G16 _ TEMOS VAGAS

A proposta do grupo parte da constatação da alta concentração de estacionamentos de diversas tipologias (horizontais – em terrenos desocupados, horizontais em galpões e edifícios verticalizados) em certas zonas da cidade, em maior grau na área central.
Entendemos parte destes locais como espaços da especulação imobiliária da cidade, a espera de valorização para construir nestes terrenos; em outros casos como espaços de utilização limitada – para a sociedade – a medida que são ocupados por carros durante todo o tempo (em maior ou menor grau, relacionado ao período do dia). Essa relação se dá tanto nestes terrenos e imóveis monofuncionais (estacionamentos) quanto no interior de imóveis privados (habitações, comércios, museus, hospitais e etc.), fruto de uma legislação que obriga a construção de garagens por unidade habitacional ou por m² construído, estimulando o automóvel individual como meio de circulação na cidade – mesmo em áreas dotadas de ampla infraestrutura de transporte público.

Infraestruturas Híbridas – Multifuncionais

Pensar em estratégias de projeto que permitam a mutabilidade dos espaços e seus usos, acompanhando possíveis e desejáveis mudanças sociais e culturais, sobretudo no que tange o tema da mobilidade urbana.

– Promover a diversificação dos usos no interior destes lotes e/ou edifícios.
– Possibilitar variação de atividades – ocupações de acordo com períodos do dia e dias da semana.
– Permitir, a partir da instalação de infraestruturas públicas (vestiários, posto de recarga e compra de bilhetes de transporte, ), maior integração social e entre modais de transporte públicos e privados – estimulando a circulação a pé e no transporte público do entornoDIAGRAMA – EV BANCA 1-Model. 5

 

ETAPA 3 _ TEMOS VAGAS

PROJETO

A intervenção proposta em projeto visa a ocupação pública de um grande terreno privado na Av. Rio Branco, a partir de uma construção temporária ao longo de toda a borda do terreno. Não construído, e ocupado hoje por um estacionamento privado, o terreno de aproximadamente 4380m2 faz parte de um conjunto nessa situação na região da cidade analisada pelo grupo em fase anterior ao projeto.

É proposta uma PLATAFORMA DE OCUPAÇÃO construída em estrutura mista de andâimes (modulação de 2,7×1,6m e três pavimentos) e contâiners- que ocupa toda a borda do terreno do estacionamento, considerando a manutenção de sua operação e a permeabilidade constante e irrestrita dessa sessão (borda) do terreno. Neste sentido, dota-se a atual “grade” – interface público-privado – de uma espessura programática pública, que responda às necessidades básicas da população residente, população em situação de rua, catadores, comerciantes e visitantes da região e possibilite a diversificação dos usos no interior do lote (estacionamento – programa público híbrido).

A definição dos componentes construtivos vincula-se à premissa de uma construção simples e seca, de rápida montagem e desmontagem; que permita uma ocupação temporária relacionada ao caráter especulativo do terreno não construído em área central. Produz, dessa maneira, uma resposta imediata e potente um enfrentamento a questão da função social do lote central não construído e ocupado por carros (em momentos específicos). Esta vincula-se aos conflitos e dinâmicas próprias do local no que se refere ao comércio especializado concentrado na R. Santa Ifigênia  

e de esquina, que marca uma forte dicotomia dia-noite; a população em situação de rua e grande presença de catadores de lixo; o adensamento populacional provocado pela construção de grande conjunto (Julio Prestes); o espaço ocupado por grande quantidade de carros durante o dia e ociosos a partir das 19h.

O programa é organizado como BÁSICO (fixo; borda) e HíBRIDO (interior; ativação):

BÁSICO: ocupação da borda a partir da montagem dos andâimes – que servem à circulação horizontal e vertical e de apoio – e contâiners programados no térreo e primeiro andar, vinculados aos andâimes e – em alguns casos – por ele sustentados – (banheiros, vestiários, cozinha, comedoria, banca de jornal, armazenamento de andâimes e materiais, ponto de reciclagem, jardins e hortas, controle operacional, salas de reunião-trabalho-estudo); marcação de quadras poliesportivas no térreo.

HíBRIDO: ativação do interior do lote (privado) no contra-fluxo do estacionamento, possibilitando o uso público irrestrito  e a realização de atividades diversas pela população local e visitantes (esportes e recreação, festas, cinema, teatro, circo, feira,…).

Busca-se, ao dotar o local destas estruturas, além de diversificar seus usos e possibilitar o uso público – para pessoas , fomentar e intensificar dinâmicas cooperativas e comunitárias já presentes na região: nas Praças, Ocupações (Mauá , Prestes Maia), Teatros (Contâiner e Faroeste) e nas ruas.