ETAPA 03
ETAPA 02
O trabalho em questão se aproxima das articulações e interesses que constituíram a segregação sócio espacial na localidade do Empreendimento Parque Cidade Jardim e da favela Jardim Panorama.
Em um primeiro momento abordamos, a partir de uma linha do tempo, desde o contexto em que é consolidado a favela na região sudoeste de São Paulo, os desdobramentos do episódio em que ocorrem os rumores de remoção, a compra de barracos por parte de uma construtora, a atuação de entidades como ONG’S e uma assessoria técnica no procedimento, até a inauguração do Empreendimento.
Na “segunda fase” do trabalho é feita uma análise, que busca entender as pretensões, dinâmicas e os programas do Empreendimento da JHSF, com base na análise da sua auto proposição – pautada em uma experiência de exclusividade- e sua implantação no local.
A produção do espaço urbano a partir da configuração derivada desse processo, resulta em diversos campos de conflitos entre as camadas sociais que ali habitam. Analisamos, por fim, através de mapas e diagramas, a estruturação do entorno imediato e essas relações de conflitos, com ênfase na mobilidade, densidade, áreas muradas, usos, cheios e vazios e barreiras físicas.
ETAPA 01
Tema 1 – parque cidade jardim
DESIGUALDADE
PRETENSÃO
AUTOSSUFICIÊNCIA
NEGAÇÃO
MEDO
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
O Parque Cidade Jardim se autodenomina “o primeiro empreendimento de uso misto da cidade de São Paulo”. Localizado na Marginal Pinheiros o empreendimento da JHSF é uma construção encastelada constituída por 9 torres residenciais, pelo Shopping Cidade Jardim e por um Corporate Center e foi projetado para ser autônomo em relação a cidade que o cerca, oferecendo todos tipos de serviços para seus moradores, desde programas que se encontram no shopping como restaurantes, cinemas, academia e spa até serviços de concierge, mensageria interna e biblioteca. Trata-se de uma cidade dentro da cidade, cercada em nome da segurança, um isolamento que distingue quem é de dentro daquele que é de fora. Isolamento que acaba subvertido quando pessoas de dentro “escapam” pela porta dos fundos para ter uma experiência de “realidade”. A implementação da construção explicita a intenção de isolamento, o projeto arquitetônico impede o diálogo direto com seu entorno: constituído por outros condomínios, pela favela Panorama e pela Marginal Pinheiros; exemplo disso é que não há entrada para pedestres, apenas para automóveis. Esse modelo de construção tem sido replicado em outras cidades do país e já existem planos para a construção de outro na cidade de São Paulo. O sucesso deste tipo de empreendimento motiva o desenvolvimento de uma discussão mais detalhada sobre as consequências do Parque Cidade Jardim para seu entorno (direto e indireto) e sobre a relação entre eles.
Tema 2 – linha turquesa
DINAMISMO
SOM/BARULHO
FLUXOS
VELOCIDADE
CAMINHO
A Linha Turquesa, assim como outras linhas da CPTM é conhecida por abrigar uma prática denominada “shopping trem”. Nela, dezenas de ambulantes vendem suas variadas mercadorias em diferentes horários do dia. O “shopping trem” demonstra uma situação social na qual as pessoas se apropriam de um espaço que não possui uma arquitetura pensada para a realização deste tipo de atividade. Existem vários mecanismos que propiciam o funcionamento desse sistema, que perpassa relações pessoais e econômicas. Os vendedores ocupam os vagões ao seu favor, nesta prática são utilizados diversos métodos, como deixar o produto no colo dos passageiros, chamar a atenção através da fala, entre outros. Analisar o fluxo e o modo operacional desses agentes nos permitirá entender como diferentes ações espontâneas e informais são capazes de transformar a dinâmica de qualquer espacialidade e a rotina de quem os frequenta.
