Expressões, manifestos e simbologias da paisagem urbana de São Paulo
Através das discussões iniciais, manifestamos uma inquietação em analisar o tema de pinturas urbanas, sejam de cunho artístico, político, de luta por direitos, pacifistas, de resistência, entre outras, que eclodem pelo território urbano de São Paulo.
Buscamos por meio da análise de suas representações, elaborar diferentes tipologias que possam nos guiar em uma forma de análise mais organizada e coerente, e para que também possamos distinguir seus propósitos e consequências.
Em um primeiro momento pensamos em sair a campo e mapear essas representações artísticas tentando entender suas tipologias, por meio de fotografias, croquis e diagramas.
Depois, a partir desse levantamento, estudar suas características e consequências na região que estão inseridos, para que então, na última etapa possamos partir para a proposição de hipoteticamente entender qual seria a repercussão se edifícios públicos, burocráticos ou extremamente formais fossem totalmente pichados/grafitados.
Etapa 2 – Instrumentos de Ocupação Urbana
Levantamento e Análise
Etapa 3- Análise da Arte Urbana a partir da Cenas: Ouvidor
Etapa 4- ANÁLISE DE TRÊS CENAS URBANAS
INTRODUÇÃO
O tema do Estúdio Vertical desse semestre diz respeitos às diversas possibilidades de ocupação urbana. Transitando pelas ocupações de terras improdutivas de imóveis ociosos, praças, estradas, escolas e instituições: modo de resistir ao desmonte social e fazer ouvir necessidades de grupos muitas vezes ignorados pelo Estado e pela opinião pública.
São Paulo, como megalópole, compõe-se de forma dinâmica e orgânica, suas diversas camadas em sobreposição estão em constante mudança, que possibilitam as mais variadas formas de ocupação e apropriação do espaço urbano.
E é a partir dessa reflexão que surge a vontade de pensar a ocupação da cidade de maneira mais ampla. A arte urbana aparece de forma latente na constituição do espaço, como uma linguagem que habita a cidade e compõe a sua concepção visual. E, por estar em constante movimento acaba por ressignificar o espaço. A rua aparece como palco, pois é o lugar do convívio das diferenças, onde a vida urbana se apresenta e se manifesta.
“Assim, se por um lado são mal vistas por parte da população; por outro, ativam as ruas, fachadas, espaços abandonados e corpos, impulsionando a criação de outros sentidos potentes de existência, contribuindo na constituição de um pensamento crítico acerca da realidade social contemporânea e oferecendo possibilidades de experimentação urbana.” Bárbara de Bárbara Hypolito_Escritas Urbanas na Cidade Contemporânea_PIXO Revista de arquitetura, cidade e contemporaneidade, Escritas Urbanas n.1, v.1, 2017
Muitas vezes, afamados por serem transgressores e agressores do ambiente, os artistas urbanos estão a procura de reivindicação de espaço. Sempre postos à margem da sociedade, encontram na arte urbana uma possibilidade para poderem se expressar, participar e interagir com o espaço, tornando-se atores ativos de uma realidade urbana.
“Arte urbana inserida no espectro da arte pública, mas tendo como a característica principal a efemeridade e ser realizada sem permissão, ou seja, ela é em seu âmago transgressora ao contrário da endossada pública. A arte urbana se manifesta em plena rua, onde todo tipo de gente tem acesso.” Leonardo de Jesus Furtado_O espaço público ressignificado pela cultura visual urbana_PIXO_ Revista de Arquitetura, cidade e contemporaneidade _ Escritas Urbanas n.1, v.1
PROCESSO E EVOLUÇÃO DO TEMA
Através de discussões iniciais, manifestamos uma inquietação em analisar o tema de pinturas urbanas, sejam de cunho artístico, político, de luta por direitos, pacifistas, de resistência, entre outras. Pinturas essas que eclodem pelo território urbano de São Paulo.
No início buscamos por meio do estudo de suas representações, elaborar diferentes tipologias que poderiam nos guiar para uma forma de pesquisa mais organizada e coerente, e para que, também, fosse possível distinguir seus propósitos e consequências. Sair a campo e mapear essas representações artísticas, foi o método que adotamos para compor as tipologias e para o recolhimento do material gráfico e também conversar e entrevistar pessoas presentes nesses espaços que fazem parte, direta ou indiretamente, do campo da arte urbana.
