BANCA 04 – SÍNTESE – 2º SEMESTRE 2021

G01- Demarcação dos Espaços Judaicos em São Paulo: o eruv como espaço de confluência

INTEGRANTES: BeatrizIsabel Seber, Lilla Lescher, Tamara Crespin, Victoria Liz Cohen

PROFESSORES: Vinicius Spira | ASSISTENTE: Bárbara Francelin | INTERESSE: História, cultura, identidade, território; Meios: Análise bibliográfica, análise cartográfica e análise de imagens

O entendimento acerca do eruv foi se dando de maneira mais clara à medida que as entrevistas foram sendo feitas e, consequentemente, a exposição de diferentes visões. Por ser uma lei rabínica, ou seja, que não está especificada na Torá, pode ser interpretada de diversas maneiras, dependendo da linha do judaísmo que se segue, da sua origem (sefaradi e ashkenazi) e de quanto rigor você aplica no shabat. Concluímos que o eruv, apesar de estar na linha tênue entre a materialidade e o imaginativo, é um delimitador importante do espaço judaico, que age de forma ativa nos marcadores sociais, comunitários e de pertencimento. Através das pesquisas realizadas ao longo do semestre, solidificamos um produto concreto em forma de livro contendo as entrevistas, produtos gráficos, fotografias e contos produzidos a partir dos conceitos estudados.

G02- Identidade multiétnica e seus possíveis territórios: uma aproximação sensível aos múltiplos movimentos de passagem

INTEGRANTES: Beatriz Hinkelmann, Clara Borges, Carolina Moraes, Daniel Colaviti, Juliana Tegoshi, Maria Piedade

PROFESSORES: Luís Felipe Abbud | ASSISTENTE: Lucas Zabeu | INTERESSE: Cultura

CONVIDADO EXTERNO: Renato Cymbalista

Essa etapa do trabalho marcou nossa ida a Aldeia.

O desafio implícito nessa chegada estava não somente no programa em si, mas sim em todas as camadas de encontros possíveis no acontecimento do dia. Seis pessoas que há três meses se encontravam três vezes por semana virtualmente estavam pela primeira vez juntas. Sem haver muito tempo de aproximação prévia, o encontro físico foi embalado diretamente pela partida e o reconhecimento de cada uma das partes teve de ser feito em movimento, intercalado de trânsito, conversas e um calor escaldante refletido pelo asfalto da auto-estrada.
A chegada se deu no meio da tarde. O sol já atenuava. Gilberto esperava no portão trinta e seis. O carro foi estacionado. Era a entrada dos moradores que não é comum estar aberta para visitantes, mas a entrada oficial estava em reforma e não se podia utilizá-la. Envolvidos por sacolas de objetos de higiene domiciliar e pessoal, começamos a descida. Uma cumieira que, aos pés de quem não está acostumado, deve-se manter muita atenção a cada passo e pisada.
O caminho se iniciava quase que por um corredor a céu aberto. Do lado esquerdo, havia gabiões que faziam as vezes da murada das primeiras casas. Era a casa de Gilberto, a mais alta do morro. Próximo a elas, ele, que descia na dianteira, pegou alguns talos e folhas de Caruru e contou como era bom comê-las refogadas, tal como escarola e outras verduras que naturalmente encontram-se em mercados na cidade. Já do lado direito, a vista do caminho era encerrada por chapas de alumínio que vedavam uma parte do terreno; a comunidade não indígena que se estabeleceu ali antes do reconhecimento do território se manteve, ao mesmo tempo que firmou sua separação simbólica visualmente na escolha de marcar seu espaço tão claro e distinto do demais, tal como uma fortificação em meio a uma morro de terra, rodeada por árvores e pequenas casas pulverizadas pela paisagem.
Continuando o trajeto, foi entendido que a separação da localização das casas se dava também pela separação das etnias. Cada uma possuía seu território dentro do terreno, subdivididas em casas às vezes coabitadas por mais de uma família. E de primeira, do que se sabia a respeito da existência de sete diferentes etnias, foi apresentado como, na verdade, um espaço coletivo que possui doze etnias; algumas com mais pessoas, outras até com apenas um representante.
Após o curto, mas intenso, caminho pelo terreno escalonado, chegou ao seu ponto médio. O ponto de inflexão e encontro de todas as etnias, de recepção das visitas e realização de eventos. A oca multiétnica recém construída pelos próprios moradores da aldeia, seguida, logo no plano abaixo, por um grande lago também fabricado por eles. Da chegada, novas pessoas foram se juntando à oca; eram as mulheres, lideranças cada uma de sua respectiva etnia, que se dispuseram a acompanhar a visita e conversar.
A oca cultural, espaço central da aldeia, sintetiza todas as relações ali presentes. É delimitado em uma área de poucos metros quadrados, construída coletivamente, que se aglomera toda uma forma de vida e de organização social. Ela é essencialmente um espaço multicultural, aberto para as mais diversas formas de apropriação. É lá que os visitantes são recebidos, onde os eventos ocorrem, os moradores se encontram, debatem, comemoram e realizam seus rituais. É um espaço indeterminado à medida que está aberto a qualquer tipo de manifestação – seja ela um ritual como o Toré, uma missa católica, ou um ritual de umbanda. É o espaço promotor de relações entre os moradores da aldeia e visitantes, além de um lugar que permite trocas, acontecimentos e encontros. Suas características físicas são únicas e são fruto de uma amálgama de saberes e técnicas ancestrais, que também são extremamente contemporâneas. A oca pertence a todos os povos mas ao mesmo tempo não pertence a nenhum. Sua existência se dá por uma série de processos adjacentes à existência de alianças entre todas as etnias que ali resistem.
A recepção foi calorosa, havia biju para comer e chá de hortelã com poejo para beber. No centro da oca uma roda foi feita e todos sentaram. A oca era comprida, sua cobertura de palha seca trançada em ripas de madeira e quebrada em duas águas era sustentada por uma grande viga central que acompanhava longitudinalmente o recinto, e essa era a única madeira retirada da mata por eles próprios. Da viga central, transversalmente desciam caibros de madeira para cada um dos lados sustentados por mais uma sequência de vigas que a cada um metro e meio encontravam um pilar que unia toda a estrutura superior ao chão. Pregadas aos pilares, tábuas de madeira na horizontal envolviam todo o recinto do chão até aproximadamente um metro de altura, mantendo por toda a volta um vazio, quase como uma janela panorâmica, que permitia a vista simultânea de todo o entorno da oca.

Por dentro, estava escrito em um tecido negro de letra bastão branca o seguinte texto:

“quando a mãe terra era o nosso alimento
quando a noite escura formava nosso teto,
quando o céu e a lua eram nossos pais,
quando todos éramos irmãos e irmãs,
quando nossos anciãos eram grandes líderes,
quando a justiça dirigia a lei e sua execução,
aí chegaram as outras civilizações!
Com fome de sangue, ouro, terra e riquezas,
trazendo numa mão a cruz e na outra a espada,
sem conhecer os costumes de nossos povos,
roubaram nossas terras e nos levaram cativos,
transformaram em escravos os filhos da terra.
Mas não esquecemos o que somos, donos da terra.
Somos uma árvore da vida,
nesses últimos 520 anos perdemos os nossos galhos, folhas e frutos
Mas não perdemos nossos tronco,

porque temos raízes milenares e vamos preservá-las!
Nós viveremos, por mais tempo que o império da morte!”
• povos indígenas

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G03- FRONTEIRA

INTEGRANTES: flávia doudement, marina perez, maria rezende, bruno ponte, lia abrão

PROFESSORES: Gabriela de Matos | ASSISTENTE: Marina Brandão | INTERESSE: Cultura – desenho/história