No Shopping trem, um tipo de comércio ambulante, onde ambos, cliente e comerciante, encontram-se em trânsito, uns vendem, outros compram, comem enquanto estão em trânsito, cidade passando pelas janelas – momento em que a cidade corre, enquanto o shopping trem acontece ali. Isso tudo ocorre durante um hiato da vida, quando estamos indo de um lugar para outro. Hiato que, na vida paulistana pode durar 2,3,4 horas… No final, parte significativa da vida….
Tema 3 – Lixão
RESÍDUOS
CONTRASTES
CONSUMO
GESTÃO
O modelo de desenvolvimento adotado pela maioria das sociedades contemporâneas baseado no consumo de bens e produtos para satisfazer suas necessidades e desejos é sustentado por um crescente consumo de recursos naturais e, consequentemente, uma geração também crescente de resíduos a serem descartados. Um modelo que, na forma como se encontra, pressupõe que as fontes de recursos naturais são infinitas, assim como devem ser infinitos os locais para descarte dos resíduos gerados. O problema da destinação final dos resíduos produzidos pela sociedade torna-se crítico quando, por exemplo, a produção de produtos com menores obsolescências planejada e perceptiva é uma meta a ser perseguida. De fato, é impressionante constatar que após 6 meses apenas 1% do total de produtos consumidos pela sociedade ainda estão em uso, o resto vira lixo. Ou seja, 99% de tudo que se consome depois de 6 meses estará no lixo. Este fato, associada à percepção de que não damos a devida atenção a este complexo problema, nos faz perguntar se a cidade de São Paulo, com sua população crescente área em expansão, tem recursos suficientes para recolher todo este lixo produzido e quais são os lugares que abrigam esses dejetos. Quais os critérios de escolha para o destino final destes resíduos? Como estes resíduos são geridos? Qual o tamanho deste problema? Existem soluções já desenvolvidas que poderiam ser adotadas pela cidade? Com este estudo pretende-se aprofundar o conhecimento acerca deste tema tão importante quanto pouco apresentado nas salas de aula ou pouco discutido pela sociedade em geral. Afinal, dar a devida atenção a este tema parece ser algo fundamental para o bem viver em sociedade.
ETAPA 04
Reconhecer são Paulo. Uma cidade produtora de desigualdade e excludente. A partir disso, buscamos um exemplo muito representativo da dinâmica socioespacial da cidade para falar dela mesma: a relação entre o parque cidade jardim e a favela jardim panorama. Mesmo bairro e divididas apenas por um muro, coexistem de forma antagônica e similar. O primeiro é constituído por um complexo residencial-comercial-empresarial: contém três torres de escritórios que compõem o Corporate Center e faz divisa imediata com a favela Jardim panorama; um shopping que concentra as principais lojas de grife do mundo com produtos expostos em suas vitrines e que chegam a custar 100 mil reais e um conjunto residencial formado por nove torres acima do shopping com apartamentos com uma áreas úteis que variam de 236 a 1800 m² e podem custar 40 milhões de reais. O caráter excludente deste complexo é a todo momento reforçado. O muro altíssimo que circunscreve todo o empreendimento, a entrada ao shopping que se dá quase que exclusivamente através da lógica do automóvel, o térreo das torres residenciais que está a uma altura de aproximadamente 35 metros do nível da marginal. Há cinco minutos dali está encontra-se a favela jardim panorama. Uma comunidade relativamente pequena, com aproximadamente 1500 famílias. Carente de infraestruturas, os espaços comuns desta localidade são, sobretudo, uma creche para atender as crianças, um campo de futebol que não é utilizado de forma gratuita e uma associação de moradores que encontra-se desativada. Entretanto, suas ruas são fortemente utilizadas. Há crianças brincando nas ruas e alguns comércios ao longo da rua principal que se chama Contos Azuis. É também circunscrita por um muro, numa tentativa de impedir sua expansão horizontal. Dois mundos opostos e murados. Dinâmicas similares e confluências socioespaciais. E para isso, analisamos, por fim, através de mapas e diagramas, a estruturação do entorno imediato e essas relações de conflitos, com ênfase na mobilidade, densidade, áreas muradas, usos, cheios e vazios e barreiras físicas.
TEASER VÍDEO CID. JARDIM PANORAMA
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