G11 | Plataforma Especulativa: O Fim do Trabalho

Especulamos aqui pelo direito de participar da elaboração de um futuro, de novos caminhos para organização social a partir de uma nova perspectiva para trabalho
Manifestamos aqui pela reconquista do tempo. Nos esforçamos aqui em imaginar as possibilidades de uma sociedade automatizada. O que pode resultar quando levamos ao extremo as possibilidades emancipatórias da tecnologia? Nos esforçamos na criação de produtos e relações fadadas à crise, ambiental, econômica e social. Nos organizamos para construir diariamente o ritmo repetitivo da busca contínua pela acumulação de riqueza nas suas diversas formas. A instabilidade do nosso modo de produção nos faz desconstruir as conquistas, nos sujeitar à esforços sub-remunerados em troca do direito de viver e reproduzir as nossas necessidades. A história e a tecnologia já nos apresentam muitas soluções para os problemas constantes de um sistema falho e insustentável. Queremos tudo! Já fazemos parte de um projeto, o medo da utopia de se pensar um novo futuro possível nos faz continuar a alimentar um presente cujo projeto é questionável, e sua produção material e imaterial é fruto de um projeto inalcançável de onde se quer chegar.
As máquinas já tomam o nosso lugar,o futuro disso pode ser assustador, mas nos apresenta também possibilidades nunca antes vistas. Propomos aqui que a completa automatização resulte no trabalho enquanto uma atividade ultrapassada. O que seria dos nossos espaços de convivência? Dos espaços nas nossas cidades encarcerados pela posse mal justificada? Queremos tudo! Pelo fim do trabalho alienado, que não possui uma finalidade para a construção do significado de nossas próprias vidas e continua preso e dependente aos nossos superiores e as nossas necessidades vitais. Os seus frutos não nos pertencem, mas têm em nós a sua origem. Não negamos o caráter devorador da vida biológica, o abraçamos! Nos libertamos dos grilhões da dor e do esforço, para consumir o mundo inteiro e o refazemos diariamente, porque afinal, o que é realidade?
Real é tudo o que existe. Real é aquilo que existe fora da mente ou dentro dela também. A ilusão, a imaginação, embora não estejam expressas na realidade tangível estão presente, assim como a possibilidade de diferentes destinos.
Já fazemos parte de um projeto de futuro, a construção das possibilidades não nos pertence.
Uma nova perspectiva para o trabalho é urgente, que não dependamos do nosso esforço físico e intelectual para viver e obter o que entendemos enquanto necessidade. Lutamos aqui pela reconquista das possibilidades de se pensar o futuro. O ato de modificar constantemente o ambiente no qual estamos inseridos oferece uma vasta gama de possibilidades. O que seria doesforço de nossas mãos se fosse condizente com os nossos desejos e aspirações?

Observamos que a maioria dos preconceitos sociais se expressam no mundo do trabalho, no não acesso à uma condição igualitária de remuneração e de possibilidades, o sexo, a etnia, a condição social não devem um motivo de diferenciação.
A origem da desigualdade está no trabalho, no lucro tomado do tempo de vida e de esforço não justamente recompensado em relação ao valor que se é criado. Acabemos com sua existência e todas as suas expressões. Somos corpos e mãos, cabeça e intenção, temos os instrumentos capazes de compor milhares de combinações quando interagimos com o mundo. De que forma podemos mudar a estrutura daquilo que nos oprime, que nos toma o tempo de vida e castra as possibilidades imensas de criação que nossas mentes e mãos nos oferecem? O que pode resultar do nosso esforço e do nosso tempo se os direcionamos para novas possibilidades?. Chegamos à um resultado histórico de desenvolvimento da técnica onde a maioria dos problemas sociais já possuem solução, mas estão concentrados em poucas mãos através de barreiras inalcançáveis de acesso. Por que não generalizar as possibilidades que a tecnologia nos oferece para repensar um novo futuro para o trabalho? A era da digitalização e da automação é capaz de suprir asnecessidades mecânicas de produção. As máquinas cuidarão da repetição enquanto imaginamos qual será a nossa próxima vontade. Que estejamos livres para trabalhar no que nos engrandece e agrada. O trabalho não pode mais estar atrelado à subsistência, já conhecemos os resultados que nunca alcançamos, os objetivos utópicos que passamos a vida a construir e a frustrar. A tentativa de alcançar o inalcançável é guiada por objetivos de vida individuais onde tentamos cada vez mais saciar as vontades do espírito de uma sociedade doente. Ao repensar a estrutura que temos no mundo do trabalho e nas nossas dependências em relação ao seu funcionamento desnaturalizamos também a sua concepção e seus objetivos. Temos tudo à nossa disposição, nos falta racionalizar com base em pressupostos humanos não destrutivos, diferente dos quais estamos submetidos hoje. Viver é consumir mundos de possibilidades e não cansemos de explorá-las.

 

 

mundos