CONVIDADO EXTERNO: Beatriz Matuckk

Ao refletir sobre a dialética presente no tempo da natureza versus o da ação humana, e como se dá a retomada da natureza depois da interferência do homem, voltamos nossas atenções para a relação que a cidade tem para com suas águas e entendemos como a presença invisível dos corpos de água pelas metrópoles do mundo reflete um percurso velado interessante de ser explorado. Se deparar com a hidrografia de São Paulo significa entender que grande parte dos rios da cidade se encontram canalizados e escondidos. No bairro do Butantã, zona oeste da cidade, isso não seria diferente.
Carente de parques e espaços verdes públicos, os espaços que resistem à ocupação humana são raros, e aqueles em que a presença do rio ainda em sua forma natural menos ainda. Entretanto, um caso se sobressai ao fugir dessa regra: o Parque da Fonte. Nesse terreno tombado, que antigamente era uma região crucial na rota indígena chamada caminho do Peabiru que atravessava a América do Sul de oceano a oceano, há 3 nascentes, uma delas a Fonte, cabeceira do Rio Pirajuçara Mirim, último afluente do Rio Pirajuçara antes deste desaguar no Rio Pinheiros (Bacia do Pirajuçara), segundo a Associação Cultural da Comunidade do Morro do Querosene. Entretanto, em uma cidade em que basicamente a natureza não se faz mais presente, parte dessa narrativa se perde pois o elemento físico-geográfico não é mais visível, mas suas ruínas, seus vestígios ainda são a marca da presença do homem nas margens desses rios.
Historicamente, às margens dos rios foram sede das primeiras civilizações do mundo, que contando com as águas e todas as outras vantagens que consigo traz, se estabeleceram e se desenvolveram. Camadas e camadas de ocupações humanas e não-humanas foram consequentemente se sobrepondo ao longo dos séculos, fazendo dos rios e seus entornos, um local de disputas constantes e que por vezes deixam seus vestígios do tempo para trás: as ruínas. Ali, no terreno do Parque da Fonte, o rio ainda emerge para fora da terra, mas os muros que cercam o lote tornam novamente impossível sua visualização. Apesar da sua relevância para a região, o lote em questão foi objeto de diversas disputas ao longo dos anos, assim como as águas do rio que ali habita.
Dado esse contexto complexo e a tentativa de entrar em contato com esse rio, nos deparamos com essa barreira física que impedia esse acesso direto. Os rios que ali afluem ao saírem do terreno são encaminhados para tubulações, um dos pedaços restantes de mata atlântica original são restringidos entre os altos muros, o caminho que ali muitos antes percorreram fica velado…Juridicamente fechado, se torna inacessível ao corpo e impede tanto o fluxo de pessoas, como uma compreensão espacial do que se trata aquele lugar. O contato então se deu dessa forma: através do muro e das frestas geradas pelo processo de decomposição dessa barreira, uma ruína por si só. Levando sempre o rio como método de ação, surgiu então o MANUAL DE TRAVESSIA DE FRONTEIRAS, nossa investigação de como romper com eventuais barreiras físicas impostas no seu fluir pelo espaço.

G04 – Rio Sujeito: A Grande Saracura

INTEGRANTES: Ana Luiza Corrêa, Ana Teresa Carvalho, Isabella Martini Ramos, Louise Cyrino, Luara Macari e Thiago Costa Neto

PROFESSORES: Mauro Munhoz | ASSISTENTE: Filipe Doria | INTERESSE: Culturas; MEIOS: desenho, historia e teoria e urbanismo

CONVIDADO EXTERNO: Cláudia Muniz

A partir do entendimento das dinâmicas hidrográficas e topográficas, o grupo elaborou uma série de cartografias com foco no Rio Saracuraçu (uma das nascentes do Rio Saracura). A marcação do asfalto no colo do rio, o forte som das águas correndo, seu afloramento em alguns pontos de seu curso através de bocas de lobo, as grandes taiobas e vegetação encharcada nas encostas verdes, o declive da rua Garcia Fernandes ao descer a Rua Rocha, passar pela Rua Cardeal Leme (leito do Saracuraçu) e chegar na Praça 14 Bis, onde há o encontro com o Saracura-Mirim e formação do rio Saracura (grande), que segue até a Praça da Bandeira e encontra o córrego do Bixiga, o córrego Itororó, o Rio Anhangabaú, que por fim deságua no Tamanduateí, Tietê, Paraná… Ou seja, esse anfiteatro é um local onde a preservação ambiental X a “acomodação do asfalto e do concreto” sobre esses Rios-Sujeitos são questões que estão sendo discutidas e postas em prática, a fim de mitigar os efeitos causados pela massiva e avassaladora urbanização. Desde a historiografia das primeiras habitações na região por negros escravos fugidos e a existência de quilombos, posteriormente a presença do Vai-Vai com o samba resistente, em contraposição as recentes tentativas de apagamento e sobreposição dessas memórias pela construção civil. Dessa forma, o grupo se encaminhou em uma experimentação audiovisual que retratasse as relações geográficas com as diversas formas de habitar do espaço e quem eram esses habitantes e seus papéis na formação territorial. O rio como repositório de memória e agente-sujeito no território urbano, a fim de aflorar as memórias das águas da Grota do Bixiga e sua resistência na cidade hoje; Saracura como território: habitar o rio; Saracura como habitante dentro do imaginário e das pessoas que o pressentem e vivem no local, a fim de acessar o rio que resiste nesse lugar através da subjetividade dos sujeitos que o mantém vivo.

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G05- Território para além do urbano e não urbano. Reflexões sobre o rio Cubatão

INTEGRANTES: Alexandre Bassani, Catherine von Uhlendorff, João Pedro Porto, Luiza Rovere e Maria Peccioli e Melissa Vasques

PROFESSORES: Cícero Ferraz | ASSISTENTE: Adam Manfredi | INTERESSE: Cultura, as relações antrópicas, urbanas e não-urbanas, com o rio Cubatão.

CONVIDADO EXTERNO: José Maria Macedo

Decorrente de uma análise territorial desenvolvida pelo grupo na região do estado de São Paulo, em busca de selecionar um objeto de estudo que encaixasse adequadamente na pluralidade das temáticas pretendidas para a pesquisa, encontramos o Rio Cubatão. O rio nasce no sopé da Serra do Mar e cursa um extenso caminho entre essa barreira natural e o mar. Está inserido no interior da cidade de Cubatão, fato que possibilita acompanhar as inúmeras divergências culturais, sociais e de uso do território que consolidaram-se de forma contrastante por toda a cidade da baixada santista. Depara-se com diversas situações antagônicas, que complexificam as relações estruturadas: a alta altitude da Serra do Mar e o nível 0 do mar, concentrações de infraestrutura e a escassez de tal, grandes áreas industriais e áreas de proteção ambiental, entre outras múltiplas comparações que foram identificadas e aprofundadas ao decorrer de toda a pesquisa no semestre. O Rio Cubatão já há muitos séculos acompanha com proximidade o decorrer da história do país e por muitos anos lhe é atribuído função de lugar de passagem e não permanência, caracterização reforçada também pela construção de formas de ligação entre o Porto de Santos e o planalto, como a Calçada do Lorena no século XVIII até ações mais recentes, como a elevação das rodovias Anchieta e Imigrantes. De acordo com dados do IBGE, atualmente, a cidade é moradia de mais de 130.000 pessoas, e aproximadamente 70% dessas ocupam cargos no próprio município, apesar do mesmo ainda carecer de muitos serviços básicos e de lazer para a população total. As problemáticas e características realçadas no desdobramento do trabalho têm como finalidade evidenciar as diversificadas relações formadas a partir de determinadas formas de uso do solo e o caráter histórico que acompanha o rio.

