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1ª Etapa

A formação das cidades se deu de maneira rápida e descontrolada, assim como sua população que cresceu de forma desproporcional . Com estas cidades desenvolvidas e consolidadas, hoje há falta de espaço para a continua expansão. Assim, a organização estrutural da cidade nem sempre segue de forma planejada e regular. Nos ritmos atuais e previstos de urbanização, a cidade informal está destinada a ser cada vez mais presente e mais ampla. É quase como uma idealização existir nos dias de hoje algum programa de edificação social que resolva o problema da grande quantidade de pessoas vivendo em situação irregular. O papel do arquiteto hoje é trabalhar em acordo com uma realidade preexistente. Para isso é necessário transformar as condições urbanísticas e sociais, enxergando e compreendendo a multiplicidade do local. A cidade é constituída por áreas regulares e irregulares, a  troca de conhecimentos e vivencia entre essas áreas é necessária para a ação do arquiteto.

Olhando assim para a cidade de São Paulo com essas questões colocadas, nos deparamos com grandes áreas ocupadas e distintas entre si, falar de preexistência nessa cidade é olhar para ela como um todo, porém nosso olhar foi focado ao que se recusa aparecer de forma definida, voltado portanto a preexistência informal, locais não estáveis, desregulamentado, com carências e colocando em discussão a questão da inclusão/exclusão.

Na cidade de São Paulo 30% dos habitantes moram em áreas consideradas irregulares, desvinculados do que se chama “cidade formal”. A favela de Paraisópolis é uma delas, ocupando 778.091,83m² da área total do município, é considerada a segunda maior favela da cidade de São Paulo, com cerca de 55.590 habitantes e 17.159 imóveis.

Paraisópolis esta inserida em uma área de contrastes, seu entorno é uma região que possui habitações grandes e  isoladas, portanto de baixa densidade, em oposição a Paraisópolis que possui densidade muito maior em relação ao terreno ocupado. Dentro desse espaço extremamente denso e edificado, onde estrutura e organização já esta presente de alguma forma, observamos como a adição e subtração de componentes em uma cidade informal é algo muito complexo e delicado. Já foram implantados diversos projetos urbanísticos a partir de Programas de Urbanização de Favelas em São Paulo, que buscam a intervenções urbanísticas que pretende transformar a favela em um bairro, levando em consideração alguns desses programas e levantando problemáticas a serem analisada para um caminho de trabalho, optamos por seguir no questionamento do que uma subtração causaria num espaço tão denso, caminhando no uso de um espaço aberto, espaço público.

Com a complexidade de um local como este, e com conhecimento e compreensão da vivencia nesses espaço, após nossa visita nos focamos em algo que nos chamou a atenção, sabemos da quantidade de melhorias que esse local precisa, porém nosso interesse de estudo e aplicação é o espaço público existente no local, a Rua é nessa área que a convivência e o relacionamento dos moradores acontece.

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2ª Etapa

A Partir da escolha de trabalho voltado á preexistência informal, que consiste grande parte das cidades nos tempos atuais, e específicamente a escolha de Paraisópolis para estudo constatamos a necessidade de transformar as condições urbanísticas e sociais compreendendo a multiplicidade do local e a importante troca de conhecimentos.

Nossos estudos se desenvolveram a partir da idéia de vivência, entendendo quão importante e rico seria a experiência de visitas ao local, para assim conseguirmos entender, de algum modo como é a dinâmica desse local.

Fizemos 3 visitas, onde identificamos pontos interessantes de estudo e tivemos a oportunidade de cada vez mais permear o espaço. Adentramos o local, observando como a questão da subtração era pertinente, já que há uma quantidade enorme de construções sobrepostas ali, e pensar em uma adição física no local não era algo tão questionador a morfologia existente, portanto pensávamos como e o que uma subtração naquele espaço causaria, quais os efeitos de um espaço vazio (um espaço de estar) num local tão denso.

Concluímos que qualquer movimento de subtração e consequente adição teria desdobramentos muito complicados que nos exigiriam aprofundamento e aproximação do local, das questões diversas ali presentes. Nos atentamos a encontrar algum espaço subtraído já existente, e o que mais chamou nossa atenção foi a própria rua, um espaço que quase sempre esquecemos que é nosso espaço público, e em Paraisópolis a rua é a área onde as trocas, a convivência e o estar acontecem.

Com o olhar focado, percebemos a complexidade do uso desse espaço, que divide uso dos transportes – motos e carro – , a apropriação do espaço para feira, baile funk, forró e o uso de passagem e estar das pessoas. Identificamos variações entre as ruas existente, como ruas principais –  as quais tem um caráter de uso misto, com comércio no térreo – com grande movimentação, ruas residenciais – usadas tanto para acesso as casas como para as vielas – com um movimento mais particular, e as vielas – que tem variações entre si, mas que já constituem uma área privada – com movimento mais restrito.

Identificamos como ponto interessante de estudo a relação da área pública e privada dessas vias e essa relação entre as próprias vias. Portanto o foco do estudo se voltou ao Público x Privado e a transição entre esses dois pontos. Colocamos como pontos de análise algumas características encontradas no local, como as escadas, as janelas e portas, as calçadas, as áreas intermediaria entre ruas mais movimentadas e as estreitas vielas, entre outros.

Com um foco de estudos definido, escolhemos também uma área definida dentro da grande Paraisópolis, selecionamos duas quadras onde identificamos essas diferentes escalas de vias e grande quantidade das características citadas acima. Desenvolvemos um mapeamento de observação das relações e características da área e um levantamento diverso sobre a vivencia no local, a partir de fotos, vídeos, desenhos e relatos.

