possível entender um pedaço da sua história que é contada através de pequenos recortes físicos e temporais. Muitas vezes, foram essas músicas as responsáveis por traduzir o que é a maior cidade da américa latina para o mundo, tendo total importância no papel de reconhecer São Paulo.
Com essa investigação, pretendemos utilizar esses relatos musicais para compreender a cidade, suas transformações e principalmente captar a memória afetiva desses espaços. Desse modo, é possível analisar a percepção geral que as letras sugerem na construção de uma imagem para cidade e a maneira com que isso se reflete na vivência de seus moradores e transeuntes. Por fim, há uma grande potencialidade nesse estudo por aproximar realidade, cultura, arquitetura, urbanismo e história na tentativa de desmistificar São Paulo.
Foto_Sebastão Assis Pereira
Ibirapuera: São Paulo vira metrópole
Ibirapuera em tupi significa “pau podre”, “árvore apodrecida” e representa o que antes já foi um terreno alagadiço e hoje é o parque mais importante da cidade de São Paulo, o terreno antes fazia parte da Várzea de Santo Amaro, chegando a abrigar diversas famílias de forma irregular.
A ideia para um parque na cidade surge pela primeira vez no final do século XIX pautada pelo propósito de que seria útil para a saúde pública da população e pela falta de áreas verdes. Em 1930 o plano de avenida de Prestes Maia já prevê o parque, com vias de acesso até ele, porém é em 1954 que ele é concebido para o IV centenário de São Paulo, tornando-se o primeiro parque metropolitano da cidade.
O IV centenário carrega a idealização do discurso de que São Paulo seria a “locomotiva” do País, nesse momento é disseminada a frase “a cidade que mais cresce no mundo” caracterizando a cidade como a grande metrópole moderna do Brasil.
Temos como norte da pesquisa os porques do parque ser um grande marco na cidade e como isso foi constituído, vemos o parque como elemento fundamental no desenvolvimento urbano da cidade.
Foto_ Caio Kenji
Comprar e Vender em São Paulo
O reconhecimento de São Paulo a partir da 25 de março e da feirinha da madrugada vem com a percepção das várias ruas e áreas da cidade que concentram um mesmo tipo de atividade e/ou comércio, sendo zonas especializadas que atraem pessoas de todo país para esses locais.
A escolha do local parece pertinente ao grupo quando pensada para entender as relações, dinâmicas e acontecimentos que, a partir do desenvolvimento urbano, impulsionaram a criação e/ou o surgimento desses pólos comerciais, concentrados em regiões específicas da cidade.
Levantando reflexões sobre até que ponto a cidade é formada por um urbanismo planejado ou por um urbanismo espontâneo.
A tentativa, também, vem da vontade de promover questões sobre quais são os impactos negativos e positivos nessa forma de se conceber a cidade, e se essas economias de aglomeração são mais eficientes ou não, do ponto de vista, tanro do entorno mais imediato do local quanto do restante do meio urbano.
Etapa 2
Os Cantos de São Paulo
Há muitas formas de reconhecer São Paulo, uma delas, escolhida pelo nosso grupo é através das musicas produzidas para a cidade que se propõem a retratar cada cantinho da metropole através do olhar de seu compositor. E desse modo é possível conhecer cada particularidade e formar uma visão geral ao mesmo tempo que composta por diversas experiências.
Com uma primeira analise, as 90 musicas da playlist Reconhecer São Paulo serviram como base para encontrarmos alguns dados que nos ajudaram a entender o universo que estamos trabalhando. Na primeira aproximação, era necessário entender quem estava produzindo essas letras e encontramos nos 63 interpretes, 39 deles eram de fato paulistanos e 14 não paulistanos que resolveram também expressar seus sentimentos por São Paulo em suas produções. Além disso, analisamos os principais temas que aparecem nas canções, que embora previsível, fazem um esforço para contar sobre a população, seus lugares, transito, favela, meios de transporte e diversidade, na tentativa de exprimir um pouco da vida na metrópole.
De acordo com esse estudo preliminar, chegamos em questões como, por exemplo, a influencia que essas letras tem na concepção da imagem da cidade e como esses diferentes pontos de vista são interpretados pelos ouvintes entre outras. Para isso, a escolha de produzir um documentário onde essas questões seriam debatidas a fim de chegar não em um senso comum, mas sim uma visão das particularidades de cada resposta.
Etapa 3
Reconhecer São Paulo pela Música
– A música permitiu que reconhecêssemos São Paulo através de uma visão geral da cidade composta por pequenos recortes.