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G06- Águas Do Cinturão Verde

PROFESSORES: Thiago Benucci | ASSISTENTE: Lucas Nadalini | INTERESSE: cultura – povos indígenas – meio ambiente – cidades mais verdes – animais

CONVIDADO EXTERNO: Tania Knapp

Durante o semestre, o grupo buscou entender as diferentes formas de relacionar-se com o meio natural, especificamente a indígena, com recorte para os Guarani que residem em São Paulo. Em contraste com a cultura ocidental e urbana que pensa a “natureza” essencialmente como recurso, a cultura guarani entende-a como uma multiplicidade de sujeitos, com intenções próprias, e que, portanto, necessita de respeito. Logo, torna-se importante o entendimento – e o respeito – da cultura indígena como possível propulsora para uma mudança significativa e necessária nos modos pelos quais as cidades metropolitanas lidam com a natureza. A forma com que o meio urbano lida com os rios, ou de modo mais geral com a água – este recurso vital, exemplifica de forma potente – e trágica – as hierarquias e as violências estabelecidas com este elemento-sujeito natural, uma vez que, mais de 300 rios foram enterrados e concretados na cidade de São Paulo, diminuindo a qualidade de vida dos moradores da cidade e inviabilizando até mesmo a memória dos fartos cursos d’água que ora corriam entre vales e hoje deixam-se a ver apenas como sepulturas de asfalto e cimento. De modo paralelo, nesta mesma cidade, os Guarani entendem e lidam com os rios de uma forma radicalmente diferente, através da consciência da inter-relação vital com aquilo que chamamos de “recursos naturais”, tanto da perspectiva humana e não-humana, quanto mítica e cosmológica. O rio Capivari, por exemplo, se encontra como o último grande rio não poluído da cidade e não por acaso está localizado dentro da Terra Indígena Tenondé Porã, na região Sul da cidade, habitada por indígenas Guarani, evidenciando a potência da preservação indígena de tal recurso hídrico.
Quanto mais se aprofunda nessas questões, mais se percebe como urgente o apoio coletivo em preservar a vida nesses caminhos dos rios, tanto do ponto de vista da necessidade de água limpa para o bem do próprio ser humano, quanto para o ecossistema como um todo.
Além disso, buscamos entender mais sobre o Projeto de Lei Cinturão Verde Guarani, que tramita na Câmara Municipal de São Paulo o Projeto de Lei Cinturão Verde Guarani (PL 181-2016) tramita na Câmara Municipal de São Paulo pretendendo instituir uma política municipal de fortalecimento ambiental, cultural e social das Terras Indígenas na cidade. O Projeto entende que a cultura guarani não é limitada por expressões artísticas e espirituais, ela é o modo de vida guarani, logo, o território também é cultura, por isso a importância da preservação, cuidado e demarcação do mesmo.
Sendo assim, a partir destes entendimentos, com interesse público da maior relevância e pensando também em formas de somar à luta e ao coro em prol do Cinturão Verde, realizamos uma série de entrevistas com agentes envolvidos no processo, sendo eles dois antropólogos, um político e uma liderança Guarani. Lucas Keese, Marcelo Hotimsky, Nabil Bonduki e Jerá Guarani, respectivamente, para que possamos somar e expandir a luta em prol de políticas públicas e ações concretas que propaguem e reforcem a necessidade de cuidado com a natureza, com o território e o planeta.

https://issuu.com/estudio-vertical-g06/docs/texto

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G07 – Lares tradicionais e desviantes

INTEGRANTES: Leonardo Sarabanda, Maria Clara Calixto e Maria Paula Simonsen

PROFESSORES: Camille Bianchi | ASSISTENTE: Lucas Zabeu | INTERESSE: Morar e arquitetura

CONVIDADO EXTERNO: Renato Cymbalista

Partindo do tema de interesse do grupo em trabalhar o “morar” dentro do Estúdio Vertical, escolhemos estudar comparativamente habitações brasileiras modernistas, entendendo-as através de uma perspectiva crítica da produção desses lares, formados por padrões sociais, morais, econômicos e religiosos para corpos entendidos como padrão. Assim, buscamos compreender como a casa se materializa com heranças de relações sociais marcantes ao decorrer da história do Brasil, por meio da supervalorização da família nuclear tradicional e dos bens materiais na produção dos lares, valores morais de comportamento são impregnados no habitante tais como discursos de gênero, domesticidade e sexualidade. Dessa forma, a narrativa construída e ainda vigente fundamenta-se em uma série de padrões dicotômicos (público e privado, homem e mulher, sociais e de serviço), que criam uma narrativa binária do morar. A produção da arquitetura modernista, em sua essência, busca produzir uma arquitetura para um corpo modular, de modo a abranger todos a partir deste um. No entanto, sabemos que o habitar é desempenhado de diferentes maneiras, por núcleos domésticos variados e que nem sempre interpretam o papel que lhes foi designado. Assim, fizemos uma seleção de projetos de edifícios de habitação de Paulo Mendes da Rocha, como talvez o maior representante da escola paulista, buscando analisar criticamente tais exemplos de moradia em função de suas tradições e, a partir disso, intervir por meio de diferentes narrativas e destacando outros modos de convivência e de redes de pessoas e afetos que compõem a arquitetura.

https://youtu.be/-kEN9M3WwZE

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G08- Reconciliação entre a natureza e o morar: um recorte singular de uma história plural

INTEGRANTES: Ana Julia Parada, Beatriz Freitas, Giovanna Zanette , Inara Cristina Pereira, Luiza Carvalho, Maria Stella Tosold

