G35_ocupAR

camila ungaro | enrico maksoud | rodrigo tribst | rusdy delgado

etapa 04_

A última etapa deste trabalho foi destinada apenas para pequenos ajustes e novas produções para potencializar ainda mais a proposta.

A primeira questão levantada foi em relação ao tratamento do térreo, que não deveria ser algo tão tímido como anteriormente – na etapa anterior, o acesso pela Avenida Paulista apenas se dava pela desobstrução das aberturas existentes no prédio. No entanto, o grupo se propôs a pensar como tornar esse acesso mais convidativo ao transeunte e decidiu-se fazer isso através do desenho do piso.

A pavimentação da Avenida Paulista é praticamente homogênea, só alterando no trecho do Conjunto Nacional. Visto isso, nossa proposta de mudar o desenho do piso teria como objetivo criar um impacto na percepção daqueles que transitam por aquela região, alertando de que algo diferente está por vir.

O desenho segue uma malha quadriculada na qual a variação dos espaços que são preenchidos cria um movimento, seguindo o ritmo da própria Paulista. Conforme mais afastado do projeto, mais espaçados são os espaços entre os módulos de piso propostos. Assim, gradativamente esses módulos começam a se mesclar e formar um elemento ainda maior, até se tornar homogêneo e entrar no prédio de aceso. É como se esse novo piso estivesse fagocitando a pavimentação existente da calçada.

A outra questão trabalhada nessa etapa é, na verdade, algo complementar ao projeto. O grupo decidiu fazer uma maquete que mostrasse a topografia do espigão central e ajudasse a entender as relações de alturas e visuais, que antes ficavam apenas no plano do papel.

A maquete tem as dimensões de uma A0, com curvas de nível que vão da cota 765 até a 815 (nível da Paulista). Nela, são representados os prédios da avenida, a intervenção proposta, e os prédios mais significativos do restante do recorte.

Com a alteração do piso e com o modelo físico, a proposta ganha ainda mais força e finalmente se conclui.  O projeto é uma provocação para a quantidade de espaços ociosos em São Paulo, criando em um deles um novo território. Um território sem definição de uso. Um território que pode ser ocupado por qualquer um, da maneira que cada um achar melhor.

etapa 03_

No início dessa etapa o grupo se debruçou sobre os levantamentos da entrega anterior a fim de entender qual seria a melhor maneira de trabalhar as coberturas selecionadas. O resultado dessa leitura levou o grupo a selecionar um único núcleo para desenvolver, procurando entender como seria o acesso às coberturas, como as próprias coberturas seriam conectadas entre si e quais as especialidades desejadas para aquelas superfícies.

O núcleo escolhido não havia sido selecionado no levantamento da etapa 02, mas a possibilidade de ocupa-lo surgiu durante as orientações e discussões do grupo ao observar mais atentamente as coberturas a partir de uma imagem de satélite impressa. O conjunto escolhido envolve a cobertura de três prédios localizados próximos ao MASP (Museu de Arte de São Paulo). O que mais interessou nessa seleção é a grande área disponível para ocupação, praticamente sem obstrução, ou seja, sem construções em cima das coberturas, e a especificidade de um dos prédios estar abandonado – o que poderia agregar no projeto.

Depois de um estudo mais atento descobrimos que o prédio “abandonado” era um prédio residencial que em 2005 foi comprado pela empresa Vivo e repassado para o MASP, numa tentativa de criar um anexo ao museu. O primeiro projeto apresentado por Júlio Neves, ex presidente do MASP, gerou muita polêmica e foi vetado. Foram realizadas algumas mudanças no projeto inicial e, em 2010, começaram a obra no edifício. Novas estruturas começaram a aparecer em cima da construção original, mas com a paralisação da obra o prédio ficou inacabado.

Aproveitando dessa situação – desocupado e com estrutura pronta – esse prédio foi pensado como conexão vertical para acessar as coberturas. A caixa de elevadores ficaria localizada no centro do edifício, onde já estava posicionada originalmente. A maioria das lajes seriam retiradas, mantendo apenas algumas de acordo com as visuais desejadas pelo grupo e pelas espacialidades criadas a partir dessa construção inacabada.

 

O acesso às coberturas vizinhas se dá em dois níveis diferentes. Isso porque o prédio mais próximo, onde atualmente encontra-se o Banco Bradesco, tem a cobertura localizada 6 metros abaixo da cobertura do prédio seguinte, do Banco Santander. Assim, uma das conexões do antigo prédio abandonado sai em nível com a cobertura vizinha e a outra ocorre no patamar superior, 3 metros acima, na qual é criada uma estrutura independente que se apropria do antigo heliponto do prédio do Bradesco – localizado na mesma cota – possibilitando uma rampa sutil, com 5% de inclinação, para vencer mais 3 metros e acessar a cobertura do prédio Santander.  O esforço de criar uma rampa, cuja inclinação é quase imperceptível, foi um desejo do grupo de que a rampa também fosse um lugar ocupável e acessível a todos os públicos.