Buscamos a partir de um diagrama, entender e relacionar as diferentes camadas e composições que existem em uma pintura urbana. Sua primeira versão dividia-se entre “Quem”, que representa o sujeito que promove a ação; “Onde”, estabelecendo o espaço e suporte onde estaria o objeto estudado; “O que”, sendo as diferentes classificações de pintura urbana; e “Por que”, as motivações e intuitos ideológicos para o resultado.
No começo, acreditávamos que havia a necessidade de documentar e capturar um grande volume de fotos para entender a repetição das tipologias de uma certa área. Depois, percebemos que para melhor entendimento seria necessário analisar uma cena urbana, com todas as suas camadas e complexidades de elementos, e como a arte urbana se insere nesse contexto. Dentro da cena, é possível elencar e entender a presença dos componentes urbanos e suas idiossincrasias. O diagrama, seria a ferramenta que pode ser usado em qualquer cena urbana, e, a partir dele, conseguir enxergar e analisar as variáveis de cada moldura.
Vimos a importância de construir um embasamento teórico para abordar o assunto, partindo do princípio que é um campo que envolve questões delicadas e incompreendidas, por muitas vezes ser necessário infringir regras para sua execução. As invasões e departamentos de espaços públicos ou privados é visto, em grande parte das vezes, como criminoso. Dessa forma, cresce o preconceito com quem pratica, e a falta de busca de informações para o conhecimento das questões que envolvem a arte urbana.
Percebemos também a importância de entender São Paulo como uma cidade plural também foi um dos focos para entender como a arte é aplicada nos espaços, e funciona de uma forma única, ganhando até nome próprio para uma das técnicas mais vistas na capital, pixação com “x”.
ESPAÇO MANIFESTO:
ESPAÇO_MANIFESTO_PLANIFICAÇÃO 3D
Espaço que é entendido como um conjunto de elementos, colocados de tal forma que estabeleçam um modelo de ordem para aquela área espacial, que neste caso é interpretada como uma área urbana. Aproximação nas informações das configurações volumétricas e formais da área da cidade.
ESPAÇO_MANIFESTO_EXPANÇÃO
Ações geradoras de transformações e reabilitações que ocorrem tanto nos cheios quanto nos vazios da cidade, levando em conta ou não o pré-existente. A memória das evoluções ocorreu em uma seção da história da área urbana específica até o seu estado atual.
ESPAÇO_MANIFESTO_FLUXO
Espaço organizador entre as estruturas físicas da cidade, como sequências fluidas de trocas e interação entre diferentes posições materiais. Tratamento das formas espaciais intersticiais do contexto urbano que serve de base aos processos e funções dominantes na sociedade sem forma.
ESPAÇO LATENTE:
ESPAÇO_LATENTE_COMPATIBILIDADE
Diferentes áreas de um espaço, de uma perspectiva programática. Sobre a coexistência e os relacionamentos que são gerados a partir de programas existentes em um só lugar. O grau de abastecimento de um a outro, a reativação de zonas e o confinamento desses programas com o espaço urbano imediato.
ESPAÇO_LATENTE_RESÍDUO
Espaços da cidade que não possuem um programa específico, nem um uso predeterminado, nos quais uma intervenção foi dada dotando-o de uma função de maneira aleatória, por inércia.
SUPORTE METAESPAÇO:
SUPORTE_METAESPAÇO_CONTEXTO
Diversas situações sociais desenvolvidas dentro dos suportes urbanos que se sobrepõem a diferentes ciclos, ritmos e ações de troca geradas por suas qualidades, condicionando os agentes envolvidos. Onde o geral e o particular se retroalimentam.
SUPORTE_METAESPAÇO_AGENTE
Indivíduos ou grupos alienados pelo ambiente social dos suportes urbanos, os quais são uma conseqüência derivada desses contextos. Cada contexto é gerado por dinâmicas que vão do particular ao geral e abrangem esses ambientes.
SUPORTE_PARÂMETRO:
SUPORTE_PARÂMETRO_ESCALA
Percepção visual do desenho produzido no ambiente construído. Tamanho dos produtos em relação à sua técnica, dimensão de suporte e contexto urbano imediato.
Escalas: ⎨𝙓𝙇⎬.⎨𝙇⎬.⎨𝙈⎬.⎨𝙎⎬
SUPORTE_PORCENTAGEM OCUPADA
Aspectos relacionados à variedade do suporte físico construído, desde a própria morfologia da área até as tipologias construtivas. Relação das capacidades formais do suporte e doconteúdo da forma matemática.