PROFESSORES: Eduardo Colonelli | ASSISTENTE: Thais Reyes | INTERESSE: Morar

A pesquisa desenvolvida ao longo do semestre é fruto do trabalho de estudantes de arquitetura não-indígenas que se propõe a discutir a complexidade da noção de território para os indígenas da etnia Guarani Mbya, em específico aqueles que habitam a região do Jaraguá (em São Paulo) a partir dos conceitos de tekoa e nhanderecó. Nosso estudo, dividido em três tópicos – a aldeia, o território e o conflito – tem por motivação a importância de corroborar com a resistência desse povo aos avanços da cidade e a importância da legitimação de sua terra.
O povo guarani, que já habitou um território que se estendia do Equador à Argentina; atualmente se limita ao Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil. O subgrupo Mbya está presente em várias aldeias na região oriental do Paraguai, no nordeste da Argentina e no Uruguai. No Brasil, a população é estimada em 14 mil pessoas (CTI/G. Grünberg, 2008), estando as aldeias situadas no interior e no litoral dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e em São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo junto à Mata Atlântica.
Ao contrário do que se imagina, São Paulo, maior metrópole da América Latina, é a quarta cidade com mais indígenas no país – 4.138 pessoas (CPISP) , que ocupam não só terras demarcadas, como também vivem no ambiente urbano. As Terras Indígenas demarcadas, localizadas no Pico do Jaraguá – ao norte – e em Parelheiros – no extremo sul – revelam o estrangulamento que a cidade ocidental impôs sobre os indígenas que ocupavam o território antes da colonização portuguesa. A territorialidade guarani se articula em uma rede complexa de interações que se estabelecem em torno de dois conceitos tupi-guarani: a Tekoa e o Nhanderecó.
A Tekoa, que de forma simplificada significaria a aldeia em si, se remete a uma concepção mais ampla; é a unidade política, religiosa e territorial, se define em virtude das características materiais e imateriais. A terra Guarani é, dessa forma, um espaço religioso e sagrado de ocupação coletiva e de produção cultural. A Tekoa seria então definida de forma mais assertiva como “o lugar do modo de ser guarani”, ou ainda “o lugar onde somos o que somos”. A condição determinante para a existência da Tekoa é a possibilidade de estabelecimento do Nhanderecó, que se define como o bem viver guarani, é a concretização socioespacial de seu modo de vida próprio e culturalmente particular. O bem-estar guarani no ambiente da aldeia se articula, ainda, com a manutenção e a vitalidade da floresta – a Mata Atlântica, em São Paulo – vez que está, além de possibilitar a pesca, a caça, o cultivo e o artesanato, ainda se relaciona com o conjunto de crenças e rituais, é a morada de Nhanderu, o criador da vida.
A lógica capitalista que impõe a comercialização da terra, a expropriação de populações e o confinamento dos indígenas em limites arbitrários e insuficientes se mostra, sobretudo, como um risco à sobrevivência digna dessa civilização. A Aldeia do Jaraguá conta com apenas 1,7 hectare de área demarcada e homologada, configurando-se como a menor terra indígena do país com alta densidade demográfica. A construção de rodovias e o avanço do mercado imobiliário faz com que essa população conviva com dificuldades para retirar a subsistência da mata, que sofre com a poluição de rios, a diminuição da diversidade de flora e fauna, além de conflitos pela posse da terra.
A comunidade luta pela expansão da reserva para 532 hectares, assim, a demarcação de terras, em proporção adequada, para os povos indígenas do Jaraguá é inquestionável, sem tal medida, ficam sujeitos ao desaparecimento gradual de sua identidade enquanto grupo social fundamentalmente ligado à terra. Além disso, os povos originários são amparados pelo Direito de Autodeterminação dos Povos, prerrogativa internacional que confere a eles o direito ao autogoverno, de decidirem livremente a sua situação política, além de atribuir aos Estados a responsabilidade de defender a existência e a condição de independentes. O processo de reconhecimento e demarcação de terras indígenas no Brasil, que consta na Constituição Federal de 1988, vem sofrendo diversos ataques pelos governantes atuais, na medida que as instâncias federais e estaduais promovem a deslegitimação das demarcações e a tentativa de revisão da legislação.
A validação das disputas – a demarcação apropriada da terra e a garantia das condições básicas de sobrevivência – para a sociedade não indígena é crucial para tratar questões de extrema relevância na atualidade – a preservação de biomas, a proteção de culturas, a segurança alimentar e a crise climática. Cabe à universidade, no que diz respeito a produção de conhecimento, se aliar e contribuir com a defesa de povos, culturas e biomas.
Nossa proposição final considera a necessidade de difundir entre a sociedade capitalista a pesquisa e a luta dos povos da floresta pelo espaço que lhes é de direito, por meio da distribuição de panfletos informativos e da publicação em sites, visamos leva conscientização acerca da necessidade de proteção dessa cultura que está intrinsecamente relacionada à terra.

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PANFLETO

G09 – IMPRESSÕES PESSOAIS SOBRE O HABITAR PAULISTANO

INTEGRANTES: Carolina Cukier, Cintia Tamy, Eduardo Baltazar, Julia Alves, Luisa Teperman e Manoela Ambrosio

PROFESSORES: Felipe Noto | ASSISTENTE: Ana Paula Siqueira | INTERESSE: Morar, análise através do desenho

Ao refletir em uma leitura particular sobre o que é morar, principalmente nesse momento pandêmico em que somos forçados a adotar uma vida doméstica, acabamos percebendo que esse habitar não se refere apenas a nossa casa, o lugar onde dormimos, comemos, tomamos banho e etc, mas sim uma série de espaços que trazem esse sentimento. Tendo essa como premissa inicial do nosso trabalho, decidimos aproveitar essa reflexão como forma de “reviver” e/ou trazer mais pra perto esses sentimentos familiares e confortantes, e que de alguma forma faziam parte do nosso cotidiano. A partir disso, começamos a discutir sobre como essas imagens do nosso dia a dia podem nos parecer indiferentes no decorrer do tempo, mas como fazem parte do nosso habitar e agora nos damos por falta disso, percebemos o quão existentes são essas cenas em nossa memória afetiva. Com essa ideia clara em nossas cabeças, elaboramos uma série de mapas com dois trajetos por pessoa, um é o caminho da sua casa até a EC e mais um outro que tenha familiaridade, e neles apontamos, por meio de desenhos, algumas dessas cenas que se apresentam cotidianamente. Essas cenas foram escolhidas para dialogar sobre um olhar paulista e com experiências que se entrelaçam, podendo encontrar situações comuns que acontecem todos os dias no cotidiano da cidade. Como produto final o grupo produziu um site que mostra todo o processo da nossa pesquisa. O site foi diagramado com a intenção que quem o visita possa vivenciar virtualmente as rotas.

https://eduugartebaltazar.wixsite.com/my-site-4

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G10- Centro de pesquisa educação e conhecimento do cerrado

INTEGRANTES: Beatriz Teixeira, Bruna Santos, Catarina Trinca, Marília Peceguini, Pedro Goes, Tailane Morena

PROFESSORES: Marcos Boldarini | ASSISTENTE: Luiz Gustavo Sobral | INTERESSE: habitação modular autossustentável

O Trabalho tem como objetivo a interlocução entre a natureza e a cidade por meio da arquitetura e habitação. Escolhemos o parque Estadual do Juquery como local de estudo por sua relevância ambiental e caráter de resistência em meio a cidade. O parque abriga importante remanescente do bioma Cerrado, e nascentes importantíssimas para o abastecimento de água nas áreas urbanas. O grupo entende como necessário o contato equilibrado entre cidade e natureza por meio de pessoas, por isso nosso trabalho contempla o Centro de Pesquisa educação e conhecimento do cerrado . Escolhemos um ponto de ligação entre as trilhas e caminhos já existentes no parque para implantação do projeto, este interage com as topografia do terreno e não se destaca na paisagem. Caminhos subterrâneos constroem as duas dinâmicas presentes no programa, a habitação e a pesquisa. O núcleo de pesquisa existe a fim de concentrar estudos sobre o Parque Juquery e a remanescente do bioma cerrado que resiste no mesmo; contempla laboratórios de pesquisa e observação, salas de aula, espaços de conversa, e exposição. Este conjunto do programa visa além do conhecimento dos pesquisadores, a interação entre estes e os visitantes do parque. O núcleo de habitação é destinado para os estudantes e pesquisadores permanecerem no local, este contempla dez quartos duplos. O objetivo do projeto é usar da arquitetura como meio de conexão entre as pessoas e o parque, o Centro de Pesquisa e Conhecimento do Cerrado existe para compartilhar e conscientizar os visitantes da importância desse espaço-floresta resistente á cidade.

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G11 – Floresta Virtual

INTEGRANTES: Bruno Maschio Juliana Simantob Luiza Falcão Maria Meira Ricardo Mancini Vitória Cruz

PROFESSORES: Marta Moreira| ASSISTENTE: Sheroll Martins | INTERESSE: Morar e Rios Voadores

