G05 | Cidade-Garagem

G05 | Camila Ungaro – 4º Ano | Diego Petrini – 5º Ano | Luna Fonseca – 5º Ano | Corentin Lion – Intercambista

ETAPA 03

(+ resumo das outras etapas)

 

Em 2017, o grupo escolheu tratar sobre estacionamentos focando, a principio, em estudar sobre edifícios garagem na cidade de São Paulo. O trabalho começou pelo desenvolvimento de uma base de dados ampla que pudesse auxiliar o grupo a compreender de forma mais palpável os espaços em questão e a partir disso conseguir definir um recorte mais específico de pesquisa.

Neste momento, o que acabou por chamar mais atenção do grupo foi como o caráter desses equipamentos se alterou com o decorrer da história da cidade. Percebeu-se que o incentivo à construção de edifícios garagem, desde os anos 1950, era na região central, seguindo à lógicas rodoviaristas de crescimento urbano. A partir dos anos 2010, os incentivos passaram a ser em regiões periféricas, próximas as estações de metrô e outros transportes públicos a fim de promover a intermodalidade e diminuir a quantidade de carros no centro, revertendo a lógica seguida ao longo do século XX.

No final do semestre, terminado o trabalho de pesquisa, percebendo-se que a tendência é que a concentração de carros no centro da cidade diminua drasticamente, ou até não exista mais, a principal questão que ficou ao grupo foi: O que pode vir a acontecer com os espaços destinados a ocupação por edifícios garagem? Existe alguma maneira de ocupar os edifícios que vierem a se tornar obsoletos?

Já em 2018, durante o Seminário Internacional, o grupo aproveitou a oportunidade para colocar em discussão esse questionamento e, a partir das discussões realizadas com os professores, percebeu que seria extremamente relevante ensaiar uma intervenção em algum desses espaços que poderiam vir a se tornar obsoleto.

A escolha do local de intervenção se deu a partir do levantamento feito em 2017, culminando na escolha da quadra conformada pela rua Riachuelo e as avenidas 23 de Maio e Brigadeiro Luís Antônio, onde foi construído o primeiro edifício garagem da cidade, o Garagem América, projeto do arquiteto Rino Levi. Essa escolha foi influenciada pela complexidade de quadra que, além de se encontrar em uma condição topográfica peculiar, têm todas as tipologias estudadas pelo grupo em 2017 – edifícios garagem, edifícios garagem híbridos e estacionamentos térreos.

Com isso, iniciou-se um processo de aproximação gradual tentando, primeiramente, entender como a quadra está inserida na cidade, quais suas relações com o entorno, como os espaços destinados ao carro se organizavam e como os edifícios poderiam vir a dialogar entre si e com a topografia. Para que essas aproximações pudessem ser consolidadas foi feito, por meio de visitas a campo, um trabalho de levantamento estrutural dos edifícios existentes. Nessa etapa o grupo sentiu que seria igualmente importante, além desse olhar para própria quadra, entender melhor como o entorno se organizava de forma que ela pudesse vir a auxiliar na definição do caráter que a intervenção viria a ter.

Assim, após entender a fundo as dinâmicas da região e da quadra, iniciou-se a etapa de intervenção. O grupo mostrou-se, desde o início, interessado em trabalhar com a proposta de um espaço que pudesse vir a ter uma gama ampla de usos concentrados, imaginando o complexo de prédios existente conformando uma espécie de “microcidade”, criando uma possível nova centralidade na região. Além disso, após pesquisas, nos deparamos com previsões, matérias e trabalhos acadêmicos que relatam a tendência de que, dentro de alguns anos, os prédios de fato funcionarão como cidades.

Dessa forma, em um primeiro momento, propôs-se uma possível ocupação das áreas de estacionamento existentes e, em alguns casos, de algumas áreas que estavam abandonadas ao longo da quadra. Depois, percebeu-se que se a quadra inteira fosse pensada como um único organismo, mesmo que mantendo os usos originais dos edifícios restantes, o trabalho teria um caráter mais concreto e palpável.