Os percentuais de ocupação do suporte são classificados em:⎨0-25%_𝜶 ⎬.⎨ 25-50%_𝜷 ⎬.⎨50-75%_𝜹 ⎬.⎨75-100%_𝝀 ⎬
CONTEÚDO:
CONTEÚDO_TIPOLOGÍA
Variante mínima e adaptável no contexto da cidade, que ajuda a entender a diversidade da arte urbana como os modos de expressão que coexistem ou se anulam no âmbito dos suportes físicos da cidade.
Métodos de ocupação em seus diversos contextos e a consequente identificação dos mesmos.
⎨GRAF_grafite⎬. Como forma de intervenção urbana, utiliza de diversos meios gráficos para ser elaborado, concebendo imagens com complexa produção. O apelo visual é usado para exaltar uma ideología.
⎨PIXA_pixação⎬. Próprio da cidade de São Paulo, onde grupos de pixadores desenvolveram uma gramática particular. Em busca de maior visibilidade procuram lugares com alta dificuldade de acesso e pixam, o que para muitos, é incompreensível.
⎨PICH_pichação⎬. Sustentado por palavras, têm um ofício de transgressão para chamar atenção ao conteúdo. Os suportes insubordinados nunca são cedidos.
⎨GRAP_grapixo⎬. Interposto do pixo com o grafite. Foi elaborado pelos pixadores, utiliza-se de mais recursos gráficos que o pixo.
⎨BOMB_bomb⎬. Desenhado de forma rápida e letras arredondadas. é uma técnica utilizada tanto por grafiteiros como por pixadores. Esteticamente recorda o grafite, porém aplicada na ilegalidade se aproxima da pixação.
⎨LETR_letreiro⎬. Executado com o consentimento e a partir do contrato com o proprietário da fachada. Utilizado para informar algo sobre o próprio estabelecimento.
⎨LAMB_lambe-lambe⎬.
⎨ESTÊ_estêncil⎬. Empregado para repetições de reproduções de imagens em matrizes impressas. Utilizado na finalidade de pichação, grafite e sticker.
⎨STICK_sticker⎬. Intervenção urbana a partir da colagem de adesivos, a facilidade propicia a multiplicação. Esse método se amplia para a internet e compete espaço com propagandas tanto nas ruas como online.
⎨MURA_mural⎬. Requer locais, em grande escala de espaço, autorizado, e parcerias para sua viabilização. Adotando o mesmo estilo pessoal de cada grafiteiro, os murais costumam ser preservados por um período de tempo maior.
⎨MISC_miscelãnea⎬. A multiplicidade de informações gráficas que se apresentam em contextos urbanos, os conceitos aparecem todos juntos nas cenas.
CONTEÚDO_INTENÇÃO
Objetivo ou significado que o próprio trabalho busca como discurso e meio de expressão na rua. Tateando a necessidade de expressar, transmitir pensamentos e convicções sociais e culturais, mensagens subversivas de crítica à sociedade com ironia, convite à luta social, reflexão ou simplesmente transmitir um pensamento mais espontâneo, sem prestar muita atenção à mensagem a ser veiculada .
⎨DEC_decorativa⎬.ralativo a decoração, que orna e embeleza como sua principal função.
⎨NEU_neutra⎬ marca o espaço, fazendo-se presente, não precisa, porém, carregar um significado.
⎨REI_reivindicativa⎬.expressa uma angústia, existe uma mensagem além da estética. Podendo essa ser social e até mesmo política..
⎨POL_política⎬ conteúdo de uma reivindicação predominantemente política.
CONTEÚDO_MODALIDADE
Relações estabelecidas entre as tipologias construídas no contexto urbano e a metodologia ao abordá-las. Sobre as várias ações realizadas para efetuar o conteúdo, analisando as diferentes variantes do processo, bem como a instrumentação.
⎨RUA_rua⎬. Capaz de ser efetuado o que na rua contempla.
⎨JAN_janela⎬. a partir do usufruto das janelas de um edifício se manuseia a escrita..
⎨PRE_predio⎬. Profícuo à entrada no edifício e à chegada até seu limite.
⎨ESC_escalada⎬. Mais cobiçada pelo pixo, na razão de sua dificuldade,requer grande preparo físico por parte dos autores.
⎨COR_corda⎬. Necessário o acesso ao telhado, para grafar na descida da edificação por cordas.