O grupo iniciou uma investigação pensando nos possíveis elementos que podemos encontrar no espaço urbano advindos da floresta, não simplesmente os espaços verdes dentro da malha urbana, mas por meio de uma abstração, que buscou compreender aquilo que não enxergamos diretamente dessa relação tão essencial daquilo que construímos com aquilo que a natureza gera. Primeiramente, nasceu a ideia de buscar tal relação por meio do que pensamos da forma mais genérica ser os recursos naturais, como materiais de construção ou fontes de energia, trazendo à tona a importância dos rios, madeiras e minerais. No entanto, a ideia de abstração de recursos logo nos levou ao conceito de águas virtuais, usado principalmente no ambiente comercial, para se referir a quantidade de água utilizada para criar produtos, que consequentemente seria “exportada virtualmente” por conta deste uso. Rapidamente, a ideia de uma presença invisível de recursos nos levou a criar um conceito próprio, que denominamos como “florestas virtuais”, referindo-se a tais recursos naturais dos quais a vida urbana e suas infra estruturas são derivados e dependem. Com o conceito fixado, podíamos pensar exemplos que pudessem esclarecer de forma mais concreta essa relação direta porém invisível entre floresta e cidade, e aquilo que surgiu como fenômeno conhecido foi o dos Rios Voadores. Os Rios Voadores se referem às enormes massas de água que são produzidas na região Amazônica por meio da condensação dos rios e da evapotranspiração das plantas, e em seguida passa a se deslocar a Sudoeste conforme as massas de ar. A barreira física da cordilheira dos Andes conduz as nuvens até as regiões mais ao Sul do Brasil, que encontra nesse fenômeno um dos grandes agentes geradores de umidade. Após toda a pesquisa do fenômeno, podemos compreender a dimensão da importância que ele exerce nas dinâmicas naturais e consequentemente nos territórios urbanos, levando ao grupo a ideia de demonstrar de alguma forma como torná-lo visível. Tornar um processo climático de dimensão territorial continental concreto passou a ser o desafio do grupo, o qual buscou em outras experiências projetuais uma inspiração para representar como a água atmosférica pode se tornar proveitosa para sociedade, levando a reflexão de suas origens e exaltando a relação direta que essas compactuam com os ambientes habitados por nós. Aquilo que chamou a atenção como principal ícone de relação com essa água atmosférica foram as neblinas, e consequentemente os mecanismos criados por comunidades para aproveitar a água advinda desse fenômeno. O grupo encontrou projetos de captação dessas águas atmosféricas, principalmente em locais de pouca fonte de recursos hídricos, sendo para essas comunidades de extrema importância a relação virtual com florestas distantes. Os principais projetos de inspiração passaram pelas Atrapanieblas, mecanismos de captação de neblinas presentes nos territórios altos dos Andes, e os criativos Waka Waters que foram instalados em regiões semi-áridas africanas para aproveitar a pouca umidade presente no ar. Ambos os mecanismos funcionam com simples esquemas de tensionamento de redes, que formam gotículas de água transformando-a em visível e utilizável. Ao experienciar diferentes formatos, associações e materiais o grupo passou por uma fase técnica de desenvolvimento do seu próprio coletor de água atmosférica, encontrando uma série de dificuldades tecnológicas, estéticas e funcionais para gerar uma série de desenhos e investigações que por fim não criaram simplesmente um objeto e sim toda uma espacialidade de associações. Ao final, a experiência resultou em três produtos finais com diferentes propostas de relação entre o módulo final do coletor, estes foram inseridos em topografias, que por inspiração, exaltavam a relação territorial com o fenômeno dos rios voadores. Sendo assim, o grupo finalizou o trabalho produzindo colagens e implantações dessas espacialidades, gerando ambientes que exploram o valor dessas águas, as quais passam a ser visíveis e trazem a tona a reflexão simultaneamente simbólica e concreta criada pelas florestas virtuais, na busca de tornar o invisível visível.

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G12- acervo de moradas transgressoras

INTEGRANTES: Gabriela Sá, Fernanda Roriz, Eliza Previato, Laura Ferrarezi, Gabriela Sanovicz e Gabriela Balbino

PROFESSORES: Vito Machione | ASSISTENTE: Adam Manfredi | INTERESSE: Morar – Relação corpo e lar, subversão à linguagem universal

CONVIDADO EXTERNO: Jaime Solares

Pensar a casa a partir de sua intersecção com temáticas de gênero e sexualidade nos permitiu reconhecer a habitação ocidental e convencional não só como insatisfatória, mas também como uma imposição, um aparato para a manutenção de corpos, relações sociais e econômicas.
Nesse sentido, passamos a reconhecer núcleos domésticos desviantes, corpos fora da norma, e outras organizações familiares como uma potência, que traz novos olhares e abordagens para a produção de espaços transgressores, que desafiam a suposta universalidade da produção dominante de arquitetura. Através de aproximações com o nosso espaço doméstico, pesquisas de trabalhos e referencias e questionamentos sobre a domesticidade em interceção com gênero e sexualidade. Como produção final do trabalho, indo ao encontro da nossa intenção de tornar visível outras formas de vivenciar e se apropriar do doméstico, optamos pela montagem de uma exposição com o acervo anônimo e colaborativo de domesticidades queer levantado pelo trabalho.
“A arquitetura das instituições permitem a normalização e o controle dos corpos.” – Paul Preciado
“Domínio do corpo, da sexualidade, das mulheres, corpos racializados, corpos trans e todos os corpos enquanto vivos e condicionados as violências da norma.” – Paul Preciado
“Arquitetura enquanto atualização da presença do corpo que informa, qualifica e manifesta suas interações” – Soul Fujimoto

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FOLDER

G13- Comendo Pelas Bordas

INTEGRANTES: Antonio Vicalvi Gabriel Dutra Juliana Menezes Ricardo Kalil Tamires Ruffino Victória Fenólio

PROFESSORES: Gleuson Pinheiro | ASSISTENTE: André Sauaia | INTERESSE: agricultura urbana/produção de alimentos na cidade

CONVIDADO EXTERNO: Tania Knapp

O presente trabalho teve como início, entender a produção agrícola dentro do contexto urbano, como reflexo do enunciado “A floresta que resiste na cidade, a cidade que existe na floresta”, proposto pelo Estúdio Vertical. No decorrer do semestre levantamos alguns conteúdos, para nos aprofundarmos, são eles: a falta de espaço na cidade de São Paulo; desmatamento; saúde alimentar; produção e comércio; legislação; educação alimentar; e iniciativas de produções agrícolas já existentes. A partir dos pontos levantados começamos a pensar em um Pavilhão de Alimentos, um edifício verticalizado, “livre” e permeável, onde poderíamos implantar todas as pesquisas feitas, assemelhando-se com uma galeria, onde acrescentamos espaços para as práticas de produção dos alimentos, sendo um local temporário para auxiliar pequenos produtores. Entretanto, após algumas conversas, decidimos optar por um produto menos arquitetônico e mais ilustrativo das nossas pesquisas, optamos em utilizar as colagens como representação, sem haver a preocupação de ser algo análogo ao real. Nosso objetivo é usar a criatividade para tirar do ideário da mente e trazer o que pensamos para o físico. “Imprimir” de maneira lúdica questões e provocações que tivemos durante o EV. Queremos provocar um contato com o interlocutor, algo que promova reflexão sobre algo que está dentro de sua vivência, é algo que está fora, cruzando os dois mundos , unidos com as questões da segurança alimentar, ocupação dos espaços. Promovendo assim, através das colagens críticas ilustrativas, com visões utópicas, que gerem no imaginário outras possibilidades, podendo ser sementes para mudanças em outras esferas. Portanto, nosso trabalho não é algo conclusivo, ou que tenha respostas para os problemas da agricultura, demanda, cidade e questões sociais que estão tangentes ao tema do Estúdios Vertical. Mas queremos provocar a discussão e agora temos a responsabilidade de apresentar esse processo!

