Etapa 01
A partir do tema lugares de memória difícil nos deparamos com a palavra erinnerungskultur. Nascida na Alemanha pós guerra, tem seu significado associado à cultura da lembrança.
Gabi Dolff Bonakemper, uma teórica desse campo, apresenta a importância de preservação da história mesmo que dolorosa como consenso, considerando o ato de memorar essencial para a formação da identidade social por meio de patrimônios culturais. Em sua tese a autora discute a diferença entre fazê-lo por meio de livros, documentários e outras mídias ou através do próprio espaço físico. Segundo ela, a primeira alternativa acaba por negligenciar uma herança material, construindo assim uma memória que denominamos de passiva. Já a segunda opção implica em uma presença no cotidiano, conferindo mais força ao imaginário coletivo. Tal tipo de memória é ativa e é por esse viés que o grupo pretende desenvolver o trabalho do semestre.
A pesquisa abordará o período da ditadura pois em tempos atuais reconhecemos a urgência de aproximarmos o debate à nossa realidade política.
Etapa 02
A fim de nos aproximarmos melhor do tema procuramos entender 5 tipologias de memorial existentes em São Paulo.
Através de visitas, a analise de cada um dos espaços se deu pelo preenchimento de uma tabela, que por sua vez tinha o intuito de possibilitar a comparação.
Depois dessa etapa, desenvolvemos uma transcrição do material escrito para uma forma gráfica de representação. A partir do reconhecimento de semelhanças e diferenças entre os casos estudados pudemos perceber padrões e tirarmos conclusões acerca de pontos que consideramos mais e menos efetivos para o alcance de uma memória ativa.
Nessa fase do trabalho organizamos no formato de uma cartilha o aprendizado proveniente do estudo de referencias dentro do nosso tema.
Depois de explicar a metodologia, apresentamos diretrizes que reconhecemos importantes para analise de memoriais e que devem funcionar como norteadoras para o desenvolvimento de projetos nessa area.
Etapa 03
No final existe um catalogo onde além de uma imagem representativa e um icone que possibilita o entendimento de escala, pode-se encontrar um memorial que expoe de forma bastante objetiva os partidos e estratégias de cada caso.
Etapa 04
Tendo em vista que a memória é um processo periódico de reavaliação de contextos sempre em mutação, surge a necessidade de compreendê-las de maneira ativa. Uma pesquisa extensa de investigação e comparação de memoriais foi realizada, e uma vez concretizada no formato de catálogo, foi possível identificar diretrizes que exemplificam uma tipologia de memorial ativo: espaços na cidade que mantém no presente reflexões acerca do passado de uma forma consciente, e que consequentemente se abrem para questionamentos sobre o futuro. Um espaço provocativo que possibilita interação e, além disso, convida à participação exaltando e denunciando a memória em questão.
No mais foi compreendido pelo grupo que para um memorial atingir este papel ele deve ser influente no espaço físico, sendo constantemente notado no dia a dia das pessoas. Estar localizado onde a memória de fato aconteceu traz força aos projetos, assim como possuir um caráter didático e explicativo. Entre outros pontos relevantes estão promover e estimular processos colaborativos, incentivar uma pausa e permanência para reflexão, e também ser acessível a todos.
Com este desafio em mente, propõe-se um exercício projetual que pensa tipologias de memoriais que denunciem espaços físicos na cidade de São Paulo que carregam memórias relacionadas a violação de direitos humanos durante a Ditadura Civil Militar e, que poderiam ser adaptados aos 36 lugares elencados por nós. Este ato de rememoração não pretende, de forma alguma, “corrigir” qualquer tipo de esquecimento que aquela memória pode ter sofrido até hoje, mas sim, possibilitar um exercício de consciência que procura expandir nossa capacidade de aprender através do lembrar. Uma parcela de população até então apática, poderá entrar em contato com memórias difíceis que evidenciam problemas que nossa sociedade viveu, instigando uma resistência a repetição de situações de opressão para que elas jamais se repitam.
O conceito do “objeto-denúncia” se mistura com a ideia de mobiliário urbano: com janelas enquadra os espaços de memória em questão, criando uma pausa, uma sombra, um descanso desconfortável. Este desconforto proposital e simbólico e causado tanto pela própria inserção do objeto na paisagem, quanto por sua materialidade fria e dura. O novo olhar que que aponta para o local que carrega a memória em questão procura atingir o seu objetivo de um jeito sensorial, promovendo interações do corpo com o espaço materializado como um sentimento em concreto.
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