CONCLUSÃO
Toda manifestação artística confeccionada no espaço público pode ser considerada Arte Urbana? Pode-se caracterizar como a fusão da vida cotidiana com o meio artístico? Englobando todo o tipo de expressão na rua, não apenas o grafite que é mais conhecido e aceito, mas também murais, lambe-lambe, stencil e pixo, entre outros?
Comumente a Arte Urbana é uma forma de comunicação feita através de textos, conteúdos e desenhos, que podem expressar opinião social. O objetivo é causar impacto e deixar uma marca nos espectadores. Pode conter uma mensagem crítica à sociedade, reflexo de uma luta social, política ou pela questão estética. Utilizam-se da cidade e da arquitetura como suporte e instrumento para comunicação. Em teoria, não considera movimento cultural, espaço e reconhecimento como variável para o seu acontecimento, seu espaço é garantido nos lugares mais inesperados das ruas, como guetos, lixões, debaixo de pontes, em paredes e lugares em uso.
A Arte Urbana exerce diversos papéis em relação ao espaço que ocupa. Uma das funções de tal prática artística é a afirmação do seu caráter temporal, facilitando e contribuindo para as mudanças urbanísticas que ocorreram com o passar do tempo, interferindo no cotidiano da experiência urbana . Nas cidades onde a arte urbana tem uma presença forte, é possível ver a transformação do espaço e de sua ocupação.
São Paulo, uma das maiores metrópoles do mundo, é conhecida como um palco cultural da Arte Urbana. Transformou-se com a chegada da informação sobre arte urbana. Com influências norte americanas a arte de rua chega ao Brasil durante a ditadura militar (1964-1985). A pichação era usada como forma de manifestação contra o regime vigente, por isso o movimento passou a ser criminalizado. Similarmente era ligado às classes sociais mais baixas e marginalizadas e usado como instrumento de contestação e ocupação do espaço.
A apropriação do espaço pela pixação e posteriormente pelo grafite mudaram gradualmente o cenário de São paulo, que hoje é conhecida pela quantidade de intervenções artísticas nos suportes da cidade.
São Paulo se tornou um agente verticalizador das letras, a escrita da pichação da capital paulista segue as linhas guias da cidade, como se a cidade fosse um grande caderno branco de caligrafia, que é constantemente preenchido pelos pichadores.
A escrita urbana acontece de forma única, nas ruas de São Paulo há uma tipologia específica de pichação, a pichação com “x”. Pichação pode ser descrita como uma manifestação sustentada por palavras, têm um ofício de transgressão, para chamar atenção ao conteúdo. Os suportes insubordinados nunca são cedidos. A pixação paulista se diferencia pois é onde grupos de pixadores desenvolveram uma gramática particular, que para muitos, é incompreensível. Procuram, também, lugares com grande dificuldade de acesso em busca de maior visibilidade.
São Paulo teve seus espaços capturados pelos acontecimentos da arte urbana. Essa se manifesta de formas diversas e através de diferentes interações artísticas. Não existe uma unanimidade nas cenas urbanas, cada uma contém uma junção de tipologias única. Única, não só pelo fato de abrigar diversas categorias de arte urbana, mas porque cada parte da cidade vivencia uma experiência diferente.
Definir parâmetros para a análise de algum objeto faz com que seja possível compará-los e, assim, entendê-los de forma seriada. Ao analisarmos graficamente três cenas urbanas diferentes foi possível distinguir características específicasde cada espaço urbano.
Ouvidor
Uma ocupação física e estética no prédio Ouvidor. Sua fachada está quase completa por pixos e desenhos. Essa é uma prática urbana marginalizada, assim como a ocupação para moradia. A arte urbana faz parte da realidade cultural da comunidade brasileira, principalmente da população de baixa aquisição econômica, como famílias que vivem em ocupações.
A falta de medidas para resolver o problema da grande desigualdade social, não só em São Paulo, como no Brasil inteiro, é um fator que está na consciência dos menos favorecidos acerca das violências sofridas cotidianamente. A pixação manifesta essa revolta como uma resposta a aparente passividade dos desfavorecidos, por isso relaciona-se diretamente com o os movimentos sociais por moradia e com os prédios por eles ocupados, como é o caso do Ouvidor.
Existem três motivações para o pixo, a primeira é o reconhecimento social a segunda é o lazer e a adrenalina e a terceira é o protesto. O autores do pixo são indivíduos marginalizados que sofrem com a invisibilidade e buscam, de alguma forma, marcar sua existência.