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G14- ninhos urbanos: intervenção na cratera da colônia

INTEGRANTES: Dante Rovere, Luigi Franco, Maria Donato, Maria Gruber, Maria Vizeu, Paulo Gabriel Vargas

PROFESSORES: Vitor Pissaia | ASSISTENTE: Luiz Gustavo Fernandes | INTERESSE: Ambiente

CONVIDADO EXTERNO: Vera Fonseca

Investigamos o território de Parelheiros buscando entender as dinâmicas entre a produção, a cidade e a floresta. Nos chamou a atenção o bairro da Vargem Grande, que ocupa um trecho relevante da Cratera da Colônia. Esta é formada por um cinturão verde, que é rasgado pelo bairro. Ao redor da parte mais alta da cratera, muitas fazendas desenvolvem suas produções e, a partir do desenvolvimento de um corte síntese que investigava os 4km dela, notamos um grande contraste que resulta em uma divisão marcada do que é cidade e o que é floresta, como se existisse um muro invisível. O objetivo do grupo, logo se tornou fazer um intermédio entre a cidade, a floresta e a produção, possibilitando um desenho urbano com uma harmonia maior entre as três partes, dissolvendo seus contrastes e possibilitando maior permeabilidade para a área urbana onde se encontra o bairro da Vargem Grande. Com isso, buscamos estudar as abelhas, estas que se tornaram agente conciliador entre as áreas de produção existentes, os moradores da região e os próprios animais polinizadores que contribuem não só para a alimentação coletiva, mas também para o desenvolvimento dessas florestas como um todo. Após mapearmos os terrenos baldios e áreas verdes ainda existentes na área urbana, elencamos dois pontos para intervenção: o primeiro deles na fronteira do bairro com o Parque Natural Estadual da Cratera da Colônia e, o segundo, em um trecho onde notamos o encontro de dois rios, até então canalizados, próximos de uma quadra de futebol. As intervenções têm como diretriz principal trazer a floresta para dentro da cidade. Para aproximar as abelhas foram elencadas vegetações que atraiam diferentes espécies dessas polinizadoras, da mesma forma que módulos de ninhos foram criados para abrigar as espécies solitárias, enquanto as espécies coletivas irão construir naturalmente suas colmeias a partir do momento que as condições ambientais favoreçam sua presença. A primeira intervenção focou no desenvolvimento de uma agrofloresta e um percurso por um deque de madeira por dentro dela, onde estariam acoplados os ninhos das abelhas, enquanto a segunda intervenção buscou criar um parque linear em torno dos canais, uma wetland e uma área de horta.

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G15- Raízes da Cidade

INTEGRANTES: Daniel Cohn, Dora Camarero, Gabriela Rochitte, Pedro Janeiro, Reinaldo Almeida e Tatiane Leandro da Silva

PROFESSORES: Camila Toledo | ASSISTENTE: Lucas Nadalini | INTERESSE: Ambiente e Sistemas

CONVIDADO EXTERNO: Robert de Paauw

O início da ocupação do bairro de São Mateus, localizado na zona leste, remete a diversos outros exemplos do Município de São Paulo, após ser habitado por indígenas por um longo período enquanto floresta, com o desenvolvimento urbano foi comprado para construção de uma fazenda. Em 1946, o italiano Mateus Bei comprou 50 alqueires para criar um bairro nobre a partir do loteamento da terra. Inicialmente houve uma grande dificuldade da adesão da população pela longa distância do centro da cidade, no entanto, foram criadas algumas facilidades para atrair novos compradores: cada família que adquirisse um terreno ganhava 500 telhas e 2 mil tijolos. O resultado após mais de cinquenta anos foi de um crescimento urbano desordenado, loteamentos clandestinos, áreas invadidas, enchentes anuais e mais de trinta favelas. Tais fatores geram a falta de saúde, segurança, transporte, moradia, emprego e tudo mais o que a comunidade necessita. Porém, foram algumas peculiaridades de São Mateus que levaram o grupo a chegar à resolução da proposta de intervenção, como a presença das linhas de transmissão, adutoras e oleodutos; responsáveis pelo abastecimento metropolitano de, respectivamente, eletricidade, água e óleos. Estas infraestruturas interferem abruptamente no espaço urbano do bairro, resultando em rupturas na ocupação do solo que conformam territórios segregados e deficientes de mobilidade ativa aos pedestres, além de criar grandes gramados lineares murados, subutilizados pelo Estado e restritos ao uso da população. Ademais, o distrito tem o privilégio de conviver com a presença de grandes áreas verdes, como o Parque do Carmo, Zilda Arns, Nebulosas, Guabirobeira, Jardim da Conquista, entre outros, abastecidos pela Bacia Hidrográfica do Rio Aricanduva, repleta de afluentes que se espalham pelo solo. No entanto, atualmente estas áreas verdes encontram-se em estado de abandono, enquanto os corpos d’água foram majoritariamente canalizados e tamponados; aqueles que restaram mantendo seu curso natural, tornaram-se depósito de esgoto das ocupações irregulares que os circundam, fruto da expansão desordenada e da ausência de contrapartidas do Estado. Outra peculiaridade da região é a apropriação do espaço público pelos moradores para criação de hortas urbanas, utilizadas como fonte de renda e consumo familiar. Esta alternativa surgiu como forma autônoma de tentar reverter à situação de bairro dormitório, essencialmente residencial e com grande ausência de zonas comerciais, realidade presente em vários distritos da zona leste pela grande distância do centro da cidade e ausência de criação de novas centralidades para fomentar a geração de renda local. A partir desta análise, o grupo decidiu por intervir de forma a aproveitar tais particularidades da pré-existência para criação de um sistema de áreas verdes integradas com perímetro de aproximadamente 16,3km lineares. Para que uma intervenção em tal escala seja possível, foi elaborado um desenho que perpassa pelas principais áreas verdes da região, incluindo as infraestruturas e parque pontuados, e diferentes praças e áreas verdes residuais. Com isso, o intuito é utilizar da natureza como alternativa para a drenagem do solo, a geração de energias alternativas, a despoluição de afluentes, o tratamento de resíduos orgânicos, a formação de um microclima local, a recuperação da qualidade do ar e do solo, a viabilização de trocas gênicas entre fauna e microfauna, a criação de áreas de lazer e “respiro”, entre outros fatores. Além disso, a integração do meio ambiente a cidade é essencial para a sensibilização do homem com a natureza, retomando sua devida importância para lidar com os conflitos urbanos e para melhorar a qualidade de vida das espécies que com ela interagem. Por fim, busca-se também subverter as barreiras físicas do território através da criação de eixos de mobilidade, promovendo uma maior permeabilidade urbana, acessibilidade e bem-estar do pedestre. Assim como a implantação de hortas urbanas no território dos linhões através de um acordo entre a empresa de energia elétrica ENEL e a população local, possibilitando a criação de novas centralidades comerciais e oportunidades de geração de renda na região.

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G16- Travessa das águas

INTEGRANTES: Gabriel Chieppe, Letícia Morikawa, Antonio Camargo, Diniz Mbure, Mariana Grau, Luiza Leite

PROFESSORES: Pedro Sales | ASSISTENTE: Filipe Dória | INTERESSE: Ambiente, urbanismo e desenho

A cidade de São Paulo, durante seu processo de urbanização, escondeu seus rios e desmatou suas matas. Algumas regiões sofreram mais com a perda da natureza do que outras, como por exemplo, os bairros centrais têm menos arborização viária do que bairros situados nos extremos limites da capital. Tendo em vista a situação atual do desmatamento na capital paulista, a falta de presença física de nossas águas e a partir da proposta do Estúdio Vertical do 2° semestre de 2021: “a floresta que reside na cidade, a cidade que existe na floresta”, o grupo propõe uma intervenção urbana no bairro do Tatuapé, Zona Leste. A proposta consiste em utilizar uma área privada de estacionamento de uma loja, perto do Rio Tietê e entre dois parques – Parque Piqueri e Parque Estadual Manuel Pitta – para criar um espaço verde e azul interativo. Buscamos recuperar as áreas pertencentes à trajetória do Rio Tietê e ocupá-las com lagos e fontes interativas. Procuramos rearborizar o local com plantas da Mata Atlântica, reconstruindo a imagem do que possivelmente era nossos espaços antes do início do processo de tamponamento dos rios. O objetivo de seguir o desenho do caminho do rio, com base no mapeamento Sara de 1930, é recuperar a história e a importância das nossas águas. É interessante notar que para algumas gerações, o Rio Tietê tem presença emocional e sentimental nelas. Essa é uma memória inapagável e importante para a cidade.

