a floresta que resiste na cidade, a cidade que existe na floresta | EMENTA

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Architectural Utopias Site: https://foraad.com/utopias-in-architecture/

A flor e a náusea [Carlos Drummond de Andrade]

Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

[…]
Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase
.

Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema resolvido, sequer colocado.
[…]

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
[…]
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio

O estúdio vertical é um laboratório, um lugar de experimentação focado na autonomia dos estudantes. Nesse sentido, o tema é concebido como um impulso inicial. Trata-se de uma exploração, no qual, o trabalho a ser desenvolvido é um meio de dar forma ao próprio processo.

Assim como, a epidemia da gripe espanhola por volta de 1920 catalisou transformações culturais que culminaram em inovações nas artes e ofícios do território, dando forma aos paradigmas da arquitetura moderna, a atual pandemia convoca novos conceitos.

Tomando São Paulo como exemplo, habitamos um território que até pouquíssimo tempo na escala de sua história natural, era habitado pela floresta atlântica e outros biomas de igual complexidade.

Some trees form interesting patterns based on a phenomenon is known as “crown shyness.” Photo: Dag Peak, (CC BY 2.0).
Leia mais em: https://calhum.org/staying-connected/

Na busca por uma cidade aberta, o primeiro paradigma que convêm questionar é o de que as civilizações que conviveram com as florestas tropicais estavam fadadas ao fracasso devido às secas, inundações, animais, insetos e doenças.

Esse paradigma fez com que durante o século XX, o território de SP se transformasse drasticamente, seguindo modelos importados, pouco conectados com o próprio território.

Recentes pesquisas, bem como a própria pandemia, nos apontam uma outra realidade. Existiram cidades em territórios de floresta tropical que floresceram ao longo de séculos.

Supersutido, montagem. Leia mais em: https://visualmelt.com/superstudio

Um número crescente de estudos realizados por times de arqueólogos, antropólogos, cientistas ambientais e comunidades indígenas revelam a existência de cidades com terraplanagens, estruturas agrupadas e caminhos semelhantes a estradas por toda a região da Amazônia.

Recentes estudos também apontam o potencial de recuperação da mata atlântica e indicam que a sua resiliência está diretamente relacionada com o fato de a floresta ser um sistema aberto baseado na diversidade. A floresta pode ser um exemplo para o modo como habitaremos as cidades.

Os indígenas das florestas tropicais sabem que um rio não pode ser morto. Quando maltratados, o que os rios fazem é submergir para que possam guardar a memória de milênios de relações estabelecidas nas complexas redes dos territórios onde se inserem. Memória que pode emergir novamente assim que as condições se tornarem mais favoráveis.

Immagine 10: l’anonimato dei morti.
Veja mais em: https://divisare.com/projects/286532-renato-rizzi-s-c-isma-dell-immagine

“Mata Atlântica”, como nome, traz uma conotação de recurso a ser explorado. Os guarani nomeiam essa floresta” Nheery”, que significa em sua língua “o lugar onde os espíritos se banham”. Essa visão de mundo, sistêmica, não rompe a integridade entre espírito e corpo, entre homem e natureza. Tudo é uma só vida.

Essa ancestralidade de origem indígena e africana permanece viva na população brasileira que está viva hoje, ancestralidade integrada a tantas ouras culturas.

O estúdio vertical é em si um sistema aberto, como devem ser as cidades, e por isso, é um laboratório para fazer emergir formas inovadoras e mais adequadas de se habitar o mundo.

Sao Paulo: Flood state—elevated bikeway looking toward mothership. © Vanessa Keith, 2016. This image originally appeared in Vanessa Keith, 2100: A Dystopian Utopia, UR Books, the publishing imprint of Terreform, New York, 2016.

Frédérique Aït-Touati, Alexandra Arènes, Axelle Grégoire – Zonas Críticas
http://www.urbain-trop-urbain.fr/critical-zones-observatories-for-earthly-politics/

Estúdio Vertical | Formação de equipes

De acordo com as reuniões com estudantes e professores, acolhemos a ideia de se evitar o mero acaso na formação dos grupos verticais de estudantes, bem como na determinação dos professores orientadores, evitando também uma composição simplesmente baseada em grupos já familiarizados por encontros anteriores.