Deu-se início, com isso, ao processo de intervenção, que pode ser dividido em etapas para melhor compreensão, mesmo que estas tenham acontecido analogamente: (1) realização de mudanças estruturais nos edifícios preexistentes; (2) ocupação da nova espacialidade gerada com novos usos que dialogassem com o entorno; (3) criação de uma circulação que se utilizasse tanto de circulações existentes como pela proposta de novas ligações; (4) criação de uma variedade de tipos de fechamento para os edifícios, de forma a buscar dar unidade ao conjunto e; (5) busca pela incorporação de infraestruturas de baixo impacto ambiental, como fazenda urbana, brises, vidros de baixa emissão, painéis fotovoltaicos, coleta e tratamento de resíduos sólidos e coleta e tratamento de águas servidas e pluviais.

O projeto se coloca, finalmente, como uma alternativa ao pensamento sobre a cidade contemporânea, buscando ensaiar questões referentes a São Paulo do futuro, seja pela questão de os carros provavelmente virem a deixar o centro da cidade, pela coexistência de usos proposta nos edifícios que conformam a intervenção, ou pela preocupação com que o projeto se norteasse por questões sustentáveis, tanto pelas infraestruturas propostas, como pelo aproveitamento e reconversão das estruturas preexistentes.

 

ETAPA 02

O projeto começou com o questionamento de quais usos estariam presentes nessa microcidade. A ideia inicial era que os prédios fossem apropriados pela população, assim como acontece na cidade, não havendo a necessidade de determinar espaços para cada uso. No entanto, percebemos que essa liberdade poderia se tornar um problema, uma vez que permitiria que o conjunto se tornasse com o tempo algo cada vez mais fechado, menos convidativo ao público e perderia sua potencialidade de abrigar programas mais específicos e que dialogam de maneira mais direta com o entorno.

Por estes motivos, definimos dois tipos de espaços – os fixos, que englobam usos de caráter público, mais específicos, voltados a demandas do entorno e prováveis funções da cidade no futuro; e os flexíveis, destinados a serem, por meio de aluguéis, apropriados pela população, gerando cada vez mais diversidade.

Os usos pensados para os espaços fixos são: biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (devido a proximidade com a faculdade), um complexo de entretenimento com teatro e salas de cinema, uma creche, um posto de saúde, um asilo, um FABLAB e um complexo sustentável – com uma estação de tratamento de água, uma fazenda urbana e uma estação de tratamento de lixo – e vazios – compostos por praças e áreas de convivência, articulados por uma rede de circulações.

Os usos pensados para os espaços flexíveis são: um complexo alimentício – com lanchonetes, cafés e restaurantes, voltados a atender de forma mais democrática a população do entorno -, um complexo comercial – com lojas e serviços variados -, um complexo de habitação temporária – com um hostel, um hotel, um motel e um alojamento para estudantes (devido ao caráter central do conjunto e também a proximidade ao Largo São Francisco) -, espaços multiuso (a serem alugados por instituições com serviços voltados a população em geral) – como pequenas instituições de ensino, serviços voltados à saúde, pequenas galerias de arte, entre outros.

Com os usos definidos, passamos a estudar a disposição deles nos prédios. Como o conjunto possui uma enorme complexidade, devido aos diferentes sistemas construtivos dos edifícios, os desníveis entre as ruas e as diferentes circulações existentes em cada edifício, decidimos usar como principal ferramenta de estudo o modelo tridimensional – sem deixar de consultar, sempre que necessário, o levantamento feito anteriormente das plantas dos edifícios do conjunto.

Conjuntamente à disposição dos usos, se deu o raciocínio das estruturas, que muitas vezes limitavam a espacialidade desejada para o projeto. Assim, em pontos nos quais se fez necessário, retiramos algumas lajes e vigas dos edifícios, tendo como consequência a necessidade de reforçar a estrutura, e em outros propomos novas ligações que precisavam ser autoportantes.

