G11. BARRA FUNDA CORPO EXTRANHO

01_barra funda humanoide

     A Barra Funda se constrói, em seus primórdios, como um bairro plural e diverso, ocupado em sua essência por ex-escravos. Depois, no período industrial, se torna palco da chegada de grande parte dos imigrantes vindos à São Paulo, principalmente italianos. Com o crescimento das industrias a Barra Funda se torna uma das áreas mais industrializaras da cidade, com maior numero de população operária, junto ao Brás e a Mooca. O bairro se consolida com firmes raízes musicais.

     Hoje a vida saiu das ruas da Barra Funda. A escala megalomâniaca e monumental de seus edifícios excluem o pedestre e negam o corpo. Os enormes lotes, os colossais galpões, as gigantes lojas de departamento, os monstruosos prédios institucionais e as descomunais construções do mercado imobiliário de luxo. Todos eles negam a escala a humana, desertificando suas ruas, e transparecendo ainda mais a vastidão da Barra Funda, que se configura como um lar de monumentos.

Nas escalas enormes da barra funda, nenhum corpo se sente à vontade. Não à toa, nas ruas da barra funda não há quase corpo algum. Se não podemos adaptar a cidade ao nosso corpo, adaptemos, então, nosso corpo à cidade: deixemos que ele também ocupe tal escala. Passar pelas ruas da barra funda com um carro dificilmente nos causaria estranhamento. Permeá-las com nosso corpo, porém, é bastante esquisito. Com esta escala, o ser humano se torna um humanoide. Se é com nosso corpo que ocupamos, é ele que essencialmente nos permite reconhecer o escalafobético.

Portanto o grupo propõe o ocupação da Barra Funda através de um corpo estranho, um ser que força seu pertencimento, que atende as escalas monumentais da Barra Funda. Uma estrutura humanoide que habitara as ruas vazias, que não se sentira ínfima perto da grandeza dos edifícios.

02_em busca da materialidade

O trabalho se coloca nesse segundo momento, como uma pesquisa para estabelecer o material e a forma da intervenção. Para tanto, fizemos três experimentos diferentes, tendo como constante o gás hélio, o elemento que consegue proporcionar maior alcance vertical, e que, portanto, atingi a escala monumental da Barra Funda. Tendo então o hélio como tecnologia principal de nossa arquitetura efêmera, o grupo então testou diferentes possibilidades de materiais que conteriam o gás, avaliando a rapidez do processo de selagem, a durabilidade, e a estética.

O primeiro teste foi feito com balões e tecidos de tulê, tentando observar quantos balões eram necessários para levantar todos os tecidos e experimentando formas de composição. O grupo chegou a conclusão que a plasticidade das bexigas era muito caricata de festas, e passamos a procurar um material que fosse inteiriço e que nós pudéssemos moldar e cortar como fosse melhor. Depois testamos com uma lona amarela de 4x4m. Tentamos criar uma unidade de 50x50cm, mas a pressão do hélio estourava as partes frágeis da lona, que não possuía nem a elasticidade nem a leveza suficientes.

Pensando então na ideia de que: o material poderia ser pesado caso fosse elástico, e deveria ser leve caso não fosse, para poder suportar o hélio, testamos com sacos plásticos, do tipo de embalar frutas no supermercado. De forma muito fácil eles se enchiam, e a selagem ficava por conta de fitas silver tape. Porém os saquinhos tinham o problema da transparência, que há muitos metros de altura chamaria pouca atenção.

Enfim chegamos ao material que nos agradou mais, e serviu aos três quesitos mais importantes: leveza, durabilidade e plasticidade. Nesse ultimo experimento usamos papel de embrulho de presente prateado, de dimensão 20x15cm. Alcançando assim uma unidade que pode ser replicada, criando desenhos de manha que flutuaram há 10m do solo da desértica e monumental Barra Funda.

EXPERIMENTO_1_DESPEDIDA DE SOLTEIRO

EXPERIMENTO_2_ALMOFADA

EXPERIMENTO_3_HORA DO LANCHE

EXPERIMENTO_4_SILVER CLOUDS INSPIRED