EV2018S01_G13_Olhar o rio Pinheiros

 

O rio foi sempre algo importante para a fundação das cidades, pois é por meio deles que se tirava a subsistência. No caso de São Paulo a cidade começou a nascer no vale do Tamanduateí. Mas com o crescimento da cidade e com o aterramento deste rio, ele foi perdendo sua importância e o Rio Pinheiros e Tietê foram ganhando a deles. Mas esta também durou pouco, pois logo este rio foi visto pelas industrias como um potencial para jogar lixo. Assim, novamente a memória da cidade esta sendo apagada pela ação do homem. Este projeto tem como intenção recuperar esta memória que esta sendo perdida.
O crescimento populacional da cidade levou à sua expansão, o que fez com que ela chegasse ás margens do rio Pinheiros. Como havia uma necessidade de ocupação os rios foram retificados. Dessa forma ganharam uma maior visibilidade assim como sua área que estava em volta para a ocupação. As primeiras ocupações nas margens do rio foram feitas por clubes esportivo que aproveitavam do rio para a pratica esportiva. Como foi o caso do atual Clube pinheiros na época chamado de Clube Germânia que tinha sua piscina no próprio Pinheiros. É importante lembrar que este rio já era importante para a história do Brasil, pois ali viveu uma tribo indígena (deram o nome do rio de Jurubatuba que em tupi significa muitas palmeiras) que depois foi ocupada pelos jesuítas – que resolveram modificar o nome do rio, para Pinheiros por conta da grande quantidade de araucárias que havia na região – e também foi um importante meio de escoamento de cargas. Mas apenas neste momento é que ele ganhou a sua importância para a Cidade de São Paulo.
Além disso o que aumentou sua visibilidade foi a construção de pontes e a abertura de estações elevatórias que permitiram a chegada de energia elétrica a região. O rio Pinheiros também se transformou em fonte de energia assim como a represa Bilings, mas para que suas águas girassem as turbinas da nova usina hidrelétrica Henry Borden o curso de suas águas tiveram que ser alterados. Por conta desta obra feita pela empresa Light o governo estadual concedeu as margens do rio à empresa. Devido a visibilidade que as margens estavam ganhando e com o potencial que elas tinham de ocupação, a empresa em 1940 fez uma nova retificação do rio. As primeiras ocupações nas margens do rio, como dito anteriormente, foram feitas por clubes esportivo que aproveitavam do rio para a pratica esportiva. Mas esta também durou pouco pois, com a construção das marginais em 1970, com o inicio da ocupação das industrias a sua margem, o rio deixou de ser visto como um lugar de esporte e lazer e passou a ser visto pelas industrias como um lugar em potencial para jogar lixo.
Dessa forma o uso do rio foi se modificando e o rio como uso de lazer foi se apagando da memória coletiva. Mas esta memória esta sofrendo uma amnésia social. Isto é, esta acontecendo uma consolidação da memória. Isso faz com que se esqueça as outras memórias que tiveram o rio. Por a consolidação da memória do rio ser de um lugar poluído e inabitável, este está sendo esquecido. Como diz Meneses em “A história, criativa da memória? Para um mapeamento da memória no campo das Ciências Sociais”.

“A memória é filha do presente. Mas seu referencial é a mudança se lhe falta referência do passado, o presente permanece incompreensível e o futuro escapa a qualquer projeto.”

O que está acontecendo com o rio é a presentificação do sistema o que neutraliza a construção de seu entendimento. Isto é, não se pode compreender a complexidade do rio e suas potencialidades pois ele só é visto como é o seu estado no presente e não como um dia já foi. Pois quando se é possível compreender estas variações no tempo se é capaz de entender sua complexidade o que permite enxergar diversos caminhos para este.
As primeiras tentativas que ocorreram nos rios com o intuito de relembrar estas memórias foram intervenções artísticas. Uma das intervenções artísticas que tiveram grande relevância foram dos artistas Eduardo Srur que ficou do dia 2 de outubro ao dia 28 de outubro de 2006 e do Zézão. O Eduardo Srur utiliza-se de bonecos andando de caiaque no meio do rio Pinheiros para relembrar o uso esportivo que o tinha. Já o Zézão faz um trabalho com grafite para mostrar onde tem rio em São Paulo e assim reativar esta memória destes rios que foram canalizados
A partir destas referencias nosso projeto tem como intenção tratar a amnésia social com a construção de uma ponte destinada a ciclistas e pedestres localizada próxima a estação da CPTM e ponte Cidade Universitária. Essa ponte tem como intuito experienciar o rio de diversas formas com a intenção de relembrar como ele já foi ou senão de apenas poder ver as possibilidades e potencialidades que ele tem, pois assim poderia reconstituir a memória coletiva que se tinha do rio Pinheiros.
Para isso, fora projetada uma estrutura que busca realizar a transposição do rio Pinheiros para uso exclusivo de pedestres e ciclistas que estende-se da praça Panamericana até a rua Alvarenga, articulando ciclofaixas ora existentes, ora propostas. Ocupando aproximadamente metade da largura total da av. Prof. Manuel José Chavez, o projeto transforma um dos sentidos das vias em um grande calçadão composto por: uma ciclofaixa, iluminação, bicicletário, mobiliário urbano, bebedouro e uma pista de corrida. O conjunto estende-se até o meio da ponte onde o mesmo desenvolve dois novos braços paralelos ao rio. Um desce para uma praça no nível d’agua que articula uma ciclofaixa já existente e uma proposta – ambas na margem do rio. O outro realiza um percurso até a ciclofaixa da rua Alvarenga, articulando uma grande rede de mobilidade urbana. E por meio destas diferentes formas tem-se a intenção de resgatar o rio que fora esquecido para que ele possa ser revisto e recriado.

MENESES, Ulpiano Bezerra de. “A história cativa da memória? Para um mapeamento da memória no campo das Ciências sociais” in: Revista do instituto de Estudos Brasileiros. 1992

http://acervo.estadao.com.br/noticias/lu HYPERLINK “http://acervo.estadao.com.br/noticias/lugares,rio-pinheiros,8338,0.htm”g HYPERLINK “http://acervo.estadao.com.br/noticias/lugares,rio-pinheiros,8338,0.htm”ares,rio-pinheiros,8338,0.htm (19/04/18) as 10:20

http://gazetadepinheiros.com.br/cidades/pinheiros-a-historia-de-um-rio-esquecido-pela-cidade-08-04-2016-htm (19/04/18) as 10:40

http://www.canoagem.org.br/imprensa/noticia/titulo/caiaques_servem_de_inspiracao_artistica_no_rio_pinheiros/paginas_id/166/noticias_id/282 (21/5/18) as 21:55

implantação

planta geral

plantas + cortes – relação com o nível d’água

corte detalhado estrutura

planta detalhada