Como a ideia é trazer o público para dentro do complexo, os acessos deveriam ser convidativos para a entrada dos transeuntes, além de promover transposições de níveis. Os usos também foram dispostos de maneira a convidar as pessoas a entrarem e circularem por todo o complexo, trazendo movimento e subvertendo a lógica dos prédios tradicionais onde o espaço público fica próximo ao solo, deixando o privado nas partes mais altas.

 

Finalmente, sabendo agora onde fica cada uso e os percursos de quem entra no complexo para chegar em cada um deles tendo sido pensado, a próxima etapa se destina a um maior detalhamento do conjunto como um todo, detalhando os espaços fixos, desenvolvendo as circulações entre os usos “restritos” – como entre as unidades do complexo habitacional -, estudando as novas estruturas necessárias para suportar as intervenções realizadas, e um estudo detalhado sobre os fechamentos e a sustentabilidade dentro do conjunto.

ETAPA 01

Nos anos 50, o governo de São Paulo promoveu grandes incentivos para a construção de estacionamentos na região central da cidade, fazendo com que essas tipologias passassem a constituir parte significativa da paisagem urbana. Essa lógica, com o passar dos anos, acaba se invertendo, e os incentivos à construção de estacionamentos passam a ser em áreas mais periféricas, perto das estações de metrô, para diminuir a quantidade de carros circulando na região central.

Esses dados foram coletados pelo nosso grupo durante o EV Reconhecer São Paulo, em 2017 (Trabalho disponível em: http://ev.escoladacidade.org/portfolio/reconhecer-sao-paulo_g37//). Neste semestre, nossa intenção é dar continuidade ao trabalho partindo do seguinte questionamento:

Se os carros de fato passarem a não circular pelo centro de São Paulo, o que acontecerá com os estacionamentos da região, que foram incentivados na década de 50?

Entendemos que a principal tendência é a obsolescência desses espaços e, assim, nossa proposta é buscar ensaiar uma maneira de como esses espaços podem ser reutilizados.

A área de estudo, definida durante o Seminário Internacional de 2018, é a quadra localizada entre a Rua Riachuelo, a Avenida Brigadeiro Luís Antônio e a Avenida 23 de Maio. Esse lugar foi escolhido por ter uma grande área destinada à estacionamentos de diferentes tipologias – espaços térreos, construções híbridas, prédios exclusivamente para carros e outras variações. Assim, a quadra traz uma grande complexidade e um enorme potencial construtivo, além de ser onde se localiza o Garagem América, primeiro edifício garagem e em estrutura metálica do Brasil, projetado por Rino Levi.

Apesar da proposta de reutilização do espaço ser para uma área específica, concluímos que ela pode ser reaplicada em outros estacionamentos da cidade e que, além disso, as mudanças efetivadas na quadra escolhida podem vir a acarretar transformações em todo o entorno, incentivando novos usos e apropriações dos espaços próximos.

 

Quadra de estudo a e sua área de influência

 

Com isso definido, grande parte dessa etapa do trabalho foi destinada a se aproximar da área de estudo, entender o entorno, fazer o levantamento das plantas e das fachadas de cada edifício que será alterado na intervenção, estudar as possíveis conexões entre as construções, e os fluxos feitos pelos carros.

 

 

 

Tendo essa compreensão e, sabendo da grande área disponível para a construção, passamos a pensar nesse complexo como uma microcidade. Por este motivo, a primeira ideia do grupo foi ver como seria o reflexo dos principais usos de São Paulo nesses edifícios, com as devidas proporções, para entender qual a área destinada para cada setor. Sabemos que essa divisão é muito literal e não pretendemos segui-la à risca, mas ela é importante para se compreender a área na qual estamos trabalhando.

 

 

 

A ideia é desenvolver o projeto dessa microcidade nas próximas etapas do trabalho, levando sempre em conta todas as informações coletadas até o momento.