G17 – NÃO ENTREGOU

G18- espaços residuais | agricultura urbana nos linhões

INTEGRANTES: Lúmina Kikuchi, Fernanda Teixeira, Beatriz Hübner, Ícaro Cordaro e Mariana Macedo

PROFESSORES: Ligia Miranda | ASSISTENTE: Barbara Francelin | INTERESSE: Ambiente

Partindo de uma reflexão acerca do tema central do estúdio vertical- a floresta que resiste na cidade, a cidade que existe na floresta, o grupo se debruçou sobre os espaços de floresta na cidade, buscando formas de romper com uma ideia de natureza intocada. Buscando momentos em que a noção de espaço natural aparece não como contraponto, ou como antagônica a presença antrópica, a partir de imagens aéreas, chegou-se nas áreas onde se encontram os linhões de transmissão de energia. Essas áreas rasgam a cidade criando corredores verdes quando vistos de cima, no entanto, ao mudar a altura do olhar, trazendo-a ao nível do pedestre, o que se enxerga são muros e fios. Como via de regra os terrenos por onde passam os linhões são espaços ociosos. No entanto, na Zona Leste de São Paulo, especificamente no linhão de São Mateus, alguns desses lotes que servem como apoio dos linhões são ocupados por hortas. Com o apoio do banco de dados do Sampa mais Rural foi possível identificar quem eram os agricultores que atuavam nessas hortas. Com a descoberta desses espaços produtivos que ocupam esses grandes rasgos na malha urbana, o grupo entrou em contato com duas das hortas que se encontram nos linhões: a horta da Dona Sebastiana, administrada pela própria Dona Sebastiana, que conta com a ajuda de trabalhadores diários; e a horta da ONG Cidades sem Fomes. Desse contato surgiram filmagens e fotografias que se transformaram em um vídeo sobre as hortas urbanas nos linhões, com entrevistas de trabalhadores e imagens dos espaços. Nesse vídeo tentamos esboçar alguns pontos conversados sobre a importância dessas hortas para a cidade, para o bairro onde se inserem e para as pessoas que se ligam a elas, tanto produtores, como consumidores. Além do vídeo, o grupo elaborou uma apresentação com gifs ilustrados que trazem alguns dados sobre a presença dos linhões em São Paulo, sobre a produção agrícola na cidade e sobre a importância da escolha de produção orgânica em detrimento do uso de agrotóxicos.

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G19 – Trabalho: ação coletiva

INTEGRANTES: Camila de Branco, Enzo Amadei, Luana Cobra, Maria Eduarda Lovisi, Igor Helian, Gabriela Fuganholi

PROFESSORES: André Vainer | ASSISTENTE: Thais Reyes | INTERESSE: Trabalho

CONVIDADO EXTERNO: Andre Leiner

Indo na contrapartida dos crescentes processos de precarização do trabalho e uberização na cidade e tomando por exemplo os ideais do cooperativismo de plataforma, buscou-se desenvolver um aparato que conferisse maior dignidade no serviço aos entregadores e motoristas de aplicativo. Foram projetados dois tipos de equipamentos modulares em assistência a essa classe – dispostos seguindo um raio de 5km e locados em estacionamentos de shoppings ou pontos de interesse na região metropolitana de SP. O programa foi elaborado com base em relatos dos próprios trabalhadores recolhidos em pesquisa, levando em conta suas necessidades e problemas do dia a dia. Para experimentar a funcionalidade das instalações, estudou-se sua implantação em vagas do Shopping Eldorado, cujas condições urbanas foram consideradas modelo para estudo. A intenção do trabalho, enfim, foi a proposição de uma rede de equipamentos que confrontasse a lógica de exploração das grandes plataformas em escala metropolitana.

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G20- Como implementar uma construtiva de construção civil

INTEGRANTES: André Barroncas Abrão, Clara Aguillera, Henrique Ortiz, Laura Maiani, Pedro Garcia Lopes

PROFESSORES: Carol Tonetti | ASSISTENTE: Lucas Zabeu / Thais Reyes | INTERESSE: Trabalho e arquitetura

Ao começar a estudar e analisar as formas de trabalho e como o mercado funciona, com foco na área da construção civil, sentimos uma grande aflição e indignação em função dos direitos trabalhistas, onde os trabalhadores, principalmente de base de produção, não são valorizados e não têm garantias em relação à segurança no ambiente de trabalho. A construção civil é caracterizada pela precariedade na qualificação da mão de obra e pela descontinuidade nos processos de produção, por conta da mobilização e desmobilização das equipes a cada obra executada. Além disso, no ano 2000 a construção civil foi considerada a profissão que mais apresentou óbitos em acidente de trabalho no país, segundo o MTE. Com essa indignação fomos estimulados a pensar em novas formas de atuar no campo da construção civil, com soluções mais humanas para esses problemas sociais. Estipulamos como objetivo qualificar os processos de trabalho, quebrando com os parâmetros alienados de produção e visando formas de melhorar a segurança dos trabalhadores, a partir de incentivos e de uma maior estabilidade no emprego. Além disso, almeja-se uma maior horizontalidade entre os diferentes profissionais da área, com suas funções e remunerações menos desiguais, a fim de tentar minimizar a segregação socioespacial, existente tanto na cidade quanto no próprio espaço de trabalho. Como uma alternativa para alcançar nossas ambições, propomos a criação e articulação de uma cooperativa de construção civil, que possa influenciar positivamente as práticas no canteiro de obras. A organização teria como princípio a execução mais eficiente de seus projetos, com um melhor controle sobre seus insumos e mais confiabilidade com relação aos prazos de obra. Estes objetivos seriam viabilizados através da produção de pré-fabricados em seriação, que aparecem como um meio possível para se desenvolver um ambiente de trabalho mais horizontal (por exigir um maior planejamento da produção), e um menor custo nas obras. A cooperativa possibilitaria a geração de renda para os cooperados, assim como traria oportunidades de trocas e de ensino entre todos os envolvidos. A proposta é fomentar uma cooperativa de produção de sistemas construtivos leves e manufaturados, em pequenas unidades de produção seriada. A cooperativa teria como base o conceito de economia solidária, que é basicamente o nome dado aos conjuntos de atividades econômicas sob a forma da autogestão. Os trabalhadores e as camadas populares mais baixas poderiam estar envolvidos tanto no projeto quanto na execução de forma horizontal, assim como os engenheiros e arquitetos, geralmente responsáveis pela parte técnica, aprenderiam com a troca de conhecimentos. Ações colaborativas, a partir da articulação de diferentes profissionais, têm o potencial de atender às demandas sociais de maneira mais qualificada, com uma produção mais eficaz e mais consciente em relação à sustentabilidade, podendo trazer mais segurança aos trabalhadores, estabilidade e incentivo na produção. Técnicas e métodos participativos de atuação podem viabilizar soluções para emergências sistêmicas.