– Foi possível entender as principais características, qualidades e defeitos cantadas por pessoas que não necessariamente vivam a mesma cidade
– elemento que está presente no cotidiano dos paulistanos e por isso se afirma como um forte instrumento de analise
Objetivos (Por que?)
-Reconhecer a ideia de São Paulo a partir de diferentes realidades
-Analisar a influencia das músicas na percepção da cidade, tanto para os paulistanos quanto para os não-paulistanos
– Levantamento da relação entre as músicas e a cidade em diferentes cotidianos
– Gerar uma discussão sobre os estereótipos criados e perpetuados pelas canções
Método de Analise (como?)
-Através de entrevistas realizadas dentro de um recorte especifico que garante diferentes realidades em convivência
-Busca por histórias, experiências e sentimentos que relacionam as canções e a cidade
-Sempre tentando colocar em evidencia as diferenças existentes em pessoas que já nasceram aqui com a de pessoas que por algum motivo passaram a viver na cidade
Recorte: Escola da Cidade
-A escolha de universo que contenha diferentes classes sociais, diferentes idades, gêneros, trajetórias e principalmente pessoas de diferentes lugares do mundo foi essencial para esse estudo.
– O recorte Escola da Cidade, além de viabilizar um estudo com ampla amostragem, veio de encontro para cumprir com todos os quesitos discutidos pelo grupo que seriam interessantes.
– A escolha dos entrevistados se deu por uma tentativa de manter uma proporção entre os quatro setores da escola e principalmente escolhendo sempre a mesma quantidade de paulistanos e não-paulistanos.
Escolha das músicas
– Dentro da playlist produzida na etapa 1, com 90 músicas que retratam a cidade de São Paulo, o grupo selecionou 8 músicas para realizar essa etapa do trabalho
-O critério de seleção dessas canções foram;
1- músicas que tratassem da cidade como um todo.
2- que tivessem um posicionamento explicito do compositor sobre a cidade.
3-que tivessem diferentes estilos musicais.
4- que tratasse das diferentes São Paulo.
Músicas Escolhidas
1- Sampa (Caetano Veloso)
2- Perfil de São Paulo (Inezita Barroso)
3- Amanhecendo (Coro)
4- São, São Paulo (Tom Zé)
5- Pro Bem da Cidade (Rumo)
6- São Paulo, Fim do Dia (Jair Oliveira)
7- Panico na Zona Sul (Racionais MC´s)
8- Eh!São Paulo (Carlos Careqa)
Produto Final
O produto da entrega final se baseia em um vídeo (com áudio) de 25 minutos (estimado) com as entrevistas dos integrantes da escola. Além de um caderno guia para dar suporte ao documentário no tamanho A5.
Para a exposição seria necessário um projetor e um suporte para o livro.
Etapa 4 – Final
Nessa etapa que encerra o ciclo de trabalho da primeira parte do Estúdio Vertical, temos como produto principal um vídeo que traz a síntese de nossos estudos sobre a temática.
Ao total, foram realizadas 40 entrevistas com os alunos, professores e funcionários da Escola da Cidade que serviram de base para a produção do vídeo. Com o termino das gravações foi possível reunir diferentes vivencias da cidade de São Paulo e uma pequena amostra das possibilidades de interferência da música no cotidiano dos entrevistados.
Além disso, o panorama concebido aos modos de uma colcha de retalhos foi de um conteúdo riquíssimo que deixou bem claro os principais aspectos que queríamos trabalhar. Visto que, elas trazem uma compreensão da cidade, das suas transformações e de uma vivencia desses espaços e suas memórias afetivas para cada pessoa individualmente e coletivamente.
A partir dessas entrevistas, foi possível, ainda, uma percepção, mesmo que individual, que as letras sugerem na construção de uma imagem para cidade e a maneira com que isso se reflete na vivência de seus moradores e transeuntes.
Um dado que chama atenção durante a apresentação do vídeo é o fato de que a esmagadora maioria tem visões positivas em relação a cidade, o que por debate com o grupo chegamos a conclusão de que poder estar relacionado com o fato do recorte escolhido ter uma relação direta e indireta com o curso de arquitetura e urbanismo.
Além do vídeo, foi produzido um pequeno Guia que conta um pouco da trajetória do trabalho e informações de suporte para maiores informações sobre o documentário. Mas com a conclusão do vídeo, achamos pertinente criar uma segunda playlist, disponível no Spotify, que reunisse as repostas dos entrevistados para a pergunta “Qual música define São Paulo para você?“
Por fim, esse estudo teve uma grande potencialidade por aproximar realidade, cultura, arquitetura, urbanismo e história na tentativa de desmistificar São Paulo.
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