Pretendemos em uma próxima etapa fazer um recorte ainda mais específico, que tenha presente as nossas 3 escalas de vias, para uma maior definição de características e aspectos interessantes para atuação na questão de estar nessas escalas.

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3ª Etapa

Após um grande envolvimento e aproximação do nosso local de estudo, a partir de visitas e vivências na área, identificamos a Rua e suas variáveis como grande foco de interesse, conseguimos fazer análises interessantes sobre a dinâmica desses lugares e a partir daí demos um foco maior no estudo.

Passamos a trabalhar com somente uma quadra, que já em si tem muitas complexidades e poderia ser usada como quadra exemplo de intervenção.

Com um foco ainda maior nessa quadra e um aprofundamento da observação e relação obtidos nessa área, voltamos a nos questionar sobre a subtração no local. Entendemos que cuidados devem ser tomados ao se retirar lotes construidos da área, de subtrair e saber – cautelosamente – onde pode ser readicionado.

A área precisa de mudanças e criamos alguns parâmetros de definição do que poderia ser retirado, para ser substituído por um local de grande contribuição para a quadra como um todo, uma expansão e melhoria do espaço de nosso interesse, a rua proporcionando espaços coletivos de qualidade.

Optamos por retirar alguns lotes, e transformer em espaço livre, que tem como objetivo fazer a transição entre as escalas de ruas estudadas, e entre espaços públicos e privados.

Encontramos alguns eixos – vielas – que fazem a transposição entre as ruas principais pelo meio da quadra permeando-a, e outras vielas que faziam as ligações entre esses eixos destacados.

Desenvolvemos uma melhoria por esse percurso, colocando infraestrtura de esgoto, iluminação, abrindo largos para utilidade pública, alargamento das vielas, usufruindo assim de uma melhor ventilação e iluminação para as residências existentes.

A ideia é trazer um pouco da movimentação de fora das quadras para dentro, mas sem perder seu caráter mais privado. Assim abrimos largos com frente para as ruas com grande movimento e comerciais, que são usados como espaço de estar e uma expansão do estar do comércio, com mesas banco, áreas verdes, dentre outros, e desse largo temos acesso à uma viela que já usufrui dessa área aberto para si.

Nessa fase do projeto o foco foi em uma quadra, com a preocupação de uma conexão entre as vielas e ruas principais, infraestruturas e áreas abertas valorizando a quadra e criando um plano completo. Para na fase final dar um foco maior em duas vielas de nossa escolha, com um detalhamento dos desenhos de mobiliário, áreas de estar, áreas verdes, dentre outras.

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4ª Etapa

Esta etapa, após passar por um processo de entendimento em uma escala macro de uma quadra, foi dado um foco maior em uma viela de nossa escolha. O direcionamento para apenas uma  viela, veio de uma necessidade do grupo de trabalhar detalhadamente um local, e assim minuciosamente projetar considerando cada ponto visto e estudado durante todo o semestre de forma efetiva. Com o olhar   orientado , foi identificado particularidade e necessidades especificas da viela. Diante das experiências acumuladas durante o processo, o grupo decidiu criar novas diretrizes,as quais  foi priorizado a permanência das moradias existentes.

Algumas caracteristicas levantadas no recorte foram reconhecidas como traços comuns ao restante de Paraisópolis. Como proposta final, o grupo fez um projeto que enfatise as caracteristicas analisadas da cidade informal, supra necessidades da viela trabalhada com foco no espaço publico e no espaço de convivio coletivo, que fora estudado em todo o semestre.

O Projeto final, propoe areas de convivencia para a Viela, criando espaços coletivos de uso especifico suprindo necessidades que os moradores tinham.

Em um primeiro momento foi criado diretrizes para o desenvolvimento do trabalho no qual previa o uso das lajes de edificações com apenas um andar, reorganização da parte elétrica e hidraulica e melhoria dos acessos as casas em andares superiores ao terreo.

O grupo cria um novo patamar dentro da viela, no qual, se baseia na ligação através de uma passarela entre as áreas criadas  nas lajes das  edificações de um andar. Esse novo nivel proposto permite que o espaço de convivio e estar se expanda utilizando apenas a area publica já estabelecida, a Rua. O patamar criado permite o acesso das casas de nivel superior que foram julgadas  não coerentes a um acesso adequado.

A caracteristica das escadas estudadas nas análises anteriores está presenta na passarela proposta, de modo que o acesso continua sendo para fora da casa e tem como  principal objetivo ser uma transição do publico para o privado.

O projeto prevê um novo piso para a viela que constroi um sistema hidraulico enterrado e modificações no sistema elétrico, trazendo melhor infra estrutura e conforto ambiental para o local.

CONCLUSÃO 

O processo deste trabalho trouxe à tona a discussão sobre a importância do estudo de campo ampliado como fundamental para  projetar a partir da preexistencia. Quando se trabalha com cidades informais a preexistencia deve servir como uma ferramenta de trabalho, a qual a compreensão vem a partir de uma troca ativa do profissional com os habitantes.

O papel do arquiteto e seus limites de atuação são estabelecidos a partir da aproximação pessoal do profissional com o ambiente a ser trabalhado. Depois de uma análise e o entendimento da necessidade encontrada e dita, o profissional deve trazer seus conhecimentos para a melhoria do lugar de forma que as pessoas que habitam se incluam no projeto a ponto de se identificarem e reagirem a essas melhorias.

A troca de experiencias e conhecimentos entre o profissional e os usuários do local,  em um trabalho com uma relação direta á preexistencia é essencial para a conclusão de um projeto adequado para a área.

Cada lugar tem suas particularidades e necessidades, que devem ser ouvidas e respondidas no projeto apresentado.

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Apresentação