O centro pode caracterizar-se pela enorme quantidade de escritas e desenhos que concentra. Por ser um espaço com suportes e volumetrias muito variadas, comporta toda tipologia e técnica de arte urbana. Abriga também grandes avenidas, ruas locais além de ruas apenas para pedestres, fazendo com que a interpretação do grafismo seja única. Neste contexto podem ser encontrados desde grandes murais na escala XL, a pequenos elementos, como um orelhão com stickers colados.
Os significados do picho também se diferem entre si, porém a luta social está sempre fortemente presente. Dessa forma, as convicções sociais e culturais, mensagens de crítica à sociedade, convite à luta social, reflexão e política são recorrentes.
Beco do Batman
No Beco do Batman, percebe-se que a tipologia empregada é majoritariamente o grafite. Onde se utiliza bastante da complexidade criativa para causar apelo visual. Nesse contexto, o grafite, aparece de forma comercial e midiática. Não tem um caráter transgressor e anônimo, pelo contrário, os grafiteiros buscam ter seu nome relacionado com o Beco. É difícil constatar a intenção por trás dos grafites, mesmo que alguns deles expressem conteúdos políticos e reivindicativos, todos possuem um apelo mais estético. Essa característica não é única do Beco, o bairro da Vila Madalena, como um todo, é repleto de grafites de caráter decorativo que são usados para promover turismo.
Todos os suportes onde são aplicadas as obras no Beco do Batman são semelhantes. Desse modo, é possível dizer que a percepção visual dos desenhos em relação ao seu tamanho é a mesma. Não são encontrados grafites nas escalas XL ou L, pois os muros que abrigam os desenhos não os comportam. Porém, em relação com o preenchimento do espaço, o aproveitamento é de 100%, não se vê facilmente lugares sem nenhum tipo de desenho, até as calçadas são utilizadas.
O Beco do Batman acompanhou a história do bairro, a região em seus primórdios não era valorizada. Na década de 80, quando os murais coloridos começaram a ocupar a região iniciou-se um grande processo de gentrificação, e o humilde bairro da Vila Madalena transformou-se em uma área muito cobiçada pela classe média alta de São Paulo.
Não longe do famoso Beco do Batman, é encontrado um outro beco repleto de arte urbana, o Beco do Aprendiz. Porém, em uma situação bem diferente pois esse esta escondido e não se encontra sob os holofotes do turismo. Antes de entrar no beco do Aprendiz, há uma quadra de esportes onde acontecem várias atividades de final de semana. Seus muros, apesar de não tão disputados, também estão completamente preenchidos, porém não só por grafites. Os murais do beco escondido não são tão bem conservados e não são trocados com tanta freqüência quanto os do Beco do Batman.
BECO DO BATMAN 3D + INFORMAÇÃO
Minhocão
O Minhocão poderia representar graficamente as camadas sociais de São Paulo. A arte urbana como um trabalho que materializa os conflitos existentes nas cidades cumpre o seu papel em 3,4 km de elevado.
O espaço de troca e interação acontece de uma forma diferente no Minhocão. Isso porque a volumetria empregada nesse espaço é única na cidade. A constituição do viaduto produz a divisão da rua em dois ambientes completamente diferentes, o nível do térreo dos prédios e um nível acima. Essa divisão gera a necessidade de se analisar o Minhocão a partir de formas distintas, porém pensando em uma como consequência da outra. O espaço organizador entre as estruturas físicas organiza aplicabilidade de funções sociais.
Na parte térrea do Minhocão, encontramos um ambiente escuro, onde todos os apoios estruturais do elevado que chegam ao chão servem de suporte para os desenhos urbanos. Desta parte de baixo não é possível ter noção do que é há acima do viaduto, pois este configura-se como uma barreira visual.
Em cima do viaduto avista-se um tipo diferente de cidade, primeiramente porque o espectador está afastado dela, em segundo lugar porque o elevado corta a cidade se aproximando muito dela. A arte urbana , a partir desse ponto de vista, está afastada, majoritariamente expressa em murais de escala XL.
Grupo 21 Adriana Porto Alegre _ Clara Zerino Aguillera _ Fernanda Costa Vaidengorn _ Jam Sijbrand Toren _ Jose Amor Martinez _ Laís Martins de Almeida Barreto
Você precisa fazer login para comentar.