G30 | terminal mercado

Etapa 01

Entendendo o conceito de ocupação como uma forma de ressignificação de um espaço, que se dá a partir de sua caracterização por meio de mobiliários, ou novas atividades que não necessariamente têm relação direta com o antigo uso, refletimos sobre o papel da arquitetura nesse tipo de organização. A arquitetura acaba assumindo uma posição secundária, como uma espécie de suporte para a ocupação humana. A reduzimos a um simples jogo estrutural, que comporta os diversos tipos de atividade, que, ao mesmo tempo que utilizam sua estrutura, são independentes a ela. Partindo desse pressuposto, começamos a discutir os diferentes tipos de ocupação em São Paulo; as ocupações espontâneas; atividades cotidianas em espaços públicos não necessariamente destinados às mesmas e as ocupações estratégicas, organizadas, como a ocupação de um edifício para fins de moradia, ou a realização de uma feira de rua em uma via específica.

 

Com o propósito de nos aproximarmos de tais manifestações, adotamos o método da deriva experimental, tendo o centro da cidade como objeto de estudo. Percorremos um caminho espontâneo e sinestésico, partindo, no final da tarde, da Escola da Cidade, passando pela Av. 7 de Abril, Rua Dom José de Barros, Largo do Paissandú, Edifício Santander e Rua 25 de Março, onde nos deparamos com diversas formas de ocupação; das que mais nos chamou atenção, as moradias estabelecidas em vias públicas. Esse percurso nos levou à Praça Fernando Costa, onde havia uma feira de roupas, disposta em barracas aparentemente fixas. O fluxo de pedestres era bastante intenso, oriundo da descida da 25 de Março. Acompanhando o fluxo, chegamos no Terminal Mercado, marcado por uma estrutura de grande porte amarela, que, partindo de uma escada em espiral, e por meio de uma extensa passarela, acabava na estação, cruzando como uma ponte as diversas linhas de ônibus.

O cenário era bastante marcante ao atravessá-lo; de um lado, a cidade consolidada, com luzes e ruídos vibrantes, do outro, a escuridão silenciosa de um parque, com apenas uma casa construída. Uma ampla variedade de usos acontecia no nível do solo, concentrada por uma feira informal de frutas e legumes. Diversas pessoas por ali passavam, permaneciam e compravam, algumas jogavam bola e outras dançavam ao ritmo do funk alto vindo do porta-malas de um carro estacionado por perto. A passarela, por mais que bastante elevada, servia como uma espécie de marquise para os transeuntes, que se concentravam de maneira organicamente organizada embaixo dela.

     

A ocupação humana, nas suas diferentes formas, ao mesmo tempo que se apropriava da construção arquitetônica, a sobressaía, sendo a protagonista definidora daquele espaço. A ocupação humana transpunha fronteiras, utilizando um espaço destinado ao fluxo de entrada e saída de pedestres para as mais diversas atividades. O Terminal Mercado, sua estrutura monumental, seu entorno conflitante e as diferentes ocupações que ali residem formam um cenário de extrema complexidade, nos levando ao interesse de investigar as diferentes dinâmicas que ali se estabelecem durante a noite e o dia, a interação entre os sujeitos que ali atuam e a relação direta de tais fatores com o entorno.

 

 

 

 

 

 

 

 

Etapa 02

 

A observação e percepção desenvolvidas através da deriva experimental nos ajudaram a encontrar um local e um objeto de estudo.
A diversidade e a quantidade de atividades que coexistiam no local eram suficientes para evitá-lo. Na etapa seguinte, o grupo considerou materializar essa informação urbana, desde a trajetória desenvolvida (com área de percepção) até um registro taxonômico das formas de ocupação. O registo de estudo taxonómico consiste em que os componentes e sistemas que dão sentido a um corpo, neste caso gerados taxonomias modos de ocupação, sendo esta relação urbano diariamente através de um microescala. Esta microescala consiste de artefactos equilibram a variável e a diversidade de ações que uma sociedade pode ter, além de ajudar a responder de maneira mais direta e imediata ao ritmo de construção de um edifício.

Como qualquer sistema, essa vida cotidiana urbana será especificada, pois a dinâmica urbana é conceituada através da expressão “jogo urbano”, entendendo o jogo de palavras como uma atividade que contém um espaço de desenvolvimento e é composto de regras + estratégias. Neste caso, os artefatos jogam no espaço urbano (campo) e finalmente geram uma ocupação (interpretando a superfície do espaço urbano), isso finalmente gera uma estratégia de como ocupar o espaço para satisfazer uma certa necessidade.

As ocupações encontradas no terminal de mercado não são apenas um exemplo de demonstração de uma ressignificação de um espaço através de seus artefatos, mas também sua localização não é uma situação aleatória. As principais causas desta ocupação, são geradas a partir de uma continuidade da atividade comercial que se encontra dentro da área, mas além de estar dentro de um site (terminal) que gera uma atração marcante de volume de pessoas, sendo um espaço atrativo para poder para satisfazer esse público de indivíduos que diariamente ocupam esse meio.

Finalmente, este estudo busca não apenas condensar tantas formas de ocupação que estão dentro da área estudada, mas também compreender a administração de recursos e meios disponíveis para finalmente aplicá-los ou vinculá-los a um sistema arquitetônico.