Para tanto, imaginamos organizar o conjunto de todos os envolvidos no EV – Estudantes, Professores e Assistentes – em grupos de estudos capazes de aprofundarem questões pertinentes a cada trabalho, ainda que envolvidos na discussão mais ampla prevista pelo tema-provocação-disparador deste semestre: A floresta que resiste na cidade, A cidade que existe na floresta

Cada participante do EV poderá livremente preencher uma matriz a fim de identificarmos os possíveis interesses individuais, e a partir dela definir grupos de trabalho e seus respectivos orientadores.

Julgamos adequado criar dois parâmetros principais para a composição desta matriz: os assuntos de interesse para a abordagem do trabalho e os meios disciplinares pretendidos para sua realização, simplesmente denominadas a partir de agora como INTERESSES e MEIOS.

Urban Seam / Costura Urbana – Zona Portuária de Niterói Barcelona, 2001
[Gabriel Duarte, Renata Bertol, Bárbara Ribeiro, Frederico Araújo e Rosalia Camargo] – https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/01.012/2134

Por INTERESSES, entendemos possibilidades de aprofundamento e recortes a partir do tema geral proposto. Baseado no levantamento prévio realizado pelos estudantes do quinto ano, sugerimos uma organização em 4 categorias:

  1. Culturas
  2. Ambientes
  3. Trabalho
  4. Morar

Por MEIOS, entendemos o interesse de cada estudante, pelo qual o trabalho poderá ser desenvolvido a partir das linhas disciplinares básicas do curso de Arquitetura e Urbanismo:

  1. Arquitetura
  2. Desenho
  3. História e Teoria
  4. Tecnologia
  5. Urbanismo

Sabemos que tais categorias, tanto para INTERESSES quanto para MEIOS, não são estanques em si mesmas, e que cada trabalho certamente trará aspectos das demais no enfrentamento de toda a complexidade inerente ao tema proposto.

Decrypting Pasar Baru – April 14, 2018
https://eldwintimothi.blogspot.com/2018/04/decrypting-pasar-baru.html

A partir do tema A floresta que resiste na cidade, A cidade que existe na floresta entendemos que:

CULTURA

Cultura se refere a busca de perspectivas, abordagens, visões e referenciais alternativos à visão dominante europeia, recorrentemente apresentada como universal. Pensando na realidade diversa e múltipla da sociedade brasileira, pode abranger a cultura dos povos originários – em reservas ou inseridos nas cidades – as colônias e comunidades imigrantes, refugiados, diáspora negra, as populações, espaços e arquiteturas marginalizadas, periférizadas ou do sul global.

AMBIENTES E SISTEMAS

Ambiente, compreendido como o meio que nos envolve, se refere a todas as escalas de espaços e objetos e as interferências e interações geradas.
Pode abrigar questões que tratem desde ocupações e sociedades sustentáveis, preocupadas com a preservação e redução dos impactos ao meio ambiente, fontes de energia renováveis, até edificações e objetos que acarretem menos agressão ao meio natural.

Decrypting Pasar Baru – April 14, 2018
https://eldwintimothi.blogspot.com/2018/04/decrypting-pasar-baru.html

TRABALHO

Entendemos que, neste momento de crise, é necessário pensarmos os espaços – urbanos ou não – a partir de uma reflexão sobre o trabalho, sobre outras maneiras de organizar coletivamente a força de trabalho disponível. Em termos da arquitetura propriamente dita, poderemos criar reflexões sobre a relação entre processos de projeto e obra, seja no resgate de técnicas, seja no emprego de novas tecnologias.

MORAR E PRESERVAR

Se refere as diversas escalas de construções abordadas das perspectivas do habitar, do conviver ou do sobreviver, entre tantas outras possibilidades. Pode apresentar escalas variadas, do comunitário, passando pelo multifamiliar até o individual.

Logo do Podacst – Floresta Cidade By Floresta Cidade
Site: https://anchor.fm/floresta-cidade
Trata-se de um ciclo de conversas com figuras que pensam a cidade de diferentes formas – filósofos, pensadores, arquitetos, antropólogos, mulheres, indígenas, afrodescendentes. O objetivo é atravessar cosmovisões para uma construção conjunta de pensamento não-hegemônico de cidade, com foco no Rio de Janeiro e suas transformações.