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G21- Formas de Coexistir

INTEGRANTES: Jorge Forjaz Enrico Maksoud Marina Tiellet Victor Kozuma Isabella Caramuru Gabriel Moran

PROFESSORES: Anderson Freitas | ASSISTENTE: Filipe Doria | INTERESSE: Ambientes. Meio: Arquitetura

CONVIDADO EXTERNO: Pedro Ivo

Compreendendo as formas de coexistência no Bonete como fator condicionante capaz de qualificar as particularidades da região, avalia-se uma série de conflitos internos como a condição do isolamento e do turismo exploratório. Isto é, da apartação que antes capaz de aferir determinado nível de conservação à praia, é também causa – ratificada pelos próprios moradores -, de tragédias relacionadas à falta de alternativas motivada pelo obstáculo da acessibilidade. Já sobre o turismo, mesmo sendo potencialidade de proveito monetário local, também tende a parasitar a região, causando sequelas ambientais, culturais e territoriais. Não obstante a própria questão da romanização, que desconsidera quaisquer dificuldades referentes à qualidade de vida e restringe o que antes era cultural e natural para a comunidade através de uma legislação protecionista. À vista disso, reflete-se sobre como conciliar tais contraposições através de uma intervenção propositiva, capaz de aproximar e barrar simultaneamente – a respeito dos interesses e proveito unicamente locais – e devolver autonomia e autoridade à região. O projeto do anel de Ilhabela surge a partir de uma demanda por mobilidade atrelada às condições geoespaciais que caracterizam e potencializam as circunstâncias do isolamento e do turismo predatório presentes na região acometendo, sobretudo, os pontos mais afastados do centro da ilha. A proposição que antes restringia-se a um trecho interno entre a região da Ponta da Sepituba até a Praia do Bonete tinha a principal intenção de conectar a comunidade com a área central, na medida em que políticas protecionistas foram confinando a população caiçara que ocupa o Bonete. Frente a este cenário, revela-se uma carência generalizada de acesso a recursos e infraestruturas básicas, assim como uma deslegitimação sistemática do espaço tanto como natureza quanto como território. Nesse sentido, surge a potencialidade de expansão da passarela por toda circunscrição da ilha, como um mecanismo capaz de reativar o direito de ir e vir da região, mas sobretudo, do permanecer. Assim, a característica de permeabilidade do projeto possibilita um passeio solto que, para além da associação da escala humana com o meio ambiente, preserva e reconstitui novas relações e perspectivas ante a fauna e a flora. De certo, servindo como um grande parque público e devolvendo soberania às comunidades e praias que lá coexistem.

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G22- Travessia

INTEGRANTES: Maria Thereza Azzuz, Felipe Klinger, Gabriel Talib de Mello, Nathan Montanari, Joao Borges

PROFESSORES: Fernanda Barbara | ASSISTENTE: Marina Brandão | INTERESSE: Ambiente

O trabalho tem início com o tema proposto pela disciplina: a floresta que resiste na cidade, a cidade que existe na floresta. Nos deparamos com o questionamento da produção de lixo na construção civil: uma pesquisa realizada em 2011 pelo Repositório do Conhecimento do IPEA relata que dos 100% dos resíduos sólidos urbanos, de 50% à 70% são gerados pela construção civil, e apenas 1% são orgânicos. Ciente desses dados, o grupo parte pela escolha de um sistema construtivo para elaborar um estudo preliminar em escala urbana, optando pelo bambu enquanto material para a intervenção. Além da investigação da técnica, tanto os encaixes (nós) quanto suas particularidades, a pesquisa se desdobra na análise urbana de parte do território da marginal Pinheiros, pela sua conectividade com a região metropolitana de São Paulo e pelos diferentes modais de transporte, tais como o metrô de superfície (ou trem), o metrô, o ônibus e a ciclovia, inaugurada em 2010. A marginal, apesar de representar a linha condutora da cidade, também é sinônimo de barreira, pela baixa permeabilidade entre os lados leste e oeste do rio. Para tanto, a ponte da Cidade Universitária aparece enquanto potência de intervenção: a pista estreita para os pedestres, ao longo do cruzamento, entra em conflito com a demanda de passagem entre esses e os ciclistas, pois ela também é a conexão direta com a ciclovia da marginal, a estação da CPTM e a Cidade Universitária (USP). Apresentamos um estudo preliminar da ampliação do leito de pedestres, em 3 metros, e a implantação de uma faixa exclusiva para ciclistas, ao repensarmos as situações de chegada à travessia, conformada não somente pelo rio, mas também pela faixas extensas das pistas para veículos, no cenário que apresenta o veículo automotor enquanto personagem principal. Propomos mais uma conexão com a ciclovia do lado oeste da marginal, ainda em construção, apesar de já ocupada por esportistas. Mais do que uma intervenção, é o nosso exercício da liberdade de poder transformar a nós mesmos ao transformar a cidade, sem esquecer da onde partimos, rumo ao que desejamos.

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G23- A domesticidade contada: uma narrativa sonora do espaço

INTEGRANTES: Adriana Porto Alegre, Beatriz Mendes de Oliveira, Felippe Samburgo, Gabriela Toral, Luiz Anjos, Luiza Souza

PROFESSORES: Cesar Shundi | ASSISTENTE: Melyssa Maila | INTERESSE: Cultura

O quê é, para você, a domesticidade? Como você a conceituaria? Seria ela a manifestação consuetudinária do habitar familiar? Seríamos nós domésticos por sermos urbanos ou por vivermos em casa? Se pensarmos a casa como uma expressão de identidade, seria ela a representação do universo humano? Em caso positivo, existiria o doméstico e, portanto, a domesticidade e, até mesmo identidade, para um indivíduo isolado e/ou desabrigado? A domesticidade, propriamente dita, é um lugar? Se sim, o que interfere e qualifica o espaço para torná-lo doméstico? Assumimos tais questionamentos como provocadores para a pesquisa. Inicialmente, partimos para o desenvolvimento de experimentos textuais e, posteriormente, imagéticos, todos sob a ótica da arquitetura etnográfica, analisando o espaço doméstico e suas representações como uma possível esfera de leitura acerca do conjunto de relações ali produzidas. Considerando os exercícios textuais feitos e um formulário de participação desenvolvido pelo grupo sobre ‘o que é a domesticidade para você?’ definimos os eixos estruturadores do trabalho, organizados e sintetizados em cinco: corpo humano; afeto; indivíduo-objeto; ambiente de transição; e ambiente externo. Assim circunscritos, propomos uma linha narrativa iniciada no indivíduo, que conduz o interlocutor ao exterior através das diferentes camadas do espaço doméstico. Nesse sentido, cada um dos eixos elaborados corresponde a um exercício de escrita, que estará apoiado em um espaço / cenário da casa. A pesquisa também foi expandida para os sons do doméstico, isto é, como forma de concretização do trabalho escolhemos o áudio como meio de apresentação da narrativa traçada, sendo o podcast o formato / veículo selecionado para tal. Uma publicação complementar acompanha o podcast a partir da compilação integral dos textos produzidos.

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G24- O Caderno da Forma: Aculturação em curso

INTEGRANTES: Alicia Soares, Daniel Kenji, Daniel Parente, Fernanda Farias, Julia Decco e Luiza Minassian

PROFESSORES: Ruben Otero | ASSISTENTE: Bárbara Francelin | INTERESSE: Cultura, desenho, tecnologia e projeto

CONVIDADO EXTERNO: Newton Massafumi

Na etapa de finalização do trabalho, o grupo chegou à solução de catalogação de técnicas construtivas com a inserção de resíduos, assim como retomar e dar visibilidade às técnicas que geram menos resíduos. Junto a isso, o caderno desse catálogo traz uma reflexão a respeito da necessidade de resgatar e enfatizar a conscientização da atuação individual frente ao campo da construção civil. Com o objetivo de difundir o conhecimento técnico de modo que se torne acessível, o grupo se propôs a montar o caderno em um formato flexível que possibilite ao processo de catalogação ser um ponto de partida para uma catalogação constante e colaborativa. Desse modo, o grupo acredita que o caderno seja um reflexo do que deveria ser o ciclo da produção civil, seu descarte e reciclagem. Em outras palavras, não se trata de um fim, mas sim de um início e um meio reticente.

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