Diante do arquiteto se configura uma situação complexa de leitura para a tomada de decisões, localizada na relação entre dois dos seus principais objetos de estudo: as pessoas e o espaço.
Tratando-se da temática de direito a cidade enquanto se observa a interação entre pessoas e o ambiente em suas diferentes escadas, os olhos naturalmente são conduzidos a falar sobre ocupação.
Ocupar um espaço, em seu sentido realista direto, refere-se ao ato de corpos no ambiente. Tal presença sem dúvidas deixa rastros, pegadas no iniciar, durante, e ao finalizar este contato entre indivíduo e espaço. Pode-se dizer que é constituído um agenciamento entre os dois, e que como na metáfora da vespa-orquídea de Deleuze(Mil Platôs, 1987):
o espaço é contagiado pelo indivíduo, se desterritorializa (saindo da condição ‘puramente’ de espaço) projetando uma mudança da imagem do indivíduo em si, enquanto o indivíduo se reterritorializa nesta imagem que o espaço projeta.
Nessa mutua captura do movimento de pessoa e ambiente, se constitui uma existência que dá abertura a mudança dos corpos em ação como visto em Lapoujade (As Existências Mínimas, 2017): modificar as condições contrapostas um ao outro.
Presentes na nuvem de possibilidades desta existência (e até mesmo parte dela) que correspondem ao que ele nomeia de seres virtuais, ou das partes virtuais de uma existência. Estas quando em contato com outras formas de existência, permitem com que se vislumbre formas de transformação, como vistas em croquis inacabados, projetos irrealizados, músicas em concepção etc.
Frente a virtualidade que tal agenciamento dispõe, e a fragilidade/velocidade com a qual um espaço é submetido ao considerar a complexidade(no termo técnico) no cotidiano das cidades:
Como entender a cidade hoje a partir de uma cidade que não existe?
Glossário:
Complexidade – De acordo com o glossário do Instituto Santa Fé, instituto de pesquisa dedicado ao estudo multidisciplinar dos principios fundamentais de sistemas complexos adaptativos, complexidade “tem sentidos distintos em diferentes disciplinas e não é rigorosamente definida fora de um contexto especifico. Em geral, a complexidade de um sistema surge a partir das interações entre elementos interrelacionados, em oposição as caracteristicas dos próprios elementos e do próprio sistema. Ciência da complexidade é o estudo de tal comportamento emergente de sistemas, e busca compreender como o comportamento complexo do todo de um sistema se mostra pelas partes que se interagem”.
Com tal definição tão sensível a contexto de aplicação, isto é, dependente do recorte disciplinar, é interessante levantar
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