EV2017S02_G36 – MOINHO MATARAZZO

Entrega 01

1° etapa

Para se entender São Paulo, é importante olhar para o processo de industrialização no final do séc. XIX que rapidamente transformou sua paisagem, seu desenho urbano, suas relações sociais. Foram diversos os fatores que possibilitaram o desenvolvimento da cidade, dentre eles podemos citar o capital gerado pela cafeicultura, a construção da estrada de ferro e a imigração européia. A partir desse recorte histórico, selecionamos três análises distintas, tanto em proposição de estudo, como em escala urbana.

moinho matarazzo_
Num primeiro momento, nos parece mais interessante estudar a problemática da preservação do patrimônio industrial como registro físico desse processo, que no entanto sofre com a pressão do mercado imobiliário, pois normalmente são lotes grandes e subutilizados em áreas centrais da cidade. Tendo como bom exemplo o Sesc Pompéia ou a Casa das Caldeiras, o levantamento seria em torno do uso histórico versus o uso atual do Moinho Matarazzo, utilizando como estratégia de estudo a atmosfera, materialidade e espacialidade interna/externa.

lapa_
A segunda opção de estudo é a de analisar as dinâmicas decorrentes da industrialização na escala do bairro. Isto é, entender como se dava na época e como se dá hoje a relação entre local de trabalho, moradia e lazer; discutir como foi determinante a presença de imigrantes para a conformação de uma identidade do bairro e também para a cultura da cidade; perceber até que ponto a lógica do corredor de escoamento resultou em um desenho urbano de uso inflexível e segregado.

 

linha férrea_
Servindo como meio para o escoamento da produção cafeeira, a linha férrea, mais do que apenas uma cicatriz urbana, fazia a importante ligação Santos–Jundiaí. Tendo esse grande arco de norte a leste como objeto de estudo, nos propomos a analisar como seu trajeto determinou o redirecionamento do eixo de circulação e expansão urbana, em comparação a outros planos de impacto urbanístico, desde o final do século XIX até os dias atuais.

 

Entrega 02

A resinificação.

Para entender o terreno onde se insere o edifício histórico Moinho Matarazzo, é necessário inseri-lo na lógica da cidade e seu dinamismo. Um grande norteador desse fluxo de desenvolvimento é o plano diretor.
O plano diretor aprovado em 2014 divide a cidade de São Paulo em duas macro zonas principais, uma que demarca a proteção ambiental e outra que estrutura e qualifica a cidade. Dentro do plano de estruturação e requalificação da cidade criou-se quatro macro áreas:

1. macro área de estruturação metropolitana; 2. macro área de urbanização consolidada; 3. macro área de qualificação da urbanização; 4. macro área de redução da vulnerabilidade urbana.
Como um dos grandes objetivos o plano busca uma melhor distribuição da oferta de moradia e emprego na cidade. Para alçar esse objetivo, busca-se entender as características de cada região para criar uma série de leis e incentivos fiscais que possam trazem ao longo do desenvolvimento da cidade o equilíbrio dessas ofertas no território.
Com esse objetivo em mente, a macro área de estruturação metropolitana/urbana (ítem 1.) requer grande atenção. Ela consiste na antiga área industrial da cidade de São Paulo, acompanhando a linha do trem, que conforma o grande arco norte-leste, e possui grande concentração de empregos. 

Para essa região importante do centro expandido, onde já existe uma estrutura consolidada de equipamentos urbanos, pretende-se incentivar o adensamento.
O incentivo ao adensamento é dado a todas as áreas ao longo da linha de trens e metrô, assim como em grandes corredores de ônibus. Ele é feito através do aumento do coeficiente máximo para construção, que passa a ser de quatro vezes o tamanho do terreno, assim como é dado um estímulo no cálculo da autorga onerosa. Junto a esses incentivos existem novas regras que acompanham o desenho do desenvolvimento da cidade, como a necessidade de fruição do térreo, as calcadas com 5m mínimo de largura, os 20% de fachada ativa dos edifícios ou a cota média de 20m², que incentiva moradias menores e um maior adensamento dessas áreas.

O adensamento que está se incentivando já começa a despontar na paisagem do brás. No entorno do antigo moinho vemos prédios de 30 andares, com apartamentos de 60m².

Os grandes galpões, pouco a pouco vão sendo substituídos pelas torres, e o bairro ganha a volumetria curiosa daquilo que passa por uma transformação intensa. O moinho, que carrega uma parte importante da história da industrialização e do trabalho de São Paulo, é um edifício tombado, o que assegura sua permanência nesse espaço mutável; mas o entorno que contextualiza sua inserção está fadado a descaracterização.

A especulação da segunda etapa se baserá na resultante dos estudos realizados com propostas de estudo de intervenções possíveis e novas qualidades para o local. Entendendo que o tombamento é um instrumento essencial, principalmente em um cenário de mudança das leis urbanísticas que proporão densificação, e novas áreas para investimento, o perímetro do brás não será mais caracterizado pelos galpões que refletem seu passado fabril e industrial, a não ser pelo que for protegido por lei.

Qual é a força que o moinho terá dentro desse cenário de mudança?