 

 

Tudo o que foi mencionado tem como objetivo a criação de um novo território. Um território sem definição de uso. Um território que pode ser ocupado por qualquer um, da maneira que cada um achar melhor. Um território que é ocupado ao acaso.

etapa 02_

Conforme planejado na primeira etapa, esse segundo momento teve como objetivo um recorte mais preciso da avenida paulista a partir da definição de quais coberturas seriam ocupadas. Para isso, o grupo adotou como estratégia um levantamento da avenida – e seu entorno mais imediato – que revelasse as seguintes questões:

  1. Quais coberturas estão desocupadas;

Neste caso, o critério utilizado foi identificar, pelo 3D do Google maps, quais coberturas estão subutilizadas dos e que tinham potencial para outro uso, isto é, se o espaço teria dimensões para suportar algum programa

  1. A altura de casa edificação;

O objetivo desse ponto é entender a relação de altura de um prédio com as edificações ao redor para entender a possibilidade ou não de ligação entre eles.

  1. Quais coberturas já são utilizadas;

Levando em conta sempre a possibilidade de liga-las na nossa proposta

 

A partir dessa primeira aproximação, selecionamos alguns prédios cuja ocupação da cobertura seria interessante, criando assim pequenos núcleos. Esses novos grupos foram olhados de maneira mais aproximada, o que possibilitou uma leitura ainda mais precisa de cada situação – para cada núcleo foi levantado exatamente o que existe em casa cobertura, qual a diferença de nível entre os prédios a partir de elevações e qual o uso da parte inferior do térreo. Além disso, paralelamente a esse levantamento, começamos uma maquete que pudesse nos auxiliar no entendimento tridimensional dessas relações.

Com todas essas informações, começamos a ensaiar de uma maneira mais consciente algumas possibilidades de ocupação das coberturas e ligação entre elas. A ideia da próxima etapa é desenvolver melhor o projeto de ocupação – seja focado em um único núcleo, ou lidando com todos os que foram levantados – como uma provocação para os prédios passarem a usar as coberturas e deixarem de pensar naquele espaço apenas como algo “morto”.

 

 

etapa 01_

A partir desta temática proposta para o semestre – Ocupa SP -, foram desenvolvidas três reflexões para que a mesma fosse compreendida pelo grupo com mais afinco e, desta forma, aplicada com uma maior coerência.

O primeiro questionamento foi “o que significa ocupar?”, que na visão do grupo, após alguns debates realizados, seria potencializar ao máximo o uso de algum lugar por meio de uma subversão de lógica costurada de variados atrativos. A segunda reflexão indagou com “o que ocupar?” e, de maneira geral, o grupo decidiu focar em espaços ociosos, isto é, que já existem mas que por algum motivo estão sem uso ou, exatamente como colocado acima, espaços cujo que não tem o seu uso potencializado ao máximo. Por último, foi discutida a problemática da forma da ocupação – “com o que ocupar?” – que se daria por meio de programas públicos de inclusão social que geram novas relações e experiências, lembrando que necessariamente, trataria do processo como um todo, dando ênfase ao tempo, agentes, estratégias e logísticas.

 “É estranho que aqueles que tem menos dinheiro habitem o recurso mais caro – a terra – e os que pagam habitam o que é de graça – o ar”

KOOLHAAS, Rem. Três textos sobre a cidade. Portugal, Gustavo Gili, 2014. (The generic city) P.44

 

Feito este levantamento, ficou claro que o rumo que o trabalho seguiria seria voltado a um lugar pré-existente mas que não tem uso na cidade. Surge então a ideia de se trabalhar com as coberturas dos prédios, espaços raramente utilizados e, quando isso acontece, quase nunca são destinados à população de baixa renda. Uma vez que várias coberturas estão desocupadas, a ideia é que elas não seriam apenas tratadas como oportunidade de dar uso público a espaços mal-aproveitados, mas pensadas também como uma rede que interliga todas elas.

diagrama conceitual com possíveis programas

 

Após algumas discussões, o grupo apontou dois lugares nos quais tal intervenção poderia se adequar melhor: o centro de São Paulo e a Avenida Paulista. Este resultado foi atingido com base nos possíveis atrativos e aspectos potencializadores que ambas as regiões apresentam. Na área central, foram destacados sua densidade, relação com o movimento pendular e toda infraestrutura ligada já existente na região. Já na área adjacente à Avenida Paulista estes pontos giram em torno de uma relação cultural (SESC + Itaú cultural), ao fluxo de pessoas e a sua localização estratégica para a articulação de um sistema intermodal.

Comparando as duas opções elencadas, o grupo concluiu que o local de maior interesse para a implementação deste complexo seria a região da Avenida Paulista, com uma tendência a um desvio/ligação a região central. A ideia é, na próxima etapa, especificar melhor esse recorte para estudá-lo mais afundo. Somente a partir desse estudo será possível definir com precisão quais serão exatamente as coberturas que receberão determinados usos e, consequentemente, como serão feitas as ligações entre elas.